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Produção Agrícola vs Antibióticos

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Na produção avícola, o principal objetivo é a obtenção de alta produtividade aliada à qualidade dos produtos finais. Para isso, utilizam-se aditivos alimentares, como os antibióticos, com a função de promover o crescimento. O uso indiscriminado dos antibióticos na alimentação animal, desde o princípio da década de 50, pode ter resultado no desenvolvimento de populações bacterianas resistentes, determinando desequilíbrio na simbiose entre o microbiota desejável e o animal. De acordo com o professor João Palermo Neto, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), o ganho de peso mais rápido é a principal vantagem do antibiótico. O produto “normaliza a microbiota intestinal do animal, evitando processos inflamatórios subclínicos que não são detectados e que prejudicam a absorção de nutrientes”. As inflamações são comuns em granjas com alta concentração de animais.

Estimativas indicam que cerca de 80% dos antibióticos comercializados hoje nos EUA são direcionados à indústria veterinária. Autoridades em saúde são unânimes em ressaltar que ainda não é possível comprovar a relação entre o consumo de carnes de animais criados com antibiótico e o aparecimento das super-bactérias. Mas os questionamentos, sobretudo nos países desenvolvidos, crescem à medida em que os casos de óbitos por resistência a medicamentos sobem nas estatísticas hospitalares e entram na pauta de discussões dos simpósios internacionais de saúde. De acordo com estudos preliminares da Anvisa, em 2008 foi encontrado salmonelas resistentes a drogas humanas e veterinárias. Esse microrganismo está envolvido diretamente com doenças causadas por intoxicações alimentares. Para que tais problemas não se tornem um problema de saúde mundial, é necessário que se encontrem alternativas para promotores de crescimentos (antibióticos).

Os prováveis substitutos promotores de crescimento devem manter as ações benéficas dos antibióticos e eliminar as indesejáveis, como a resistência bacteriana. Uma alternativa seria o uso dos pro-bióticos, produtos constituídos por microrganismos vivos ou suas L-forms (sem a parede celular). Uma vez introduzidos no organismo animal, podem colonizar o novo ambiente, promover melhor equilíbrio da flora intestinal, produção de enzimas digestivas e vitaminas do complexo B, e estimular a imunidade da mucosa intestinal, protegendo-a contra toxinas pré-formadas por outros organismos. O uso de pro-biótico como promotor de crescimento pode resultar em maior ganho de peso, melhor índice de conversão alimentar, maior rendimento de carcaça e melhor palatabilidade da carne de frangos de corte e perus, como relatam os estudiosos DILWORTH e DAY (1978), OWINGS et al. (1990), JENSEN e JENSEN (1992), BERTECHINI e HOSSAIN (1993), ENGLAND et al. (1996) e JIN et al. (1998).

E é nesse contexto que grandes grupos começam a promover mudanças no modo de produção animal nos EUA. A primeira a anunciar uma nova política sobre a questão foi o McDonald’s. Em março de 2015, a rede americana de fast-food, que tem procurado adotar um cardápio mais saudável em meio a resultados financeiros ruins, anunciou que não venderá mais nos EUA produtos com carne de frango tratado com antibióticos de uso humano. A decisão vale só a partir de 2017, mas deflagrou um movimento em cascata de grandes fornecedores de frango no país: Tyson Foods e Pilgrim´s Pride declararam a eliminação gradual desses medicamentos. Ao acompanhar a tendência em todo país norte americano, a FDA pretende eliminar o uso de 283 produtos veterinários que também têm uso humano, na expectativa de que isso evite que mais bactérias ganhem resistência.

Fonte de imagem: Proteste.

 

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Principais pontos da ISO/TS 22002-1 e documentação recomendada – Parte 4

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Sua empresa está com o objetivo de implementar o esquema FSSC 22000 e você não sabe por onde começar? A ISO/TS 22002-1 ainda é desconhecida? Então esta sequência de 6 posts é para você! Veja os posts já publicados desta sequência: parte 1, parte 2, parte 3.

Mas atenção: este post é apenas um auxilio durante o estudo da especificação técnica. Para a implementação na unidade, cada requisito deve ser avaliado com carinho e profundidade pela equipe de segurança de alimentos. Não deixe as dúvidas se acumularem! Nos envie as suas, elas podem virar assuntos de posts futuros!

No post de hoje abordaremos a seções 12 e 13 da ISO/TS 22002-1. Bom estudo!

Controle de pragas

  • Higiene, limpeza, inspeção de materiais recebidos e procedimentos de monitoramento devem ser implementados para evitar a criação de um ambiente que contribua para as atividades das pragas;
  • Nomeação de responsável pelo controle de pragas;
  • Os programas de controle de pragas devem ser documentados e devem identificar as pragas-alvo, direcionando planos, métodos, cronogramas, procedimentos de controle e, onde necessário, requisitos de treinamento;
  • Lista de produtos químicos aprovados para uso em áreas específicas do estabelecimento;
  • Os prédios devem ser mantidos em boas condições. Buracos, ralos e outros pontos de acesso potenciais devem ser fechados;
  • Portas externas, janelas ou aberturas de ventilação devem ser projetadas para minimizar o potencial de entrada de pragas;
  • As práticas de estocagem devem ser planejadas para minimizar a disponibilidade de alimento e água para as pragas;
  • Abrigos potenciais para pragas (ex. buracos, mato, itens estocados) devem ser removidos;
  • Armazenamento em área externa protegido de pragas e da atividade climática;
  • Instalação de detectores ou armadilhas em locais estratégicos para identificar a atividade das pragas;
  • Mapa das iscas e armadilhas deve ser mantido;
  • Detectores e armadilhas devem ser de construção robusta e inviolável;
  • Inspeção dos detectores e armadilhas. Os resultados da inspeção devem ser analisados para se identificar tendências;
  • Medidas de erradicação devem ser postas em prática imediatamente após evidência de infestação ser relatada;
  • Treinamento dos aplicadores de pesticidas;
  • Registros do uso de pesticidas devem ser mantidos para mostrar o tipo, a quantidade e as concentrações utilizadas, onde, quando e como foi aplicado, além das pragas-alvo.

Procedimento: Controle Integrado de Pragas.

Registro: Registro de execução de serviço, mapa de isca, lista de produtos químicos permitidos, análises de tendências.

Documento: Documentações da empresa contratada.

Higiene pessoal

  • Procedimento documentado de higiene pessoal e comportamentos para funcionários, visitantes e contratados;
  • Instalações identificadas e próximas ao local de uso;
  • Instalações exclusivas para lavagem das mãos com água, torneira sem acionamento manual, sabonete liquido e desinfetante, papel toalha;
  • Vestiários com armários;
  • Banheiros em número adequado com lavatório de mãos e vestiários sem acesso direto para produção, mas sem correr risco de contaminação;
  • Localização adequada de refeitório e copas;
  • BPF no refeitório;
  • Uniforme adequado ao propósito (touca), limpo e em boas condições;
  • Uniforme de uso exclusivo no local;
  • Uniformes não devem ter botões. Uniformes não devem ter bolsos externos acima da linha da cintura. Zíperes ou botões de pressão são aceitáveis;
  • Uniforme não armazenado no mesmo armário que as roupas pessoais;
  • Limpeza e manutenção de luvas;
  • O uso de luvas de látex deveria ser evitado onde possível;
  • Sapatos usados em áreas de processamento devem ser completamente fechados e feitos de materiais não absorventes;
  • Limpeza e armazenamento de EPI adequados;
  • Comunicação de infecções, condições ou doenças relevantes (icterícia, diarreia, vômito, febre, dor de garganta acompanhada de febre, lesões de pele visivelmente infeccionadas (bolhas, cortes ou abscessos) e secreção dos ouvidos, olhos ou nariz);
  • Proibição da manipulação de embalagens por enfermos ou suspeitas de estarem infectadas;
  • Proteção de feridas ou queimaduras. Comunicação da perda de curativos. Curativos devem ter cores vivas e serem detectáveis pelo detector de metais, quando apropriado;
  • Frequência de lavagem das mãos adequada;
  • Orientação para não espirrar ou tossir sobre matérias primas, produtos intermediários ou embalagens. Cuspir (expectoração) deve ser proibido;
  • Unhas limpas e aparadas;
  • Procedimento para regras de comportamento (permissão para fumar, beber, comer e mascar); medidas de controle para minimizar os perigos apresentados por acessórios permitidos; regras para cigarros e medicamentos, Proibição de uso de esmalte, unhas e cílios postiços; porte de canetas, Manutenção de armários pessoais e proibição da guarda de ferramentas de trabalho e equipamentos no armário pessoal;
  • Exames médicos antes de serem contratados em operações em que há contato com os alimentos (incluindo os do refeitório), a menos que uma análise de perigos ou avaliação médica documentada indique o contrário;

Procedimento: Higiene pessoal, hábitos comportamentais e controle da saúde.

Registro: Exames médicos, controle das BPF no refeitório.

Documento: Cartaz de lavagem de mãos, PCMSO, PPRA.

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Quais microrganismos devo considerar no Plano de Monitoramento Ambiental?

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O plano de monitoramento ambiental serve para avaliar a eficácia das práticas de higiene geral em uma instalação e fornecer as informações necessárias para evitar uma possível contaminação microbiana dos produtos. É importante reforçar que o monitoramento ambiental não garante alimentos seguros; no entanto, fornece dados valiosos de microrganismos indicadores de deterioração e patógenos, para servir de indicativo de risco de contaminação para o produto e possibilidade de ações corretivas.

Como mapear?

