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Fraudes em alimentos: até onde pode ir a falsificação?

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Aumento de preços, instabilidade econômica, escassez…  Estas são as condições que fazem os preços dos alimentos subirem e é nessas horas que a probabilidade de fraude cresce. Falsificação é o ato de copiar ou reproduzir ou adulterar, sem autorização, documentos, produtos ou serviços, de forma a obter vantagem, geralmente econômica. 

O objetivo da fraude em um alimento é aumentar o ganho financeiro dos envolvidos na cadeia de produção ou venda do produto. O problema é que a adição de compostos alheios à formulação é realizada sem controle e pode causar danos à saúde do consumidor, conforme o blog Food Safety Brazil já notificou em “Proteste descobre fraude em 4 marcas de azeite de oliva”.

Os escândalos de fraudes em alimentos estão cada vez mais frequentes aos nossos ouvidos. É considerada fraude quando o produto é comercializado fora das especificações estabelecidas por lei.

“A maioria das pessoas se surpreenderia com o volume de produtos de uso diário falsificados. Estamos diante de um problema sério e mundial” diz Michael Ellis, diretor da divisão de tráfico e falsificação de bens da Interpol. A Folha de São Paulo divulgou números de 484 toneladas de peixes e frutos do mar, 430 mil litros de bebidas, 131 mil litros de azeite e vinagre, 80 mil biscoitos e barras de chocolate, 20 toneladas de especiarias, 186 toneladas de cereais, 45 toneladas de laticínios e 42 litros de mel confiscados em 2013 por uma operação que a Interpol conduziu em 33 países.

A adulteração de alimentos pode acontecer por diversas maneiras: venda de um produto em qualidade inferior à divulgada para o consumidor, adulteração com adição de produtos químicos, venda de misturas de produtos mais baratos e de qualidade inferior ao divulgado… As possibilidades são inúmeras!

No Brasil, temos como cases mais conhecidos de fraudes em alimentos:

Azeite de Oliva

O blog já notificou este caso em “Proteste descobre fraude em 4 marcas de azeite de oliva”. Em resumo, a PROTESTE testou 19 marcas de azeite extravirgem e constatou que apenas oito delas apresentam qualidade de extravirgem. Quatro delas, inclusive foram desclassificados do teste, pois não podem sequer ser considerados azeites. São, na verdade, uma mistura de óleos refinados, com adição de outros óleos e gorduras. As fraudes do azeite, além de serem um abuso contra o consumidor, podem reduzir ou até eliminar as qualidades benéficas para a saúde.

Esta fraude é altamente lucrativa: um tipo produzido com resíduo de azeitonas extraído com produtos químicos custa na Europa £3,23 por litro, enquanto o extravirgem £15, de acordo com a Folha de São Paulo.

Leite Compensado

A Operação Leite Compensado foi iniciada pelo Ministério Público em 2013. As investigações apontaram para um esquema que adulterou cerca de 100 milhões de litros do produto no estado. Na ocasião, o MP revelou que transportadores estavam adicionando água e ureia (que contém formol) ao leite crú para aumentar o volume e disfarçar a perda nutricional no caminho entre a propriedade rural e a indústria. O esquema era realizado em postos de resfriamento.  Recentemente ficou comprovado que a cooperativa envolvida adquiria leite fraudado ou em deterioração com conhecimento de um supervisor de captação de leite.

Fraudes em Pescados

Ainda em 2014, a Polícia Federal conduziu a Operação Poseidon em Itajaí para combater fraudes na venda de pescados. Foram executados mandados de busca e apreensão em sete empresas nas quais foi detectada a substituição de peixes nobres por espécies mais baratas ou cuja captura é proibida no Brasil.

Sidney Liberati, chefe da Divisão de Inspeção de Pescado explica que, entre as substituições constatadas, estava a do linguado pelo alabote, peixe cuja carne tem valor 300 vezes menor. Outras trocas comuns que foram identificadas foram a da merluza pela polaca do Alasca; e da garoupa pelo mero, sendo que a captura último é proibida no Brasil.

Além de enfrentar inquérito policial, as empresas entraram em regime especial de fiscalização por parte do Ministério da Agricultura, com análise de todos os lotes que saírem desses estabelecimentos.

