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Como anda o Programa de Controle de Pragas na sua empresa?

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Em tempos nos quais os pelos de roedores ganharam as manchetes da grande mídia, uma pergunta se tornou obrigatória para os gestores da Qualidade nas empresas: Como anda o Programa de Controle de Pragas na nossa empresa?

Dentre os muitos programas de pré-requisitos existentes em uma indústria de alimentos, está o Controle Integrado de Pragas e Vetores.

Implantar um programa não é difícil, basta apenas que sejam seguidos alguns passos importantes para que o mesmo seja consistente e efetivo, e não apenas mais um programa que “tem que ter pra cumprir requisito em auditoria”.

O primeiro passo é conhecer bem seu(s) produto(s) e matérias-primas. Isto é importante para que você determine o tipo de controle a ser feito, baseado nas pragas que podem causar maior impacto ou contaminação.

O segundo, baseado no ambiente onde está localizada sua unidade, é identificar possíveis inimigos externos. Dependendo da localização, alguns alvos terão que ter maior atenção.

O terceiro, a realização de um inventário nos equipamentos e instalações para identificações de pontos de vulnerabilidade. Geralmente, canaletas de fiação, frestas em paredes e janelas e caixas de contenção são pontos de abrigo e propagação de pragas. Neste ponto o Departamento de Manutenção e Projetos tem que ser seu maior aliado.

O quarto, conhecendo as pragas é importante conhecer as formas mais eficientes de contê-las, evitando ao máximo o uso de pesticidas. Uma visita ao site da ANVISA ajuda muito quando o prestador de serviços recomenda algum tipo de tratamento químico. Muito cuidado com os organofosforados!

O quinto, faça uma avaliação criteriosa para a seleção da empresa prestadora de serviços. É fundamental conhecer o trabalho das empresas concorrentes. Nada como um bom benchmark para se evitar erros. Ou melhor, para fazer a melhor escolha.

O sexto, invista em um bom programa de informação e de treinamentos internos. Quem vai cuidar do programa são os seus colaboradores e é de extrema necessidade que eles tenham consciência da importância dos programas implantados na empresa. Lembrá-los que do outro lado, existem pessoas como eles que irão consumir os produtos e que ninguém quer ter surpresas desagradáveis quando abrir uma embalagem de chocolate, biscoito ou extrato de tomate. Assim, os formulários de monitoramento funcionarão como devem, servindo de ferramenta para tomada de ações nas visitas e também para retroalimentação dos indicadores de controle e monitoramento do programa.

Cuidar dos “4 As” é importante mas, de verdade, ter sua equipe cuidando dos programas é a melhor ferramenta de todas.

Créditos de imagem: Super Guia Lima Duarte.

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Resistência aos antibióticos – Impacto para Segurança de Alimentos

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Para algumas bactérias como Salmonella e Campylobacter, a utilização de antibióticos em animais para consumo aumenta a resistência.

É inevitável que bactérias encontrem formas de resistir aos antibióticos desenvolvidos por seres humanos, razão pela qual a ação agressiva muitas vezes é necessária para evitar a resistência que se propague. O simples uso de antibióticos cria resistência.

A resistência aos antibióticos é a capacidade de microrganismos em resistir aos efeitos de drogas. Quando isso ocorre, mesmo com a aplicação do antibiótico os microrganismos não são destruídos e o seu crescimento não é parado. Embora algumas pessoas estejam em maior risco do que outras, não é possível evitar completamente o risco de infecções resistentes aos antibióticos.

Há ligação entre o uso de antibióticos em animais diretamente ligados a produção de alimentos e a resistência a antibióticos em ocorrência de infecções em seres humanos. Por isso, os antibióticos que são clinicamente importantes para o tratamento de infecções em seres humanos devem ser usados em animais produtores de alimentos somente sob supervisão veterinária e apenas para gerenciar e tratar a doença infecciosa, e, portanto, não para promover o seu crescimento.

Abaixo ilustração de como a resistência a antibióticos ocorre, de acordo com o Center of Disease Control and Prevention:

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Breve histórico sobre Antibióticos

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O Center of Disease Control and Prevention disponibiliza muitas informações sobre o tema.

 

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Caiu na rede é achocolatado?