É importante que o mapeamento doo Plano de Monitoramento Ambiental seja construído por um time de pessoas familiarizadas com a operação de identificar potenciais áreas de risco. Este grupo poderá ser composto pelo o responsável de qualidade, um microbiologista da empresa, supervisores e operadores da linha. Se a instalação não tem um especialista em microbiologia de segurança alimentar, é recomendável que este suporte seja buscado externamente. O Plano de Monitoramento Ambiental deve ser cuidadosamente concebido depois de avaliar as instalações e seus produtos. Diferentes plantas alimentares (por exemplo, planta vs produtos de origem animal, versus planta de processamento a seco) possuirão diferentes planos de monitoramento ambiental.

Diferentes zonas de Risco

É fundamental que haja definição das áreas de maior risco (zona 1) para áreas de risco mais baixas (zona 4) para contaminação do produto em uma instalação. Estes são exemplos de nomenclatura, mas o importante é que o conceito esteja claro.

Também é importante escolher as ferramentas de teste adequadas antes de começar a recolher amostras.

É importante que o Plano de testes e verificação ambiental seja respaldado em base científica, e por isso a importância de suporte de especialistas em microbiologia. A Tabela 1 fornece uma visão geral de zonas ambientais em uma fábrica de alimentos.

Em geral, a maioria das amostras de swab ambiental deve ser tomada a partir das zonas 2-3, e menos amostras devem ser recolhidas da zona 4. No entanto, a frequência e o número de amostras por zona devem ser modificados depois de analisar os resultados e  a eficácia das ações corretivas .

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Uso de Microrganismos Indicadores

Microrganismos indicadores são microrganismos não patogênicos que podem estar naturalmente presentes em alimentos ou no meio ambiente. São usados para avaliar o saneamento geral ou a condição ambiental que pode sinalizar ou indicar a presença potencial de patógenos que podem causar riscos significativos para a saúde dos consumidores.

No exemplo abaixo (Tabela 2) a zona 1 é testada para organismos indicadores, e zonas de 2 a 4 são testados para os indicadores e agentes patogênicos. Seguem algumas das vantagens da utilização de organismos indicadores em um Plano de Monitoramento Ambiental:

  • Eles são menos dispendiosos e economizar tempo em comparação com patógenos;
  • Baixa presença de microrganismos patogênicos limita o significado prático de detecção de agentes patogênicos direta;
  • Microrganismos indicadores estão presentes em maiores quantidades e podem ser facilmente quantificados;
  • Microrganismos indicadores são representantes validos de patógenos de maior relevância, já que indicadores usam basicamente o mesmo pH, nutrientes, temperatura, água, etc, como o de patógenos;
  • Eles são não-patogênicos, por isso não há necessidade de instalações de confinamento sofisticados ou laboratórios (por exemplo, Bio Segurança Nível 2) para a análise da amostra.

Os organismos indicadores não são substitutos para o teste de patógenos. Um resultado positivo neste teste indica possível contaminação e risco de doenças transmitidas por alimentos.

Exemplos de alguns dos microrganismos indicadores que podem ser utilizados para monitorar as condições de higiene são a Contagem Total em placa aeróbica, os Coliformes Totais, Coliformes Fecais, e Enterococcus spp. de origem fecal.

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Como estabelecer limites?

Os dados históricos, como os período de 6 a 12 meses de dados consecutivos, são importantes para estabelecer uma linha de base (target).

É sempre importante considerar que cada empresa e cada estrutura é um cenário, e que o plano construído vai refletir a realidade específica daquela unidade.

Você encontra mais informações sobre este tema no site AIB Internacional aqui.

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Dono de restaurante é preso no Reino Unido por causar a morte de alérgico a amendoim

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Em janeiro de 2014, Paul Wilson, de 38 anos, pediu um prato no restaurante Indian Garden em Easingwold, no Reino Unido. Embora o cliente tenha avisado que era alérgico a amendoim (informação que estaria na comanda com seu pedido), sofreu uma reação anafilática após consumir o que pediu. Pelo que se apurou, o restaurante havia substituído um dos ingredientes (farinha de amêndoa) por um mix de nuts que continha amendoim.

Este incidente ocorreu 3 semanas após um outro cliente alérgico a amendoim também sofrer reação após consumir um prato preparado no mesmo restaurante.

De acordo com informações da BBC, a Corte Real de Teesside entendeu que o proprietário, Sr. Mohammed Zaman, 52 anos, seria responsável pela reação adversa ocorrida com o cliente, uma vez que foi usado produto contendo amendoim, ainda que tivesse informado que o cliente era alérgico, e pela contratação de profissionais ilegais e mal treinados. Assim, condenou-o a seis anos de prisão por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) por violação à legislação sanitária (segurança de alimentos).

Fonte de imagem: Live Mint.

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EHEDG publica manual sobre validação de limpeza para a indústria de alimentos

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A European Hygienic Engineering and Design Group acaba de publicar o manual “Cleaning Validation in the Food Industry. General Principles – Part 1”.

A indústria de alimentos, ainda nos dias de hoje, tem dificuldades para estabelecer sistemáticas tecnicamente embasadas para validar seus processos de higienização. A fim de preencher esta lacuna, o manual de número 45 da EHEDG traz luz sobre como aplicar um protocolo que desafia as situações mais extremas, e se tome decisões com base em critérios de aceitação fundamentados. Uma sugestão de corpo de relatório de validação é apresentada.

A higienização, um ponto crucial para a sanitização da indústria alimentícia, desta forma a ONG europeia entendeu que esta metodologia desenvolvida por experts mundiais no assunto deve estar na lista de manuais gratuitos de sua página.

Você irá encontrar nesta obra:

  • Introduction;
  • Glossary;
  • General Considerations;
  • Prerequisites (Step 1);
  • Equipment qualification (Step 11);
  • Hazard evaluation (Step 12);
  • Acceptance criteria (Step 13);
  • Sampling techniques (Step 14);
  • Analytical methods (Step 15);
  • Soiling procedure (Step 16);
  • Cleaning procedure (Step 17);
  • Establishing the cleaning validation protocol (Step 2);
  • Undertaking the cleaning validation process (Step 3);
  • Establishing the cleaning validation report (Step 4);
  • Maintaining the validated state (Step 5).

Para acessar o manual, você deve acessar www.ehedg.org >> Guidelines >> Free Documents.

Leia também: Curso oficial de projeto sanitário será oferecido em agosto no ITAL.

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Destaques da Conferência do GFSI 2016

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No V Encontro de Profissionais da Garantia da Qualidade – “Simplificar para Praticar”, a palestra “Destaques da Conferência do GFSI 2016”, proferida em 27/04/16 por Juliani Kitakawa, da DNVGL, compartilhou com o público presente um resumo sobre as palestras do evento ocorrido entre 29 fevereiro e 3 março de 2016 na Alemanha, em Berlim, reforçando a missão de “produzir alimentos seguros para todos os consumidores em qualquer lugar”, pois em 2000 eram 400 empresas de bens de consumo com consenso para SGSA, e hoje são por volta de 77.000 empresas certificadas em uma das normas acreditadas (BRC, IFS, SQF, FSSC 22000, GlobalGAP, entre outras), além da previsão de inclusões de agentes de vendas, varejo, serviços, equipamentos. Há atualmente também a abordagem em estabelecimentos de parcerias com governos, por exemplos, o FSMA (código sanitário do FDA), a Modernização Regulamentar Canadense e o HACCP Chinês. Outro foco foi estabelecer as competências dos auditores, gerando confiança e redução de tempo em treinamentos redundantes, através de exames por categorias, segundo protocolo, por fundação independente, para a formação e o exame sem setembro de 2016, com avaliação de competências, e, no final de 2016, credenciar os auditores.

Introduzindo o evento, como base para leigos, há participação de varejo (Metro – hoje 60% das lojas certificadas na IFS), serviços (McDonald’s) e competência do auditor das normas acreditadas pelo GFSI, com diversas plenárias, dentre elas, a harmonização global dos mercados, comunicação de crises (eventos), proteção do consumidor na nova era (visão do consumidor) e a novidade dessa versão: “Big Data” (gestão da informação, por ex.: mapeamento de genoma para Food Fraud – essa hoje faz parte de todas as normas) divididas em três seções de três, ou seja, três séries totalizando 9:

  • Regulação de mercados em mundo dividido;
  • “Chega de escândalos”, ou seja, “prepare, responda e recupere”. Por exemplo, alinhada à visão do GFSI o McDonald’s através do SQMS (padrão interno) preocupa-se com o caso “hambúrguer com carne de cavalo” no cenário global, não havendo mais a preocupação apenas pelo concorrente;
  • Hospitalidade;
  • Segurança dos orgânicos pelo risco microbiológico (consumo de insetos no futuro);
  • Guerra contra fraudes;
  • Alergênicos não intencionais;
  • “Big Data” – Gestão da Informação (acesso livre as mídias sociais (legal, físico, percepção de mídia e relações internas e externas) para aproveitar as informações. Quais barreiras para vantagens dos dados? Não está na estratégia e sim nos conhecimentos técnicos e na segurança das informações;
  • Cultura da Qualidade (valores e comportamentos) – “alimento socializa!”;
  • GFSI para pequenos empreendedores/negócios, em 3 níveis, o BPF no 1º ano, acrescido do HACCP no 2º ano e do SGSA no 3º ano (posicionamento de mercado para a empresa melhorar).

