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Sistemas de Documentação da Qualidade e Segurança de Alimentos: comprar ou fazer?

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Tenho observado um crescente número de perfis em redes sociais anunciando a venda de packs de documentos prontos para sistemas de gestão da qualidade, gestão de segurança de alimentos e gestão ambiental, o que me leva a perguntar: é melhor comprar ou fazer meu sistema de documentação?

Não quero aqui colocar em discussão a qualidade do material oferecido e sim provocar uma reflexão a respeito do tema.

Vivemos em um mundo onde a pressa para oferecer soluções é cada vez maior, e os profissionais, especialmente os mais novos, veem nesse modelo uma oportunidade para mostrar serviço e assim conseguir visibilidade nas empresas onde atuam.

Em tempos de inteligência artificial pra cá, inteligência artificial pra lá, aquela coisa de fazer, de construir algo, parece estar se perdendo.

Parece que os profissionais resolveram entregar os pontos para as máquinas porque, afinal, vencê-las é impossível ou missão para heróis de filmes de ficção.

Recentemente, vivenciei uma situação envolvendo determinado produto vegetal que está enfrentando dificuldades para atendimento ao mercado europeu e que precisa, por exigência do MAPA, apresentar Planos HACCP consistentes e robustos para o controle do principal perigo, que é a presença de Salmonela nos lotes.

Pois bem, várias empresas contrataram serviços profissionais para a elaboração dos seus planos acreditando que isso seria suficiente para conseguirem a homologação para a exportação.

Infelizmente para elas, o MAPA rejeitou os planos por inconsistência e porque todos eles eram um “copia e cola” generalizado.

Como profissional da área há mais de 40 anos, me senti muito incomodado porque as empresas, com esse tipo de atitude, desprezaram a importância de uma ferramenta extremamente útil que pode lhes ajudar a eliminar o perigo usando uma avaliação rigorosa das etapas dos seus processos.

Também as áreas da Qualidade foram tratadas como meras gestoras de papéis e condutoras de processos de auditoria, uma tristeza!

Não cabe a mim julgar quem fez a documentação, mas fica a reflexão sobre o papel dos influenciadores digitais que anunciam produtos em redes sociais.

E ficam também duas dicas para quem quer adquirir esse tipo de serviço ou produto:

A primeira – Quando falamos em Qualidade só existem dois jeitos de se fazer as coisas: um é o jeito rápido… o outro é o jeito certo!

A segunda – Cuidado!!! Como cada organização é única e cada uma tem sua particularidade, adquirir material pronto que “serve pra todo mundo” me faz lembrar aquela famosa frase de mãe: “Você não é todo mundo!”

Imagem: Amirr Zolfaghari

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Atenção ao “Pode” e “Deve” no BRC!

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Sempre que uma norma usa as expressões “pode” e “deve”, toda a interpretação da aplicação de suas regras pode mudar. Uma nota A ou B, ou a própria certificação pode estar em jogo em função destas palavrinhas de uma lista de verificação.

Segundo o glossário da norma BRC Food Safety da sétima edição:

  • Pode: Indica uma exigência ou um texto que oferece orientação, mas que não é obrigatório para o cumprimento da Norma;
  • Deve: Significa conformidade esperada ou desejada com o conteúdo da cláusula ou requisito.

Em outras palavras, não há discussão se um requisito sinalizado com “deve” ser obrigatório, independente da realidade da empresa.

Já o “pode” abre precedente à adequação da sua aplicação para cada realidade.

A versão 7 na língua portuguesa foi traduzida em um tempo verbal que não permite, em vários casos, fazer o discernimento de quando o requisito é do tipo “pode” ou “deve”.

Por exemplo:

Na versão em inglês:

1.1.9  The most senior production senior operations manager on site shall participate in the opening and closing meetings of the audit for Global Standard for Food Safety certification. Relevant departamental managers on their deputies shall be available as required during the audit.

Na versão em português:

 1.1.9 O mais alto executivo de operações ou o gerente de operações da unidade participará das reuniões de abertura e encerramento da auditoria de certificação na Norma Global de Segurança Alimentar. Os gerentes de departamento relevantes ou seus representantes estarão disponíveis, conforme necessário, durante o processo de auditoria.

Como o tempo verbal foi traduzido no futuro, não fica claro se a situação é mandatória ou desejada.

Em outro requisito, chega haver uma troca do que seria deve e pode:

3.9.2 A rastreabilidade completa deve ser obtida em 4 horas.

Assim, caso não haja revisão da norma, para que não haja dúvida, recomendo que a norma original em inglês seja sempre consultada para o completo entendimento e aplicação dos requisitos obrigatórios e os “negociáveis”.

Créditos de imagem: AIB | International.

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