Falsificação de bebidas

Também no início de 2014, uma equipe de investigadores do Paraná localizou e abordou o veículo de um suspeito, constatando que ele transportava 19 caixas contendo um total de 228 garrafas de vodca falsificadas. Elas seriam distribuídas em bares e restaurantes da região (a dúvida que resta é: os donos de restaurantes e bares estavam envolvidos?) . Foi identificado o local onde a vodca era engarrafada, numa residência em Santa Felicidade, em Curitiba, onde foram apreendidas diversas garrafas de vodca vazias e cheias, funis e outros apetrechos utilizados na fraude.

“A fraude consistia em inserir bebidas de qualidade inferior em garrafas de bebidas de qualidade superior”.

Há outros produtos que também são altamente vulneráveis a fraudes, como por exemplo diluição de mel com xarope de açúcar ou até venda de metanol como vodca. As possibilidades são infinitas, bem como o risco para o consumidor.

Qual é o risco para um consumidor que busca consumir um azeite extravirgem para controlar colesterol ruim ao consumir um produto adulterado? Ou de uma criança que consome diariamente leite com formol?

Os riscos podem ser fatais, como no caso da morte de 40 pessoas pelo consumo de vodca e rum contaminados com metanol na Republica Tcheca em 2012.

A dificuldade de resolução deste problema se dá pelo fato da ausência de inspetores altamente treinados para os diversos tipos de fraude.  Também podemos questionar sobre a eficiência da fiscalização para casos já mapeados, uma vez que  nos anos de 2007 e 2009 foram encontradas fraudes em algumas marcas de azeites e esse fato voltou a se repetir em 2013.

Na nossa mão está sempre a possibilidade de questionar, se informar e procurar sempre por fornecedores idôneos.

Para ter acesso aos cases a acima elencados, com maior detalhe, disponibilizamos abaixo link para informação completa.

http://www1.folha.uol.com.br/comida/2014/05/1453955-crime-organizado-e-carteis-miram-mercado-de-comida-falsificada.shtml

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-04/pf-faz-operacao-em-empresas-que-fraudavam-especies-de-peixe-para?fb_action_ids=608055709285713&fb_action_types=og.likes&fb_ref=.U0cK4pNoWw4.like

http://artywebdesigner.com.br/proteste-descobre-fraude-em-4-marcas-de-azeite-de-oliva/

http://www.bemparana.com.br/noticia/306739/policia-descobre-esquema-de-falsificacao-de-bebidas-no-litoral

http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/campo-e-lavoura/noticia/2014/06/mp-prende-quarto-suspeito-de-esquema-de-fraude-do-leite-no-rs.html

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2014/06/operacao-leite-compen-ado-descobre-ramificacao-da-fraude-no-parana-4523785.html

 

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Salmonella até nos super grãos do café da manhã

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A tendência de se consumir super alimentos veio para ficar. Chia, linhaça, gergelim estão compondo vitaminas que atendem por apelidos de “Detox”, muitas vezes acompanhado de algo que tenha a cor verde que possa ser batido no liquidificador e consumido no café da manhã.

Quem busca benefícios nutricionais e funcionais, como por exemplo, antioxidantes, não imagina contudo que possa eventualmente ingerir bactérias patogênicas, dentre elas a famosa Salmonella. Isso mesmo. Estes grãos são consumidos crus e não há uma medida como o cozimento para eliminar eventual carga de contaminação. Você talvez esteja pensando que trate-se de um produto de baixa umidade e atividade de água e portanto de baixo risco, porém o alto teor de gordura das sementes funciona como fator de proteção e sobrevivência aos microrganismos.

Neste mês o FDA anunciou o recall de sementes de chia por contaminação por Salmonella, associada a surtos.  Segundo o Food Safety News, no total foram 73 sendo dois americanos entre 1 e 81 anos hospitalizados e nenhuma morte relatada. O produto fez 6 vítimas no Canadá serem hospitalizadas.