Se os consumidores estão com as empresas certificadas, o foco está no cliente com inovação, cujos desafios são manter e melhorar os sistemas, prevenir fraudes, elaborar produtos sustentáveis e rastreáveis (de onde vem?), informações de rotulagens (ex.: alergênicos), comunicar a crise aos consumidores conectados (internet na metade de 2015 com 1,4 bilhões de usuários ativos, sendo “o tempo um luxo”, portanto comprar em sites, participando de tendências e novidades, tempo de digitação e transparência), atender as expectativas das partes interessadas externas, em um elo complexo na cadeia de alimentos, desde o agricultor, a vila, a cidade, a região, o global, que possuem desafios diferentes, tais como, contaminação acidental, terrorismo, o responsável pela fraude (deliberadamente, como caso de peixes com detecção de fraudes para dar autenticidade ao alimento). Para isso, os equívocos diários são: lidar com incertezas, a visão diferente do público (intuito ou não) e da ciência (especialistas com riscos aceitáveis comparativos a média populacional). Esclarecendo, análogo a comunicação do vírus H1N1 para todas as pessoas resfriadas, que é a gripe suína que os afligem, mas somente será fornecida a vacina ao grupo de risco, ou em alimentos, o caso de E.coli O157:H7 no Canadá com 9 mortes mudando a cultura da empresa que reconheceu e mudou, não simplesmente colocando os responsáveis na cadeia.

E sua empresa, segue esse norte dado no evento em Berlim?

Fonte de imagem: DNV GL.

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Sua empresa busca certificado ou Sistema de Gestão?

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No V Encontro de Profissionais da Garantia da Qualidade – “Simplificar para Praticar” a palestra “ISO 9001:2015 e seus impactos nos sistemas de gestão” proferida em 27/04/16 por Delter Lopes, Flavor Food, abordou as principais mudanças e reforços da ISO 9001:2015, pois há novidades, mas também outras já existiam na versão 2008 e agora ficaram mais explícitas.

O anexo SL da ISO 9001:15 (versão de setembro de 2015) traz a padronização que é aplicada outras normas de gestão como a ISO 14001 (versão de out/15) e a ISO 45001 (OHSAS) em 10 seções, sendo que à 7 e 8 foram acrescentados requisitos específicos e puxando o conceito de gestão de riscos (ISO 31000) no contexto da organização para o draft da ISO 22000 que deverá ser publicada em março de 2017, sendo compreendido o risco como a incerteza do resultado com ações preventivas para redução dos mesmos.

Dentre as principais alterações, há a abordagem por processos (como a necessidade de se auditar a área financeira além das demais), o ciclo PDCA e a Gestão de Riscos. O palestrante brincou ao fazer um trocadilho interessante com a sigla PDCA, sendo: “Prometo e Depois Corro Atrás”. Na versão 2015 o PDCA está assim: o planejamento está na seção 6, suporte na 7, operação na 8, avaliação de desempenho na 9 e melhoria contínua (agir) na seção 10. Para Análise de Riscos, desaparece a obrigatoriedade e entra a mentalidade, ou seja, a Cultura!!!

A versão passou por mudança na estrutura de 8 para 10 capítulos: escopo, referências normativas, termos e definições, contexto organização, liderança, planejamento, apoio, operação, avaliação desempenho e melhoria contínua.

O contexto da organização foi enfatizado que muda entre matriz e filiais, por exemplo, devido a cultura interna, quando a matriz tem fornecedores distantes, a filial tem requisitos específicos ou as leis são diferentes entre estados e países. Um exemplo dado, foi que uma empresa pode ter o sistema informatizado para a rastreabilidade e ela ser obtida em 3h, mas a filial de Manaus pode não ter o mesmo recursos ou infra-estrutura, então o contexto muda.

Sobre liderança, o enfoque maior foi para um sistema de gestão com recursos dando resultados desejados e para tanto “sai de cima” e “vem para o centro”. Não se tem mais a figura do RD e a Política da Qualidade agora apoia a estratégia do negócio.

Na seção 6 sobre planejamento, segue o pensamento baseado em riscos. Não há mais a necessidade de evidências documentais na versão 2015, ou seja, não precisam mais de Manual da Qualidade, Procedimentos Operacionais (anexo A4), visando diminuir a prescrição de requisitos documentados obrigatórios, bem de encontro à mentalidade de gestão de riscos.

Na seção 7 de Apoio, os recursos humanos, infra-estrutura, ambiente de processos, equipamentos e calibração estão como suporte. Registros e procedimentos não são “fim”, e, sim, o Apoio. O conhecimento organizacional trata-se de transferir para todas as pessoas, nos níveis pertinentes, não necessariamente por treinamentos, podendo ser por acompanhamentos dos colaboradores nos postos de trabalhos.

Na seção 8 sobre Operação engloba o controle de serviços em produtos, pesquisa e desenvolvimento, propriedade do cliente mais provedor externo, atividades pós-entrega e controle de mudanças (autorizadas de modo documentado).

Nas seções finais, a 9 praticamente é igual a versão de 2008 e na 10 sobre melhoria, a não conformidade deve se voltar para a gestão do risco onde falhou a sua análise, voltando para a falha no planejamento, assim fechando o PDCA.

O palestrante encerrou mencionando as datas e prazos: versão 2008 válida até 15/09/18 para transição, e para certificar-se já na nova versão o prazo é de 18 meses, ou seja, abril de 2017.

E você leitor concorda em buscar sistema de gestão, pois o certificado é consequência?

Fonte de imagem: LAPPIS.

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Licença Sanitária, como obter?

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Se você é da Cidade de São Paulo (SP), o nome da Licença Sanitária no município é outro: CMVS – Cadastro Municipal de Vigilância Sanitária.

Há muitas pessoas que pagam empresas para tirar essa Licença, porém, há como fazer sozinho, mas é claro que demandará um certo esforço.

Abaixo darei um exemplo de como conseguir o CMVS para um restaurante comercial (Comércio Varejista de Alimentos). Mas nos links abaixo há explicações de como obter o CMVS para outras categorias também, como indústria de alimentos.

  1. O primeiro passo é entrar na página da prefeitura sobre a Vigilância Sanitária;
  2. No canto esquerdo da tela clique no item “CMVS”;
  3. O link “Instruções para a consulta da tabela de CNAE fiscal e anexos (requerimentos) que devem ser preenchidos, segundo o grupo de atividade” trará as informações de quais anexos deverão ser preenchidos para cada tipo de categoria de estabelecimento conforme o CNAE. Disponível aqui;
  4. Comércio Varejista de Alimentos, por exemplo, necessita preencher apenas o Anexo II;
  5. Clicar em “Anexos para Requerimento do CMVS” (item 2 – Cadastro de Estabelecimento);
  6. Eu particularmente prefiro a opção “Preenchimento Manual” pois se você errar algo basta imprimir outra ficha;
  7. Clique em ANEXO II – Requerimento de Cadastro Municipal de Vigilância em Saúde (obrigatório para todos os estabelecimentos), abrirá a seguinte página.

O anexo II é o único anexo que deve ser preenchido para Comércio Varejista de Alimentos, porém, escolha o anexo que você deve preencher conforme o CNAE do seu estabelecimento e conforme o link acima citado.

  1. O documento disponível na própria página (Instruções para Preenchimento dos Anexos – Formulários) auxilia bastante no momento do preenchimento de cada item dos anexos. Disponível aqui em pdf.
  2. O link “Tabelas Auxiliares para o Preenchimento dos Anexos (Formulários” traz informações como o CBO (Descrição da Classificação Brasileira de Ocupações) que será necessário para o preenchimento do Responsável Técnico (caso sua atividade exija. Lembrando que conforme a Portaria SMS 2619/2011 item 16, subitem 16.1.2. A Empresa de Pequeno Porte – EPP, a Microempresa – ME e a empresa registrada como Sociedade Limitada – Ltda, optante pelo Sistema Tributário Simples, estão dispensadas da exigência de possuir responsável técnico legalmente habilitado, exceto aquelas que fabriquem, manipulem ou importem produtos incluídos nas seguintes categorias: alimentos com alegações de propriedade funcional e/ou de saúde, alimentos infantis, alimentos para nutrição enteral, novos alimentos e novos ingredientes, substâncias bioativas e probióticos isolados com alegação de propriedades funcional e/ou de saúde, suplementos vitamínicos ou minerais, aditivos alimentares, adoçantes dietéticos, alimentos para controle de peso, alimentos para dietas com restrição de nutrientes, alimentos para dieta com ingestão controlada de açucares, alimentos para gestantes e nutrizes, alimentos para idosos, alimentos para atletas e embalagens fabricadas com novas tecnologias. Sendo porém necessário que o responsável da empresa ou funcionário por ele selecionado faça o Curso de Boas Práticas de Fabricação concedido pela Vigilância Sanitária do Município de São Paulo). Disponível aqui;
  3. Junte os documentos necessários. O Link “Listagem dos Documentos para Cadastro Inicial do CMVS” trata dos documentos exigidos. Disponível aqui;
  4. Protocole o pedido na Praça de Atendimento: Coordenação de Vigilância em Saúde – COVISA. Rua Santa Isabel, 181 – Vila Buarque Cep: 01221-010 Horário de Funcionamento: Seg. a Sex.: 9h às 16h

Se você mora fora da cidade de São Paulo minha dica é: procure a Vigilância Sanitária do seu Município. Eles lhe informarão sobre todos os documentos que serão necessários para a obtenção da Licença, pois cada Município trata a questão de modo diferente, em alguns Municípios, por exemplo, a renovação da Licença é anual, outros a cada 5 anos, em outros não há renovação.

Mas lembre-se, não é a ANVISA que você deve procurar. A ANVISA é um órgão Federal e ela não expede Licença Sanitária, essa Licença é adquirida em cada Município, ou caso não haja Vigilância Sanitária no Munícipio haverá em alguma cidade vizinha que é responsável pela região.

