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Senso de Utilização – 5S na indústria de alimentos

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O 5S é um método muito conhecido por proporcionar um ambiente de trabalho agradável e produtivo, mas os ganhos não param por aí.

Através dos cinco sensos, você pode reforçar as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e os programas de pré-requisitos dentro da indústria de alimentos.

Hoje vamos explorar o primeiro senso do programa 5S, o Seiri. Sua tradução mais popular é a de senso de utilização.

Neste primeiro senso de utilização, nós realizamos a separação do útil e do inútil. Essa separação aplica-se tanto para atividades do dia a dia quanto para materiais no local de trabalho. No primeiro senso separamos e avaliamos cada material quanto a sua real utilidade e agregação de valor ao processo, rotina e local de trabalho.

Uma vez separado, tudo o que for útil precisa ser classificado quanto ao nível de utilidade. Quanto mais útil, mais próximo deve estar do usuário; quanto menos útil, mais distante deve estar do usuário.

As atividades e os materiais inúteis devem ser realocados, redistribuídos, doados, vendidos ou por fim descartados.

Ainda no primeiro senso, enfatiza-se a conservação de estruturas de modo a preservar a sua utilidade estabelecendo as condições básicas dos equipamentos.

Veja a importância do primeiro senso do programa 5S e como ele contribui diretamente com a indústria de alimentos:

Quando falamos na separação de coisas inúteis, falamos de coisas que são “acúmulos” que não agregam valor e podem ser fontes de contaminação, abrigos para pragas, e ainda impactar as atividades de limpeza e a velocidade de exercícios de rastreabilidade

Quando falamos na classificação das coisas úteis, estamos melhorando leiautes, otimizando fluxos, proporcionando acessibilidade a informações e materiais.

Senso de utilização

Abaixo listo, como exemplos, quatro citações da ISO-TS 22002-1 que podem ser beneficiadas apenas com o primeiro senso.

  • A edificação deve ter espaço adequado, com um fluxo lógico de matérias-primas, produtos e pessoas…
  • Os equipamentos devem ser instalados de modo a permitir fácil acesso para as operações…
  • Instalações e equipamentos devem ser mantidos em condições que facilitem limpeza a seco ou úmida e/ou sanitização.
  • Os potenciais abrigos de pragas (por exemplo, galerias, vegetação rasteira, itens estocados) devem ser removidos.

O Programa 5S é uma filosofia, método, modo de trabalhar que tem muito a agregar.

Gostou do conteúdo? Deixe seu comentário.

Leia também: 5S na indústria de alimentos: dicas para implementação

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Método multicritério ajuda a escolher norma de certificação em Segurança dos Alimentos

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Se você trabalha na área de alimentos, já deve ter se deparado com a seguinte questão:  como escolher a norma de certificação mais adequada para minha empresa?

Essa dúvida pode ser “cruel” pois pode definir diferenciais competitivos da empresa, além de influenciar o prazo e os recursos necessários na empreitada.

O GFSI tentou diminuir essa percepção de diferença nos requisitos de segurança dos alimentos estabelecendo um check-list mínimo e todo o processo de equivalência ou benchmarking. Mas isso não resolveu todas as questões e, mesmo assim, entre os esquemas de certificação possíveis, continuam existindo preferências.

Foi então que a engenheira de produção e matemática Joice Zanatta, em seu Trabalho de Conclusão de Curso de mestrado tecnológico em alimentos da UTFPR, desenvolveu um método multicritério para ajudar os tomadores de decisão a saírem do dilema.

O método (AHP) considerou os seguintes critérios:

  1. Validade da certificação (C1);
  2. Custo da certificação (C2);
  3. Complexidade* (C3);
  4. Classificação das não-conformidades (C4);
  5. Fechamento de não-conformidades (C5);
  6. Marketing (C6);
  7. Requisitos (C7);
  8. Escopo (C8);
  9. Integração com outras certificações (C9);
  10. Recertificação/Manutenção (C10)

Porém, é importante ressaltar que “custo da certificação” no caso é o das auditorias em si, e não o dos investimentos em adequação, como reformas, aquisição de equipamentos ou incorporação de rotina de ensaios e monitoramentos diversos.  A complexidade também está focada no processo de certificação (etapas, ciclos): “Algumas empresas realizam uma única visita com o intuito de auditar a unidade, outras fazem mais de uma visita, e algumas podem realizar avaliação prévia de documentação”.

Qual a norma vencedora? Vou deixar para você descobrir, acessando o trabalho original.

