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Sistemas para gestão documental devem considerar a experiência do usuário

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Nos cenários cada vez mais conectados e considerando a importância da rastreabilidade e confiabilidade da informação documentada aplicável ao Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos (SGSA), é muito comum as empresas contratarem soluções externas para armazenar e garantir a gestão documental.

Usualmente, ao serem levantados os requisitos para contratação de um sistema de gestão documental, os times de qualidade e tecnologia da informação se unem para levantar no mercado as possibilidades que alinhem custo e as necessidades.

No entanto, um dos pontos que muitas vezes fica esquecido e que posteriormente pode se tornar uma dor de cabeça para estas áreas é considerar o quão intuitivo e funcional são estes sistemas para os usuários. Uma escolha ruim pode acabar gerando grande insatisfação ou até mesmo um excesso de trabalho na orientação dos usuários, atendimento de chamados para sanar problemas internos ou a má utilização das soluções contratadas.

No texto de hoje, vamos abordar alguns aspectos que devem ser considerados ao contratar estas soluções, tanto na questão de rastreabilidade da informação documentada quanto na experiência do usuário.

Primeiramente, pensando de uma maneira geral no que as normas exigem, os registros e documentação do SGSA devem:

  • Ser protegidos contra perda de confidencialidade, integridade, etc.;
  • Ter controle de alterações;
  • Ter uma estrutura padronizada que contenha identificação do documento, aprovadores, registro de revisão, etc.;
  • Estar disponíveis para uso conforme requerido.

Tendo em vista o exposto acima, considero que um dos primeiros pontos a serem considerados é: o quão automatizado é o sistema para garantir o básico da gestão documental?

É importante avaliar se o sistema possui algumas funcionalidades automáticas, como:

  • O fluxo de aprovação é parametrizado para acontecer de forma automática, isto é, após cadastrar os usuários pelo quais o documento deve passar, uma etapa segue de forma sequencial para a outra sem necessitar da intervenção do usuário?
  • O sistema possui funcionalidades de distribuição de cópias controladas de forma automática após parametrização?
  • Os registros de revisão são mantidos, facilitando a rastreabilidade de alterações e versões anteriores?
  • É possível cadastrar alguns níveis de segurança para cada tipo de documento, ou seja, customizando quais usuários têm acesso à consulta, revisão ou alteração do documento? Caso alguma alteração seja realizada, é possível rastrear quem a realizou?

Após avaliar este primeiro ponto, vale considerar o quão intuitivo e de fácil uso é a interface do sistema, pensando justamente na experiência dos usuários e visando a redução de retrabalhos ou orientações excessivas que podem demandar tempo das áreas guardiãs do sistema.

Ao avaliar a interface, considere os seguintes pontos:

  • A organização em que os documentos estarão dispostos dentro do sistema permite fácil identificação até mesmo para quem acabou de chegar à empresa e não conhece a estrutura documental?
  • Para encontrar determinado documento dentro do sistema, as pastas ou subdivisões estabelecidas são intuitivas e claras ao usuário? Neste item, vale considerar o número de cliques que o usuário precisa fazer até chegar ao documento. Quanto mais cliques, maior a subcategorização dos itens, o que pode se tornar algo difícil de memorizar.
  • Em auditorias ou inspeções, os documentos são facilmente localizados e é possível comprovar de forma clara e rápida os itens requeridos como registros de revisões, versão do documento, aprovadores, etc.?

Além de todos os pontos acima e considerando a questão de custo, que muitas vezes é decisiva nas empresas, ressalto a importância de ter manuais claros e concisos que permitam aos usuários consultas rápidas das principais dúvidas.

Avaliando estes pontos iniciais, a contratação de um sistema para gestão documental pode deixar de se tornar uma dor de cabeça para as áreas responsáveis e sim uma ferramenta que facilita atender os padrões normativos e regulatórios.

Viviane Gonçalves de Oliveira é engenheira química pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), com MBA em Qualidade, Gestão e Engenharia de Processos pela PUC-RS. Possui experiência na indústria de alimentos e embalagens, com atuação desde 2018 nas áreas de controle, garantia e gestão da qualidade. Nos últimos anos, dedica-se à implementação e manutenção de Sistemas de Gestão da Segurança de Alimentos (SGSA), com foco no cumprimento das legislações e requisitos normativos. 