Esperamos ter auxiliado vocês nessa questão que gera tantas duvidas!

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Esterilizador portátil a base de ozônio

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Para aqueles que ainda pensam que geladeira é o lugar mais seguro para armazenar seus alimentos, um engano pode estar sendo cometido: diante as falhas de armazenamento as prateleiras do seu refrigerador, podem conter, muitas vezes, bem mais que número de bactérias considerado aceitável. Sendo que algumas delas podem até matar, como a E. coli, a Salmonella e a Listeria.

Um dos hábitos mais simples de contaminação cruzada é chegar em casa carregando aquele monte de sacolas plásticas, colocar os produtos que chegam da rua diretamente na geladeira, sem nenhuma higienização prévia. Isso pode transformar o refrigerador em um foco de contaminação.

Conforme dados do último Surtos Alimentares no Brasil – Dados atualizados em 2015, as residências continuam como o local principal de ocorrência dos surtos, com 38,4% dos casos relatados até outubro de 2015, seguido dos Restaurantes e Padarias com 15,5%, um número bastante preocupante. As bactérias SalmonellaS. aureus E. coli mostram-se como os principais agentes etiológicos mais associados aos surtos, respectivamente.

No Reino Unido, de acordo com a Agência Britânica de Padrões Alimentícios, cerca de 1 milhão de pessoas sofrem de doenças causadas por alimentos mal estocados. Portanto, entender como guardar seus alimentos da geladeira, pode te prevenir destes tipos de enfermidades, normalmente causados por bactérias.

Saiu este mês na revista Super Interessante (Edição 360), os projetos mais interessantes do mundo do crowdfunding, um que me chamou a atenção foi o projeto FRIDGMATE, um esterilizador com ozônio como princípio ativo, o qual garante 96% de eliminação de bactérias e odores nas geladeiras, além de aumentar a vida útil dos alimentos, a partir de um equipamento menor que uma latinha de refrigerante com peso máximo de 170g e tem bateria com resistência que dura entre 50 e 90 dias, carrega via USB e possui preço acessível.

Todo o controle de funcionamento deste equipamento pode ser feito também em um aplicativo dedicado que funciona para monitorar a condição de sua geladeira.

Os inventores garantem que é o método mais seguro e eficiente para remover bactérias, uma vez que não deixa nenhum resíduo químico que possa prejudicar ou contaminar seu alimento, mantendo uma concentração segura de Ozônio.

Sabendo que dentro de uma geladeira doméstica alcança-se temperaturas entre 6 e 10°C na parte inferior, e de 2 a -2°C na parte superior, o foco de esterilização deste equipamento em testes foi para as bactérias que conseguem crescer em temperatura baixas, e são as principais causadoras de intoxicação como Salmonella, Listeria e Staphylococcus aureus.

De acordo com pesquisas e a literatura, o ozônio vem substituindo o cloro na limpeza e esterilização de alimentos e outros segmentos. O ozônio é 100 vezes mais potente e 3,2 mil vezes mais rápido que o cloro, ou seja, além dele ser mais potente, ele age muito mais rápido.

Para aqueles que ainda não sabem conhecem Crowdfunding (ou financiamento pela multidão, em tradução literal) é uma modalidade de investimento, na qual várias pessoas podem investir pequenas quantias de dinheiro no seu negócio, geralmente via internet, a fim de dar vida à sua ideia, é o chamado financiamento colaborativo, algo que está revolucionando o lançamento de Startups mundo afora.

Achei interessante este portátil esterilizador a base de ozônio, por utilizar uma energia limpa, e ter proposta de baixo custo de aquisição pelos pesquisadores, com o intuito de ser usado não só em restaurantes, padarias e outras empresas pequenas de alimentos, mas nas residências também, onde pode ser utilizado para potencializar a limpeza usual, pois hoje esta tecnologia já é utilizada em média e grandes empresas, mas são muito caras.

Referências:

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Principais pontos da ISO/TS 22002-1 e documentação recomendada – PARTE 3

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Sua empresa está com o objetivo de implementar o esquema FSSC 22000 e você não sabe por onde começar? A ISO/TS 22002-1 ainda é desconhecida? Então esta sequência de 6 posts é para você!  Clique nos links para ler a parte 1 e a parte 2 desta sequência de posts.

Mas atenção! Este post é para ser apenas um auxilio durante o estudo da especificação técnica. Para a implementação na unidade, cada requisito deve ser avaliado com carinho e profundidade pela equipe de segurança de alimentos. Como estão as reuniões da equipe? Não deixe de comentar!

No post de hoje abordaremos as seções 9, 10 e 11 da ISO/TS 22002-1. Bom estudo!

Seleção e gestão de fornecedores

  • Fornecedores tem que ter capacidade de atender os requisitos especificados;
  • Deve haver um processo definido para a seleção, aprovação e monitoramento de fornecedores;
  • Avaliação da habilidade do fornecedor em atender as expectativas em termos de segurança de alimentos, requisitos e especificações;
  • Descrição de como os fornecedores são avaliados;
  • Monitoramento do desempenho de fornecedores para garantir a continuidade do status de aprovação;

Procedimento: Qualificação e monitoramento de fornecedores.

Registro: Evidência de atendimento aos requisitos de qualificação e monitoramento.

Requisitos para o recebimento de materiais

  • Verificação dos veículos de entrega antes e durante o descarregamento;
  • Os materiais devem ser inspecionados, analisados ou cobertos por certificados de análise antes de sua aceitação, liberação e uso. O método de verificação deve ser documentado;
  • Procedimento documentado para materiais não conformes;
  • Pontos de acesso às linhas e sistemas de recebimento de materiais a granel devem ser identificados, tampados e trancados. O descarregamento em tais sistemas deve acontecer somente após aprovação e verificação do material a ser recebido.

Procedimento: Controle de produto não conforme.

Registro: Check list de recebimento, inspeção e liberação de insumos.

Contaminação cruzada microbiológica

  • Áreas onde houver potencial para contaminação cruzada microbiológica, devem ser identificadas e um plano de segregação (zoneamento) deve ser implementado;
  • Uma avaliação dos perigos deve ser conduzida para determinar as fontes potenciais de contaminação, suscetibilidade do produto e medidas de controle adequadas para essas áreas, tais como:
  1. Separação de matérias-primas (ou produto cru) de produto acabado ou pronto para o consumo;
  2. Segregação estrutural – barreiras físicas, paredes ou prédios separados;
  3. Controle de acesso com requisitos de troca de uniformes;
  4. Identificação das áreas de circulação ou segregação de equipamentos – pessoal, materiais, equipamentos e ferramentas (incluindo o uso de ferramentas dedicadas).
  5. Diferencial de pressão do ar.

Documento: Mapa ou descrição de zoneamento.

Gestão de alergênicos

  • Alergênicos presentes nos produtos, tanto por fazer parte da formulação ou por potencial contaminação cruzada no processamento, devem ser declarados;
  • Os produtos devem ser protegidos de contaminação cruzada não intencional através de limpeza e práticas adequadas de trocas ou sequenciamento de produção;
  • Retrabalho contendo alergênicos somente pode ser utilizado em produtos que contém o mesmo alergênico na formulação, ou através de um processo que demonstre que há remoção ou destruição do material alergênico;
  • Manipuladores de alimentos devem receber treinamentos específicos em conscientização sobre alergênicos e práticas de fabricação correlatas.

Procedimento: Gestão de alergênicos.

Registro: Controle do uso de retrabalho; registro de limpeza após manipulação de alergênicos.

Contaminação física

  • Política de vidros com inspeções periódicas e procedimentos definidos em caso de quebra devem ser implementados;
  • Materiais quebráveis devem ser evitados onde for possível;
  • Registros da quebra de vidros devem ser mantidos;
  • Baseadas na análise de perigos, medidas devem ser implementadas (Ex: Proteção de equipamentos ou recipientes para produtos ou materiais expostos; uso de telas, peneiras, separadores magnéticos ou filtros; detectores de metal e raio-X).

Procedimento: Política de vidros e plásticos duros.

Registro: Quebra de vidros.

Limpeza e sanitização

  • Monitoramento e avaliação de eficácia dos programas de limpeza e sanitização;
  • Os agentes químicos de limpeza e sanitização devem ser claramente identificados, serem de grau alimentício, armazenados separadamente e usados somente de acordo com as instruções do fabricante;
  • Os utensílios e equipamentos devem ser de desenho sanitário e mantidos em condições que não apresentem uma potencial fonte de material estranho;
  • Validação dos programas de limpeza e sanitização;
  • Os programas de limpeza ou sanitização devem especificar, no mínimo:
  1. Áreas, itens de equipamentos e utensílios a serem limpos ou sanitizados;
  2. Responsáveis pelas tarefas especificadas;
  3. Método de limpeza ou sanitização e frequência;
  4. Arranjos de monitoramento e verificação;
  5. Inspeção pós-limpeza;
  6. Inspeções pré-partida de linha.
  • Sistemas CIP devem ser separados das linhas de produção operantes.
  • Os parâmetros para o sistema CIP devem ser definidos e monitorados (incluindo tipo, concentração, tempo de contato e temperatura de qualquer químico usado).

Procedimento: Higienização das instalações físicas, equipamentos, móveis e utensílios.

Registro: Limpeza (Higienização).

Documento: Relatório de validação de limpeza (higienização).

Fonte de imagem: ISO.

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Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o álcool absoluto?

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Na área da saúde, “álcool” refere-se a dois compostos químicos solúveis em água – álcool etílico (etanol) e álcool isopropílico – que têm características germicidas em função de suas concentrações.