Spoiler: o algoritmo foi super compatível com o que o mercado tem praticado, como já foi publicado aqui no blog!

A tese, Method for selection of a certification standard for food safety, pode ser lida na íntegra aqui neste link.

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Os três grandes estágios da Segurança de Alimentos nas organizações

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Tem sempre muita gente que reconhece a Qualidade e a Segurança de Alimentos como importantes para as organizações. Ainda é crescente o número de certificações reconhecidas no Brasil. Não faltam compromissos firmados, promessas, normalmente acompanhados de um sentimento de “agora vai!” que, aos poucos, se transforma em total descrença. Mas, afinal, por que isto acontece?

Podemos criar ou atribuir diversas escalas de maturidade da Cultura de Segurança de Alimentos às organizações, mas, fundamentalmente, há sempre três grandes blocos relacionados ao VALOR que é dado ao tema.

1. Organizações do tipo “Faça! Não importa como”

Neste tipo de organização existe um claro comando no sentido de produzir e entregar. A regra é colocar produto no mercado, vender e gerar faturamento. Claro que ninguém (alô, fraudadores!) pensa em fazer mal para a saúde das pessoas de propósito, mas há, sim, aqueles que simplesmente não se importam. A ideia é ter volume e contar com a sorte: ou confio que ninguém passa mal, ou torço para quem passar mal não me denunciar. Felizmente, têm sido raros os perfis de lideranças com este comportamento.

2. Organizações do tipo “Segurança de Alimentos importa”

Aqui estão muitas empresas. Na indústria, no varejo e nos serviços de alimentação. A imensa maioria das organizações vive neste limbo: cheia de pessoas que firmam compromissos, prometem que fazem e acontecem, mas não são capazes de sustentar os seus discursos. Normalmente, quando confrontadas com outras prioridades do negócio, deixam a Segurança de Alimentos em segundo plano.

3. Organizações do tipo “Segurança de Alimentos traz resultados”

Este é, obviamente, o melhor cenário. Poucas empresas habitam aqui. Estas organizações reconhecem os custos da não qualidade, já fizeram as contas de quanto perderam ou podem perder com um recall, um recolhimento, a divulgação de informações na mídia ou, pior, uma fatalidade. Aqui, os investimentos não são vistos sob a ótica dos recursos que serão consumidos, mas, sim, dos recursos que serão gerados (tema do nosso próximo artigo).

Existe uma enorme diferença entre os estágios 2 e 3, conforme apresentados, mas poucos de nós enxergamos essa diferença. Na minha trajetória, conversei com muitos profissionais da Qualidade, grande parte deles já cansados, após inúmeras tentativas de fazer a Segurança de Alimentos acontecer. É curioso que muitos deles percebam o segundo estágio como o fim da linha. Não é. Pode ser o fim das suas energias, o lugar onde a sua pilha acaba, mas não é o final do percurso. A questão é que, dado o cansaço, fica mais confortável acreditar que “já fiz de tudo”, afinal, as pessoas já estão conscientizadas de que Segurança de Alimentos é importante.

Para reflexão: quem, em sã consciência, afirmaria o contrário? Quem ousaria dizer que Segurança de Alimentos não é importante, com exceção de algumas lideranças que ficaram paradas no primeiro estágio?

Conclusão: Falar sobre Segurança de Alimentos, dizer que ela é importante, não é e nunca foi garantia de nada.

É o próximo passo que vai marcar a mudança de nível. Diante de situações que desafiam as lideranças a tomar decisões que caracterizam a Segurança de Alimentos como um VALOR.

Preparei para vocês um Top 5 de situações em que as lideranças são testadas a fazer valer o ingresso da organização no estágio 3:

– Um resultado positivo para patógeno, que pode levar ao descarte do lote ou a uma solicitação de reanálise;

– Uma parada não programada, necessária, que pode ser realizada neste momento ou adiada por meio de algum improviso;

– A presença de materiais não permitidos para contato com alimento em equipamentos mais antigos, que devem ser aposentados ou podem continuar em operação;

–  Uma matéria-prima fora da especificação, que pode ser rejeitada ou aprovada porque “nossa especificação é muito rigorosa”;

– A presença de colaboradores trabalhando sem capacitação formal, que podem ser encaminhados para o treinamento ou só assinar a lista de presença porque “já aprenderam na prática”.

E para você? Qual seu primeiro lugar na lista? Conte para a gente suas histórias.

Até a próxima!

