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Ser mãe de alérgico é…

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Em homenagem ao dia das mães, publicamos hoje o texto de Daline Carla, que compartilhou com todos como é a sua dedicação frente a rotina de seu filho Caio, que recém nascido foi diagnosticado com Alergia a Multiproteínas.

 

Ser mãe de alérgico é…

Viver uma grande emoção a cada troca de fraldas;
Comemorar cada dia que se passou sem nenhuma reação;
Comemorar “reações leves”;
Contar número de vômitos diários, usando os dedos das mãos, dos pés e ainda faltar alguns dedos;
Ir ao mercado e ficar paquerando a prateleira de leites, escolher um tipo para cada fase, ver todas as fases se passarem e você não pôde comprar nenhum deles;
Sonhar com danoninho, biscoitos e bolos que nem se sabe se o alergicozinho vai gostar;
Investigar rótulos de alimentos;
Ligar de SAC em SAC para saber se tal produto é “limpo”;
Ter dúzias de informações erradas e continuar ligando mesmo assim;
Escrever um blog falando sobre coco, brotoejas e noites insones;
Achar que o mundo desmoronou cada vez que um alimento novo dá errado,
e, com a mesma intensidade, sentir que nada mais pode dar errado cada vez que algum alimento é introduzido com sucesso;
Conhecer (e ter em casa) uma dúzia de anti-alérgicos;
Suspeitar de tudo e de todos;
Tirar fotos – no mínimo – inusitadas;
Procurar o alimento “culpado” cada vez que o baby tosse;
Adiar a ida à escola o máximo que puder;
Conhecer siglas como APLV, SO, AA, IGE…
Ensinar seu filho a alimentar-se de forma saudável – mesmo que sem querer;
Ter o número de telefone de gastro, pediatra, alergo, imuno, pneumo, homeopata e bombeiros na agenda de seu celular;
Tentar controlar-se o tanto quanto puder para não ligar para nenhum deles;
Não resistir e ligar sim – para desespero dos pobres médicos;
Encontrar centenas de opiniões erradas;
Descobrir que você sabe mais sobre a saúde de seu filho do que a maioria dos profissionais a quem recorre;
Encontrar algumas opiniões certas e apegar-se à elas;
Aprender a confiar em seu instinto de mãe;
Investir em dieta, dieta rigorosa, dieta radical para apressar a cura;
Afrouxar na dieta e fingir que não viu para apressar a cura;
Aprender a aceitar – e as vezes pedir doações;
Conviver com a frustração de não poder bancar a comida do seu filho;
Conhecer outras crianças com o mesmo problema, conhecer crianças com problemas piores, fazer amizades com mães desconhecidas, encontrar abrigo e amparo em mensagens virtuais, solidarizar-se e acompanhar casos de outras crianças e torcer por elas como se fossem seus filhos também;
Acompanhar cada progresso com entusiasmo;
Chorar de emoção ao perceber que seu filho quase não vomita mais;
Comemorar cada introdução alimentar bem sucedida;
Comemorar cada retirada de medicamentos bem sucedida;
Saber enumerar, de cabeça, muitas vezes até contar nos dedos (dessa vez só os das mãos…) cada alimento que seu filho pode comer – e morrer de orgulho de cada um deles;
Fazer uma festa quando o baby (que já nem é tão baby assim) dormir uma noite inteira pela primeira vez;
Decretar feriado nacional quando ele dormir bem por uma semana inteira;
Convocar a rainha da Inglaterra para a festa quando atinge o brilhante marco de 1 mês seguido de noites bem dormidas;
Perder a esperança novamente, mas lembrar-se de que não pode desistir;
Perder a vontade de desistir;
Seguir em frente sempre;
Saber que a recompensa por tudo isso jamais poderia ser melhor: garantir o bem estar dessa pessoinha que, com alergia ou sem alergia, com diarreia ou constipação, pele boa ou empolada, vomitando ou cheirosinho, pedindo a comida proibida do coleguinha ou em greve de fome, chorando a noite toda ou dormindo a noite toda por conta da sedação do antialérgico…é seu filho querido, o melhor que você poderia ter, o mais amado dentre todos os filhos do mundo, um serzinho tão especial que te deu o privilégio de ser mãe. Ser mãe de alérgico. Mas não de qualquer alérgico…
Orgulho de ser mãe do MEU alérgico! Orgulho de lutar por ele até o fim, mesmo quando minha sanidade é colocada em questão.
É assim que sou.
E, afinal, me digam: sou muito diferente desta espécie surtada, neurótica, obsecada, louca de amor e incrivelmente encantadora conhecida como “MÃE”?
PS: boto uma fotinha de mamãe e Caio assim que eu fizer um escova decente e dar um trato no visu… sabe como é… o feijão acabou comigo. Tudo culpa do feijão.