Recordo quando estava na graduação e aconselhei meu pai a comprar álcool (etanol) 70%, pois seu uso seria mais eficiente na desinfecção do que o álcool 99,6% (absoluto). Em contrapartida ao conselho, veio uma pergunta: “Mas se ele é menos concentrado, por que é mais eficiente?”. A razão por trás disso é o modo de ação do álcool 70%.

O álcool 70% possui concentração ótima para o efeito bactericida, porque a desnaturação das proteínas do microrganismo faz-se mais eficientemente na presença da água, pois esta facilita a entrada do álcool para dentro da bactéria e também retarda a volatilização do álcool, permitindo maior tempo de contato. Nesta concentração, o etanol destrói bactérias vegetativas, porém esporos bacterianos podem ser resistentes. Fungos e vírus (envelopados, como o vírus Influenza H1N1) também são destruídos pelo álcool (leia mais aqui).

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Na verdade, a ciência sabe que o álcool interrompe muitas funções essenciais à bactéria, embora não estejam muito claras quais destas interrupções podem levar à morte celular.

Prováveis efeitos:

Em primeiro lugar, o álcool destrói a membrana celular externa por desidratação, afinal o álcool é higroscópico e hidrofílico. Em segundo lugar, as moléculas de álcool penetram no citoplasma e, como resultado, precipitam as proteínas devido à desnaturação. Em terceiro lugar, causa coagulação de enzimas responsáveis por atividades celulares essenciais.

Quando se utiliza o álcool (etanol) 99,6% para desinfecção, ocorre uma coagulação extremamente rápida, não havendo penetração no interior da célula e, portanto, não matando o micróbio. Essa atuação ineficaz ocorre devido à rápida volatilização do etanol nessa concentração.

E por que 70%?

O grau de hidratação é um fator importante para a atividade antimicrobiana, mas como chegaram à conclusão de que a concentração 70% é melhor do que a de 50%, 60% ou 80%, por exemplo? Muitas pesquisas foram conduzidas, e podemos citar algumas em que observaram a atividade antimicrobiana do álcool em grau inferior a 50% e superior a 70% (veja referências 1,2,3,4 no final do texto), concluindo que essa atividade decresce acentuadamente nos dois extremos. Portanto, uma boa atividade germicida ocorre entre 50 a 70%, sendo a máxima a 70% de diluição.

REFERÊNCIAS

1 – Rochon-Edouard S, Pons JL, Veber B, Larkin M, Vassal S, Lemeland JF. Comparative in vitro and in vivo study of nine alcohol-based handrubs. Am J Infect Control 2004; 32: 200-4.

2 – Kampf G, Kramer A. Epidemiologic background of hand hygiene and evaluation of the most important agents for scrubs and rubs. Clin Microbiol Rev 2004; 17(4): 863-93.

3 – Rotter ML, Koller W, Neumann R. The influence of cosmetic additives on the acceptability of alcohol-based hand disinfectants. J Hosp Infect 1991;18 (Suppl B):57-63.

4 – Lawrence C. Testing alcohol wipes. Nurs Times 1992; 88:63-6.

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Resultado da Enquete Food Safety Brazil sobre motivações para certificações em alimentos

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Chegamos ao final de mais uma enquete, dessa vez sobre motivações para certificações em segurança dos alimentos. A pesquisa ficou no ar de fevereiro a maio de 2016, contabilizando 172 votos.

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Pelas respostas dos visitantes do site, vimos que a grande maioria (35%) possui certificação com o intuito de reduzir os riscos de seus processos, o que nos deixou muito feliz, em saber que a maioria das pessoas que participaram estão preocupadas com a qualidade do seu produto.

O segundo lugar, com 27% do votos, mostrou que tem certificações como uma forma de atrair mais cliente, e, em terceiro lugar com, 15%, estão os que têm certificação para evitar a perda de clientes, é sabido que alguns produtos, principalmente os para exportação, os clientes exigem cada vez mais certificações, para ter a garantia de rastreamento e saber como o produto foi produzido.

Também em terceiro lugar, com 15%, existem empresas que tem certificações apenas para cumprir requisitos corporativos. E com 7% ficou a posição “ter certificação apenas por ideologia”.

Em breve teremos novas enquetes, continuem votando, sua participação é muito importante para nós.

Fonte de imamge: FOOD SAFETY | Education & Training.

 

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Entrevista – Cultura de Segurança dos Alimentos com Joanne Taylor

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Tive a oportunidade de interagir pessoalmente com Joanne Taylor, uma das autoras da metodologia de avaliação de Cultura de Segurança dos Alimentos, que é um dos novos módulos do BRC, conforme o post que publicamos aqui no blog.

Ela palestrou sobre a avaliação da cultura de segurança dos alimentos, mas como não tratou dos desdobramentos após a mesma, fiquei curiosa e lhe perguntei sobre sua experiência até o momento com a metodologia e seus resultados, uma vez aplicada.

Quais são as lacunas mais frequentes que você encontra nas avaliações de cultura de segurança dos alimentos?

Na verdade não há um padrão, pois cada empresa é uma empresa. Assim, algumas têm problemas com pessoas, propósito, clareza na estratégia por parte da gestão, por não saber para onde vão. Outras, em processos, consistência e coordenação entre departamentos; outras não entendem riscos e mudanças da seção de proatividade. Na metodologia que aplicamos, no final do primeiro ano, haverá uma porcentagem de atendimento com uma pontuação para cada seção. Então se pode comparar: por que no ano passado tirei 60% e agora 65%? Não há um padrão, o que para mim é estranho, acho que deveria haver. Até o momento foram diferentes empresas focadas em diferentes prioridades.

Você já comparou diferenças entre países em relação à cultura de segurança dos alimentos?

Fiz pesquisas em Dubai e na Inglaterra, e em geral a pontuação foi mais alta em Dubai. Talvez porque em Dubai trabalhei com companhias mais fortes e na Inglaterra de perfis mais variados. Outra possibilidade é que na cultura nacional de Dubai há a preocupação de não se dizer coisas negativas sobre o chefe. Dentro da Inglaterra não vimos um padrão único.

Como é o “dia seguinte” desta avaliação de cultura de segurança dos alimentos? Sei que vocês propõe um plano de ação. Há um acompanhamento por um ano ou mais?

Sim, antes de começarmos, o que orientamos é que a empresa melhore, já que não há empresa perfeita. Se é para levantar um dado, tem que se fazer algo com ele. A verdadeira avaliação da empresa não é a pontuação inicial em si, mas a diferença entre a primeira e a segunda avaliação. Ela pode ter uma baixa nota inicial, mas melhorar muito depois. O que recomendamos é que assim que a empresa tenha os dados consolidados, comunique à sua equipe, pois depois de responder a um questionário de 15 minutos, fica a expectativa que alguma coisa aconteça e seria desmotivador não apresentar ações. Então deve ser tomado tempo para interpretar os dados fazer a comunicação, senão de todo o relatório, mas do que for relevante, em escala apropriada. “Obrigada por participar, o resultado foi este, as ações serão estas”. Outro ponto é não tentar resolver tudo de uma vez, mesmo sabendo que tudo é interconectado. Por exemplo, se a pontuação foi mais baixa em treinamento, focar nesta ação como prioridade e depois avançar em outras antes de sair “mudando tudo”.

Se a empresa já tem uma estratégia, não necessariamente precisa esquecer tudo e fazer uma nova. Se ela faz parte de uma cadeia global, por exemplo, e tem um problema em reforço, mas tem esquemas e iniciativas globais implementadas, deve usar estes canais. Num caso específico, pequenas mudanças em reforço, vinculados à segurança de alimentos, aumento de transparência, mostrando como coisas boas, como, por exemplo, as pessoas serem recompensadas, terem colegas falando bem uns dos outros, resultaram num grande salto na pontuação em poucas semanas. Foram pequenas mudanças, mas um grande impacto. Outros ganhos podem acontecer “por tabela” como, por exemplo, trabalho em equipe.

De todas as falhas em cultura de segurança dos alimentos, qual é a mais difícil de superar? Seria comprometimento da alta direção?

Essa é uma boa pergunta. Acredito que como estamos no início do programa, as empresas que nos procuraram até o momento são as melhores e, portanto, já são comprometidas. Assim, chegaram por iniciativa ou pelo convencimento da alta direção que deveriam fazer a avaliação em cultura de segurança dos alimentos. Elas já chegam confiantes que já tem boa cultura e só querem confirmar isso, ou então, sabem que estão se empenhando mais ainda tem alguns problemas. O que já notei é que quando são grupos com várias empresas, algumas unidades têm menos comprometimento do que as outras. Aí sim, se nota focos de resistência, pontos realmente difíceis de se resolver, e muito da cultura vem de cima. Quando líderes se preocupam em como recompensar, incentivar, reconhecer, as mensagens que vem deles tem um grande impacto na cultura. Pode-se tentar mudanças de baixo para cima, mas quando as mensagens da direção são inconsistentes é muito difícil ter resultado, e acredito ser este mesmo o maior desafio.

Dra. Joanne Taylor (Psicóloga, PhD HACCP) é especialista em gestão da segurança de alimentos e cultura de segurança de alimentos. Atualmente é diretora da Taylor Shannon International (ETI), trabalhando no desenvolvimento e implementação de gestão da segurança de alimentos do governo e de programas de treinamento nos Emirados Árabes Unidos e Qatar. Joanne foi a autora de um grande número de artigos, livros e materiais de treinamento sobre segurança de alimentos, HACCP, mudança de comportamento e cultura, e foi um dos principais desenvolvedores de SFBB e menu-Safe, dois dos mais amplamente implementados e pesquisado sistemas HACCP para as empresas de serviços de alimentação. Ela já treinou mais de 500 profissionais da indústria em mais de 30 países em cursos de HACCP avançado (nível 5 e MSC). Em 2014, ela foi convidada a apresentar suas experiências no Colóquio do Codex sobre HACCP, realizada na Finlândia. Seu trabalho mais recente inclui o desenvolvimento de uma metodologia  para medir cultura de segurança de alimentos na indústria, que foi lançado em 2014 em colaboração com Campden BRI, e adotado pelo BRC em 2015 como um módulo voluntário.