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Se você é da área de alimentos, certamente foi marcado na publicação que está circulando nas mídias sociais a respeito do caso do achocolatado da ITAMBÉ, cuja marca foi associada à morte de uma criança de dois anos em Cuiabá. Também já deve ter recebido os supostos áudios de testemunhas do caso pelos grupos de WhatsApp. E certamente já presenciou a preocupação com o caso por mães ou cuidadoras de crianças, principais consumidoras do produto, muito desapontadas com a credibilidade do produto (deste e de qualquer outro similar, diga-se de passagem).

De acordo com o G1, há inquérito aberto para apuração dos fatos após denúncia que uma criança de dois anos faleceu por ter consumido o produto em questão. Por medida CAUTELAR (cautela = precaução, cuidado), a ANVISA solicitou o recolhimento do lote e proibição de comercialização do achocolatado por período determinado. Os fatos estão sendo apurados, e a empresa se pronunciou informando que não há qualquer reclamação similar deste ou outro lote do produto. A investigação e a perícia dirão se há alguma relação entre a morte do menino e o produto.

Quem é da indústria sabe que é altamente improvável que uma única caixinha de achocolatado tenha sido contaminada no processo produtivo, que ocorre continuamente ou em bateladas com grande volume de produção. Muitas hipóteses poderiam ser levantadas e questionadas, mas todas serão esclarecidas pela perícia. O papel de esclarecimento é das autoridades competentes e, portanto, temos que aguardar.

Não é novidade que as mídias sociais mudaram o mundo e a comunicação entre as pessoas, aumentando exponencialmente a velocidade de trocas de informações. Tudo isso permite alavancar ou derrubar marcas em questão de horas. Nada passa despercebido pelo botão COMPARTILHAR das redes sociais. Ávidos por INFORMAR, os usuários repassam a notícia com rapidez e agilidade impressionantes. E assim se faz a notícia. Se procede ou não, não há tempo para VERIFICAR. Esses novos tempos me assustam. Assustam também a você?

Nesse caso, fiquei impressionada que os supostos áudios circulando pelo WhatsApp são sempre seguidos de frases do gênero: “Não sou de compartilhar, mas veio de fonte segura”; “Veio de uma pessoa que trabalha na delegacia”. Parece um verdadeiro telefone sem fio. A fonte é SEGURA, mas ninguém cita. É CONFIÁVEL, mas ninguém sabe quem é. Por favor, caros leitores, não sejamos tão inocentes.

Além disso, ressuscitaram o caso do Toddynho® que é de 2014 e lá se foram milhares de compartilhamentos, como se fosse atual, sem sequer observar a data da notícia. Meus amigos de boa índole, contem até dez antes de repassar as informações! Confiram a data e a credibilidade do meio de informação. Não conhecem? Sugiro que aguardem até repassar adiante.

Claro que são necessárias cautela e atenção para casos que envolvem recolhimento e contaminação de produtos. Isso é fundamental para manter a segurança dos alimentos, que é o nosso principal objetivo, mas é necessário peneirar o correto do duvidoso. Ao COMPARTILHAR tudo que cai na rede, podemos colocar em risco uma marca, uma empresa, a reputação de funcionários e seus empregos.

Se o caso do achocolatado ITAMBÉ for esclarecido e não houver qualquer relação com a morte da criança, será que todos os que compartilharam a notícia também se pronunciarão a respeito? Ao olhar a marca nas prateleiras, você se lembrará que o caso não tinha relação com a morte ou ficará sempre com o pé atrás? Qual será a herança disso para essa marca?

Dê uma olhada no que escreveu nossa editora-chefe, Juliane Dias em “Sensacionalismo x Realidade: quem vence nas mídias sociais?” e você verá que o pedido de desculpas não gera tanto interesse, não dá tanto IBOPE.

Caros colegas de profissão, treinem suas equipes de Gestão de Crises e façam sua parte. E rezem muito para não cair na rede!

Créditos de imagem: Nação Verde.

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As Crônicas de Auditoria – O certificado, a Expectativa e o Auditor Mamão com Açúcar

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Era uma vez uma organização que trabalhou por muito tempo, para construir uma fábrica com instalações sanitárias adequadas, criar uma cultura de segurança de alimentos com seus colaboradores, implementar um sistema de gestão de segurança de alimentos, e tinha o sonho de ter a certificação ISO 22000. Então chegou o auditor…

Como sabemos, muitas organizações querem somente um certificado na parede. Mas não podemos generalizar e dizer que todas as empresas têm o mesmo comportamento. Existem, sim, empresas que acreditam que o sistema de gestão pode agregar valor ao negócio e que trabalham duro para ter um sistema operante e útil para o seu propósito.