Mas o assunto não é propriamente uma novidade. Em 2009, a Saúde Pública da Inglaterra publicou um relatório com uma pesquisa com sementes de gergelim, girassol, papoula e abóbora, identificando que 1,5% delas apresentava-se positiva para E.coli e 0,6% para Salmonella. O estudo foi motivado porque pelo menos sete surtos de Salmonelal associados a sementes aconteceram na Alemanha, Noruega, Suécia e Austrália desde o ano 2000.

A agência inglesa recorda que quando as sementes são cultivadas, podem ser expostas a uma larga gama de bactérias a partir de muitas fontes, incluindo solo, esterco, água de irrigação, aves selvagens e animais. Também as sementes podem ser contaminados durante o processo de secagem. O risco de doença em seres humanos pode ser reduzida para as sementes prontas para o consumo com práticas de fabricação de boas práticas no campo, durante a colheita e processamento.

Em 2012, a Autoridade Australiana de Segurança de Alimentos encontrou somente uma amostra de macadâmia contaminada  em sua varredura. Já a Irlanda teve um índice de  0,3% de insatisfatório, com 3 amostras contaminadas com Salmonella (duas de gergelim e uma de semente de melão).

Aqui no Brasil ainda precisamos de mais informações à respeito sobre a prevalência destes patógenos em sementes e nozes e fica a sugestão para nossas universidades, institutos de pesquisa e Anvisa para levantamentos para sabermos se podemos tomar nossos café da manhã saudável com tranquilidade.

 

 

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Links internacionais com muuuito sobre segurança de alimentos

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Manter a inspiração para escrever sobre segurança de alimentos às vezes não é fácil. Sou assinante e frequentadora de algumas revistas, blogs e portais de notícias que ajudam a toda a equipe de colunistas do blog Food Safety Brazil a garimpar temas que possam ser de interesse de nossos leitores. Todo conteúdo é gratuito!

Hoje concentro o mapa da mina de meus favoritos e o respectivo “About us”. Desculpe por não traduzir, mas entendo que se você tem interesse por conteúdos em língua inglesa, não irá se importar!

http://www.foodsafetynews.com/

Food Safety News was founded in 2009 to fill a void.  At the time, both print and broadcast media were facing consolidation and budget cuts. Dedicated reporters on the food, health and safety beats were being reassigned or seeing their positions disappear altogether.

 Food Safety News will enter its 6th year of publication in September 2014.  Our reporters will continue to bring you outstanding coverage of topics ranging from policy and politics to foodborne illness outbreaks to sustainability, science and research. Your suggestions and comments help inspire us to dig deeper into food issues as we continue to expand our scope, audience, and impact on the dialogue around food in the world today.

http://www.foodquality.com/

Food Quality & Safety is a publication of Wiley. As one of the world’s foremost academic and professional publishers and the largest society publisher, Wiley publishes more than 1,400 scholarly peer-reviewed journals and an extensive collection of books, major reference works, databases, and laboratory manuals in print and electronically. Both Wiley and Food Quality & Safety have strong track records of leadership in editorial excellence. By introducing synergies with its sister publications within Wiley, Food Quality & Safetyhas strengthened its editorial content with unique access to peer-reviewed scientific content.

http://www.qualityassurancemag.com/

QA Magazine, a bi-monthly publication from GIE Media, is written for managers and professionals in the food and beverage processing industry with a specific focus on food safety, quality, and defense. Filled with practical insights and analysis of plant processes, practices, and current issues, the QA media family – including our print and digital publication, website, and e-newsletters – addresses the growing market need for targeted, information in these key areas.

http://foodpoisoningbulletin.com/

Food Poisoning Bulletin is a Google news source for consumers to alert them to food recalls, food poisoning outbreaks and food safety news. Our goals are to empower consumers and make the United States food supply the safest it can be.

Food Poisoning Bulletin is sponsored by PritzkerOlsen, P.A., a leading food safety law firm. The firm represents food poisoning victims throughout the United States.  Our publisher is Fred Pritzker, senior partner at PritzkerOlsen, P.A.

http://foodfraud.msu.edu/

MSU’s Food Fraud Initiative is an interdisciplinary research, education, and outreach organization. We focus on all types of fraud that can contribute to public health and economic vulnerabilities and threats. These include adulteration, misbranding, tampering, overruns or licensee fraud, theft, diversion, simulation, and counterfeiting.