Onde: Evento BRC Food Safety Americas, que cedeu uma vaga de cortesia para o blog Food Safety Brazil.

Fonte de imagem: BRC | Food Safety Americas.

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1º Meeting de Nutrição Anhanguera

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No dia 21 de maio, na UNIAN de Santo André, a palestra ” A importância das Certificações de Qualidade na área de alimentos”, será ministrada pela colunista Juliana Levorato, vai dar um panorama geral dos casos das doenças transmitidas por alimentos no Brasil: alguns casos de contaminação; os impactos que causam na cadeia; quais são as principais certificações na indústria alimentícia, as vantagens em certificar e os dados da certificações GFSI no Brasil. Aproveite.

Palestras gratuitas: façam suas inscrições do 1º Meeting de Nutrição neste link.

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< 1 min leituraNo dia 21 de maio, na UNIAN de Santo André, a palestra ” A importância das Certificações de Qualidade na área de alimentos”, será ministrada pela colunista Juliana Levorato, vai […]

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FSB Entrevista | Angela Busnello

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Nesta entrevista, nossa colunista aqui no Food Safety Brazil, a Angela Busnello, compartilha com vocês um pouco da trajetória de 15 anos como engenheira de alimentos. Angela é consultora de Gestão da Qualidade, instrutora, perita oficial do TJ/RS, perita oficial da Justiça Federal, diretora da empresa Qualität, escritora de posts, mãe do Alexandre, gaúcha e amante do espumante nacional. Entende a vida como um desafio diário, “todos os dias quando acordo sei que terei um dia bem diferente do anterior, nunca gostei da rotina, o desafio me encanta e é assim que construí minha carreira. A frase: Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia de sua vida (Confuncio), se encaixa perfeitamente na minha vida”.

1)  Na sua opinião, como a segurança de alimentos é vista pelas empresas na região sul do país, e quais são os maiores desafios? ( Ana Cláudia)

Ana, atualmente percebo a região sul tomando novos rumos na questão da segurança de alimentos. Consultorias e projetos engessados são coisas do passado, porque não atendem mais a mercados exigentes, as auditorias de clientes ou certificadoras internacionais. Hoje criatividade e bom senso são valorizados para conseguir adequar-se a normas exigentes com menos recursos disponíveis. Antigamente, consultoria terceirizada era coisa de luxo e a ISO 22000 era vendida como o monstro do pântano, ou seja, faziam dela uma ferramenta complicadíssima, e assim valorizava-se os poucos que dominavam a ferramenta. Hoje há informação disponível na internet, o blog  Food Safety Brazil é um bom exemplo disto, pois disponibiliza conhecimento de qualidade sem custo. O cenário mudou e os empresários contratam consultorias por afinidade, competência, e o diferencial são as pessoas, sua forma de atuação; de nada adianta copiar documentos, se você não sabe aplicá-los na prática.

O maior desafio o início de minha carreira: enfrentar um mercado de trabalho que desconhecia a profissão e sua importância. O maior desafio atual como empresária é encontrar pessoas preparadas, dispostas a colocar a mão na massa para atuar neste mercado promissor e exigente, com vontade de fazer a diferença e parceria.

2) Qual foi a maior lição que você aprendeu na carreira de perita? (João Paulo)

João Paulo, a maior lição é que o Brasil tem muito a desenvolver ainda no tema segurança de alimentos. A maioria dos processos judiciais poderiam ser evitados por medidas simples, como boas práticas de fabricação básicas. Algumas empresas ainda possuem a cultura da produtividade em primeiro lugar, a qualidade é vista apenas como protocolo para atender a exigências legais.

Se uma empresa possui um bom programa de gestão implementado, uma gestão de riscos de processos, e a visão da importância de um processo de gestão, evitar gastos astronômicos com processos judiciais e investir em qualidade é o melhor negócio. Infelizmente ainda estamos na cultura do remediar, e os profissionais da área ainda mostram pouco preparo na gestão de custos, o empresário precisa saber o quanto vai ganhar se investir em qualidade, saber os custos da falta dela.

3) Quais os aprendizados você leva para sua vida? Pode compartilhar conosco???

O maior aprendizado, o mais significativo, é a importância da elaboração de produtos seguros. Vivenciei danos irreparáveis na vida das pessoas por perigos que poderiam ter sido perfeitamente evitados se a cultura da segurança de alimentos estivesse implementada de maneira eficaz.  Um exemplo comum são processos realizados por perda de familiares por comer alimentos contaminados, as fraudes intencionais de funcionários por descontentamento com o empregador, milhares de pessoas afetadas por fraude de alimento por ganância, sem pensar nos danos causados as famílias.

4) Qual o maior desafio da atuação de um perito? Pode nos contar os marcos de sua história com a segurança de alimentos? (Silvana Chaves)

Silvana, o maior desafio é a diferença entre os casos, cada caso é único. Precisa estudar toda legislação envolvida para o caso, procurar o laboratório certo para analisar o produto ou quando eu mesma preciso analisar e avaliar, preciso encontrar a metodologia específica para apontar os resultados com precisão. O juiz ou promotor precisam de dados técnicos específicos e com uma linguagem de fácil compreensão, pois não são técnicos na área. 

Vou explicar um pouco sobre como funciona uma perícia de engenharia de alimentos de um alimento com objeto estranho. A prova é enviada para meu escritório, o juiz não liberou visita à fábrica, ou seja, ele vai pagar o valor mínimo apenas para elaborar o laudo, eu preciso ter conhecimentos sobre o processo e saber responder a pergunta inevitável feita pelo advogado: ”Nobre perita, é possível este objeto ser proveniente do processo da ré?” Então estudo e falo de processo produtivo em geral, pois sabemos que processos, fluxos, equipamentos, variam de fábrica para fábrica, então é sempre uma resposta subjetiva para esta pergunta, ou seja, a visita é fundamental, mas nem sempre o juiz autoriza .

Na questão de segurança de alimentos, todos os tipos de problemas são encontrados como:

Pele de rato em molhos de tomate. Eu disse pele não, disse pelo. Os ratos são triturados junto com os tomates, comprovando a falta de boas práticas e controle na recepção de  matérias primas (quando periciei molho de tomate com pele de rato pela primeira vez vomitei muito em pensar nas partes trituradas e não vistas pelo consumidor, uma pele é muito fácil de ver) ;

Pedaços de esteiras, pregos: comum em perícias encontrar por falta de manutenção preventiva e de estudo em perigos;

Cabelo: encontrado em produtos de pequenas empresas e elaborados em supermercados por falha nas boas práticas;

Dente de leite em pão de forma fatiado: o dente estava cortado pela navalha fatiadora de pão ao meio, ou seja, provável fraude do funcionário, que soube exatamente introduzir o dente no processo para ser cortado. Foi descartado a hipótese de ser proveniente da matéria prima devido as malhas do processo assegurarem a retenção de matérias estranhas com tamanho superior a 2 mm. A empresa afirmou possuir sistema de câmaras para atender ao Food Defense, possuía tudo descrito, então perguntei, posso verificar os vídeos?  A resposta foi: as gravações são apagadas em 30 dias. É um ponto a repensar, pois processos judiciais duram anos, e esta seria uma boa prova, guardar por 30 dias é o suficiente? Para perícias de nada adianta.

Pragas: comum receber produtos infestados, neste caso normalmente a fonte não é a indústria de alimentos, e, sim, é proveniente de supermercados e distribuidores, estes quando periciados não possuem controle de pragas e não realizam higienização e monitoramento dos locais infestados. Não possuem nem conhecimento de Boas práticas básicas;

São muitos casos com as mais diversas situações e na maioria o atendimento básico da segurança de alimentos seria o suficiente para evitar multas ou gastos com advogados, com longas e onerosas discussões na justiça.

5) Qual foi o caso mais esdrúxulo em que você já atuou como perita? Qual foi o seu primeiro caso? (Cristina Leonhart)

Cris, o mais esdrúxulo e engraçado foi o caso do consumidor de uma cerveja produzida por uma grande marca nacional, ao  abrir o processo deparei com a seguinte a narrativa:  “ Estava em uma noite no bar do Alemão com meus amigos e na quarta garrafa percebi uma mosca em meu copo, exijo reparação da empresa sobre o dano causado.” 

Bastante óbvio identificar que a mosca veio do bar, não é mesmo?  Depois da quarta cerveja, em um local sem proteção contra pragas, sendo a cerveja um atrativa, a visita na fábrica seria praticamente dispensável. Mas a ordem e a solicitação judicial devem ser cumpridas, ou seja, preciso ir na empresa, verificar  todos os controles, a higienização dos frascos, o controle de pragas, verificar sensores, filtrações e explicar todo processo.

O primeiro caso foi um biscoito com prego dentro, este perfurou a boca do consumidor. A juíza solicitou a realização de uma visita surpresa. Nestes casos vou com uma ordem judicial. Então uma sequência de falhas foram verificadas: a manutenção estava trabalhando ao lado da esteira de biscoitos, com muitos pregos, óleo de máquinas, parafusos… e estavam arrumando uma estrutura aérea em pleno processo de fabricação, ou seja, não existia precaução ao perigo, a esteira estava desprotegida. A peneira  do processo era apenas para grumos de farinha, ou seja, pregos vindos com a matéria prima não eram retidos nesta peneira (realizamos o teste e o prego passou pela peneira).  O detector de metais durante a inspeção estava desligado, mesmo assim realizei os teste e este não detectou o prego, não existiam planilhas de monitoramento e verificação do aparelho.