Quando isso acontece a maior expectativa é que o momento da auditoria seja a “coroação” de um trabalho que muitas vezes durou anos para ser construído. Porém, em algumas situações nos deparamos com auditores “mamão com açúcar”. Isso é o que eu chamo de uma abordagem sem profundidade ou criticidade durante o processo de auditoria.

Claro que para uma organização onde o único objetivo é “passar na auditoria” esta abordagem seria a mais favorável. Contudo, sistemas de gestão exigentes esperam uma auditoria exigente. E nem sempre temos esta realidade.

E neste caso, o que fazer? Quero uma auditoria rigorosa mas recebo do organismo certificador um auditor que não está tão preocupado com os pontos relevantes….

Como eu costumo dizer, meço as auditorias como os pilotos medem sua experiência em horas de voo. Então…. nestas minhas horas de auditoria já vi de tudo um pouco. Tanto de organizações quanto de auditores… e muitas vezes temos que lidar com as expectativas versus a realidade.

Tive uma experiência certa vez que foi exatamente isso. A gestão da organização implantou um sistema com afinco, foi rigorosa na implantação dos PPRs, PPROs, PCCs. O sistema de gestão apesar de ser jovem tinha um nível razoável de maturidade para alguns programas. E quando chegou o momento da pré auditoria (que é opcional para o organismo certificador) recebeu um auditor que não estava tão interessado em auditar o SGSA minuciosamente e com profundidade.

Logo nas primeiras horas da auditoria isso já foi percebido pela ESA e pela equipe que estava acompanhando a auditoria, o que gerou inúmeros questionamentos.

Mas qual a melhor forma de se conduzir esta situação? Deve-se formalizar uma reclamação com a certificadora? Ter uma conversa franca e aberta com o auditor? Ou de forma um pouco mais sutil solicitar que alguns assuntos sejam “bem” avaliados?

Não existe uma resposta correta para estas perguntas. Neste caso, o que acredito ser mais viável é definir uma estratégia para que não haja uma retaliação do auditor e que não cause nenhum constrangimento para nenhuma das partes.

Mas isso somente se o termômetro mostrar que não está causando nenhum impacto prejudicial ao processo de certificação. Estes recursos podem ser utilizados considerando o bom senso da gestão.

É possível formalizar a reclamação com a certificadora?

Sim, é possível e deve ser feito se houver uma interpretação inadequada de uma situação ou uma conduta inapropriada do auditor. Casos de conclusão incorreta de avaliação de conformidade podem (e devem, se for o caso) requerer a contestação do apontamento. Se o caso for de conduta em um cenário extremo há inclusive recurso de proibição (restrição) do auditor para uma unidade ou empresa. Mas estas são situações onde o ocorrido foi crítico.

Vale a pena ter uma conversa franca e clara com o auditor?

Avalie se o auditor é um bom ouvinte e vai entender a crítica como construtiva. Elabore o seu discurso para que ele seja construído de uma forma positiva. E talvez arrisque-se.

E uma abordagem sutil, solicitando uma avaliação com profundidade em um assunto específico?

Acredito que esta deva ser a primeira tentativa. Uma abordagem amigável requerendo critério na avaliação, solicitando uma exploração profunda de um determinado ponto.

Como mencionei, não há uma fórmula para se tratar de situações adversas assim. A melhor forma é tentar utilizar o bom senso para conduzir a auditoria de forma que o produto final seja o mais fidedigno possível da realidade da organização. Principalmente porque o discurso deve ser condizente com a atitude. Se a organização é exigente com o seu SGSA, a verificação da conformidade durante a auditoria (interna ou externa) também deve ser exigente para demonstrar toda a abrangência do SGSA na prática.

O auditor não precisa ser a “Feiticeira Má”, mas também não pode ser apático. A auditoria deve ser justa.

A alta administração deve ser o “Leão” que defende o seu público e seus valores de forma justa, para que o sistemas de gestão de segurança de alimentos sejam mais que um “Guarda Roupas” empoeirado ou que traga surpresas escondidas, que ele seja a entrada para um mundo de confiança nos processos e que garanta que os consumidores recebam produtos seguros para o consumo.