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O que uma não conformidade recorrente conta sobre meu sistema de gestão?

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Nenhum sistema de gestão de segurança de alimentos é isento de falhas.
As não conformidades são parte do processo de aprendizado: mostram onde o sistema foi testado e não resistiu. Mas quando a mesma falha se repete, o problema deixa de estar no evento — e passa a estar na estrutura que o sustenta.

O que a recorrência realmente revela?

De forma simples, uma não conformidade recorrente indica que o sistema não aprendeu com o erro anterior. E isso pode acontecer por várias razões:

1 – Ação corretiva superficial
O desvio foi corrigido, mas a causa raiz não foi eliminada. É o caso clássico de limpar o efeito sem tratar a origem.
A BRCGS Issue 9 (2022) reforça que a reincidência demonstra falhas na verificação da eficácia das ações corretivas, um dos pilares do ciclo PDCA (Plan–Do–Check–Act).

2 – Análise de causa incompleta
Sem ferramentas adequadas, como o Ishikawa (espinha de peixe) ou o método dos 5 Porquês, investiga-se o sintoma e não o mecanismo real.
A ISO 22000:2018 estabelece que as ações corretivas devem ser “proporcionais à magnitude do problema e capazes de prevenir sua repetição”.

3 – Indicadores de controle mal definidos
Muitos sistemas medem apenas a quantidade de não conformidades, não sua reincidência. Estudos publicados em 2019, liderados por Berking, mostram que a frequência de não conformidades pode ser usada como indicador da eficácia do controle de alimentos: uma frequência alta indica controles frágeis; uma frequência muito baixa pode sinalizar inspeções pouco rigorosas.

4 – Falta de cultura de aprendizado
A repetição também denuncia quando a empresa trata o desvio como culpa individual e não como falha de processo. Ambientes punitivos inibem o reporte espontâneo e bloqueiam o ciclo de melhoria contínua.

O que dizem as boas práticas

Além de nossa vivência na indústria, a literatura recente também reforça que a gestão eficaz de não conformidades depende da transformação do dado em ação. Uma pesquisa publicada na revista Sustainability apresentou a ferramenta “Daily Challenge”, que propõe o acompanhamento diário de causas e ações para evitar reincidência.

O estudo mostrou que integrar o monitoramento de não conformidades à rotina operacional melhora a resposta do sistema e reduz falhas repetidas.

O princípio é simples: quanto menor o tempo entre detectar, analisar e agir, menor a chance de reincidência.

Como transformar a recorrência em aprendizado

  • Mapeie os desvios reincidentes
    Identifique quais falhas voltam com frequência e em quais áreas do processo. Agrupe-as por tipo de causa (humana, técnica, procedimental).

  • Avalie a eficácia das ações passadas
    Verifique se houve verificação documentada após cada ação corretiva e se a melhoria foi padronizada.

  • Promova a análise coletiva
    A reincidência raramente é culpa de uma pessoa — é sinal de falha sistêmica.
    Envolver operadores, supervisores e qualidade na análise fortalece a cultura de food safety.

  • Transforme a recorrência em indicador de maturidade
    Medir quantos desvios retornam é mais valioso do que apenas contar quantos ocorrem. Um sistema maduro é aquele que erra menos vezes a mesma coisa.

Em síntese

“Toda não conformidade é um dado. Uma recorrente é uma lição não aprendida.”

A reincidência revela o ponto em que o sistema parou de evoluir. Enquanto ela existir, há espaço para aprimorar procedimentos, treinar pessoas e fortalecer a cultura de segurança dos alimentos.
O objetivo não é eliminar erros — é impedir que o mesmo erro tenha segunda chance.

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Planejamento e gestão de mudanças: o desafio constante das indústrias de alimentos

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Em um cenário de constantes mudanças de legislações, requisitos normativos, tecnologias de processos, equipamentos e até mesmo de pessoas-chave para a segurança de alimentos, o tema de planejamento e gestão de mudanças torna-se um desafio constante para as empresas.