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Hoje é dia da prevenção contra a alergia

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A pauta alergênicos tem muito destaque neste blog, onde você pode relembrar todos os nossos posts aqui.

A prevenção da reação alérgica se dá através da exclusão do agente na dieta. É possível praticar a dessensibilização, através da exposição gradual ao alimento, porém esta prática só pode ser realizada em ambiente hospitalar sob a supervisão de um médico.

Pessoas que amam um alimento não estão isentas do risco de choque anafilático se tomarem anti-histamínicos antes da ingestão da sua comida preferida e proibida, com tem alertado médicos especialistas.

Genética e condições ambientais, como exposição repetida a um determinado alimento precocemente (ex: leite de vaca) são relevantes para o desencadeamento.

Saiba mais:

Site ABC da Saúde

Reportagem revista eletrônica Bem-Estar

 

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Case sobre alergias e intolerâncias alimentares infantis

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Em uma visita à escola onde meu filho estuda, me deparei com a planilha abaixo, que é a “ferramenta de gestão” de alergênicos alimentares. Nela, está o nome de todos os alunos com alguma alergia ou intolerância, bem como o alimento proibido. Não resisti e tirei uma foto:

As 24 pessoas deste grupo tem de 3 a 6 anos e representam aproximadamente 10% do total de crianças matriculadas.

Também fiz um gráfico para estratificar os alimentos implicados. Agrupadas, as frutas mereceram grande destaque!

 


Há também menções atípicas, como goiabada e o genérico “bolo de aniversário”. Vi que tem uma criança de sofre de alergias múltiplas, o que deve ser uma grande dificuldade de se gerenciar.

Mais uma vez, a vida cotidiana sinaliza a necessidade urgente do estabelecimento da política de rotulagem clara dos alergênicos em nossas embalagens.

 

 

 

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Uma refeição que mudou uma vida – caso de um acidente com alergênicos no Brasil

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A publicitária Carol, com pós em marketing e MBA em gestão, foi sempre criativa para desenvolver materiais lúdicos e fez toda a diferença para tornar a associação filantrópica Acalento, especializada em reabilitação e idealizada por sua mãe, ser o sucesso que é. Para se ter uma idéia, são prestados hoje 1000 atendimentos por mês a crianças com comprometimento neurológico e deficiência física, um grande serviço oferecido aos pais residentes em Caraguatatuba, SP e região.

Aos 27, anos, no dia 15 de agosto de 2010, uma refeição mudou para sempre sua vida. A jovem, que sofria de asma crônica, foi a um restaurante com os amigos dividir uma porção de lula. Consumir peixes e frutos do mar para ela nunca havia sido problema, já que sempre morou no litoral e tinha este hábito. A única restrição em sua dieta era ao camarão, uma vez que na adolescência já havia sido diagnosticada como alérgica a este alimento. Foi então num restaurante da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, que os primeiros sinais de reação se manifestaram: tosse e falta de ar, o que levou a todos para uma farmácia buscarem medicação para um aparente ataque de asma. O farmacêutico de plantão, mesmo percebendo melhora com o uso da bombinha, aconselhou direcionamento a um hospital, pois o quadro parecia ser de reação alérgica, e assim foram. O percurso até o atendimento mais próximo era longo, e no carro ela sofreu uma parada cardiorrespiratória.

