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Monitoramento e validação de limpeza usando bioluminescência na indústria de bebidas

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O tema higienização nunca foi tão discutido quanto nos dias atuais. A gravidade da situação ocasionada pela pandemia de Covid-19 trouxe novamente à mesa das discussões uma problemática antiga e conhecida: a falta de cultura de higienização das mãos! Mas além dessa temática que é bem comum no âmbito da saúde, trouxe também muitas reflexões sobre todos os demais segmentos que envolvem higienização na indústria de alimentos. No segmento bebidas não é diferente. Precisamos monitorar e validar a limpeza de forma rápida e confiável.

Uma das grandes dificuldades atualmente nestas indústrias é garantir que os processos de higienização estejam perfeitos, com consumo de água e custo otimizados, gerando como resposta uma água de arraste, pós procedimento, ausente de qualquer tipo de contaminação e o alimento ou bebida a ser envasado também. Quando avaliamos o procedimento de limpeza e sanitização, muitas vezes acreditamos que está tudo bem, afinal os parâmetros do famoso círculo de Sinner foram atendidos. Mas o que fazer quando o resultado final for diferente do esperado?? Como identificar de forma rápida que aquela atividade de limpeza foi bem executada e não esperar por 4 a 7 dias (prazo em geral de incubação em meios de cultura tradicionais) para ter um resultado microbiológico liberado pelo time da qualidade? É nesse contexto que Monitorar e Validar processos de limpeza usando a medição de bioluminescência nos auxilia ao trazer uma visão rápida de eficiência.

Figura 1 – Coleta de amostra por swab

A tecnologia de medições por bioluminescência permite monitorar de forma simples e prática a quantidade estimada de ATP (Adenosina Tri Fosfato) presente em uma amostra coletada com auxílio de um swab específico (figura 1). Esta amostra reage com o complexo enzimático luciferina e luciferase expressando um valor em RLU (Unidade Relativa de Luz). Estudos demonstram que, quanto maior for a representação de ATP disponível na amostra, maior será a possibilidade de uma limpeza ineficaz. A medição em forma numérica gera uma visibilidade fácil para a operação que atua na atividade de higienização, direcionando-os a tomar decisões quanto a seguir ou não para a próxima fase da atividade. Outro post bastante relevante sobre higienização para o setor de alimentos traz informações importantes envolvendo medição de ATP – vale a pena ver! Uma outra referência é o Documento 45 do EHEDG revisão 4, que mostra na página 19 uma tabela com os métodos analíticos mais comuns. A medição de ATP é uma possibilidade para detecção de contaminações residuais orgânicas. O site do EHEDG tem vários guias que referenciam informações relevantes para a área de alimentos. Alguns outros autores também falam a respeito dos documentos do EHEDG para validação de limpeza.

Existem vários fornecedores de equipamentos para medição de ATP por bioluminescência, com métricas diferentes e similares. É recomendável que métrica de target /limites de aceitabilidade dessa medição seja desenvolvida em cada planta pois esta medição pode ser alterada com a interferência do quanto existe de ATP dissolvido na água antes de enxaguar o equipamento.

Outro fator importante a ser considerado é a metodologia. A forma de coleta e tempo de ambientação do swab de coleta são essenciais para não existir erros de método e gerar decisões equivocadas. Também vale ressaltar que alguns fornecedores oferecem sistemas de software combinados com a medição simples que promovem visibilidade analítica, como gráficos e análise de tendência para revisão de processos e ciclo de padronização. Essa interação tecnológica é muito importante para promover a facilidade na rotina operacional e principalmente para rapidez na tomada de decisão. Com recursos como este não é mais aceitável que uma higienização ruim aconteça e o processo siga adiante. Também não se aceita que seja realizada fora do prazo predeterminado pelo Procedimento Operacional Padrão existente na planta produtora de alimentos, segundo as recomendações da RDC 275/2022.