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O custo da não qualidade de um alimento

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Quanto custa para um produtor ou comerciante de alimentos manter a satisfação do cliente? A resposta corresponde ao preço da qualidade. Mas qual é o custo da não qualidade? Essa é uma pergunta que os responsáveis pela alta direção de uma empresa devem se fazer na elaboração do orçamento da área de Qualidade.

Nós que trabalhamos na área de Qualidade de uma empresa alimentar, seja como staff ou externamente como consultores, vivemos brigando com a área financeira e mesmo com a alta direção com alguma regularidade, devido aos recursos financeiros necessários. Questionamentos sobre os custos associados à realização de análises químicas e ou microbiológicas; aquisição e desenvolvimento de equipamentos para o próprio laboratório ou contratação de serviços laboratoriais externos ou outros tipos de testes necessários à preservação da segurança dos alimentos costumam ser ouvidos com alguma assiduidade. Às vezes acham necessário reduzir a quantidade de análises, colocando em risco a qualidade e a segurança dos produtos. Quando o custo da qualidade é considerado excessivo pela alta administração, começam os cortes no orçamento. É neste contexto que se abre a porta ao custo da não qualidade, ou seja, ao custo da má qualidade.

Às vezes, esse custo não é percebido até o início dos problemas, que podem ser de vários tipos. Estes são mais altos do que o custo de manutenção e melhoria da qualidade e segurança do produto.

Quais podem ser alguns dos custos associados à não qualidade?

– Queda nas vendas. Quando o consumidor percebe que a qualidade do produto é inferior e não atende às suas necessidades ou expectativas.

– Aumento dos riscos à segurança de alimentos e das possibilidades de gerar doenças nos consumidores (DTA)

– Aumento das possibilidades de infração perante a autoridade sanitária, incluindo advertências e multas.

– No caso de ter obtido uma ou mais certificações por empresas certificadoras, existe o risco de não cumprimento das normas e perda do benefício.

– Possibilidade de recall. Qual é o custo de fazer um recall? É sempre muito alto.

– Desprezo da marca. Pode levar anos para uma marca se tornar prestigiada e apenas algumas horas para ser desacreditada.

– Maior possibilidade de enfrentar ações judiciais de consumidores afetados em sua saúde.

– No caso de empresa exportadora, reclamações e devoluções podem ser geradas por clientes estrangeiros e até mesmo pode haver perda de mercado.

Entre vários outros aspectos negativos, a falta de qualidade para economizar no orçamento, com cortes mal avaliados e tendo em conta as desvantagens que podem causar, ficam mais caros a médio e longo prazo. O custo da não qualidade é maior do que o departamento financeiro avaliou inicialmente, com a desvantagem ainda maior de ter que recuperar o mercado perdido, o que também tem um custo consideravelmente mais alto.

Cuidar da qualidade e segurança dos alimentos não é uma despesa, é o melhor investimento.

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Manual de Boas Práticas para Auditados – Parte 1

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Há algum tempo, inspirado na minha experiência como auditor de 3ª parte, venho refletindo sobre a relação auditor e auditados, sobretudo em relação ao comportamento de ambas as partes em uma auditoria (tema este já brilhantemente tratado por este blog aqui).

Pois bem, quanto ao comportamento de auditores, a ISO 19011:2018 já traz diretrizes bastante claras em seu capítulo 7.2.2 (Comportamento pessoal). Talvez este tema mereça um post à parte, mas este não é objetivo no momento.

O objetivo aqui — perdoem-me pela presunção do título do post — é trazer algumas dicas de comportamento e práticas para empresas que recebem auditorias, de forma que esta seja uma experiência o mais harmoniosa e produtiva possível.

 1. Manter a organização

Quem recebe auditorias (sobretudo as de 3ª parte) sabe a diversidade de atividades que as normas de gestão exigem: verificações, monitoramentos, auditorias internas, simulados, reuniões, análises, etc. Falhar na organização pode fazer com que tudo seja feito de última hora e — sobretudo — de forma inadequada. Uma dica importante é estabelecer cronograma para as atividades (preferencialmente com a aprovação da alta direção).

Outro ponto é a organização dos documentos gerados. Mantenha os principais documentos solicitados durante a auditoria organizados, seja em pastas virtuais ou físicas, de modo que sejam rapidamente encontrados.

2. Possuir domínio da norma

Este tópico parece bastante óbvio, porém se há algo que vejo com certa frequência é auditados com pouco conhecimento quanto aos requisitos da norma.