Da perspectiva da norma FSSC 22000, nota-se certa dificuldade ou até mesmo resistência das áreas no entendimento do que realmente deve ser considerado como uma mudança. Além disso, a falta de percepção da necessidade de planejamento prévio com avaliação dos impactos na segurança de alimentos pode muitas vezes comprometer o atendimento aos requisitos normativos.

Mas em resumo, o que diz a norma?

O conceito principal de planejamento e gestão de mudanças no esquema FSSC 22000 está disposto nos seguintes tópicos:

  • Item 6.3 da ABNT NBR ISO 22000: o planejamento de mudanças aborda que elas devem ser realizadas e comunicadas de maneira planejada, considerando seu propósito, as potenciais consequências à integridade do SGSA, a disponibilidade de recursos e a alocação ou realocação de responsabilidade e autoridades.

Mas, além deste requisito principal, há também itens que caminham juntos na gestão de mudanças, a citar:

  • Requisito adicional, item 2.5.13. Design e desenvolvimento de produtos: na alteração ou desenvolvimento de um produto, deve ser avaliado o impacto da alteração no SGSA;
  • Requisitos adicional, item 2.5.15. Gestão de equipamentos: deve ser estabelecido um processo de gestão de mudança baseado no risco;
  • Itens de comunicação, dispostos tanto na ABNT NBR ISO 22000 quanto nos requisitos adicionais: a mudança tem impacto no cliente? Quem devo comunicar internamente sobre a mudança?

Diante destes itens, o principal desafio está em criar a consciência nas áreas de que, ao realizar mudanças, elas devem ser planejadas e as equipes responsáveis pelo atendimento dos padrões de segurança de alimentos envolvidas na avaliação prévia dos impactos no SGSA.

Como garantir isso na prática?

O ponto de partida para criar a consciência da importância do tema é ter procedimentos claros. Algumas perguntas servem para reflexão do quão clara e entendível está a documentação sobre o assunto:

Qual meio utilizo para identificar a mudança? Há algum formulário, digital ou físico, para registro? Caso sim, este documento contempla de forma clara os tipos principais de mudança, a quem devo comunicar ou envolver e quais as ações de saída?

Se a parte documental estiver bem estruturada, de maneira sistemática para evitar confusões ou erros, há maiores chances de não existir ruídos na comunicação.

Exemplo de formulário que aborda os itens de forma estruturada:

TIPO DE MUDANÇA QUEM COMUNICAR POSSÍVEL IMPACTO NO SGSA
Atualização legislativa ou normativa aplicável ao SGSA
  • Equipe de Segurança de Alimentos
  • Áreas internas impactadas pela mudança
  • Avaliar documentos que citam a legislação ou norma
  • Avaliar se há impacto nos processos produtivos
Alteração na formulação do produto
  • Equipe de Segurança de Alimentos
  • Clientes
  • Áreas internas impactadas pela mudança
  • Revisão do Plano APPCC
  • Homologação de novo fornecedor

Avaliada a documentação, é hora de treinar as pessoas no procedimento. A ação de treinar pode parecer repetitiva em alguns casos, no entanto é preciso garantir que as áreas estejam alinhadas no tema.

Outra alternativa para melhor avaliação de gestão de mudanças é implementar comitês de avaliação, com frequências que devem ser estabelecidas de acordo com o volume de mudanças que a organização realiza. Nestes comitês, as áreas que realizam a mudança devem apresentar de forma clara e objetiva o que se planeja alterar e um comitê formado por membros da Equipe de Segurança de Alimentos e demais áreas impactadas faz uma avaliação interdisciplinar dos impactos no SGSA e estabelece previamente as ações para adequação.

A partir destes passos, podemos mitigar algumas surpresas causadas por mudanças que só são descobertas durante auditorias ou inspeções. Estas situações poderiam ter sido adequadamente planejadas para completo atendimento aos requisitos normativos e regulatórios.