6) Qual os seus Hobbies preferidos nas suas horas vagas? (Dafné Didier)

Adoro ficar em casa, com meu filho e minha cachorra. A Ioga além de atividade física é minha forma de relaxar das longas viagens. Minha casa é meu refúgio no final de semana, amo a Serra Gaúcha, a comida italiana e as cores dos vinhedos.

7) Sei que tens uma adega particular em casa, me fala um pouco sobre essa paixão! (Dafné Didier)

Eu mesma fiz este projeto, ela é um painel de espumantes. Minha paixão por acompanhar o  processo de elaboração de espumantes: durante a safra, os aromas da fermentação aguçam todos os sentidos, tocam a alma e são inesquecíveis. Gosto de vinho para os dias frios, mas minha paixão é o espumante.

Compartilho com vocês o meu painel e minha paixão.

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6 min leituraNesta entrevista, nossa colunista aqui no Food Safety Brazil, a Angela Busnello, compartilha com vocês um pouco da trajetória de 15 anos como engenheira de alimentos. Angela é consultora de Gestão […]

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5 erros que cometemos na cozinha de casa e que são um tremendo risco para a saúde

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Resolvi escrever esse post simples mas muito importante para conscientizar todos nós que cozinhamos em nossas casas. Muitos cometem erros sem que ao menos saibam que isso pode desencadear uma intoxicação alimentar.

Vamos descobrir juntos onde podem estar esses erros?

  1. Deixar alimentos prontos ou ingredientes perecíveis sobre o fogão ou sobre a pia: essa é clássica! Quem nunca deixou o jantar sobre o fogão por diversas horas até o último comer? Ou chegou do supermercado e deixou a carne sobre a pia porque iria preparar daqui a pouco… mas o daqui a pouco se estendeu por horas?

A grande questão é que deixar alimentos expostos à temperatura ambiente por mais de 20 minutos (tolerância para 30 minutos), propiciando o crescimento de microrganismos, uma vez que temos disponível no alimento nutrientes, água, e sob temperatura ambiente, a temperatura ideal para a multiplicação de diversas bactérias, inclusive bactérias patogênicas (que causam doenças e podem até levar à morte). Muitas dessas bactérias podem ainda produzir toxinas, e essas toxinas mesmo após o aquecimento, fritura, cocção dos alimentos não são inativadas, ou seja, o microrganismo que a gerou dependendo do tempo e temperatura de cocção pode até morrer, mas a toxina continua ativa no alimento e ao ser ingerida ocasionará uma intoxicação alimentar em quem consumir o alimento. Para eliminar esse risco, basta guardar os alimentos na geladeira! O tempo máximo que devemos manter os produtos à temperatura ambiente é de 30 minutos, isso porque uma das bactérias mais rápidas em termos de multiplicação demora apenas 20 minutos para se multiplicar!

  1. Usar pano de prato: o pano de prato é uma grande fonte de contaminação na cozinha e por diversos motivos. O primeiro deles é que usamos, quase sempre, o mesmo pano de prato para tudo. Manipulamos a carne crua? Damos uma passadinha de água nas mãos e secamos as mãos no pano. Sujou algo na pia? Passamos o pano. Precisa tirar algo do forno? Usamos o pano para não nos queimar. Preciso secar um utensilio urgente? As vezes não trocamos o pano, e usamos o mesmo. Ou seja: aquele microrganismo lá da carne crua, que ficou na minha mão pois eu não a lavei corretamente (que nesse caso seria lavar com sabão E passar álcool gel), ficou no pano e foi passando para todos os outros lugares que usei o mesmo pano! O outro motivo é que o pano de prato quase sempre permanece úmido. E essa umidade associada com o calor da cozinha, propicia a multiplicação de fungos também (pano com pontos pretos? Pode ter a certeza que seu pano está contaminado com fungos ou bactérias!). E por fim: como os panos de prato são lavados como em sua casa? Separados de todo o restante? Você os desinfeta com hipoclorito de sódio após a lavagem? Ou os ferve? Se a resposta for não, há microrganismos presentes nesse pano. Ah, e nada de lavar junto com panos de chão, por favor!
  2. Usar a esponja de louça: a esponja segue basicamente o mesmo principio do pano de algodão. Imaginem só: esponja lava a louça suja, seja ela uma louça usada para armazenar frango cru ou para armazenar calda de chocolate… A esponja fica com todos os resíduos de alimentos e também com todos os microrganismos que estavam naquele alimento. Imaginem um frango contaminado com Salmonela. Essa Salmonela pode ter passado do frango para a esponja. E então uso a mesma esponja para lavar os demais utensílios. Além disso há ainda quem coloque a esponja em um recipiente com água e detergente, ou seja, estou disponibilizando nutrientes (resíduos dos alimentos das louças que lavei), água e temperatura ideais para a multiplicação dos microrganismos. Esse molho da esponja vira uma verdadeira sopa de bactérias!

O grande problema é que em nossas casas não temos o hábito de desinfetar os utensílios após a lavagem, com álcool 70% por exemplo. E nem de lavar bem a esponja após usa-la e coloca-la imersa em solução de hipoclorito de sódio. Esse simples ato de desinfetar os utensílios após a lavagem, e de imergir a esponja em solução de hipoclorito de sódio (1 colher de sopa de hipoclorito de sódio 2,0 a 2,5% para cada 1 litro de água) por 15 minutos, já resolveria o problema. E claro, trocar a esponja por uma nova periodicamente, e não raramente como muitos fazem.

  1. Cozinhar utilizando adornos: esse erro também é bem comum! Quem nunca preparou um alimento usando a aliança ou um anel, por exemplo. O grande problema dessa prática é que todos os resíduos de alimentos que estamos manipulando com as mãos, somados ao suor e sujidades que já estavam no adorno, se misturam e vão passando para os demais alimentos e utensílios que mexemos, e consequentemente os microrganismos também! Além da carga microbiana e sujidades, ainda há a questão do perigo físico, de uma parte do adorno, uma pedra por exemplo, se soltar e ir parar no alimento, além do risco de acidentes, o adorno prendendo-se em algum lugar e machucando o manipulador.
  2. Descongelar alimentos na pia ou em imersão de água: essa também é muito frequente! Você indo dormir mas antes de ir para quarto coloca a carne dentro da pia para descongelar durante a noite… Ou você irá preparar um peixe mas esqueceu de descongelar e agora precisa descongelar urgente então o coloca em um recipiente com água sobre a pia. Quem nunca? Aqui a questão é praticamente a mesma dos alimentos mantidos à temperatura ambiente por mais de 30 minutos. O processo de descongelamento acontece de fora para dentro do alimento, assim, a temperatura na superfície da peça elevará rapidamente e atingira o equilíbrio com a temperatura ambiente, antes mesmo que o meio da peça descongele. Assim, grande parte do alimento ficará à temperatura ambiente por bem mais de 30 minutos, e no caso da produção de toxinas por meio da multiplicação de bactérias produtoras de toxinas no alimento, já era, não adianta fazer mais nada que a toxina não será inativada. Então a solução é se programar e descongelar o alimento na geladeira, ou em casos de emergência utilizar o micro-ondas ou o forno, mas nesses casos o alimento deve ser imediatamente consumido após o preparo.

Espero que vocês tenham gostado das dicas, e que caso perceba que estava fazendo algo de errado, que tenhamos o ajudado a corrigir para garantir a sua saúde e a de sua família!

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Terceirização da Inspeção Federal

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Muito tem-se discutido nas pautas do governo federal, e também nos bastidores das indústrias alimentícias, a respeito da terceirização da inspeção federal. Para quem não sabe, a terceirização consiste na possibilidade da empresa contratar outra empresa (especializada em um serviço), para a realização de atividades que não constituem o objeto principal da mesma e é justamente isso que o Ministério da Agricultura pretende autorizar: a contratação de Médicos Veterinários da Iniciativa Privada – MVIP para realizarem a inspeção de estabelecimentos agropecuários integrado ao Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), que hoje são realizadas por Fiscais Federais Agropecuários – FFAs (concursados) que possuem poder de polícia.

O assunto já foi exposto aqui no blog (veja aqui), incluindo uma entrevista com o fundador e atual presidente da ANFFA (Associação Nacional de Fiscais Federais Agropecuários) Sindical, Dr. Maurício Rodrigues Porto.

Mas afinal isso seria bom um ruim? Minha resposta é: depende do ponto de vista de quem está avaliando. Nesse caso vou expor qual seria a visão do Governo Federal, da Empresa e dos Consumidores.

1) Do ponto de vista do governo federal seria maravilhoso, pois o mesmo se isentaria da responsabilidade em abrir novos concursos públicos para contratar FFAs, aliviando as despesas da União. A alta cúpula do MAPA tem sido pressionada constantemente para realizar a convocação imediata dos médicos veterinários aprovados no último certame, bem como realizar um novo concurso público para suprir a defasagem dos servidores da União, porém o MAPA sempre postergou ambas as coisas. É evidente que com o crescimento e surgimento de empresas alimentícias no país, não houve compatibilidade de FFAs, e muitos deles acumularam diversas atividades sob sua responsabilidade, dificultando a realização de uma adequada fiscalização.