Todos nós sabemos que a interpretação de normas de gestão em Segurança de Alimentos não é algo simples, tanto que suscita discussões diárias em grupos de aplicativos e gerou inspiração para diferentes posts neste blog. O ponto aqui é que conceitos simples envolvendo Segurança de Alimentos não são compreendidos, o que gera conflitos e desentendimentos durante a auditoria, além de fazer com que a gestão da empresa esteja muitas vezes vinculada a resultados de auditoria. Diálogos assim são frequentes: “Por que vocês fazem isso?”, “Porque o auditor pediu”.

Quando os auditados têm conhecimento da norma, conduzem seu Sistema de Gestão de forma ativa, estabelecendo diretrizes e procedimentos corretos com base nos requisitos. Quando os auditados não possuem conhecimento adequado, agem como uma folha ao vento, conduzindo seu Sistema de Gestão conforme direcionamentos alheios.

A dica aqui é: invistam em treinamento e qualificação. E desconfiem de treinamentos curtos demais.

3. Ser transparente

Não há pior sensação em uma auditoria do que sentir que o auditado está escondendo evidências, omitindo informações ou enrolando para ganhar tempo. Se essa mentalidade existe na sua empresa, é a hora de refletir sobre ética e responsabilidade profissional. Os auditados devem ser transparentes durante a auditoria. Se algo está em desacordo com os requisitos da norma, tudo bem, chegou agora a oportunidade de realizar ajustes. Não conformidades devem ser tratadas de forma natural (logo mais falaremos de novo sobre isso).

Resumindo. A “malandragem” não é bem vinda em uma auditoria, e cabe aos envolvidos na gestão da empresa eliminar este tipo de comportamento e, lógico, atuar preventivamente no atendimento da norma.

 

Tem alguma história de auditoria para compartilhar? Envie nos comentários.

Aguardem. Em breve teremos a continuação deste post.

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Gestão de Riscos e Segurança de Alimentos

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Este assunto – gestão de riscos – precisa ser estudado, avaliado e implementado nas organizações. Ele tem papel muito importante em segurança de alimentos, tomada de decisões e definição de “caminhos a seguir”.

Vale uma abordagem inicial. Risco nem sempre é negativo – quando olhamos com esse viés perdemos a chance de implementar melhorias. O risco pode promover ameaças, mas também pode trazer oportunidades, então pode ser positivo ou negativo. O que acontece é que na abordagem de risco precisamos escolher uma metodologia para identificar os fatores de riscos e suas causas, além de realizarmos seu monitoramento e avaliação dentro do processo.

A ISO 9001:15, assim como a ISO 22000 e qualquer norma da família ISO, aborda de forma explícita a mentalidade do risco, mas ela mesma cita que em versões anteriores esse conceito estava implícito, ou seja, não é algo novo

Não vou destrinchar a norma, mas sim, tentarei abordar formas de como trabalhar com essa mentalidade no dia a dia. Como avaliar diferentes situações, abordando seus riscos para a organização, para um processo, para uma tomada de decisão. A mentalidade do risco não é apenas operacional, pode ser difundida para a organização como um todo, riscos e oportunidades abrangentes para o negócio. E o papel da SGQ na tomada de decisões da empresa. Há um texto no blog que aborda bem como a mentalidade de risco impacta a tomada de decisão do negócio: leia-o aqui.

A mentalidade do risco é como a organização enxerga e aborda esse risco e trago alguns exemplos:

– Riscos negativos – entregar um produto com um problema de qualidade, não cumprir um requisito legal, falha na cadeia logística que pode atrasar uma entrega ou entregar um produto fora da temperatura especificada, contaminação por falha na embalagem;

– Riscos positivos – adquirir um novo equipamento ou alterar um processo que leve a uma melhoria interna, trocar uma embalagem que melhore a apresentação do produto, mudar um fornecedor crítico.

É importante entender que os riscos são situações que podem vir a acontecer, se elas já aconteceram seriam não conformidades. Então diferenciar risco de não conformidade é necessário.

Feita a introdução, identificamos um possível risco na indústria e vamos trabalhar com a troca de uma embalagem de um queijo, por exemplo. Temos um produto que está sendo fornecido sem maiores problemas, mas o departamento comercial levantou a possibilidade de uma apresentação mais atrativa. Não temos experiência em usar essa embalagem para esse produto, assim, temos uma oportunidade de melhoria com um risco.

O primeiro passo é identificar esse risco: quais seriam as possíveis oportunidades e quais as possíveis ameaças? Seguindo o exemplo, a principal oportunidade seria uma melhor apresentação do produto, talvez com um custo reduzido. Trabalharíamos com um fornecedor que não costuma gerar problemas, como atrasos na entrega. Ameaça: podemos ter alguma alteração quanto a barreira ao oxigênio, que poderia gerar uma contaminação indesejada, ou uma mudança na selagem da embalagem, que também poderia acarretar algum problema com relação a possíveis contaminações.