Viviane Gonçalves de Oliveira é engenheira química pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), com MBA em Qualidade, Gestão e Engenharia de Processos pela PUC-RS. Tem experiência na indústria de alimentos e embalagens, com atuação desde 2018 nas áreas de controle, garantia e gestão da qualidade. Nos últimos anos, dedica-se à implementação e manutenção de Sistemas de Gestão da Segurança de Alimentos (SGSA), com foco no cumprimento das legislações e requisitos normativos aplicáveis. 

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Projeto sanitário traz mais sinergia entre áreas da indústria de alimentos

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Projeto sanitário traz mais sinergia entre áreas da indústria de alimentos. Esse foi o principal ganho para quem implementou o requisito de gestão de equipamentos, demandado por normas de certificação do GFSI.

Este foi um dos resultados e destaque de um levantamento informal entre empresas de alimentos que foram convocadas pelo LinkedIn, em comemoração aos 10 anos do EHEDG no Brasil. A ideia foi entender o legado do requisito e as principais dificuldades na gestão de equipamentos das empresas nacionais.

Antes de avançar para os resultados, vamos recordar que o requisito de gestão de equipamentos demandou mudanças diretamente para as empresas que possuem certificação FSSC 22000, desde 1º de abril de 2024. No universo desta sondagem, 24 empresas respondentes de 53, possuem certificação na norma FSSC 22000.

Esses requisitos demandam:

-Implementação de especificações de equipamentos, levando em conta requisitos de projeto sanitário;

– Implementação de gestão de mudanças (que já era requisito) com foco em alterações de equipamentos.

É possível perceber que o requisito fez bem às empresas:

Desde então, 35,8% das empresas perceberam uma maior sinergia entre as áreas de projetos, manutenção, produção e qualidade quando o assunto é segurança de alimentos no contexto de projeto sanitário. O segundo maior benefício percebido foi o fortalecimento da cultura de segurança de alimentos na área de projetos e manutenção na compra de novos equipamentos (26,8%), seguido de perto pela redução de ocorrências de qualidade e segurança dos alimentos (24,5%).

Outro resultado importante relaciona-se às maiores transformações que ocorreram na empresa. O respondente podia selecionar mais de uma opção do questionário.

A implementação ou atualização do procedimento de gestão de mudanças foi o mais mencionado (77,4%) , o que faz bastante sentido, visto que era um requisito já existente, mas que coloca uma lupa em projeto sanitário como nunca antes. Em segundo lugar, as empresas tiveram que sair correndo para mobilizar seus fornecedores a enviar laudos de migração e outras evidências, o que representou um sim de 66,0%  para a ação “levantamento de evidências de materiais de contato de equipamentos existentes”. Em terceiro lugar, também fazendo muito sentido por ser requisito normativo, temos “desenvolvimento de especificações” uma novidade para 62,8%

E qual foi o gatilho para implementação destas mudanças? As empresas informaram que foi iniciativa própria predominantemente (39,6%), seguida de atendimento a alguma norma. Este foi um resultado surpreendente, uma vez que 45% dos respondentes possuíam certificação FSSC 22000, que em tese seria a principal motivação.

Para construir as especificações, foi usada como referência principal os documentos do EHEDG (77,4%), a norma da ABNT NBRC 14150 (52,8%) e documentos corporativos (49,1%)

Com toda esta movimentação, as empresas relataram terem se saído bem na auditoria, pois a grande maioria não teve não conformidades associadas ao requisito, ou teve um número reduzido.

Um total de 64 questionários respondidos foi recebido, sendo 53 considerados qualificados para análise de dados.

Mais da metade dos respondentes, 55%, era de grande porte; 25,5% eram de médio porte e as demais pequenas e microempresas.

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Tecnologia e pessoas: o encontro da cultura de segurança de alimentos com a gestão digital

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A era analógica ainda está presente nos sistemas de Gestão de Qualidade e Segurança de Alimentos, mas está com os dias contados. Há quem defenda que, em curto prazo, os processos, seus controles e monitoramentos, estarão todos sistematizados.

Creio que, mesmo que não seja assim tão rápido – uma vez que ainda não temos sistemas que integrem todos os dados que os processos geram no dia a dia operacional -, essa transição deve (e vai!) acontecer e isso é bom para todos os envolvidos.