E no final… o certificado será somente a coroa para aqueles que batalharam pela segurança dos alimentos produzidos.

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Recall: Anvisa proíbe venda de Geleia

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Com as recentes alterações na resolução sobre Recall de alimentos, casos de recolhimento devem ser cada vez mais frequentes, e nem sempre devem ser vistos com maus olhos, pois alimentos irregulares estão sendo impedidos de chegar ao consumidor.

Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou a proibição da distribuição do número 2 de certa marca de geleia (confira a marca no site da Anvisa, clicando aqui). Foram detectados, pelo Laboratório de Saúde Pública de Santa Catarina, fungos filamentosos, pelo de roedor matérias estranhas indicativas de falhas de boas práticas.

Pela resolução RE – 2.251/16, divulgada no diário oficial da União, a empresa deve realizar o recolhimento dos produtos existentes no mercado pertencentes ao lote em referência.

Se você ainda tem dúvidas sobre como funciona a nova Resolução de Alimentos, estes posts do Food Safety Brazil devem ajuda-lo:

Créditos de imagem: Simplesmente Delícia.

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Azeites com fraudes, mais uma vez!

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Cumprindo nossa missão de compartilhar conhecimento e experiências em segurança de alimentos, não podemos deixar de publicar a mais nova análise realizada pela Proteste em relação à qualidade e pureza dos azeites que encontramos nas gôndolas dos supermercados.

Assim como o aposentado mostrado na matéria publicada pela Proteste, eu, Silvana Chaves, sou consumidora assídua de azeites em função de ser saudável e saboroso, logo, procurar um bom azeite extra virgem é rotina normal em minhas compras, assim como nas de muitos cidadãos brasileiros. Contudo, acordei com uma notícia que me entristeceu. Produtos com fraudes mais uma vez e justamente o meu santo azeite!

Por que fiquei triste e sei que você ficará? Simplesmente descobri que comprei gato por Lebre, pois a marca que decidi experimentar de um extra virgem não é extra virgem, não é adequado para o consumo humano mas, sim, para uso industrial. Além disso foi eliminado do teste, uma vez que foi identificado fraude no mesmo.  Isso significa que ao azeite (proveniente da azeitona) foram adicionados outros óleos vegetais, o que não é permitido por lei. Dessa forma, ao adquirir um desses produtos, eu, você e nossa família consumiremos, na verdade, uma mistura de óleos longe de oferecer ao organismo as mesmas vantagens que o verdadeiro extra virgem é capaz de fornecer.

Vale lembrar que cada um dos produtos avaliados passou por três painéis de especialistas treinados pelo Conselho Oleico Internacional (COI). E, segundo eles, sete marcas avaliadas não podem ser classificadas como extra virgem.  

Veja os principais problemas apontados nesta avaliação realizada em amostras adquiridas em supermercados no mês de Junho de 2016:

  • Rotulagem de extra virgem em produto que é virgem;
  • Fraude devido uso de mistura com outros óleos vegetais;
  • Não atende padrão de Qualidade;
  • Não atende a legislação;
  • Características de azeite lampante, o qual só deve ser destinado para uso industrial;
  • Reprova em análise sensorial.

Segundo a Proteste “com exceção dos eliminados, todos os  produtos  foram  bem  ou  muito bem avaliados no quesito estado de conservação, o que indica que eles vêm sendo armazenados corretamente”. Ufa… pelo menos uma notícia boa!

Conforme mencionado na publicação da Proteste, vale destacar que azeites de boa qualidade, em condições adequadas, sofrem pouca deterioração. Já quando se trata de uma mistura de óleos, ela está mais propensa à oxidação. Ou seja, a chance de essas misturas de óleos que se dizem azeite sofrer alteração é bem maior se comparada à possibilidade de isso acontecer com um autêntico azeite.

Como colunista do Blog Food Safety Brazil e como consumidora, me sinto no direito e no dever de escrever este post como alerta e para divulgar esta triste notícia!

Veja na tabela abaixo o cenário encontrado pela análises da Proteste:

[table id=15 /]

***** Muito Bom **** Bom *** Aceitável ** Fraco * Ruim

             Boa Qualidade                    Não compre      X = Eliminado

Caso queira obter mais detalhes sobre este teste, acesse o arquivo anexado a este post e leia na íntegra a matéria da Proteste.