This initiative is based on a wide range of research, education, and outreach activities led by Dr. John Spink. This site showcases his work as well as that of a wide range of co-authors and co-researchers who have contributed greatly to different aspects of Food Fraud.

http://www.ifsqn.com/

The IFSQN was founded in 2003 to provide food safety practitioners with an online platform for sharing knowledge and information and to enable collaboration on the effective implementation, operation and continual improvement of food safety management systems. Ten years on this remains our primary goal.

Our discussion forums are unique and unrivaled anywhere in the world; with over 26,000 members creating an archive of over 60,000 posts as well as 1’000’s of files and documents to assist members old and new.

http://fightbac.org/

We are a one-of-a-kind nonprofit that brings together public and private sectors to support health and food safety educators by making their work more visible, collaborative, and effective. The Partnership works with an active network of 14,000 health and food safety educators, providing them with tools they can use to educate people about protecting their health through safe food handling and hygiene.  Sign up here to join this network of BAC Fighters!

http://www.foodqualitynews.com/

FoodQualityNews.com is a daily online news service available as a free-access website and provides daily and weekly newsletters to subscribers.

 The service seeks out news stories and data of value to decision-makers in food and beverage development in Europe.

The FoodQualityNews.com team is led by award-winning journalists. They scan all available scientific, technical and industry sources and search out previously unpublished material, primary data and expert opinions in all areas of significance to the target audience.

http://www.foodsafetymagazine.com/

Food Safety Magazine is the source for science-based solutions for food safety and quality professionals worldwide.

http://barfblog.com/

barfblog.com is where Drs. Powell, Chapman, Hubbell and assorted food safety friends offer evidence-based opinions on current food safety issues. Opinions must be evidence-based – with references – reliable and relevant. The barfblog authors edit each other, often viciously.

National Food Protection Collaboratory (Linkedin)

On this blog we share food safety and food defense information. Recently, we added a subgroup to the National Food Protection Collaboratory blog that deals with food fraud. That blog is called Food Fraudster. The information that is posted at both of these blogs are diligently selected from hundreds of pieces of information and we blog on a daily basis. If you have just joined the National Food Protection Collaboratory blog please consider joining the Food Fraudster blog as well. The information posted on both these blogs will provide a food professional with all the information necessary to keep informed on food protection issues.

 

http://www.foodproductiondaily.com/

FoodProductionDaily.com is a daily online news service available as a free-access website and provides daily and weekly newsletters to subscribers.

The service seeks out news stories and data of value to decision-makers in food and beverage development in Europe.

The FoodProductionDaily.com team is led by award-winning journalists. They scan all available scientific, technical and industry sources and search out previously unpublished material, primary data and expert opinions in all areas of significance to the target audience.

http://www.foodbusinessnews.net/

 

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Bactéria super-resistente a antibióticos é encontrada em alimentos pela primeira vez

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Pesquisadores canadenses encontraram, pela primeira vez em um produto alimentar, um tipo de bactéria com elevada resistência aos antibióticos. Isto significa que, agora, o risco de exposição a este perigo atingiu mais um estágio. A bactéria é resistente aos carbapenens, um dos últimos antibióticos no arsenal da medicina, agente de largo espectro de ação usado justamente contra bactérias multirresistentes. A pesquisa foi publicada na revista Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle de Doenças do Canadá.

De acordo com o artigo, em janeiro de 2014, testes de rotina encontraram um microrganismo produtor de carbapenemase em lulas que estavam à venda em um supermercado de produtos chineses em Saskatoon, Canadá. Carbapenemases são enzimas que destroem os carbapenenos. As bactérias encontradas nas lulas têm um gene que as faz produzir a enzima e este gene pode ser transmitido para outras bactérias.  Embora a bactéria possa não ser patogênica (o estudo informa que ela não foi completamente identificada, parece ser Pseudomonas fluorescens), a preocupação reside na disseminação do fator de resistência ao antibiótico.

Os cientistas já tinham encontrado este tipo de bactérias no meio ambiente e em animais, mas nunca no próprio alimento. A lula foi provavelmente importada da Coréia do Sul. Até esta descoberta, os cientistas e os médicos pensavam que a maioria das bactérias resistentes aos antibióticos que causavam infecções potencialmente fatais só eram encontradas em contextos hospitalares e se espalhavam através de pessoas infectadas.