Vamos pensar no seguinte: uma validação de uma medida de controle, por exemplo, em que os resultados de monitoramentos de 3 meses são trazidos por meio físico (registros no papel mesmo). Se estes dados fossem registrados por meio de um sistema, ao invés de ficar horas (ou dias) compilando os valores obtidos para se chegar a uma conclusão e tomar as decisões cabíveis, as informações seriam demonstradas depois de alguns poucos cliques.

E assim há mais tempo para os responsáveis agirem em outras frentes!

Importante refletir que essa otimização de tempo não significa obrigatoriamente substituição da ação humana, pelo contrário, qualquer decisão e ação tomada requer competência, avaliação dos riscos, experiência. E tudo isso, dentro de um sistema de gestão, depende ainda da avaliação dos responsáveis por outros setores relevantes.

Alguns conceitos nesse cenário são importantes para refletirmos: a diferença entre dado e informação.

Dado é o elemento bruto que representa algo e que ainda depende de uma interpretação. Funciona como a matéria-prima da informação, que é o dado trabalhado e analisado para um determinado objetivo. Dito isso, temos que o dado é a base para a informação.

Voltando ao exemplo da validação: os valores registrados obtidos daquela medida de controle são os dados que, após interpretados e devidamente analisados, vão trazer informações sobre a medida, como, por exemplo, quais os menores e maiores valores obtidos, qual a média desses valores, entre outras informações relevantes que, por fim, vão apresentar o desempenho desta medida e concluir se é eficaz ou não.

A partir dos dados e das informações, tomam-se as decisões pertinentes em relação àquele processo. Algumas interpretações também podem ser feitas, como por exemplo, analisar tendências desses resultados e suas possíveis causas.

Dessa forma podemos ver o quanto é preciso conhecimento, competência e, muitas vezes, mais do que isso, a experiência para o entendimento dessas informações.

E agora, pensando na digitalização na gestão, a pergunta a ser feita é:

“Qual o impacto que a digitalização traz para a cultura de segurança de alimentos?”

Essa é uma resposta que apenas a própria empresa poderá responder. Mas a ideia aqui é trazer a importância dessa pergunta para que o assunto seja refletido dentro da organização.

Como será gerenciada essa transição? Quais etapas, quais riscos, quais as vantagens e desvantagens? Como esse processo pode ou vai mudar as características da cultura de segurança de alimentos presentes até então?

A certeza é que esse encontro da cultura de segurança de alimentos com a digitalização requer foco em treinamento e comunicação. O investimento pode não ser apenas de recursos financeiros, mas em pessoas, tecnologia, equipamentos, treinamento, entre outros.

A tecnologia não anda sozinha e não garante por si só melhoria da cultura de segurança de alimentos. Uma cultura frágil pode continuar sendo frágil caso o responsável pela alimentação dos dados não entenda a relevância do que está registrando ou caso os dados não sejam confiáveis, rastreáveis, nem sejam devidamente controlados e armazenados.

A digitalização deve ser gerenciada como um motor para a cultura de segurança de alimentos, garantindo, além da agilidade, transparência, comprometimento com a segurança dos produtos, melhor gestão de riscos e de desempenho e posicionamento preventivo frente a tendências. Não pode ser reduzida apenas a melhor performance em auditorias ou vista como substituição do trabalho humano e ganho de tempo, sob o risco de intensificar um lado negativo da cultura de grande parte das organizações, que é a pressa e falta de cuidado com os detalhes.

Como sua empresa está no processo de digitalização?! Já consegue concluir algumas vantagens e desvantagens desse cenário? Contribua com a gente nos comentários!

Se você está lendo esse post antes do dia 8 de outubro de 2025, não perca esse webinar que vai rolar no 16º Food Safety Brazil Meeting, onde eu e a Renata Cerqueira vamos discutir a cultura de segurança de alimentos e a digitalização! Para se inscrever, basta clicar aqui.

Para quem quer relembrar alguns artigos que já abordaram o tema, uma sugestão é: como avaliar a cultura de segurança de alimentos na sua organização?. Veja outros posts sobre isso aqui, aqui e aqui.