Um forte abraço e até a próxima!

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Quero ser auditor de segurança de alimentos: o que faço? – Parte 3

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Trazemos hoje a terceira parte do artigo “Quero ser auditor de segurança de alimentos: o que faço?”. Você pode rever a primeira parte aqui e a segunda aqui, onde abordamos o assunto de escolaridade e conhecimentos específicos. Vamos falar das habilidades técnicas e práticas de auditoria.

Uma excelente fonte de consulta para entender melhor os tipos, princípios e técnicas de auditoria é a norma NBR ISO 19011 (Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão). A ISO 17021, que foi citada na 1ª parte da série, também é recomendável para estudo, em especial se você gostaria de ser auditor de certificação.

Primeiramente, é importante relembrar o conceito de auditoria, que está na ISO 19011: “processo sistemático, documentado e independente para obter evidência de auditoria (relatos, registros, dados e fatos verificáveis) e avaliá-la, objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria (conjunto de políticas, procedimentos ou requisitos usados como uma referência na qual a evidência de auditoria é comparada) são atendidos”. Portanto, toda auditoria tem um começo, meio e fim; os dados, resultados e conclusões são registrados (por exemplo, em relatório), e a auditoria não é conduzida pelo responsável da atividade ou processo auditado.

As técnicas para realização de uma auditoria incluem os métodos usados para a obtenção das evidências de auditoria, que podem englobar: entrevistas, observação de atividades, leitura de documentos, análise crítica de registros, entre outros. O auditor precisa, para tal, ter a capacidade de realizar uma amostragem abrangente, ou seja, coletar evidências suficientes para uma avaliação adequada, que permitam chegar a conclusões confiáveis e robustas. Em entrevistas, as perguntas abertas são preferíveis, por possibilitar a obtenção de maior quantidade de informação (requer que o entrevistado explique ou dê respostas completas). Exemplos de perguntas abertas: “Quem é o responsável por este processo? O que é feito com o produto fabricado em condições em que o limite crítico do PCC for excedido? Onde é registrada a análise crítica pela direção? Com que frequência é realizada a auditoria interna?”.

Uma boa auditoria de sistemas de gestão baseia-se em alguns princípios fundamentais, para que se torne uma ferramenta eficaz na avaliação e na melhoria do desempenho de uma organização. São eles:

  1. Integridade (ética, competência e honestidade na realização dos trabalhos);
  2. Apresentação justa (constatações, conclusões e relatórios verdadeiros, exatos, objetivos e claros);
  3. Devido cuidado profissional (julgamentos ponderados em todas as situações de auditoria);
  4. Confidencialidade (discrição no uso e proteção das informações obtidas em auditoria);
  5. Independência (auditores imparciais – que não auditam o seu próprio trabalho – objetivos, livres de tendenciosidade e conflitos de interesse);
  6. Abordagem baseada em evidência (conclusões de auditoria baseadas em evidências verificáveis, com amostragem adequada para que se possa ter confiança no processo de auditoria).

Se o papel do auditor inclui a concordância com estes princípios, então convém que ele demonstre certas habilidades e um bom comportamento profissional. Podemos citar como exemplo:

  • Diplomático (tato para lidar com as pessoas);
  • Mente aberta (capacidade de considerar ideias alternativas);
  • Observador (capacidade de estar atento aos arredores e situações de auditoria);
  • Capacidade de comunicação (saber perguntar, ouvir com atenção e relatar adequadamente os achados de auditoria);
  • Versatilidade (capacidade de adaptação a diferentes situações e culturas empresariais);
  • Decisivo (estar seguro para tomada de decisões rápidas e baseadas em fatos verídicos e razões lógicas);
  • Capacidade de organizar o tempo e ser persistente e focado em atingir os objetivos da auditoria.

E onde aprendemos tudo isso? Os cursos de formação de auditor líder ou auditor interno em sistemas de gestão da segurança de alimentos costumam abordar com detalhes estes princípios e técnicas de auditoria, e muitas vezes realizam simulações. Mas a experiência prática “na vida real das empresas” é insubstituível e sem dúvida é a melhor forma de aprendizado. Sempre que possível, faça auditorias internas em sua empresa; busque acompanhar auditorias de clientes ou auditorias de certificação; peça para que auditores mais experientes observem o seu trabalho como auditor e, se pertinente, sugiram melhorias nas habilidades técnicas ou comportamentais. É assim que começamos a trilhar nosso caminho como auditor. Nas certificadoras, o processo de qualificação de um auditor é relativamente longo, sendo necessário observar várias auditorias, depois realizar auditorias sob supervisão de um auditor mais experiente, para depois conseguir auditar por si só.