Desde a entrada no hospital, passando por um mês de coma profundo, a recuperação de Carol tem sido lenta e difícil para sua família. Espasmos dolorosos, intoxicação por medicamentos, divergências na linha de tratamento e terapias a serem seguidas, depoimentos de médicos nada humanizados diante da paciente que apesar do comprometimento motor tudo podia ouvir e compreender, fizeram parte da agenda. Hoje, Carol, que tem total lucidez ,é capaz de se comunicar com a família através dos movimentos dos olhos e precisa da assistência permanente de uma enfermeira, além dos atendimentos diários de fisioterapia, fonoaudióloga, terapia ocupacional, entre outras .

Não se investigou a fundo a causa do desencadeamento alérgico inesperado, mas os médicos trabalham em três teorias: 1) A lula foi frita no mesmo óleo que o camarão: 2) A paciente passou a desenvolver alergia a um fruto do mar já habitualmente consumido 3) A reação se deu por presença de sulfito, um conservante utilizado no camarão. A família nunca cobrou a responsabilização do restaurante, mas mesmo que cobrasse, não encontraria atualmente nenhuma proteção legal, dado que não temos legislação específica sobre a comunicação de alergênicos em alimentos.

Essa história deve chegar a todos nós que atuamos no segmento de alimentação e servir de lição para importantes aprendizados, onde cada parte deve tomar a responsabilidade para si:

Restaurantes: pratiquem a segregação de óleo de fritura para peixes e frutos do mar, ou quando não praticarem, divulguem em seu cardápio a possibilidade de contaminação cruzada. Treinem seu pessoal para dar informação sobre os processos, como por exemplo se um molho de tomate foi engrossado com farinha de trigo ou um pão é pincelado com ovos na casca para dar cor.

Consumidores: perguntem como funciona os bastidores dos restaurantes e não consumam nada quando a informação for duvidosa. O contato de um alimento com outro pode ser suficiente para desencadear um choque anafilático.

Agências regulatórias: estabeleçam leis que obriguem a capacitação de restaurantes na questão de alergênicos. Definam critérios para rotulagem de alergênicos e comunicação com o consumidor.

Agradecemos à  Zenaide, mãe de Carol, que generosamente aceitou compartilhar esta história com o blog Food Safety Brazil.

Leiam a entrevista que Carol concedeu a uma revista, aos 23 anos, sobre o Second Life.

 

 

 

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O FDA está estudando limites para alergênicos

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WASHINGTON – O FDA em dezembro passado estabeleceu uma consulta publica para aceitar comentários com relação a sua intenção de definir niveis de ação para os principais alergênicos como definido pela Lei FALCPA de 2004. Esta consulta teve seu fechamento adiado para 13 de maio de 2013. Inicialmente seria encerrada em fevereiro deste ano.
No seu pedido de comentários, o FDA observou que a lei FALCPA foi promulgada para ajudar os consumidores a identificar mais facilmente os ingredientes de alimentos que podem causar uma reação alérgica. Os alergênicos identificados foram : ovo, leite, peixe, crustáceos, nozes, trigo, amendoim e soja, bem como ingredientes alimentares que contenham proteína derivada de tais alimentos. A definição exclui qualquer óleo altamente refinado derivado de um alergênico (Ex: óleo de soja refinado) e qualquer ingrediente derivado deste óleo.

    Detalhes da lei FALCPA:A lei FALCPA fornece dois mecanismos através dos quais ingredientes podem tornar-se isentos da obrigação de rotulagem de alergênico: Pode-se pedir por uma isenção, fornecendo evidências científicas, incluindo o método analítico, que um ingrediente “não causa uma resposta alérgica que representa um risco para a saúde humana” ou pode-se apresentar provas científicas de que o ingrediente “não contém proteína alergénica” ou que o processo pré-comercialização irá transformar o ingrediente de modo que “não cause uma resposta alérgica que representa um risco para a saúde humana”. 