Esta descoberta indica que um segmento muito mais amplo da população está potencialmente em risco. Mas há formas de luta: no caso em questão, se a lula for cozida a uma temperatura interna final segura, as bactérias serão destruídas. O problema fica sendo a contaminação cruzada na cozinha.  Se os alimentos consumidos crus, como saladas, entrarem em contacto com a lula crua ou utensílios e superfícies contaminados por ela, a bactéria pode facilmente contaminar alguém e se espalhar.  

Os cientistas canadenses não sabem como a lula adquiriu as bactérias. Ela pode ter sido contaminada durante o processamento, transporte, manuseio ou a partir do ambiente. Segundo eles, esta descoberta cria uma “necessidade urgente de expandir o acompanhamento e monitoramento desses microrganismos”. 

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Salmonella apresenta cada vez mais resistência a antibióticos

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Top 5: Sorotipos de Salmonella relacionados a surtos alimentares

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Estimativa de ingestão de cloropropanóis pelos brasileiros

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Molho shoyo, proteína hidrolisada de soja (usada como potencializador de sabor em produtos industrializados), defumados, cereais, produto com malte são todos potenciais fontes de cloropropanóis, contaminantes químicos formado no processamento com potencial de causar câncer. Os pesquisadores se basearam nos dados de consumo médio dos brasileiros para estimar a ingestão e avaliar o risco de nossa população. Num cenário médio, não há motivo para se preocupar. Mas atenção: indivíduos que consomem grandes quantidades diárias destes alimentos podem apresentar um risco diferente.

 

Resumo:

Os cloropropanóis, entre eles o 3-monocloropropano-1,2-diol (3-MCPD) e o 1,3-dicloropropan-2-ol (1,3-DCP), compreendem um grupo de contaminantes químicos com propriedades carcinogênicas e genotóxicas, encontrados em diversos alimentos processados e ingredientes alimentícios, como proteína vegetal hidrolisada, molho de soja, produtos à base de cereais, ingredientes derivados de malte e alimentos defumados. Este trabalho teve como objetivo avaliar a exposição ao 3-MCPD e 1,3-DCP pela dieta no Brasil e verificar se a presença destes compostos em alimentos pode representar um risco à saúde da população. A ingestão foi calculada combinando-se dados sobre o consumo alimentar, fornecidos pela Pesquisa de Orçamento Familiares 2008-2009, com os níveis de ocorrência dos contaminantes, determinados por cromatografia gasosa – espectrometria de massas. A exposição ao 3-MCPD variou de 0,06 a 0,51 µg.kg pc-1.dia-1 considerando médios e grandes consumidores, enquanto que a ingestão de 1,3-DCP foi estimada em 0,0036 µg.kg pc-1.dia-1 no pior cenário avaliado. Com base nesses resultados, verificou-se que a exposição aos cloropropanóis não representa um risco significativo à saúde da população brasileira. Entretanto, o consumo de determinados alimentos contendo altos níveis de 3-MCPD poderia ultrapassar a ingestão diária máxima tolerável provisória de 2 µg.kg pc-1 estabelecida para este composto e, assim, representar uma preocupação potencial.

 

Autores:

ARISSETO, Adriana PavesiVICENTE, EduardoFURLANI, Regina Prado Zanes e  TOLEDO, Maria Cecília de Figueiredo

Veja o trabalho na íntegra aqui, na revista Food Science and Technology, da sbCTA.

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Os manipuladores de alimentos estão com as mãos higienizadas quando manipulam os alimentos?

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A transmissão de contaminação através das mãos dos manipuladores de alimentos continua a ser um importante fator de propagação de doenças de origem alimentar. No estudo realizado na região de Alcobaça, Portugal, com o apoio da Universidade Nova de Lisboa, pretendeu-se avaliar as condições de higiene das mãos dos manipuladores no momento em que se preparam para manusear os alimentos. A partir de inquéritos efectuados aos manipuladores, pretendeu-se também avaliar a relação das condições de higiene das mãos com as características dos manipuladores, com a sua formação em matéria de segurança alimentar e com as condições existentes nos estabelecimentos. Este estudo incidiu sobre uma amostra de 73 manipuladores e estabelecimentos de restauração e/ou bebidas. Foi efetuada uma visita por estabelecimento, onde se aplicou uma lista de verificação de meios e condições disponíveis para a higienização das mãos, efetuou-se uma zaragatoa (swab) às mãos do manipulador de alimentos para verificação da higiene e foi-lhe aplicado o questionário de caracterização individual e avaliação dos conhecimentos.