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ESG: como a qualidade e segurança de alimentos contribuem para um futuro mais sustentável

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O conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) ganha cada vez mais espaço nas estratégias das indústrias alimentícias, e a área de qualidade e segurança de Alimentos tem um papel fundamental nesse cenário. A integração de práticas responsáveis e sustentáveis ao sistema de gestão da qualidade fortalece o compromisso da empresa com o meio ambiente, a sociedade e a governança corporativa.

No pilar ambiental do ESG, a qualidade e segurança de alimentos contribuem diretamente ao promover o uso eficiente de recursos, a redução de perdas e desperdícios (item inclusive alinhado ao requisito 2.5.16 da FSSC 22000) e o controle rigoroso de resíduos e efluentes. Processos bem definidos e monitorados evitam retrabalhos, descartes desnecessários e impactos ambientais negativos.

No aspecto social, a área de qualidade garante que os alimentos produzidos sejam seguros, íntegros e adequados ao consumo, protegendo a saúde pública e promovendo a confiança do consumidor. Além disso, a capacitação contínua das equipes, o respeito às condições de trabalho e a valorização da cultura de segurança de alimentos fortalecem o engajamento interno e a responsabilidade social da empresa.

Já no pilar de governança, a qualidade e segurança de alimentos asseguram a conformidade com legislações, normas como a FSSC 22000 e requisitos de clientes. A rastreabilidade, a gestão de riscos e a transparência nos processos são elementos essenciais para uma governança sólida e ética — princípios centrais do ESG.

Portanto, investir em qualidade e segurança de alimentos é também investir em ESG. Essa conexão estratégica fortalece a reputação da marca, atrai investidores conscientes e contribui para um sistema alimentar mais seguro, justo e sustentável.

Por Djeane M. S. Fares

Imagem: Markus Winkler

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Controle de Qualidade: novo requisito da FSSC 22000 reforça a responsabilidade das indústrias alimentícias

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Controle de Qualidade nas empresas de alimentos ganhou ainda mais destaque com a atualização da norma FSSC 22000, que introduziu o requisito 2.5.9, voltado especificamente para fortalecer os processos de verificação e validação nas indústrias alimentícias. Esse novo item exige que as organizações implementem um sistema robusto de controle que assegure a conformidade dos produtos com os critérios de segurança e qualidade definidos.

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Sistemas de Documentação da Qualidade e Segurança de Alimentos: comprar ou fazer?

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Tenho observado um crescente número de perfis em redes sociais anunciando a venda de packs de documentos prontos para sistemas de gestão da qualidade, gestão de segurança de alimentos e gestão ambiental, o que me leva a perguntar: é melhor comprar ou fazer meu sistema de documentação?

Não quero aqui colocar em discussão a qualidade do material oferecido e sim provocar uma reflexão a respeito do tema.

Vivemos em um mundo onde a pressa para oferecer soluções é cada vez maior, e os profissionais, especialmente os mais novos, veem nesse modelo uma oportunidade para mostrar serviço e assim conseguir visibilidade nas empresas onde atuam.

Em tempos de inteligência artificial pra cá, inteligência artificial pra lá, aquela coisa de fazer, de construir algo, parece estar se perdendo.

Parece que os profissionais resolveram entregar os pontos para as máquinas porque, afinal, vencê-las é impossível ou missão para heróis de filmes de ficção.

Recentemente, vivenciei uma situação envolvendo determinado produto vegetal que está enfrentando dificuldades para atendimento ao mercado europeu e que precisa, por exigência do MAPA, apresentar Planos HACCP consistentes e robustos para o controle do principal perigo, que é a presença de Salmonela nos lotes.

Pois bem, várias empresas contrataram serviços profissionais para a elaboração dos seus planos acreditando que isso seria suficiente para conseguirem a homologação para a exportação.

Infelizmente para elas, o MAPA rejeitou os planos por inconsistência e porque todos eles eram um “copia e cola” generalizado.

Como profissional da área há mais de 40 anos, me senti muito incomodado porque as empresas, com esse tipo de atitude, desprezaram a importância de uma ferramenta extremamente útil que pode lhes ajudar a eliminar o perigo usando uma avaliação rigorosa das etapas dos seus processos.