Identificados os riscos, quais metodologias podemos utilizar para avaliá-los de forma objetiva? Nesse exemplo, pensando nas oportunidades, conseguimos puxar histórico do fornecedor quanto aos prazos de entrega, pedirmos uma análise de custo ao departamento responsável, procurarmos se algum concorrente utiliza a mesma embalagem para produtos similares. Os negativos: podemos avaliar na especificação técnica da nova embalagem as informações sobre a barreira ao oxigênio, e compararmos com a embalagem atual. Pensando na selagem, conversaremos com o fornecedor da embalagem sobre temperatura e outras variáveis com relação a esse procedimento.

Avaliações multidisciplinares serão necessárias, e interdepartamentais, possivelmente produção, manutenção, qualidade serão envolvidos.

Feita essa avaliação precisaremos de critérios que serão referências para esse risco. Por exemplo: há um percentual máximo de retorno de embalagem por falhas na selagem? Faremos um estudo de tempo de prateleira para acompanhar esse produto na nova embalagem pelo tempo que pré-determinarmos, para avaliarmos a segurança da mudança. Importante termos um grupo controle – que seria nossa embalagem atual e um grupo nova embalagem, ambos com alguns exemplares, mantidos nas mesmas condições pelo mesmo tempo.

E finalizando essas etapas teremos a avaliação desses resultados. As ameaças aconteceram? São possíveis de serem tratadas e revertidas? Todas as oportunidades são reais? E então escrevemos um relatório a respeito e encaminhamos aos departamentos interessados.

Essa atividade será um “mix” de P&D com Segurança de Alimentos e trará a empresa uma possibilidade de melhoria, mesmo havendo uma possível ameaça. Algumas pessoas poderiam olhar a situação apenas como uma mudança que pode acarretar uma melhoria, outras podem olhar como uma mudança que poderá levar a um problema, mas a avaliação com mentalidade do risco é que permitirá concluir se o benefício é maior, se a ameaça é real e possibilitará a tomada de decisão baseada em evidências.

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Como garantir a identidade preservada do seu alimento

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Um tema importante para quem trabalha com alimentos é a garantia da identidade preservada de seus produtos, especialmente dos agroindustriais. No mundo todo, especialmente na União Europeia, Ásia e Estados Unidos, consumidores estão atentos, buscando cada vez mais informações sobre os alimentos que vão consumir e essa é uma tendência irreversível.

A busca por alimentos saudáveis, livres de componentes indesejados e/ou contaminantes, passa também pela origem genética, por conta das preocupações com os impactos para a saúde humana e para o meio ambiente que produtos geneticamente modificados podem causar.

Por conta disso, manter controle sobre as etapas do processo produtivo desde a semeadura até o transporte, entrega, armazenamento, venda, compra, distribuição e exportação, garante que as características originais do produto foram mantidas.

Um dos princípios básicos da produção de alimentos seguros é a manutenção de um sistema de rastreabilidade robusto. Aí você deve estar pensando: Ok, meu trabalho está feito e meus consumidores podem ficar tranquilos.

Sobre a rastreabilidade, o melhor caminho é a realização de testes de simulação do procedimento nos dois sentidos (cliente – origem e origem – cliente), preferencialmente em momentos diferentes do ano.

Quem passa por processos de auditoria de normas reconhecidas pelo Global Food Safety Initiative (GFSI) já sabe para que isso serve. Para quem não passou por processos desse tipo é importante ter em mente que as simulações devem testar ao máximo todas as nuances e possíveis falhas do procedimento e dos processos de produção. Feito isso, essa etapa está cumprida.

Também quem possui certificação de matriz religiosa (Kosher, Halal etc.) deve ter esse tema como prioritário, pois normas como a BRC, por exemplo, exigem que se demonstre como se atende a requisitos tão específicos para essas comunidades!

Mas a coisa é um pouco mais complexa. Além de atender às expectativas dos consumidores finais, é preciso que a empresa esteja preparada para processos de homologação de clientes, de auditorias de certificação em segurança de alimentos, de certificação religiosa e de fiscalização de órgãos reguladores, nacionais e internacionais. Nesse sentido, o primeiro passo é garantir a origem genética do seu produto.

