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Abordagem One Health como solução de várias dores em segurança dos alimentos

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O Hygiena Summit Brazil aconteceu no dia 24 de agosto em São Paulo. O evento foi uma parceria entre o Food Safety Brazil e a Hygiena. A temática central foi a abordagem One Health.

De acordo com a OMS, para a promoção da “Saúde Única” (abordagem One Health), é preciso fortalecer a avaliação, gestão e comunicação de risco na área de Food Safety. Portanto, a obtenção de informações sobre os perigos em toda a cadeia, de forma global e local, é essencial para alcançar o desenvolvimento integrado e a implementação de opções de gestão com base no risco. Assim, todos estes aspectos foram tratados na programação do evento de forma a balancear conteúdo técnico e outros pilares essenciais para resultados.

Robério Machado, coordenador da 3ª região do MAPA, foi muito didático ao mostrar a evolução dos serviços de inspeção, desde o primeiro RIISPOA até os dias de hoje. O Ministério enxerga que, num primeiro passo, tal como um pai levando a criança na garupa da bicicleta, sentia-se provedor de todas as ferramentas para a empresa passar a fabricar um alimento, indo da aprovação da planta e formulação, até a inspeção de todos os produtos e aprovação lote a lote. Anos se passaram e os aprendizados nos fizeram chegar ao estágio do programa de autocontrole, no qual empresas e o governo andam na mesma direção, cada um com sua bicicleta.

Juan de Villena, vice-presidente de qualidade da Wanders Farmer mostrou o quanto o uso de dados quantitativos para monitoramento de Salmonella podem ser úteis para visualização da eficácia e progresso de medidas de controle, em especial programas de melhoria da higienização e redução de carga microbiana. Testes do tipo presença/ausência não são tão ricos para que se enxergue a direção que a empresa está tomando e como está evoluindo. Pode-se ter presença com altíssimas contagens, o que é um cenário ruim, ou já estar próximo a não detecção, o que pode indicar que se está no caminho correto.

Tivemos experts da Hygiena que apresentaram One Health approach na prática, como o monitoramento ambiental, de patógenos e a gestão de dados trazendo um ambiente seguro para a tomada de decisão.

A nossa presidente aqui da Associação Food Safety Brazil, Fernanda Spinassi,  representou o blog palestrando sobre Cultura positiva em Food Safety – Aprendendo com os desvios e tomando decisões com base em dados.

Ela fundamentou sua palestra na evolução do recurso humano (questões Y, Z e alfa) versus tecnologia, e como criar engajamento pensando nestas realidades. Como fazer uma conexão com as pessoas e gerar uma cultura positiva.

Cultura precisa ser fomentada para que as pessoas adotem práticas, tomem ações e tenham um comportamento natural, orgânico em relação à segurança dos alimentos. Como as pessoas podem ter essa iniciativa e serem analíticas, perceberem os riscos, pensando no dia a dia?  Um analista da qualidade sobrecarregado pode não conseguir avaliar uma tendência.

Como a liderança pode ajudar nesta transformação para dar condições e incentivar que isso aconteça? O líder deve fomentar todo tempo este sentimento na equipe. O colaborador, ao executar tarefas, deve entender a sua responsabilidade, o significado daquilo que ele faz, de forma positiva.

O líder deve lembrar que faz parte da sua rotina “puxar orelha”, corrigir, mas é preciso valorizar o que é feito de bom. Tem gente que tem aptidão para programar e utilizar uma planilha em Excel. Outros são líderes natos, envolvem, então identificar essa competência e dar espaço para que seja aplicada, é fundamental. O líder tem que saber identificar, valorizar e utilizar essas habilidades.

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Entenda o conceito de One Health (Uma Saúde)

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O conceito básico de One Health pode ser resumido em que a saúde humana, a saúde animal e a saúde ambiental estão intimamente conectadas e são interdependentes. Vou tentar desenvolver este conceito brevemente neste artigo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.

O conceito de One Health foi concebido pelo Dr. Calvin Schwabe. Embora a ideia de saúde humana, animal e ambiental já exista há muito tempo, agora foi dado um novo foco como resultado do surgimento de doenças emergentes na última década. A necessidade urgente de coordenar esforços multissetoriais para a prevenção e resposta às doenças zoonóticas foi reativada.

Zoonoses são doenças que podem ser transmitidas de animais para humanos e vice-versa. Como exemplo, basta citar algumas doenças reemergentes e outras emergentes, como: raiva, gripe aviária H1N1, tuberculose, brucelose, ebola, covid-19, entre outras.

Discussão

O crescimento da população mundial se expandiu para novos territórios, que até então faziam parte do habitat natural de outras espécies, fazendo com que os animais silvestres se aproximassem dos animais domésticos. Vivemos alterações climáticas como prelúdio do aquecimento global, tendo como consequências períodos de seca (incêndios) e inundações mais graves e frequentes, além do aumento da temperatura dos oceanos (a temperatura do planeta aumentou 1°C nos últimos 90 anos e esse processo está se acelerando).