Também as áreas da Qualidade foram tratadas como meras gestoras de papéis e condutoras de processos de auditoria, uma tristeza!

Não cabe a mim julgar quem fez a documentação, mas fica a reflexão sobre o papel dos influenciadores digitais que anunciam produtos em redes sociais.

E ficam também duas dicas para quem quer adquirir esse tipo de serviço ou produto:

A primeira – Quando falamos em Qualidade só existem dois jeitos de se fazer as coisas: um é o jeito rápido… o outro é o jeito certo!

A segunda – Cuidado!!! Como cada organização é única e cada uma tem sua particularidade, adquirir material pronto que “serve pra todo mundo” me faz lembrar aquela famosa frase de mãe: “Você não é todo mundo!”

Imagem: Amirr Zolfaghari

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Perigos químicos na indústria de atomatados: quais são e como controlar

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A segurança de alimentos na indústria de atomatados (molhos, extratos e polpas de tomate) envolve o controle rigoroso de diversos perigos, entre eles os perigos químicos, que representam um risco significativo à saúde do consumidor. Esses perigos podem estar presentes em diferentes etapas do processo produtivo e devem ser identificados, controlados e monitorados conforme os princípios do sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle).

Fontes comuns de perigos químicos na indústria de atomatados

– Resíduos de agrotóxicos e pesticidas

Tomates contaminados por pesticidas além dos limites máximos permitidos (LMR) podem comprometer a segurança do produto final. É essencial que os fornecedores adotem boas práticas agrícolas (BPA) e que sejam realizadas análises laboratoriais periódicas.

– Contaminação por metais pesados

Pode ocorrer por meio da água de irrigação, solo contaminado ou equipamentos corroídos (ex: chumbo, mercúrio, cádmio). A análise da matéria-prima e da água utilizada na produção é fundamental.

– Lubrificantes e produtos de limpeza

Uso inadequado ou vazamento de lubrificantes não alimentares em equipamentos pode levar à contaminação do alimento. Produtos de limpeza e sanitização também podem deixar resíduos químicos se não forem adequadamente removidos durante o enxágue.

– Migração de contaminantes de embalagens

Substâncias químicas presentes em embalagens (como ftalatos, BPA e solventes de tintas) podem migrar para os alimentos. É necessário usar embalagens seguras e aprovadas para contato com alimentos.

– Aditivos e ingredientes não autorizados ou fora do padrão

O uso indevido ou em excesso de conservantes, corantes e outras substâncias pode representar riscos químicos. Todos os aditivos devem estar em conformidade com as normas legais e devem ser usados conforme as Boas Práticas de Fabricação (BPF).

Medidas preventivas e de controle

  • Homologação e controle de fornecedores: Garantir que os tomates e ingredientes utilizados venham de fontes confiáveis e que apresentem laudos de análise.
  • Monitoramento de resíduos químicos: Realização de análises laboratoriais periódicas para pesticidas, metais pesados e aditivos.
  • Controle dos produtos químicos de uso industrial: Armazenamento, rotulagem e aplicação devem seguir normas rígidas de segurança.
  • Treinamento dos colaboradores: Conscientização sobre o manuseio seguro de produtos químicos e procedimentos em caso de acidentes.
  • Rastreabilidade e recall: Sistemas eficazes de rastreamento e recolhimento de produtos em caso de contaminação química.

Por Maria Bearzotti

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Como a tecnologia auxilia a evolução dos Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos

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Com a crescente demanda por produtividade na cadeia de alimentos em nível mundial, as atividades de Segurança de Alimentos naturalmente têm se apropriado das novas tecnologias disponíveis, buscando a evolução de forma rápida para adequar-se ao que o mercado exige.

Foi-se o tempo em que os desafios dos profissionais da Qualidade eram focados apenas no atendimento de legislações, requisitos normativos e o rompimento das barreiras para fazer valer a “Cultura de Qualidade e Segurança de Alimentos” nos ambientes produtivos. Hoje, com todas as atualizações constantes em tecnologia, há também o desafio de não perder espaço no mercado, cumprindo os requisitos de um alimento seguro e alinhando custos, inovação e atendimento às expectativas das partes interessadas.