No próximo artigo, comentarei sobre o perfil pessoal do auditor em algumas experiências que tive (e continuo tendo) nos meus trabalhos como auditora. Aguarde!

Créditos de imagem: IFSQN.

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Olimpíadas Rio 2016 | Legado para a Segurança de Alimentos

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Desde outubro de 2009, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou o Rio como a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, dava-se início a uma forte preparação em busca de qualidade para receber atletas e turistas no evento. Foram mais de 6 anos de preparo, muito treinamento e vários investimentos em diferentes áreas.

Terminada as Olimpíadas, qual o legado deixado? Quais os ganhos que a Rio 2016 trouxe para a segurança dos alimentos?  Mesmo com o sucesso e todo trabalho feito na Copa do Mundo em 2014, ainda tínhamos a dúvida sobre o padrão e as boas práticas de serviços de alimentação que seriam praticadas nas Olimpíadas do Rio em 2016.

Foram qualificados um grande número de proprietários de bares, restaurantes, hotéis, pousadas e padarias que ofereceram serviços de alimentação durante a Rio 2016. Esse era um dos objetivos, capacitá-los em Boas Práticas para Serviços de Alimentação.

Além da capacitação destes empresários que atuam no ramo alimentício, fizeram também como público-alvo, nutricionistas, chefes de cozinha e demais profissionais envolvidos na preparação de alimentos, tanto em estabelecimentos comerciais como ambulantes, como Food Trucks, que serviriam alimentação próximo as arenas olímpicas. As diversas atividades foram promovidas pelo governo do estado em parceria de universidades, ANVISA e conselhos.

O governo ressaltava a importância dos estabelecimentos em preparar-se para atender um público mais exigente: turistas que buscam serviços com qualidade superior, e para isso era importante que todos estivessem preparados para atuar de forma correta no manuseio dos alimentos.

A qualificação foi conduzida por grandes professores, mestres e consultores da área. Os especialistas abordaram diversos temas como a legislação, procedimentos operacionais, higienização, manual de boas práticas alimentares, instalações, controle da água, controle de tempo, temperatura dos alimentos, regras básicas de manuseio de alimentos, acondicionamento e esterilização de equipamentos.

Durante a capacitação, os participantes receberam orientações para corrigir erros identificados em alguns estabelecimentos durante as primeiras inspeções realizadas. Orientado que primeiramente um diagnóstico fosse feito da situação de todos os pontos críticos, e assim identificar as falhas partindo-se para um plano de ação em cima das falhas identificadas.  

Parte desse projeto foi criado e desenvolvido ainda em 2014, quando sediamos a Copa do Mundo, quando os estabelecimentos, produtores e manipuladores de alimentos também receberam capacitação para receber turistas e atletas esportivos. Agora, ampliados e replicados para a Rio 2016.

Como legado, ficamos com a implantação de várias ações voltadas para o aprimoramento do sistema de vigilância em saúde, com ações de fiscalização sanitária e educativas nos setores de Alimentação, Saúde, Hotelaria; bem como um sistema de monitoramento diário de possíveis emergências em saúde pública, para intervenção imediata, quando necessário. Muitos estabelecimentos e serviços foram capacitados em função do risco sanitário de acordo com as normas e diretrizes nacionais, permitindo maior acesso às informações sobre qualidade e segurança de alimentos. Novos critérios de avaliação sanitária para hotéis foram criados, bem como equipes de vigilância capacitadas para tal atividade. Foram desenvolvidas muitas ações de promoção da saúde com participação dos setores da Secretaria Municipal da Saúde e entidades parceiras.

Grande parte do planejado foi cumprido. O mundo elogiou, e o Brasil ficou orgulhoso, quando os jogos foram declarados abertos no dia 5, e encerrados no dia 21 de agosto. Nem todos os desafios foram vencidos completamente. Ainda muito trabalho para ser desenvolvido, continuado e implementado.