 

O estabelecimento de níveis de ação para principais alergênicos ajudará a determinar se uma ação é necessária e também possibilitará o estabelecimento de um padrão claro para avaliar reivindicações de petições FALCPA de que um ingrediente ‘não causa uma resposta alérgica que representa um risco para a saúde humana “ou” de que não contém proteína alergênica. Estes limites também podem ajudar a indústria de alimentos a realizar análises de risco e a  desenvolver padrões para avaliar a eficácia de seus controles preventivos de gestão de alergênicos em suas instalações.  
Na consulta realizada, o FDA solicitou observações sobre o seguinte:

• Como definir “uma resposta alérgica que apresenta um risco para a saúde humana?”

• Quais são os alérgenos alimentares de maior risco à saúde pública e qual é o tamanho da população em situação de risco?

• Como os dados clínicos de distribuição de dose pode ser utilizado para estabelecer os niveis de ação?
• Que abordagens existem para uso de marcadores biológicos ou outros factores relacionados com a gravidade das respostas alérgicas em uma avaliação de risco?
• Quais são os dados e as informações existentes sobre os padrões de exposição dietéticos para indivíduos em dietas?
• Que dados ou outras informações existem dos níveis atuais de exposição associados com o consumo de alérgenos não declarados em alimentos embalados?
• Que dados ou outras informações o FDA deve considerar no estabelecimento de niveis de ação para principais alergênicos?

Fica clara a preocupação do FDA em estabelecer limites seguros e que para isso precisa da contribuição de toda a sociedade.  Dúvidas ainda existem e são muitas. Mais do que simplesmente estabelecer limites oficiais, o que está por traz é garantir a segurança de todos os consumidores sensíveis aos principais alergênicos existentes. E isso não é uma tarefa fácil.

Os comentários podem ser realizados no site: www.regulations.gov; Consulta número: FDA-2012-N-0711.
Participe!

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O que pode acontecer quando se tornar obrigatório declarar traços de alergênicos?

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No Brasil, diferente de muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento, temos legislação limitada referente à informação de alergênicos. Basicamente, é obrigatório declarar se um alimento contém ou não glúten (lei 10674/2003), que protege os celíacos e por tabela, os alérgicos.  No entanto,  a causa mais expressiva de alergias no Brasil é a proteína do leite de vaca e não temos a obrigatoriedade desta informação disponível ao público quando esta pode ocorrer como traços, o que desespera muitos consumidores e mães de crianças com o problema.

 E por que tanta resistência em se estabelecer legislação de rotulagem para alergênicos?

 Uma hipótese que formulo é a enorme quantidade de recalls que poderão vir a onerar a indústria por tardias descobertas que um produto contém os indesejáveis e não declarados traços de algum alimento. Afinal de contas, não é fácil gerenciar alergênicos. Falhas dentro da empresa poderão ocorrer, mas principalmente a indústria tem que arcar com eventuais erros  de seus fornecedores ao por exemplo descobrir que uma matéria-prima foi elaborada em uma linha de produção de múltiplas finalidades e sem higienização adequada.

 Segundo o relatório da Expert Recall, a presença de alergênicos não declarados foi a segunda causa de recalls nos EUA, correspondendo a 28% dos casos, último trimestre de 2012.  Estamos falando de 152 ocorrências! 

 Segundo a compilação do blog eFoodAlerts, só de 01 a 24 de março de 2013, foram totalizados 34 recalls ao redor do mundo por alergênicos, sendo sete nos EUA, dezenove no Canadá e nove na Europa. Na Austrália, a a Food Standards Agency  relatou 211 casos de 2002 a 2011. 

  Notei também que os recalls de alergênicos são classificados como categoria I –  grau máximo de dano à saúde, o que pode ser visto tanto  no site da CFIA (Agência de Inspeção de Alimentos do Canadá) quanto do FDA.