De fato há várias possibilidades de explorar a ferramenta de forma a direcionar os trabalhos dentro da planta industrial (adequa-se também a serviços de alimentação). Importante destacar que a diversificação do uso da medição por bioluminescência tem trazido benefícios aos que monitoram não só resolução de anomalias, mas também a oportunidade de consumo consciente de recursos como água e energia. Após padronização da formulação correta (que resulta em ATP dentro da faixa estabelecida) e procedimento adequado, consegue-se Monitorar e Validar processos de limpeza através do uso de ATP de forma segura e evita-se retrabalho com realização de processos de limpeza duplicados, que gerariam  mais custos operacionais (tempo) e financeiros (agentes químicos extras e água, por exemplo).

Daniely Marreiro é engenheira de alimentos e especialista em Gestão da Qualidade e em Vigilância Sanitária de Alimentos. Atua na indústria de bebidas há 12 anos com ênfase em segurança de alimentos e validação de higienização. 

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Utilização da amostragem como ferramenta gerencial da segurança de alimentos

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O III Workshop Food Safety Brazil aconteceu em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Como a própria credencial descrevia, ele contou com palestrantes qualificados, assuntos inovadores e o conforto da serra.

Logo na primeira manhã (08 de Junho), Prof. Dr. Eduardo Tonto palestrou sobre amostragem como ferramenta gerencial. Em minha concepção, o professor iniciou o tema de maneira inusitada, falando sobre o fluxo comercial.

amostragem 1

Imagem: Revista Vestibular Uerj 

Olhem só quantas oportunidades de desenvolver a segurança de alimentos!!! O mundo tem 7 bilhões de habitantes, 207 países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) com 10.645 fluxos de comércio.

E neste contexto temos como SGSE ( …. ):

  • Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Boas Práticas (BP): práticas de higiene para prevenir a contaminação de alimentos;
  • Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC): sistema ativo e preventivo que pode atuar na segurança e na qualidade de alimentos;
  • Análise de Risco: é a base para a tomada de decisões nos acordos internacionais de comercialização de alimentos.

Em 1974 a Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (ICMSF) foi a primeira a estabelecer orientação para amostragem em segurança de alimentos, sendo essa diretriz adotada por governos e pelo Codex Alimentarius. Se você quiser se aprofundar mais, existe um post no blog que é super completo para entender todo o contexto: Análise microbiológica de alimentos: importância do plano de amostragem.
Quando focamos as BPF, entendemos que as amostras podem ser coletadas para verificar a adequação de superfícies em contato com os alimentos. Essa avaliação quantitativa pode ocorrer por swab, técnica amplamente difundida e também por bioluminescência (veja figura abaixo):

 

amostragem 3

Imagem: Aboatox

Infelizmente, não há padrão brasileiro para avaliação de superfícies que entram em contato com alimentos e nem para mãos de colaboradores, mas podemos nos basear em recomendações internacionais de órgãos como Organização Mundial da Saúde, Organização Panamericana de Saúde e American Public Health Association.

Já no APPCC, temos os 7 princípios e eles são: Princípio 01 – Identificação e avaliação dos perigos; Princípio 02 – Identificação dos Pontos Críticos de Controle; Princípio 03 – Estabelecimento dos Limites Críticos; Princípio 04 – Estabelecimento dos Procedimentos de Monitoração; Princípio 05 – Estabelecimento das Ações Corretivas; Princípio 06 – Estabelecimento dos Procedimentos de Verificação; Princípio 07 – Estabelecimento dos Procedimentos de Registro.

Dentre todos esses passos, podemos usar a análise microbiológica nos números 1 e 6, pois nestes casos temos um tempo maior para analisar todo o sistema. A análise de risco deve ter uma amostragem gigantesca, pois assim é possível ver a realidade e construir cenários.

Como conclusão da palestra, notamos que a amostragem é fundamental. Quanto mais amostras, melhor é sua representatividade, e essa amostragem pode ser usada de diferentes maneiras dependendo da sua SGSA.

O evento reuniu cerca de 100 participantes e quem não conseguiu ou não pôde participar tem a oportunidade de acompanhar a cobertura pelos posts dos colunistas e o acesso aos slides já foi disponibilizado no próprio blog

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