Se você processa matéria-prima para outras indústrias (B2B) é importante que tenha mecanismo para garantir a origem genética da semente que planta. Isso pode ser resolvido de duas maneiras: a primeira é selecionando fornecedor e exigindo o certificado de “Não OGM” da semente. A segunda é realizando análise em laboratório especializado no tema. Hoje, existem alguns laboratórios que oferecem essa análise no seu portfólio com boa relação custo-benefício.

Cumprida essa etapa (aquisição de semente certificada), você vai precisar definir como irá multiplicar o material. Para isso, é importante escolher parceiros (produtores) que possuam ótimo nível de tecnicidade e de capacidade produtiva.

Definidos os parceiros, é preciso que os campos sejam identificados, registrados e rastreáveis. O MAPA possui um sistema chamado Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM) que define regras para inscrição de empresas, campos e responsáveis técnicos pela produção e propagação de sementes de alimentos. Você pode encontrar mais informações no site do sistema, aqui.

Depois da etapa do campo, vêm as etapas de recebimento, armazenamento, processamento e expedição do material. Todas elas devem ser realizadas de maneira a garantir o maior e melhor nível de segregação possível.

É óbvio que a estrutura necessária vai depender do tamanho e do volume da operação, mas com todas as premissas atendidas, a identidade do seu alimento estará preservada e sua empresa estará pronta para qualquer tipo de exigência, seja comercial ou regulatória.

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Como avaliar procedimentos com o Diagrama de Hosotani

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Procedimentos de Qualidade são materiais imprescindíveis na indústria de alimentos, ou seja, fazem parte de nossa rotina diária, mas será que refletem a realidade? Os colaboradores realmente os seguem e os entendem? Pode-se avaliar procedimentos e métodos com o Diagrama de Hosotani.

Katsuya Hosotani

Katsuya Hosotani é um dos respeitáveis nomes da Qualidade e também o responsável pela elaboração da ferramenta-tema deste post, o Diagrama de Hosotani.

Por meio deste diagrama, Hosotani elaborou uma sequência de perguntas a serem realizadas partindo de uma ocorrência ou desvio gerado.

Naturalmente, em investigações e análises de causa-raiz, o tema procedimento ou instrução acaba aparecendo em alguma ação dentro de um plano de ação, como:

  • Elaborar procedimento para descaracterização de rótulos
  • Revisar instrução de monitoramento do detector de metais.

Diante disto, esta sequência de perguntas irá auxiliar o entendimento sobre a complexidade, aceitação e graus de entendimento de seus padrões.

Veja que ele ajuda na percepção da necessidade de se ter um padrão para solucionar um dado problema. Mesmo que já exista um padrão, ele pode ter sido elaborado de forma inapropriada ou não muito clara, faltando informações ou mesmo sem prestar atenção ao público que fará o uso, como, por exemplo, utilizando-se de termos muito complexos ou técnicos demais.

Por fim, se o seu padrão é claro e usa termos simples e objetivos, é importante avaliar então se as condições de trabalhos atuais favorecem o seu cumprimento, se recursos auxiliares podem ser implementados ou adquiridos para favorecer a implantação e se dispositivos à prova de erro podem ser instalados de modo a fortalecer o documento. Ou ainda, pode ser que tudo se resuma a um bom treinamento, reciclagem e conscientização da importância do cumprimento dos procedimentos de sua empresa.

O Diagrama de Hosotani

Abaixo compartilho uma versão simplificada do diagrama de Hosotani.

Veja também:

Plano de Ação 5W2H: como organizar as ideias para produzir mais!

2 min leituraProcedimentos de Qualidade são materiais imprescindíveis na indústria de alimentos, ou seja, fazem parte de nossa rotina diária, mas será que refletem a realidade? Os colaboradores realmente os seguem e […]

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Dicas para melhorar a gestão da Equipe de Segurança de Alimentos

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Hoje, atuando com a gestão da equipe da qualidade, com interface direta com segurança de alimentos, tenho me deparado com algumas dificuldades.

Historicamente, a equipe de gestão da qualidade/segurança de alimentos era vista como “entrave” à produção e não como uma atividade complementar ou colaborativa. Ainda existia uma ideia de fiscalização, alguém que estava ali para apontar erros.

Conforme a cultura da empresa vai sendo modificada, a segurança de alimentos vai se tornando necessidade, item de preocupação da alta direção e solicitação declarada de clientes, sejam consumidores ou mesmo redes atacadistas ou varejistas. Ocorre, então, uma mudança por parte dos outros departamentos que começam a utilizar a qualidade como ferramenta para alcance de metas e objetivos. O departamento passa a ser um facilitador dentro da indústria. Há um bom texto aqui no blog que contextualiza um pouco a história da cultura de segurança de alimentos:  Precisamos entender sobre cultura de segurança de alimentos.