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Está com artrite reativa? Pode ter sido algo que você comeu

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Muitos pensam que as consequências de uma doença de origem alimentar são um passageiro “piriri”, ou então, outro extremo, a morte. O que pouco se comenta é que no “meio do caminho” há muitas possibilidades de danos temporários ou permanentes à qualidade de vida de quem ingeriu alimentos contaminados com bactérias ou toxinas.

Aqui no blog já falamos de doenças de origem alimentar que deixaram sequelas por toda a vida, e também compilamos depoimentos de brasileiros ou extrangeiros com síndrome de Gillian Barré.

Artrite reativa é o nome usado para descrever um grupo incomum, mas potencialmente debilitante de sintomas que se sucedem a uma infecção gastrointestinal, geniturinário, ou infecção viral. As bactérias gastrointestinais mais comumente envolvidas são Salmonella, Campylobacter, Yersinia, Shigella, E. coli, e Vibrio

A tríade específica, artrite, conjuntivite, e uretrite é conhecida como síndrome de Reiter. Em muitos pacientes, no entanto, apenas um ou dois destes sintomas se apresentam, tais como artrite e uretrite, ou artrite e conjuntivite. A artrite reativa pode se desenvolver após uma pessoa comer alimentos que foram contaminados com as bactérias patogênicas. Muitos pacientes podem ter inchaço grave, dor abdominal e diarreia aquosa. No entanto, em alguns pacientes, a infecção inicial pode ser mais leve e não é facilmente reconhecida, mas a artrite reativa ainda pode ocorrer. A inflamação envolve, tipicamente, uma várias articulações que afetam preferencialmente as extremidades inferiores. As articulações mais comumente atingidas são os joelhos e tornozelos.  A inflamação pode também ser comum nos entese (onde ligamentos e tendões se anexam ao osso), especialmente na parte frontal do joelho ou da parte de trás do tornozelo, causando dor local com caminhadas ou exercícios.

Salmonella foi a bactéria mais frequentemente estudada associada com artrite reativa nos EUA. Os achados encontram associação entre 6 e 30% dos casos. A frequência de síndrome pós-infecciosa de Reiter, especificamente, é menos frequente. Em um surto de gastroenterite de origem alimentar por Salmonella, 29% dos pacientes desenvolveram artrite, mas apenas 3% desenvolveram a síndrome de Reiter. Caucasianos parecem ser mais propensos do que os de ascendência asiática para desenvolver artrite reativa, e as crianças podem ser menos suscetíveis que os adultos após a infecção com Salmonella

A frequência de artrite reativa aguda de outras bactérias varia muito. A ocorrência de nova dor nas articulações após a infecção entérica é como 1 e 4% em adultos com Campylobacter ou infecções Shigella.  Em outro estudo, relatou-se ocorrência de 0,6 a 24% dos pacientes gastroenterite por Campylobacter. Após a infecção por Shigella a percentagem de pacientes que exibem subsequentes intervalos de artrite reativa é de 1,5 a 7%. 

Um levantamento feito na Espanha a partir de pacientes que foram vítimas de Salmonelose mostrou que a incidência de artrite reativa de Salmonella pós surtos alimentares varia entre 7 e 30%  A duração média da doença é de 3 a 6 meses, no entanto, 20% desenvolveram um problema crônico que ser confirma em 6 meses.

As bactérias conhecidas por causar artrite reativa são sensíveis ao calor e outros processos de desinfecção comum, incluindo a pasteurização do leite, cozimento adequado de carne e aves  e cloração ou ozonização da água. O método mais confiável para assegurar que essas bactérias como Salmonella, Campylobacter e S, Campylobacter e Shigella são eliminados durante o processo de cozimento é usar um termômetro de alimentos digital. Técnicas sanitárias básicas como lavar as mãos e  usar água potável tem diminuído a incidência destas infecções nos países industrializados, mas eles ainda são muito prevalentes em países menos desenvolvidos e do terceiro mundo.

 Referências

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Workshop métodos rápidos e moleculares: avanços e aplicações para garantir a segurança e vida útil dos alimentos

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Nos dias 4 e 5 de outubro haverá o Workshop métodos rápidos e moleculares: avanços e aplicações para garantir a segurança e vida útil dos alimentosque será ministrado nas dependências da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, FEA, para profissionais interessados do setor.

As inscrições ocorrem até o dia 30 de Setembro de 2016.

Confira a programação e mais opções de contato aqui.

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