Os resultados indicaram que 60,3% dos manipuladores apresentavam resultados insatisfatórios de higiene pessoal no momento que antecede a manipulação de alimentos. Deste modo, a segurança alimentar dos produtos preparados por esses manipuladores pode ser colocada em causa. Os resultados apresentados são concordantes com os revelados por outros estudos, que indicam que mais de metade dos manipuladores não lava as mãos antes de preparar os alimentos.

As falhas detetadas nas condições de higiene das mãos dos manipuladores podem ter como causa falta de condições técnicas disponíveis nos estabelecimentos, pois para manter as corretas condições de higiene das mãos dos manipuladores é importante que o estabelecimento se encontre equipado com meios e requisitos técnicos e funcionais adequados. Como foi possível observar no terreno, mais de metade dos estabelecimentos não dispunham, na zona de manipulação de alimentos, de torneira do lava-mãos com sistema de acionamento não manual, nem de lavatório provido de água quente e fria ou pré-misturada, existindo ainda dois estabelecimentos que não dispunham de qualquer produto para higienização das mãos e três que não dispunham de meio de secagem das mãos. Também nas instalações sanitárias utilizadas pelo pessoal se verifica que mais de metade dos estabelecimentos não têm torneira com sistema de acionamento não manual nos lavatórios, mais de três terços não têm lavatório provido de água quente e fria ou pré-misturada, cerca de metade não dispõe de recipiente de colocação de resíduos com tampa de acionamento não manual e existem oito estabelecimentos sem qualquer meio de secagem das mãos. É portanto, difícil esperar que os manipuladores de alimentos sigam as melhores práticas quando os estabelecimentos não têm infraestruturas adequadas.

Segundo a Comissão do Codex Alimentrius, 2003, os manipuladores de alimentos devem manter comportamentos e modos de ação adequados, para que os alimentos sejam expostos a um risco aceitável. Assim, no que respeita aos resultados dos comportamentos de higiene pessoal observados neste estudo, destaca-se positivamente, a apresentação de unhas curtas e limpas por 82% dos manipuladores e a ausência de utilização de adornos pessoais por 77%. No entanto nem todos os manipuladores mantinham comportamentos adequados destacando-se que dez dos quinze manipuladores que dispunham de lesões cutâneas, não as protegiam, e trinta e cinco dos quarente e nove manipuladores onde foi considerado necessário o uso de luvas, não as estavam a utilizar. Estes comportamentos desajustados podem também influenciar os resultados das condições de higiene das mãos dos manipuladores.

Outra situação que pode ser relacionada com as não conformidades obtidas na avaliação microbiológicas das mãos dos manipuladores de alimentos é a falta de formação / conhecimento em matéria de higiene pessoal e boas práticas de trabalho. Vários estudos têm demostrado que a formação é capaz de melhorar competências e higiene pessoal, incluindo a higiene das mãos. Efetivamente, nem todos os manipuladores revelaram conhecimento em relação aos conteúdos de higiene alimentar, destacando que 38% dos manipuladores desconhece a ordem correta dos passos para se proceder a uma adequada higienização das mãos. No entanto, avaliando esta variável de modo geral, o valor médio obtido revela que os manipuladores de alimentos demonstram conhecimento. Este resuktado é contraditório com o que havia sido referenciado, mas dá força aos estudos que referem que nem sempre o aumento de conhecimento resulta na alteração de comportamento, ou trata-se de mudanças efémeras, ou seja, que apesar dos manipuladores terem efetivamente o conhecimento este não se reflete nas suas atitudes.

