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Resistência antimicrobiana ameaça a saúde pública mundial

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Os antibióticos são medicamentos usados para prevenir e tratar infecções bacterianas. A resistência antimicrobiana (RAM) ocorre quando as bactérias mudam devido a mutações em resposta ao uso dessas drogas. Estima-se que 500.000 pessoas morrem a cada ano devido à resistência aos antimicrobianos.

A resistência antimicrobiana cada vez mais acentuada tornou-se uma séria ameaça à saúde pública global, tanto humana quanto animal, com impacto significativo na segurança de alimentos, bem como na segurança alimentar e na economia das nações. Microrganismos patogênicos presentes nos alimentos representam um risco potencial para a segurança de alimentos. O uso de antimicrobianos (agentes que podem matar ou interromper o crescimento microbiano) em animais destinados à produção de alimentos e à geração de microrganismos com mutações que conferem resistência aos antibióticos na cadeia alimentar preocupa organizações nacionais e internacionais. O uso abusivo ou não regulamentado de antibióticos, seja na saúde humana ou animal ou na alimentação animal, aumenta significativamente a possibilidade de resistência antimicrobiana. Por esse motivo, quando as pessoas ingerem comida contaminada com microrganismos resistentes aos antimicrobianos, algumas espécies de microrganismos podem ser capazes de causar doenças e os médicos não conseguem encontrar o antibiótico adequado ou útil para controlá-los.

Quando as bactérias se tornam resistentes aos antimicrobianos, elas são mais perigosas para a saúde devido à possível falha do tratamento, perda de opções de tratamento e aumento da gravidade da doença. Os problemas relacionados à RAM estão intrinsecamente relacionados ao uso inadequado de antimicrobianos em qualquer ambiente e incluem o uso em humanos e não humanos.

A crescente resistência aos antimicrobianos é um problema que deve ser combatido com urgência, pois pode e já está comprometendo a saúde das gerações futuras. Diante dessa ameaça, organizações internacionais (OMS-OIE e FAO) apelaram a ações coordenadas para renovar as estratégias de RAM, promovendo o enfoque  “One health”. Este termo que poderia ser traduzido como “Uma saúde” é um conceito amplo estabelecido há relativamente pouco tempo, e implica que a saúde humana, animal e ambiental estão interligadas e uma não pode ser compreendida sem a outra. Em uma próxima postagem, tentarei aprofundar essa importante questão.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em seu boletim de novembro de 2017, já colocou os cinco pontos a seguir como um anúncio importante:

– A resistência aos antibióticos é uma das maiores ameaças globais à saúde, a segurança de alimentos e ao desenvolvimento das nações.

– O problema pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade ou local de residência.

– A resistência aos antibióticos ocorre naturalmente, mas o uso indevido dessas drogas em humanos e animais está acelerando o processo.

– Um número crescente de infecções, como pneumonia, está se tornando cada vez mais difícil de tratar, porque os antibióticos estão se tornando cada vez mais ineficazes.

– RAM leva a um tempo cada vez mais prolongado de hospitalização com aumento dos custos médicos e mortalidade. Nos países em desenvolvimento, que já apresentam problemas para arcar com os custos da Saúde Pública, esse aspecto é de fundamental importância.

A comunidade científica internacional está travando uma dura batalha para reduzir significativamente a resistência antimicrobiana para o benefício da saúde humana e animal, e para não voltar a uma era pré-antibiótica enquanto se procura desenvolver novos antibióticos, o que se torna cada vez mais difícil. É necessária uma consciência global sobre esta ameaça à saúde. Você já se perguntou como pode ajudar?

Fontes consultadas:

https://foodsafetybrazil.org/presunto-susceptivel-contaminacao-por-listeria-monocytogenes/

http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?pid=S1688-03902017000400104&script=sci_arttext&tlng=pt

https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5664:folha-informativa-resistencia-aos-antibioticos&Itemid=812

https://en.wikipedia.org/wiki/One_Health

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Bactéria super-resistente a antibióticos é encontrada em alimentos pela primeira vez

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Pesquisadores canadenses encontraram, pela primeira vez em um produto alimentar, um tipo de bactéria com elevada resistência aos antibióticos. Isto significa que, agora, o risco de exposição a este perigo atingiu mais um estágio. A bactéria é resistente aos carbapenens, um dos últimos antibióticos no arsenal da medicina, agente de largo espectro de ação usado justamente contra bactérias multirresistentes. A pesquisa foi publicada na revista Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle de Doenças do Canadá.