O aumento da mobilidade das pessoas e as migrações aumentaram o risco de propagação de doenças, algumas das quais até agora se julgava estarem controladas, além do aparecimento de doenças emergentes. Estima-se que haja cinco novas doenças a cada ano.

Todas essas questões fazem parte de um crescente desequilíbrio nas condições de saúde do meio ambiente, dos animais e de nós humanos, aumentando o risco à saúde global e permitindo que patógenos colonizem novas áreas.

Outro fator de risco que se tornou importante nas últimas décadas é a tendência crescente de resistência aos antibióticos, que complica ainda mais a situação e é percebida como uma ameaça à saúde global.

A importância da interdependência entre a saúde animal e humana e o meio ambiente é melhor compreendida ao se reconhecer que, em grande medida, a responsabilidade das atividades humanas está diretamente envolvida.

Lembremos que:

1- 60% dos agentes patogênicos que causam doenças humanas são provenientes de animais domésticos ou selvagens.

2- 75% dos patógenos humanos emergentes são de origem animal.

3- 80% dos patógenos em risco de serem usados em bioterrorismo são de origem animal.

4- As atividades humanas alteraram 75% do ambiente terrestre e 66% do ambiente marinho.

Uma rede global

Compartilhar uma rede global multidisciplinar de conhecimento é o primeiro passo para prevenir riscos e combater doenças, para isso contamos com o compromisso de organismos internacionais liderados pela OMS, FAO e OIE. As áreas de trabalho mais notáveis do conceito de uma saúde são as relacionadas com a segurança de alimentos, o controle das zoonoses e o combate à resistência antimicrobiana (micróbios resistentes aos medicamentos).
Com esse conceito como premissa, a ONU (Organização das Nações Unidas) publicou um documento chamado “Prevenção da próxima pandemia”.

Fontes:

https://www.oie.int/es/que-hacemos/iniciativas-mundiales/una-sola-salud/

https://www.isglobal.org/healthisglobal/-/custom-blog-portlet/one-health-una-sola-salud-o-como-lograr-a-la-vez-una-salud-optima-para-las-personas-los-animale

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1471492212001213

Resistência antimicrobiana ameaça a saúde pública mundial

Una salud: ¿qué es?

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Resistência antimicrobiana ameaça a saúde pública mundial

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Os antibióticos são medicamentos usados para prevenir e tratar infecções bacterianas. A resistência antimicrobiana (RAM) ocorre quando as bactérias mudam devido a mutações em resposta ao uso dessas drogas. Estima-se que 500.000 pessoas morrem a cada ano devido à resistência aos antimicrobianos.

A resistência antimicrobiana cada vez mais acentuada tornou-se uma séria ameaça à saúde pública global, tanto humana quanto animal, com impacto significativo na segurança de alimentos, bem como na segurança alimentar e na economia das nações. Microrganismos patogênicos presentes nos alimentos representam um risco potencial para a segurança de alimentos. O uso de antimicrobianos (agentes que podem matar ou interromper o crescimento microbiano) em animais destinados à produção de alimentos e à geração de microrganismos com mutações que conferem resistência aos antibióticos na cadeia alimentar preocupa organizações nacionais e internacionais. O uso abusivo ou não regulamentado de antibióticos, seja na saúde humana ou animal ou na alimentação animal, aumenta significativamente a possibilidade de resistência antimicrobiana. Por esse motivo, quando as pessoas ingerem comida contaminada com microrganismos resistentes aos antimicrobianos, algumas espécies de microrganismos podem ser capazes de causar doenças e os médicos não conseguem encontrar o antibiótico adequado ou útil para controlá-los.

Quando as bactérias se tornam resistentes aos antimicrobianos, elas são mais perigosas para a saúde devido à possível falha do tratamento, perda de opções de tratamento e aumento da gravidade da doença. Os problemas relacionados à RAM estão intrinsecamente relacionados ao uso inadequado de antimicrobianos em qualquer ambiente e incluem o uso em humanos e não humanos.

A crescente resistência aos antimicrobianos é um problema que deve ser combatido com urgência, pois pode e já está comprometendo a saúde das gerações futuras. Diante dessa ameaça, organizações internacionais (OMS-OIE e FAO) apelaram a ações coordenadas para renovar as estratégias de RAM, promovendo o enfoque  “One health”. Este termo que poderia ser traduzido como “Uma saúde” é um conceito amplo estabelecido há relativamente pouco tempo, e implica que a saúde humana, animal e ambiental estão interligadas e uma não pode ser compreendida sem a outra. Em uma próxima postagem, tentarei aprofundar essa importante questão.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em seu boletim de novembro de 2017, já colocou os cinco pontos a seguir como um anúncio importante:

– A resistência aos antibióticos é uma das maiores ameaças globais à saúde, a segurança de alimentos e ao desenvolvimento das nações.

– O problema pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade ou local de residência.

– A resistência aos antibióticos ocorre naturalmente, mas o uso indevido dessas drogas em humanos e animais está acelerando o processo.

– Um número crescente de infecções, como pneumonia, está se tornando cada vez mais difícil de tratar, porque os antibióticos estão se tornando cada vez mais ineficazes.