 Fazer um recall representa um enorme custo para empresa. Custos relacionados tanto ao processo logístico, mídia, profissionais à disposição, quanto à de recuperação do desgaste da marca. Ainda por cima o Brasileiro não está muito acostumado com recalls em alimentos, lidando muito mal com este tipo de procedimento. Vide os posts de sátiras para os casos AdeS Maçã e Toddynho.

 Aqui no Brasil tivemos cinco casos de recall por alergênicos, todos por causa de  glúten não declarado na embalagem.  Os autores foram Ajinomoto, em  2010 (tempero Sazón), a Yoki (Lanchinho Yokito)  em 2008,  e Pepsico (Salgadinho Festa Snack) em 2004, conforme consta no site do Ministério da Justiça. A Unilever fez um recall do Cornetto em 2007, também por erroneamente afirmar que o produto “não contém glúten” e a Diageo em 2009, retirou do mercado a cerveja Harp, importada, dados que podem ser confirmados no site do PROCOM de SP.

 O fato de todos os recalls (mas ainda poucos, diga-se de passagem, quando comparados com os outros países citados) estarem relacionados ao glúten, não são mera coincidência. Ora, se eventualmente uma empresa detectar que um fornecedor não controla, por exemplo, a ocorrência de resíduos de soja ou leite, legalmente estaria obrigada a sair desesperadamente avisando seus consumidores e retirando os produtos do mercado? A resposta é não, afinal no Brasil não estão definidos quais alimentos são considerados alergênicos.

Os primeiros passos tem sido dados por várias indústrias sérias, que antecipando-se às tendências de harmonização com o MERCOSUL,  já declarando voluntariamente quando um alergênico pode estar presente, mas ainda temos muitos passos a dar.

 Fabricantes, aproveitem este tempo para organizarem seus processos internos e com seus fornecedores, pois eventuais falhas poderão custar muito caro caso uma nova legislação seja publicada.

 

 

 

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Validação de limpeza para controle de alergênicos

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 Uma das grandes dificuldades que existe na indústria é garantir que a declaração de alergênicos na rotulagem dos seus produtos seja fidedigna. Consequências disto, empresas optam por incluir todos os possíveis traços de ingredientes alergênicos que possuem na indústria, sem ter a certeza se estão ou não presentes naquele determinado produto. Para as pessoas que são alérgicas, esta ação limita e muito, a variedade de produtos que poderiam consumir seguramente.

Existem muitos procedimentos para prevenir uma contaminação de alergênico não intencional em um produto, como Boas Práticas de Armazenamento, Treinamento dos colaboradores, separação física de salas de pesagem de matérias primas e até mesmo entre linhas de processo.

Mas quando não é possível a segregação total das linhas de fabricação, considerando produtos que contenham ingredientes alergênicos de produtos que nao apresentam dado alergenico, ou ainda com ingredientes alergênicos distintos (Ex. fabricação de bebida láctea e bebida soja), pode haver resíduo de determinado alergênico nos equipamentos, tubulações, e consequentemente, podendo chegar ao seguinte produto. Isto pode resultar em um produto que contem inadvertidamente um alergênico não declarado no rótulo. Uma medida de controle para este tipo de perigo é a limpeza. Entretanto, como ter a real comprovação de que a limpeza realizada é eficaz?

Segundo definição da ISO22000:2005 é através da validação que se pode demonstrar que a medida de controle escolhida é realmente capaz de alcançar, de uma maneira constante, o nível previsto do controle do perigo. Mas como validar um procedimento de limpeza?

A seguir algumas dicas e orientações:

1 – Levantar os dados de produtos e ingredientes alergênicos em sua formulação para cada linha de processo para verificar em quais destas existe o risco de contaminação cruzada de alergênico

2 – Padronizar o processo de limpeza. É necessário que todos os dados e variáveis da limpeza (produto e concentração, tempo de contato, temperatura, vazão, método, etc) sejam conhecidos e estejam padronizados.