2) Do ponto de vista das empresas seria muito cômodo, pois embora ela arcasse com os custos do profissional terceirizado, seria ela quem ditaria as regras de qualidade na empresa. Isso já acontece atualmente, com o advento da Circular nº 175/176/2005 (DIPOA), onde a Garantia da Qualidade promove o monitoramento e verificação dos Procedimentos Sanitários Operacionais; Higiene, Hábitos de Higiene e Saúde dos Colaboradores; Controle de Temperaturas; etc.; mas a empresa NUNCA foi até então, responsável pela INSPEÇÃO ANTE E POST-MORTEM. Isso sempre foi atribuição do FFA, um funcionário pago pelo governo federal, com capacitação técnica e poder de polícia, que diante de anormalidades detectadas, condena o produto sem titubear. Delegar essa responsabilidade ao MVIP seria um grande erro, pois sabemos que aqui no Brasil as empresas possuem um grande poder político-econômico (vale lembrar dos financiamentos das campanhas políticas), resultando na aplicação da teoria socrática de “Um peso, Duas medidas”.  No português claro, diria que esse veterinário terceirizado ficaria com “rabo preso” com a empresa contratante, dificultando uma inspeção sanitária fidedigna. Ele estaria rendido ao sistema de cobranças por lucros maiores, sem ponderar merecidamente a sanidade, ficando evidente de que se ele não atender aos “interesses” das empresas, terá quem atenda. 

3) Do ponto de vista do consumidor seria péssimo, pois a qualidade do produto estaria comprometida uma vez que o médico veterinário terceirizado não conseguiria executar a inspeção sanitária com qualidade e autoridade merecida. Esse sistema de inspeção terceirizada pode até funcionar em países desenvolvidos como os Estados Unidos, onde existem leis severas para punir seus transgressores, e onde ESSAS LEIS SÃO APLICADAS, mas aqui no Brasil não.

Creio que o governo brasileiro nessa onda da crise quer se isentar de responsabilidades e gastos de qualquer ministério, seja ele da Agricultura, Turismo, Saúde, etc, a fim de que possa fazer o país avançar (ou sair da lama). Querem tornar o país mais competitivo sem punir os consumidores com isso? Que tal o governo federal manter os FFAs dentro das indústrias e por outro lado incentivá-las com redução de impostos; subsídios do BNDES com baixos juros (ou pagamento a longo prazo); menos encargos nas contas de água e luz; etc? A verdade é que não temos dinheiro em caixa para isso. Então sugiro que reduzam os Ministérios, cortem cargos comissionados em demasia, e reduzam salários e benesses de Deputados e Senadores Federais… aí quem sabe haja justiça com o povo e uma reforma sensata.

Eu defendo a bandeira:

#DIGANÃOATERCEIRIZAÇÃO

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Legislações de alimentos ao gosto da sociedade: risco ou avanço?

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Salaminho liberado na mala

Vejo amigos e parentes celebrando a possibilidade de trazerem queijos, salames e outros quitutes do exterior, sem o risco de serem multados em aeroportos. Tal liberdade se deu agora, após a publicação da instrução normativa 11, no dia 10/05, que estabelece uma cota de até 5 kg por pessoa para entrada em nossas fronteiras de alimentos que passaram a ser considerados de risco insignificante. “A medida visa atender a uma demanda da sociedade “, afirmou a então ministra da Agricultura, Kátia Abreu.  Isso me fez refletir se legislações em alimentos ao gosto da sociedade são um risco ou um avanço.

A “demanda” da ex-ministra me soou como “medida popular para fazer brasileiros felizes”. É fato que produtos processados em muitos países contam com sistemas de segurança e são realmente seguros, mas a alegria dos viajantes deve ser o motivo principal para esta liberação? Neste post compartilhamos um estudo que mostra que 15% dos alimentos apreendidos nos aeroportos apresentavam algum tipo de contaminação.

Rótulo mais claro para alérgicos

O caso exitoso do movimento Põe no Rótulo, que levou à publicação da RDC 26/15, obriga as empresas a informarem claramente nas embalagens a presença de alergênicos em alimentos industrializados. Fruto da organização popular, os interessados, na maioria mães de crianças alérgicas, sabiam muito bem dos riscos que corriam por já terem vivenciado na prática reações, muitas levando à emergência médica, e em alguns casos, à óbito. Este movimento contou com o apoio da classe médica, e de muitas celebridades que se manifestaram publicamente nas redes sociais. O grupo foi fortemente atuante na imprensa e na televisão até alcançar sua conquista.

Bela Gil e Carbofurano

Surpreendente foi, também, ver como a apresentadora Bela Gil reverteu uma consulta pública  da Anvisa sobre o agrotóxico Carbofurano com apenas um post no Facebook. A mobilização feita em fevereiro deste ano,  elevou de 31% para 69% o percentual de votantes em favor do banimento do agrotóxico no Brasil. Na opinião de Bela, a ação se deu “por que meu público tem visão muito próxima da minha, a favor de alimentação orgânica”. O parecer final da Anvisa não foi publicado, mas fica a questão: o público leigo tem formação técnica compatível para sugerir leis com base científica? Entende de toxicologia, estudos que levam anos para serem conclusivos?

Xô Organismos Geneticamente modificados

São numerosos os estudos sobre a inocuidade dos OGM, e há outros tantos sobre possíveis malefícios. A polêmica já foi tratada aqui. Contudo, é fruto de um consenso popular a aversão a organismos geneticamente modificados, sendo que este posicionamento, fortalecido por organizações ambientais, levaram 19 países europeus a rechaçar a tecnologia, havendo um movimento “GMO-Free” amadurecido no velho continente.

Hambúrguer sem hidróxido de amônia nos EUA

Jamie Oliver, o chef inglês, fez muito barulho ao divulgar na mídia que os hambúrgueres da maior cadeia de fast food do mundo utilizava hidróxido de amônia como ingrediente de suas formulações nos Estados Unidos  (caso Pink Slime). Vale ressaltar que neste país, o FDA considera o aditivo seguro, liberado para ser aplicado com esta finalidade. Um ano depois, a rede anunciou ter mudado sua formulação, embora faça questão de dizer que a melhoria não tem relação com o movimento.

Conclusão:

O fato é que a influência de celebridades, mídias sociais, organizações de consumidores ou ativistas parece ter, nos dias de hoje, um papel sem precedentes na formação de leis e de condutas da indústria de alimentos. Pensar que as legislações de alimentos formuladas de acordo com o gosto da sociedade serão sempre baseadas em critérios técnicos e científicos, chega a ser utópico.

Já diz nossa carta magna, tão citada nos últimos dias: “o poder emana do povo”. Se o povo tem competência e consegue fazer bom uso deste poder, estamos diante de um avanço. Se este mesmo povo pode nos levar à decisões equivocadas, estamos diante de um risco.

Fonte da imagem: Minhoca nas salsichas.

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Bacteriocinas – Qual a utilização na indústria de alimentos?

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Alguns microrganismos possuem a capacidade de produzir substâncias que podem influenciar no crescimento de outros microrganismos, como as bacteriocinas, que são aplicadas na indústria alimentícia como técnica de bio-preservação, refletindo no valor nutricional e na melhoria da segurança de produtos alimentícios. As bacteriocinas foram descobertas em meados de 1950, porém não se sabia a real ação dessas proteínas. São peptídeos ou proteínas sintetizados por bactérias láticas no ribossomo e liberados no meio extracelular, que apresentam ação bactericida ou bacteriostática sobre bactérias Gram-positivas.

As bacteriocinas estão distribuídas em 4 classes. Em geral, a classe I, ou lantibióticos, representada pela nisina, é constituída por peptídeos termoestáveis de baixo peso molecular (<5 kDa), diferenciados dos demais pela presença de lantionina e derivados; a classe II é composta por pequenos peptídeos (<10kDa) termoestáveis divididos em três subclasses: IIa (pediocina eenterocina), IIb(lacto-cina G) e IIc (lactocina B); a classe III é representada por peptídeos termolábeis de alto peso molecular (>30 kDa), como helveticina J; na classe IV, encontram-se grandes complexos peptídicos contendo carboidrato ou lipídio em sua estrutura. A produção da bacteriocina é influenciada por fatores como pH (5,5), temperatura do produto, condições de processamento e estocagem do produto.

bacteriocinas

Os estudos relacionados à ação de bacteriocinas se baseiam nos significativos resultados encontrados como redução logarítimica nas bactérias: Listeria monocytogenes, Clostridium botulinum, Bacillus cereus e Staphylococcus aureus. Na indústria de alimentos, as bacteriocinas agem principalmente em queijos, leite pasteurizado, sobremesas, iogurtes e cárneos processados inibindo o desenvolvimento germinativo de esporo de bactérias termófilas, reduzindo a contagem microbiológica, reduzindo as condições de tratamento térmico, prevenindo o excesso de acidez e aumento da vida de prateleira.

Devido à mudança nos hábitos de consumo das pessoas, por produtos mais naturais, as bacteriocinas contribuem devido a serem agentes naturais de conservação, podendo assim substituir os conservantes químicos nos alimentos como propionatos, benzoatos e sorbatos. E uma ótima notícia aos apreciadores de sabor, além dos benefícios evidenciados, elas não promovem alteração sensorial do produto.

Referências:

Fontes de imagem:

 

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Prevenção à Contaminações na Indústria de Embalagens

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Como a indústria de embalagens previne possíveis contaminações? Na especificação de programa de pré-requisitos da indústria de embalagens ISO/TS 22002-4, é solicitado que a organização avalie possibilidades de contaminações e determine medidas preventivas. Para facilitar, seguem algumas dicas de práticas mais usuais:

contaminacao

Créditos de imagem: Fernanda Stoduto.

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