Salienta-se ainda que as não conformidades obtidas nas análises efetuadas às mãos dos manipuladores não se referem a operações de higiene das mãos ineficazes, mas sim, a condições insatisfatórias de higiene das mãos dos manipuladores no momento em que se preparam para manipular alimentos, ou seja, ainda que procedam corretamente à sua higienização, decerto que o fazem raramente, não respeitando os momentos que obrigam a uma nova lavagem das mãos. No entanto, constata-se a falta de critérios microbiológicos objetivos para as mãos dos manipuladores de alimentos, dificultando assim a avaliação inequívoca das suas condições.

Apesar das limitações apresentadas por este estudo, acreditamos que os resultados obtidos podem considerar-se um contributo para a questão da higienização das mãos dos manipuladores de alimentos. Assim as falhas nas condições de higiene das mãos devem ser minimizadas através de melhorias a vários níveis:

• Estabelecimentos equipados com meios e condições para higienização das mãos, nomeadamente dispor na zona de serviço e instalações sanitárias de lava-mãos com torneira de acionamento não manual, água quente e fria ou pré-misturada, meio de higienização e secagem das mãos, recipiente para resíduos de comando não manual;

• Manipuladores de alimentos com comportamentos ajustados, nomeadamente disporem de unhas curtas e limpas, ausência de adornos pessoais, lesões cutâneas protegidas e uso de luvas descartáveis;

• Manipuladores de alimentos devem ser alvo de formação/sensibilização em matéria de higiene pessoal e boas práticas de trabalho, de modo a consolidar conhecimentos e melhorar os comportamentos de forma duradoura.

Existe ainda muito a fazer, no sentido de se continuar a percorrer um caminho para a obtenção de uma alimentação segura com um risco aceitável!

Este estudo foi desenvolvido no âmbito do trabalho conducente à dissertação de Mestrado em Tecnologia e Segurança Alimentar (Vânia Serrazina). Mais informações:

http://run.unl.pt/handle/10362/10939

 

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Comunicação com a operação sobre o plano HACCP – um exemplo de catering na Itália

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Talvez um dos desafios mais expressivos do pessoal de segurança de alimentos nas empresas seja a comunicação. São tantos requisitos, controles, documentos e políticas a serem planejadas, que é muito fácil se perder na montanha de documentos e esquecer-se de que, na prática, isso tudo somente importa se a operação entender o recado e cumprir seu papel.

Pois vejam um exemplo de empresa de catering para trens italiana, que  comunica o plano de HACCP a ser seguido pelos funcionários através da impressão nas caixas de transporte.

 

E vocês? Também usam ferramentas visuais no chão de fábrica para auxiliar na identificação dos planos?

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Incluir a comunicação na Política do SGSA ou não incluir? Eis a questão….

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Um dos principais documentos do sistema de gestão de segurança de alimentos sem dúvida é a política. Esta premissa também se aplica as demais normas como a ISO9001, ISO14001 e OHSAS18001.

Contudo, uma das diferenças entre os requisitos destas normas é a forma de considerar o tema comunicação. Apesar da comunicação ser um requisito importante para todas as normas mencionadas, em nenhuma das outras este tema é tão polêmico quanto para a ISO22000.

Afinal de contas, é obrigatória a consideração clara da comunicação na política do SGSA (ou SGI) ou não?

Um dos principais motivos para tratar o tema comunicação em um procedimento à parte é o atendimento ao requisito 5.2.f da ISO22000.

É necessário definir objetivos mensuráveis para a comunicação ou há outra forma de atender a este requisito?

Para atender a este requisito o processo de comunicação deve estar bem definido para que ele possa agregar valor ao sistema e ser capaz de atualizar os processos, procedimentos, conhecimentos e conscientização de forma adequada. A partir do momento em que o processo de comunicação consegue captar informações relevantes dos processos internos e externos para atualizar o SGSA e em contrapartida ele é capaz de disseminar os conhecimentos relevantes à equipe de segurança de alimentos e demais pessoas da organização, a comunicação pode ou não estar descrita na política sem prejudicar o processo de certificação da organização.

Atenção: em geral é comum não haver histórico real de comunicação externa direcionada para a organização. Aqui não estou me referindo a requisitos regulatórios ou regulamentares, mas sim de dúvidas ou demandas de outras partes interessadas no sistema de gestão de segurança de alimentos. Se isso acontecer, como podemos testar o processo de comunicação e verificar a eficácia?