De acordo com o artigo, em janeiro de 2014, testes de rotina encontraram um microrganismo produtor de carbapenemase em lulas que estavam à venda em um supermercado de produtos chineses em Saskatoon, Canadá. Carbapenemases são enzimas que destroem os carbapenenos. As bactérias encontradas nas lulas têm um gene que as faz produzir a enzima e este gene pode ser transmitido para outras bactérias.  Embora a bactéria possa não ser patogênica (o estudo informa que ela não foi completamente identificada, parece ser Pseudomonas fluorescens), a preocupação reside na disseminação do fator de resistência ao antibiótico.

Os cientistas já tinham encontrado este tipo de bactérias no meio ambiente e em animais, mas nunca no próprio alimento. A lula foi provavelmente importada da Coréia do Sul. Até esta descoberta, os cientistas e os médicos pensavam que a maioria das bactérias resistentes aos antibióticos que causavam infecções potencialmente fatais só eram encontradas em contextos hospitalares e se espalhavam através de pessoas infectadas.

Esta descoberta indica que um segmento muito mais amplo da população está potencialmente em risco. Mas há formas de luta: no caso em questão, se a lula for cozida a uma temperatura interna final segura, as bactérias serão destruídas. O problema fica sendo a contaminação cruzada na cozinha.  Se os alimentos consumidos crus, como saladas, entrarem em contacto com a lula crua ou utensílios e superfícies contaminados por ela, a bactéria pode facilmente contaminar alguém e se espalhar.  

Os cientistas canadenses não sabem como a lula adquiriu as bactérias. Ela pode ter sido contaminada durante o processamento, transporte, manuseio ou a partir do ambiente. Segundo eles, esta descoberta cria uma “necessidade urgente de expandir o acompanhamento e monitoramento desses microrganismos”. 

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Salmonella apresenta cada vez mais resistência a antibióticos

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A crescente resistência das bactérias ao tratamento com antibióticos tem chamado a atenção das autoridades públicas em diversas partes do mundo.

No Reino Unido, autoridades médicas compararam a resistência aos antibióticos ao terrorismo e ao aquecimento global. No Brasil, a Anvisa lançou neste mês de junho um plano para o enfrentamento de microrganismos multirresistentes que tem início no Rio Grande do Sul.

É sabido que o aumento do consumo de antibióticos em geral tende a eliminar as bactérias mais fracas e selecionar as mais fortes, ou seja, leva ao aparecimento de superbactérias, resistentes a muitos antibióticos. A isto, soma-se o fato de que o desenvolvimento de novos antibióticos diminuiu nas últimas décadas. A última classe foi descoberta em 1987 e desde 2009 são lançados no máximo dois antibióticos por ano. A indústria farmacêutica prioriza a busca de remédios mais lucrativos, como os de uso prolongado para os tratamentos de diabetes e câncer.

As bactérias patogênicas que contaminam alimentos não escaparam deste contexto. No Canadá, foi divulgado recentemente um estudo que demonstra a resistência crescente da Salmonella enterica ao tratamento com antibióticos. A S. enterica é a forma mais comum de Salmonella responsável por intoxicação alimentar e infecta humanos e animais.

O estudo se concentrou na S. enterica sorovar Kentucky, demonstrando sua maior resistência ao tratamento com o medicamento ciprofloxacina. A pesquisa é baseada na observação de 76 isolados de S. enterica Kentucky submetidos ao Programa de Vigilância da Resistência Antimicrobiana no período 2003-2009. Dos 76 casos, 35 foram sensíveis a todos os antimicrobianos testados, porém 23 destes isolados (30%) apresentaram resistência à ciprofloxacina.  Além disso, a proporção de isolados de S. enterica Kentucky com resistência à ciprofloxacina saltou de 22% em 2003 para 57% em 2009. Resistências semelhantes têm sido observadas na Europa, como demonstra outro estudo do Instituto Pasteur.

Na luta contra as superbactérias, os especialistas indicam várias medidas simultâneas, como o uso racional de antibióticos, a busca por novas drogas e o uso combinado das já existentes, e sobretudo ações preventivas, como o  controle das infecções hospitalares e o fortalecimento da vigilância epidemiológica como um todo. Mesmo assim, persiste a preocupação de que este problema seja uma bomba-relógio prestes a explodir.

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