Em algumas situações, parâmetros de segurança de alimentos são inclusive designados como indicadores para premiações, bônus e outras declarações de “méritos” da equipe.

Ótimo, um entrave foi deixado de lado.

E quais poderiam ser outros entraves? Vou relatar alguns que vivencio:

– Gestão à distância: em algumas situações a gestão da equipe nem sempre acontece na planta, in loco. Pensem em empresas com mais de uma planta, que precisam fazer a gestão dessas diferentes equipes. Como manter a equipe coesa? Como ter acesso a informações sem “atrapalhar” o dia a dia das atividades? Como fazer reuniões frequentes sem que elas demandem muito tempo e um tempo que poderia estar sendo dedicado à prática? O que aprendi com os meus anos é:  trace horários semanais, faça disso um hábito. Na pauta tenha alguns assuntos, mas deixe livre para que demandas sejam colocadas. Faça reuniões individuais com o gestor da planta e pense em reuniões com alguma frequência com toda a equipe.

– Gestão de conflitos internos: em algumas situações podemos ter avaliações diferentes de um mesmo ponto, seja entre gestores de departamentos diferentes ou mesmo na equipe de um mesmo departamento. Ideias diferentes podem ser colaborativas e trazer soluções complementares para uma mesma questão, por isso estimule diferentes ideias. Não tome as diferenças como embate e para isso o conceito de “não leve para o pessoal” deve ser muito empregado.

– Gestão de riscos: trabalhe com informações claras para os pares e superiores, abordando temas importantes e necessários por meio da gestão dos riscos da não implantação das sugestões. Caso sua solicitação não seja avaliada e implementada, qual o risco direto que pode ocasionar? E aqui podemos mensurar em números, com perdas econômicas e principalmente em riscos para a segurança dos alimentos. Quais seriam os possíveis problemas? Recall, recolhimento, não conformidades maiores, menores? Teria impacto para o atendimento de requisitos legais, ou de requisitos de clientes? Essa avaliação deve ser feita e funciona como um bom método para avaliação por exemplo da alta direção. Esse outro texto traz uma visão interessante sobre esses pontos: Os 5 passos poderosos da comunicação para uma cultura de segurança de alimentos.

– Gestor x Líder x Chefe: o ideal seria ter na equipe um gestor líder, alguém que tivesse preocupação com os liderados, pensasse nos colaboradores como seres humanos e não apenas “funcionários”. Ele deveria fazer um trabalho de mentoria, coaching, e também ter a atividade de gestor bem estabelecida, baseada em metas, indicadores. Deve ainda estar preocupado com o negócio, com o olhar voltado para a segurança de alimentos enquanto negócio da empresa, enquanto cartão de visita para angariar novos clientes, passar segurança aos clientes atuais, como proposta para a alta direção e ao próprio departamento de vendas, passando a tranquilidade de trabalhar com produtos seguros (Gestor da qualidade ou liderança da qualidade?). Porém, nem sempre é fácil encontrar um profissional com toda essa bagagem, então encontrá-lo e mantê-lo na empresa será ótimo, e caso esse profissional tão completo não faça parte do quadro da empresa o ideal é desenvolver habilidades tanto de gestor quanto de líder, seja com capacitação técnica, seja alocando as pessoas naquilo que elas desenvolvem melhor. Use a experiência e competência a seu favor: se você tem um bom líder, coloque-o em contato direto com a equipe, solucionando conflitos. Por exemplo: se você tem um bom gestor, aloque-o nas atividades relacionadas a indicadores, mantenha-o em contato com a alta direção, com a equipe comercial.

Dessa forma, para que tenhamos a atividade bem executada, teremos uma equipe que fará esse trabalho. Essa equipe, se estiver engajada, utilizará a comunicação como ferramenta a seu favor. Se possuir um bom gestor de riscos e conflitos e se souber “vender o seu peixe”, certamente trará benefícios à empresa para implantação e manutenção da cultura e política de segurança de alimentos.

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Como aplicar feedback em Segurança dos Alimentos 

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Você sabe aplicar o conceito de feedback em Segurança dos Alimentos?

Para conquistar e galgar novos passos, alguns de nós, profissionais, contamos com nossos liderados, outros lideram um comitê de qualidade, um time da ESA ou equipes semelhantes.