Uma boa prática é fazer um simulado, um exercício de comunicação que pode ter uma periodicidade mínima definida em caso de ausência de situações reais. Desta forma, é possível avaliar se os canais de entrada e fluxo da comunicação estão funcionando adequadamente, e se a informação é tratada conforme descrito no procedimento estabelecido.

Atualmente muitas empresas já foram certificadas com e sem ter um item específico sobre comunicação na política.

E você, o que acha?

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Categorização de estabelecimentos para a Copa não é reconhecida pelo público

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Com muito entusiasmo divulgamos no blog a iniciativa de categorização de estabelecimentos para a Copa de acordo com o projeto da Anvisa que após auditorias divulgou as notas A, B ou C para os restaurantes considerados próprios.

A iniciativa contudo parece ter consumido muitos recursos com pouco retorno: o público não entende o significado da categorização ou a desconhece completamente, mantendo seus hábitos de consumo de forma indiferente. Assim foi o levantamento da Folha de São Paulo.

 Segundo a reportagem, há também casos de estabelecimentos que tiraram nota C e não colocaram a placa de forma visível em seu estabelecimento. Também relatamos neste post que estabelecimentos categorizados com nota A tiverem alimentos vencidos apreendidos.

Teria valido a pena todo esforço? A iniciativa foi ou não um gol a favor da segurança dos alimentos?

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Como fazer guarda de amostras de alimentos

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Com a finalidade de contribuir com esclarecimentos em caso de qualquer ocorrência de doença transmitida por alimentos, a coleta de amostras por estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos é uma prática comum.

Mas para garantir que esta amostragem conserve as características do alimento na íntegra, é preciso que além dos procedimentos para com a sua coleta sejam cumpridos, a guarda e o armazenamento destes sejam feitos de forma a não influenciar em um resultado falso-positivo. Atenção deve ser dada também aos utensílios utilizados para a coleta, que não devem oferecer riscos de contaminação visto que são os mesmos de uso na distribuição.

Para evitar isso, a CVS-5 orienta os estabelecimentos comerciais de alimentos e os serviços de alimentação no Estado de São Paulo (exceto o município que São Paulo onde vigora a Portaria 2619/2011) quanto à temperatura e tempo de guarda dos alimentos coletados:

a) alimentos que foram distribuídos sob refrigeração devem ser guardados no máximo à 4ºC, por 72 horas, sendo que alimentos líquidos devem ser guardados somente nesta condição;

b) alimentos que foram distribuídos quentes devem ser guardados sob congelamento à -18ºC por 72 horas;

                Nas indústrias de alimentos as amostras devem ser armazenadas durante o tempo de vida de prateleira do produto, seja sob refrigeração tratando-se de alimentos refrigerados, congelados se alimentos congelados e em temperatura ambiente para àqueles dispostos nesta temperatura.

                O local de armazenamento e permanência das amostras deve estar limpo e higienizado, organizado e identificado, sendo preferencialmente somente para este fim. Caso não seja, caixas organizadoras são permitidas para acondicionar as amostras desde que sejam de material lavável e de fácil higienização, impermeável e resistente, que não transmita substâncias tóxicas, odores ou sabores e que seja preferencialmente de cor clara.

Cabe ressaltar que, alguns municípios possuem leis próprias que podem alterar o procedimento de coleta de amostras, por isso vale atentar-se a esta questão.

Abaixo um tutorial para a guarda de amostras:

1) Lavar as mãos antes de iniciar o procedimento

 

 

 

 

 

2) Utilizar utensílios limpos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3) Identificar com etiqueta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4) acondicionar em um saco plástico todas as amostras do dia

 

 

 

 

 

 

5) Armazená-las no local apropriado

 

 

 

 

 

 

É importante ir descartando as amostras já vencidas (com mais de 72 horas)

 

Marisa Messina Menegassi

Nutricionista

3 min leituraCom a finalidade de contribuir com esclarecimentos em caso de qualquer ocorrência de doença transmitida por alimentos, a coleta de amostras por estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos é uma prática comum. […]

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