3 – Realizar o procedimento de limpeza entre a fabricação de um produto que contém em sua formulação ingrediente alergênico específico para um produto que não o contem

4 – Ao final da limpeza realizar a seguinte inspeção: Verificar visualmente os equipamentos e/ou locais que apresentam maior dificuldade de limpeza (ex. conexões entre tubulações). Nestes locais, quando possível, realizar swab para avaliação de ausência de matéria orgânica e resíduo do alergênico em questão.

5 – Coletar amostra da água de enxague final da limpeza e amostra do primeiro produto fabricado. Estes deverão ser analisados, por laboratório confiável, a fim de comprovar a ausência de resíduo do alergênico investigado.

É recomendável que este procedimento e determinações analíticas sejam realizados no mínimo três vezes para cada linha de processo para assegurar que os resultados sejam confiáveis e demonstrem a efetividade da medida de controle.

Após avaliação dos resultados, e estes sendo satisfatórios, pode-se afirmar que o processo de limpeza implementado como medida de controle para o perigo alergênico está validado. Sendo assim, o plano de monitoramento e as atividades de verificações sistemáticas deverão ser implementadas e mantidas.

 

Vanessa Cantanhede, Engenheira de Alimentos e consultora da Flavor Food Consulting.

 

Referência: “Componentes de un plan eficaz de control de alérgenos: UNA ESTRUCTURA PARA LOS PROCESADORES DE ALIMENTOS”
Disponível em farrp.org y foodallergy.org.

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Depoimento de uma mãe de bebê alérgico

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Para nós que trabalhamos na indústria, gerenciar alergênicos é um grande desafio. Uma vez uma leitora do blog chegou a questionar se seria necessário, além de se preocupar com o óbvio – segregação, limpeza das linhas de produção e prevenção da contaminação cruzada interna – (tudo já explicado aqui no blog), seria necessário buscar informações com nossos fornecedores.

E se os fornecedores de sua empresa declararem que pode haver traços de determinado alergênico, mas na sua fábrica ele não está presente, devo declarar os traços?

Conheça a história da mãe e advogada Cecília Cury, e tire suas próprias conclusões.

RCC, de um ano e 3 meses, é alérgico a proteína de leite de vaca e soja e, por cautela, ainda não foi exposto a amendoim, oleaginosas, peixe e crustáceos, o que faz com que a dieta seja um tanto restrita.

É por isso que sua mãe passou a ter que fazer em casa pães, bolos e biscoitos. Enquanto ainda amamentava, ela mesma ter que fazer uma dieta especial, a base de frutas e legumes, mas passado algum tempo já em dieta, ela percebeu que o bebê continuou a ter reações (refluxo, cólicas e gases), obrigando-a a fazer uma profunda investigação para descobrir a causa, o que exigiu constante contato com serviços de atendimento ao consumidor, a fim de verificar a presença eventual de traços de alérgenos nos produtos.

“Como mãe de alérgico, sofro com isso de ter ligar em SAC, tentar achar informação em rótulo, tentar entender a linha de produção para acertar as perguntas até obter a resposta mais precisa. Há grupos de mães que se unem, a fim de realizar profunda pesquisa junto aos SACs, alterando-se em horários, a fim de mapear melhor a qualidade das respostas obtidas. Uma vez, uma colega ligou no SAC e a atendente falou que, não havendo no rótulo a indicação de compartilhamento de máquinas, o produto seria isento. Não acreditei, pois sabemos que, no Brasil, não há (ainda) a exigência de informação quanto ao risco de traços de alérgenos.

Um das primeiras surpresas foi a constatação de que fornecedores de fermento químico confirmaram a presença de traços de leite no produto, restando, atualmente, uma única marca de fermento (químico e biológico) cuja empresa fabricante garante limpeza de traços de leite e de soja.