– RAM leva a um tempo cada vez mais prolongado de hospitalização com aumento dos custos médicos e mortalidade. Nos países em desenvolvimento, que já apresentam problemas para arcar com os custos da Saúde Pública, esse aspecto é de fundamental importância.

A comunidade científica internacional está travando uma dura batalha para reduzir significativamente a resistência antimicrobiana para o benefício da saúde humana e animal, e para não voltar a uma era pré-antibiótica enquanto se procura desenvolver novos antibióticos, o que se torna cada vez mais difícil. É necessária uma consciência global sobre esta ameaça à saúde. Você já se perguntou como pode ajudar?

Fontes consultadas:

https://foodsafetybrazil.org/presunto-susceptivel-contaminacao-por-listeria-monocytogenes/

http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?pid=S1688-03902017000400104&script=sci_arttext&tlng=pt

https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5664:folha-informativa-resistencia-aos-antibioticos&Itemid=812

https://en.wikipedia.org/wiki/One_Health

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Segurança de Alimentos requer soluções compartilhadas – 1ª Conferência Internacional de Segurança de Alimentos da FAO/ OMS/ AU [5/6]

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Entre os vários micro-organismos patógenos aos quais nós, humanos, estamos expostos, mais de 60% são provenientes de animais vertebrados, segundo dados da ONU.

Além dos altos números de óbitos, as zoonoses também causam impactos significativos na produção pecuária, segurança alimentar, conservação ambiental e outros. Nessa parte do material da Conferência (citada no título) que estamos traduzindo, a FAO promove uma abordagem “One Health”, expondo seu envolvimento nesse conceito.

One Health – Em português significa “Uma Saúde”. É uma visão que reconhece as ligações existentes entre saúde humana, sanidade animal e o meio ambiente. Ela incentiva novas políticas de gestão de saúde.

Essa visão abrange os riscos provenientes de poluição, degradação da terra, desastres, água potável, fornecimento de alimentos, controle de pragas, mudanças climáticas e muito mais.

A FAO combina especialização em produção sustentável de alimentos nos setores agrícolas e ciências de alimentos para identificar fontes de risco à segurança dos alimentos e desenvolver medidas para prevenir ou minimizar esses riscos nas etapas mais apropriadas da cadeia. Exemplos:

MICOTOXINAS

FAO e OMS produziram uma ferramenta on-line (FFS) de fácil utilização e disponível gratuitamente para orientar as autoridades nacionais e os operadores a amostrar 26 combinações de micotoxinas em commodities.

Os Farmer Field Schools (FFS) provaram ser um veículo eficaz para permitir aos agricultores entender e aderir às boas práticas. Os FFS são desenvolvidos para integrar totalmente a higiene alimentar às questões de produção, como técnicas integradas de controle de pragas. A FAO trabalha com instituições nacionais para desenvolver suas capacidades para projetar e implementar programas para melhorar a segurança de alimentos na produção primária de frutas e legumes. Isso inclui programas com foco em boas práticas agrícolas, bem como no monitoramento de pesticidas e outros contaminantes.

PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

A FAO presta orientação sobre boas práticas em alimentação animal, criação de animais, aplicação de antibióticos, abate e manipulação e processamento. Os especialistas da FAO trabalham em conjunto para garantir uma abordagem científica e integrada à gestão de riscos de segurança de alimentos, incluindo a resistência antimicrobiana (AMR), uma das ameaças à saúde pública mais urgentes do mundo.

A intoxicação por peixes com escombrotoxina (SFP), frequentemente chamada de “envenenamento por histamina”, ocorre quando certas espécies de peixes marinhos – incluindo atum, cavala, sardinha e anchova – são armazenadas indevidamente e um aminoácido natural do peixe é convertido em histamina por contaminantes bacterianos.  Muitos países recorrem a especialistas da FAO para ajudar a desenvolver as capacidades de inspeção de pescado e a promover a aplicação de boas práticas por todos os operadores de pesca e aquicultura.

LEGISLAÇÕES

Em todos os países, a alimentação é regida por uma complexidade de leis e regulamentos que estabelecem os requisitos do governo a serem cumpridos pelos operadores da cadeia alimentar para garantir que os alimentos sejam seguros e de qualidade adequada. A FAO pode ajudar a promover a elaboração de estruturas regulatórias nacionais viáveis e apropriadas em todas as áreas.  A assistência é adaptada à situação de cada país, com atenção ao marco legal e tradição nacional, bem como à implementação de acordos internacionais aplicáveis e padrões internacionais de referência.  Até hoje, a FAO auxiliou uma ampla gama de países e organizações regionais em cinco continentes na revisão de sua legislação. A FAO também possui o maior banco de dados legislativos do mundo (FAOLEX) em alimentos e agricultura, incluindo gestão de recursos naturais (pesca, terra, água e florestas), e fornece informações jurídicas publicando estudos legislativos e documentos legais on-line, incluindo boas práticas regulatórias (GRP) para a elaboração ou revisão dos quadros jurídicos nacionais.

Segue aqui um pouco mais sobre o tema One Health.

Não deixe de ler as outras partes traduzidas da 1ª Conferencia Internacional de Segurança de Alimentos, aqui no FSB.

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