O ponto é que seja qual for a sigla ou formato de grupo social, todos são formados por pessoas com anseios, expectativas, frustrações e necessidades.

E na correria do dia a dia enfrentamos diversos desafios profissionais: não conformidades, validações, análises de causa, entre outras questões inerentes a nossa rotina. Tomados pela intensidade dos fatos, podemos deixar passar oportunidades de:

  • Aplicar um bom reconhecimento para um trabalho bem executado ou
  • Corrigir alguma atividade que possa estar “saindo dos trilhos”

O feedback é um termo da língua inglesa que representa a união de duas palavras: feed (alimentar) e back (voltar), ou seja, responder a um  comportamento. Um feedback acompanhado tem maior sucesso para o desenvolvimento das pessoas, ao longo do ano. O liderado, quando bem assessorado, entende seus desafios dentro do time.

A gestão de pessoas não é uma ciência exata, visto que cada pessoa, contexto e comportamentos são únicos.

Abaixo, listo algumas considerações interessantes de serem aplicadas que “podem” aumentar a energia do time e fomentar a cultura de engajamento na qualidade e segurança dos alimentos.


Exemplos e situações de Feedback

Organização, tempo e local

Organize suas ideias previamente, sente-se com seu liderado em um local adequado, reservado, garanta que haverá tempo suficiente para que os assuntos não fiquem inacabados devido a uma reunião na sequência.

Se possível, fuja das tão “temidas” salas de reuniões. Talvez na sua empresa existam locais ao ar livre que sequer passarão a impressão de algo pesado ou excessivamente formal.

Anotações de fatos x insinuações

Concentre-se em fatos, utilizar-se de suposições não gera real entendimento.

– Você está deixando as atividades para a última hora (ERRADO)

– Na semana passada você deixou a inspeção de linha para sexta-feira no fim do turno e isso se repetiu durante todo o mês, gostaria que se organizasse para realizar esta tarefa durante o início da semana. (CORRETO)


Exclusão de possibilidades

– Ela é centralizadora! Preciso resolver isso, ela não pode agir assim…. (ERRADO)

Atenção: esse tipo de pré-julgamento é limitado e exclui alternativas. Muito provavelmente, durante uma reunião de feedback você poderá induzir sugestões e críticas com base no que ouviu ou no que acredita, inibindo qualquer oportunidade de o outro expor seu ponto de vista.

– Vejo que nas últimas auditorias ela é quem tem realizado a inspeção, mas o time também conhece a atividade. Investigarei sugestões com ela para a participação de todos.


Emoções

Falar sobre as emoções do outro é transitar em uma região desconhecida. Se for necessário e inevitável, fale a respeito de suas emoções e percepções sobre o que está ocorrendo. Seu liderado pode até não gostar, mas não haverá questionamentos sobre a veracidade dos sentimentos quando partem de você.

– Você anda desmotivado e está desapontando…. (ERRADO)

– Você não tem entregado no prazo os resultados dos bloqueios de qualidade durante os meses. Estou preocupado e desapontado… Como podemos… (CORRETO)


Foco nas falhas?

O colaborador é um excelente profissional em várias “frentes de trabalho”, porém não consegue desempenhar bem uma determinada atividade. Pare de focar esta única atividade e enaltecer o problema. Se possível, redirecione este trabalho para outro colaborador que tenha maior afeição e se não for possível, acompanhe-o de perto para que melhore o suficiente para não ser mais um obstáculo.

– Você tem feito excelentes auditorias na linha e a forma como lidou com aquela contaminação foi realmente muito boa. No entanto, vejo que tem muitas dificuldades com as planilhas de APPCC, ensinarei William* para que siga com as atualizações e você possa avançar nas investigações de microbiologia.


Reconhecimento e Valores Organizacionais

Crie oportunidades de associar os comportamentos observados com os valores organizacionais e sua política de segurança dos alimentos.

– Foi uma ótima ideia reunir a operação no início do turno e falar sobre os desvios do final e semana. Conforme diz nossa política interna: zelar pela segurança dos alimentos através de conscientização e treinamento.


Esperar por momentos de feedback?

É comum criar uma agenda para realizar o feedback anual ou semestral.

Mas e até lá? Vamos continuar com o problema? Não vamos sequer agradecer?

Crie oportunidades de parabenizar e corrigir ações e comportamento sempre que possível. Utilize sessões em sala, mesa, papéis… Em uma simples conversa de corredor você pode potencializar um incrível profissional através de um pequeno, sincero e válido elogio.

E você, já teve experiências semelhantes? Compartilhe-as conosco nos comentários.

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