Antes mesmo do cultivo, as tecnologias já se fazem presentes a fim de contribuir na produtividade e garantia de produção de um alimento seguro, por meio das análises de dados climáticos, monitoramentos de temperatura, pragas e demais parâmetros que podem afetar requisitos sanitários, sendo a disseminação das informações para tomada de decisões cada vez mais rápidas, por meio de visualizações de dados em gráficos e tabelas moldados de acordo com os parâmetros de interesse de cada usuário.

Com base em todas estas informações rapidamente validadas por estudos estatísticos desenvolvidos durante a criação dos dashboards de visualização, a colheita ocorre no momento certo, o que representa um ganho à etapa seguinte da cadeia, que recebe matérias-primas com o máximo de qualidade possível perante os desafios enfrentados de clima, colheita e transporte.

Além disso, ressalta-se o importante ganho em termos de rastreabilidade do campo à mesa que a tecnologia nos permite. O que antigamente era complexo e desafiador, hoje é mais acessível e fácil de se demonstrar, com as integrações de dados do produto final ao produtor da matéria-prima. Existem sistemas altamente informatizados e conectados, o que garante conformidade com os requisitos regulatórios e, muito mais que isso, abre oportunidades para comprovar questões de sustentabilidade perante o mercado externo, que cada vez mais exige a comprovação da origem do produto.

No que diz respeito ao processamento e aos ambientes industriais, o uso de novas tecnologias auxilia as rotinas de monitoramento de parâmetros críticos de Segurança de Alimentos, tornando as atividades mais assertivas, facilitando a rápida ação quando são detectados desvios. Além disso, a geração de compilados de dados proporciona  análises de tendência, permitindo ajustar e refinar limites críticos, com base em históricos de dados e ocorrências.

As tecnologias não se restringem apenas ao contexto do ambiente produtivo, estendendo-se às áreas de apoio fundamentais para o processo. O uso de métodos analíticos rápidos e precisos para análise de alimentos e a utilização de métodos rápidos para verificação de eficácia de uma higienização contribuem significativamente para tomada de decisões ágeis e assertivas, tornando-se recursos fundamentais no contexto de ambientes industriais que possuem altas demandas operacionais.

Com todos os parâmetros da matéria-prima e processamento sendo amplamente monitorados pelas tecnologias, as etapas subsequentes da cadeia, que abrangem o armazenamento e transporte, também demandam inovações, a fim de garantir a produção de alimentos seguros. Processos de armazenamento inteligente, com monitoramento em tempo real de temperatura e demais parâmetros críticos, análise de dados para otimizar rotas de transporte e controles de estoque automatizados contribuem para que as etapas finais da cadeia de produção atendam ao que o mercado exige, cumprindo as exigências legais e normativas.

Diante de todas as automações e facilidades que a tecnologia nos proporciona e, considerando os padrões de consumo que são moldados pelas tecnologias, redes sociais e a forma como as informações são repassadas ao consumidor final, cabe a nós, profissionais da áreas de segurança de alimentos mantermos uma postura aberta à inovação. Não podemos deixar de lado o senso crítico e comprometimento técnico, buscando sempre o atendimento dos padrões regulatórios, normativos e garantindo o atendimento às expectativas das partes interessadas.

Além disso, cabe as empresas investirem na capacitação contínua de equipes multidisciplinares, integrando áreas de qualidade, análise de dados, automação e produção, a fim de obter profissionais preparados para lidar com todas estas inovações tecnológicas,  trazendo ganhos para o mercado de forma estratégica e colaborativa, reduzindo riscos e assegurando conformidade.

Viviane Gonçalves de Oliveira é engenheira química formada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), com MBA em Qualidade, Gestão e Engenharia de Processos (PUC-RS). Atua desde 2018 na indústria de alimentos e embalagens, nas áreas de controle, garantia e gestão da qualidade. Atualmente é analista de qualidade em grande empresa do agronegócio.

Este post foi o vencedor do nosso Concurso Cultural.

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