Em contato com uma dada multinacional, por exemplo, gastei mais de 1h30 de telefonema em dias diversos para conseguir saber que todas as papas infantis são feitas na mesma máquina, mesmo as que levam leite, mas que eles garantem higienização, fazem teste e coisa e tal. Apesar do compartilhamento de maquinário, nesta situação específica, acabei me convencendo a arriscar com meu filho por ler relatos de outras mães e por ter visto que essa mesma empresa rotula traços noutros produtos. Mas, pela falta de normas a respeito, ficamos em um jogo de constantes testes, o que não é muito seguro para crianças que precisam ter alérgenos totalmente excluídos de sua dieta.
Noutra ocasião, uma empresa que fabrica biscoitos que não levam leite me garantiu limpeza total do produto (leite e soja). Quando liguei na fábrica que vende os aromas para esta empresa de biscoito, soube que todos os aromas vendidos a tal empresa têm traços de leite e soja e alguns dos adquiridos pela tal empresa possuem, inclusive, as proteínas de leite e soja.

Vejam, somos leigas e nos vemos com essa infinidade de informações e ficamos sem saber exatamente o que fazer com tantos dados.

“Pergunte ao seu médico” dizem muitas das empresas, incluindo as grandes, mas meu médico não perde horas a fio no telefone com SACs. Eu que levo o dado e, juntos, analisamos os riscos, com base nas informações obtidas diretamente por mim e naquelas obtidas por outras mães”.

Qual é a sua conclusão para as perguntas do início deste post, caro leitor?

 

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Como andam as discussões sobre alergênicos no Mercosul?

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Recebemos a seguinte pergunta de um leitor:

Vocês têm acompanhado as discussões junto ao Mercosul para rotulagem de alergenos? Fiz contado com uma profissional muito bacana da Argentina, que tem me ajudado muito com a identificação de normas internacionais, e ela me comentou que houve muitas críticas pela inclusão de corantes na lista de alergênicos por não serem alimentares. Mas sulfito tb não é alimento.

Quem nos responde é Anderson Giovanni, da Food Staff:

“Estamos acompanhando as discussões do Mercosul, inclusive participando das reuniões. A discussão no Mercosul sobre alergênicos ainda não foi finalizada (ref. revisão da GMC 26/02 que corresponde a Rotulagem Geral para alimentos embalados correspondendo a RDC 259/02 de Rotulagem Geral no Brasil). A delegação do Brasil, representada neste assunto pela ANVISA, apresentou uma proposta de alergênicos, considerando alguns corantes e alguns sulfitos. A proposta apresenta uma lista de ingredientes e aditivos alimentares que serão considerados alergênicos e deverão ser declarados de forma diferenciada na lista de ingredientes. Não houve restrição pela inclusão dos corantes e sulfitos serem aditivos e sim sobre os critérios que serão adotados e a escolha dos ingredientes para a rotulagem dos alergênicos. Apenas esclarecendo, os corantes e os sulfitos são aditivos alimentares, que tiveram a sua segurança e ingestão diária aceitável estabelecida pelo CODEX Alimentarius, cuja avaliação científica é feita pelo JECFA, um comitê de peritos da OMS”.
Internacionalmente, os EUA e a Europa já têm uma regulamentação sobre alergênicos, Sendo assim, algumas empresas multinacionais americanas e europeias acabam adotando de forma voluntária a declaração de potencias alergênicos utilizando as expressões “contém” ou “pode conter” traços, mas por ser uma política interna da matriz.”

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A prevenção de alergênicos na indústria de alimentos

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Alimentos Alergênicos

Alergias são reações hipersensíveis imuno-moduladas que podem afetar vários órgãos, mais comumente a pele, vias aéreas e digestivas. O corpo trata uma proteína alimentar como um agente infeccioso, através de mecanismos do sistema imune.

IgE -> histamina -> inchaço/urticária/etc.

Intolerância é uma resposta não-imune a uma substância, resposta “natural” a uma substância. Ex. Intolerância à Lactose. A lactose não é metabolizada (por ausência da enzima Lactase) – se torna nutriente para bactérias, que produzem gases -> cólicas etc…

            Estudos realizados nos EUA estimam que 4% (NCHS Data Brief, No. 10, October , 2008) das crianças sejam alérgicas a alguma alimento, no Canadá 7% (L. Soller et al, 2012); o aumento de casos é alarmante.

Principais sintomas das alergias alimentares:

  • Vermelhidão da pele, Câimbras abdominais, Dificuldade respiratória, Inchaço generalizado, Perda da consciência, Coceiras, Tosse, Fotossensibilidade

Sintomas graves:

  • Constrição das vias aéreas, Diminuição severa da pressão sanguínea e choque (choque anafilático), Sufocamento por inchaço da garganta, Morte.

Este é um tema bastante dinâmico, discutido com frequência em congressos internacionais e ainda não consolidado.

            Mundialmente há uma tendência em considerar os 8 principais causadores de alergias alimentares (“BIG 8”) como: Leite, ovos, peixes, crustáceos (camarão, lagosta, caranguejos), amêndoas oriundas de árvores (nozes, castanhas, amêndoas), trigo, amendoim e soja. Porém não há um consenso, exemplo: o Canadá considera sulfitos e sementes de gergelim como parte dos “BIG 9”. A mostarda e o trigo preto também são considerados alergênicos em outros países.

 

 Alimentos contendo proteínas originadas destes ingredientes precisam ser declarados. Para o FDA (U.S. Food and Drug Administration – EUA), óleos altamente refinados ou derivados destes alimentos não são considerados alergênicos. 

            Para ajudar os consumidores a identificar os ingredientes dos alimentos que podem causar uma reação alérgica, em 2004, os EUA criaram o Food Allergen Labeling and Consumer Protection Act (FALCPA) que define os principais alergênicos em alimentos e regula a forma de identificação destes nas embalagens. O nome comum do alimento alergênico deve ser declarado proporcionalmente à quantidade na composição.

           Em 13/12/2012 o FDA abriu um chamado para colaboração de toda a comunidade científica sobre os limites que devem ser aplicados à legislação e cobrados em auditorias, pois este tema ainda está em debate. Para colaborar com sua experiência, você deve acessar: http://www.regulations.gov e buscar Docket No. FDA-2012-N-0711.

A maioria dos recalls por alergênicos são causados por falhas nas descrições da composição dos produtos, principalmente por falta de controle dos sistemas de informática, falta de revisão dos conteúdos, mudança na composição das matérias-primas, sem aviso dos fornecedores e uso de embalagens defasadas.

Em linhas compartilhadas dentro de uma fábrica, deve-se sempre produzir o alimento que não contém alergênico primeiro, e sempre estar atento aos produtos importados, que algumas vezes tem traduções erradas dos ingredientes.

Traços de alergênicos podem causar sérias reações adversas e até a morte do consumidor, por isto é muito importante a limpeza de máquinas compartilhadas numa mesma fábrica. O monitoramento ambiental, através de swabs para detecção de proteínas alergênicas pode ajudar a conduzir a análise de risco. A sensibilidade de até 3µg pode garantir a segurança do seu alimento e a sua credibilidade no mercado!

 

Saiba mais em:

 

http://solutions.3m.com.br/wps/portal/3M/pt_BR/Microbiology/FoodSafety/product-information/product-catalog-br/?PC_7_RJH9U5230GD8A0I8TS8AOO2C43000000_nid=3GJML0VQD0be7HSGQ0LWFNgl

 

http://www.fda.gov/Food/NewsEvents/ConstituentUpdates/ucm331942.htm

http://www.hc-sc.gc.ca/fn-an/label-etiquet/allergen/index-eng.php

http://www.hc-sc.gc.ca/fn-an/securit/allerg/index-eng.php#fnb1

http://www.fda.gov/Food/LabelingNutrition/FoodAllergensLabeling/GuidanceComplianceRegulatoryInformation/ucm106187.htm

 

Cristina de Abreu Constantino | Especialista de Serviço Técnico de Food Safety 

3 min leituraAlimentos Alergênicos Alergias são reações hipersensíveis imuno-moduladas que podem afetar vários órgãos, mais comumente a pele, vias aéreas e digestivas. O corpo trata uma proteína alimentar como um agente infeccioso, […]

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