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Os perigos do “melzinho na chupeta”: risco de botulismo no bebê

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Você sabia que o mel não é recomendado para bebês de até 1 ano de idade?

O problema em dar mel ao bebê é que pode haver esporos da bactéria Clostridium botulinum, que provoca o botulismo infantil. Não importa a marca ou a procedência do mel, o perigo sempre existe.

Como o sistema imunológico dos bebês ainda não está maduro, eles podem pegar uma forma da doença chamada botulismo infantil. Bebês de até 6 meses são especialmente vulneráveis, mas os médicos recomendam que se espere até a criança ter pelo menos 1 ano para dar mel.

Por isso, mesmo que o bebê esteja resfriado, com tosse ou com prisão de ventre e você tenha ouvido falar que mel faz bem, não dê nem um pouquinho à criança se ela tiver menos que 1 ano.

Os esporos do botulismo são muito resistentes e podem sobreviver até à pasteurização e a altas temperaturas. O xarope de milho também pode conter o esporo.


Depois de 1 ano, você pode dar mel, mas cuidado para não abusar. Por ser um alimento extremamente doce, ele pode acostumar mal o bebê, e pode prejudicar os dentes. Prefira oferecer alimentos naturalmente doces como sobremesa (frutas, abóbora, cenoura, por exemplo), e depois limpe bem a gengiva e os dentinhos do bebê.


Vamos aos detalhes – o que é o botulismo infantil

O botulismo infantil é uma doença rara, porém grave, causada pela bactéria Clostridium botulinum que pode ser encontrada no solo, podendo contaminar água e alimentos por exemplo. Além disso, os alimentos mal conservados são uma ótima fonte de proliferação dessa bactéria. Assim, a bactéria pode entrar no organismo do bebê através do consumo de alimentos contaminados e, no organismo, passa a produzir uma toxina que resulta no aparecimento dos sintomas.

A presença da toxina no organismo do bebê pode resultar em grave comprometimento do sistema nervoso, podendo a infecção ser confundida com o acidente vascular cerebral, por exemplo. A fonte mais comum de infecção em bebês com menos de 1 ano é o consumo de mel, isso porque o mel é um ótimo meio de propagação dos esporos produzidos por essa bactéria.

Quais os sintomas do botulismo no bebê

Os sintomas iniciais do botulismo no bebê são semelhantes aos da gripe, no entanto são seguidos pela paralisia dos nervos e músculos da face e da cabeça, que posteriormente evolui para os braços, pernas e músculos respiratórios. Assim, o bebê pode apresentar:

  • Dificuldade em engolir;
  • Sucção fraca;
  • Apatia;
  • Perda das expressões faciais;
  • Sonolência;
  • Letargia;
  • Irritabilidade;
  • Pupilas pouco reativas;
  • Prisão de ventre.

O botulismo no bebê é facilmente confundido com a paralisia própria de um acidente vascular cerebral, no entanto a falta de diagnóstico e tratamento adequado do botulismo pode agravar o quadro e levar ao óbito devido à elevada concentração de toxina botulínica circulante no sangue do bebê.

Diagnóstico

O diagnóstico é mais fácil quando existe a informação de histórico alimentar recente da criança, mas só pode ser confirmado através de exame de sangue ou da cultura de fezes, pela verificação da presença da bactéria Clostridium botulinum.

Inicialmente, deve-se suspeitar de botulismo com base em resultados clínicos. O tratamento não deve ser adiado por causa de resultados pendentes. O botulismo infantil pode ser confundido com sepsia, distrofia muscular congênita, atrofia muscular espinal, hipotireoidismo e hipotonia congênita benigna.

Tratamento

O tratamento é iniciado assim que houver suspeita do diagnóstico; esperar os resultados dos testes confirmatórios, que podem levar dias, é perigoso. O tratamento do botulismo no bebê é feito com a lavagem estomacal e intestinal para retirar qualquer resto alimentar contaminado. A imunoglobulina anti-botulismo intravenosa (IGB-IV) pode ser utilizada, mas produz efeitos colaterais que merecem atenção. Em alguns casos é necessário que o bebê respire com a ajuda de aparelhos por alguns dias e, na maior parte das vezes, ele se recupera completamente, sem maiores consequências.

Não devem ser administrados antibióticos porque podem lisar o C. botulinum no intestino e aumentar a disponibilidade de toxina.

Outras informações

Embora tenha sido comprovada a contaminação de bebês que consumiram alimentos industrializados e formulações próprias, pesquisas indicam que um terço dos casos de botulismo infantil ocorridos no mundo tem histórico de ingestão de mel, fazendo com que esse alimento seja contraindicado para crianças com menos de 1 ano de idade (Aron, 1979; Europen Commission, 2002).

Apesar de mais de mil casos de botulismo infantil já terem sido relatados em todo mundo, devido à semelhança com outras síndromes, acredita-se que os diagnósticos errôneos encobrem grande parte da ocorrência dessa doença. Cerca de 4,5 a 15% dos casos da “Síndrome da Morte Súbita do Bebê ou “Morte do Berço” foram posteriormente confirmados como botulismo infantil (Mugnol, 1997; Europen Commission, 2002). Devido à crença de que o mel tem propriedades terapêuticas, esse alimento é fornecido para crianças em substituição ao açúcar e mesmo como remédio. Por isso, acredita-se que os casos de botulismo de lactentes decorrentes da contaminação de mel são maiores do que o revelado.

As análises de amostras de mel indicam que entre 2% e 15% do mel em todo o mundo está contaminado com esporo de Clostridium botulinum, havendo uma incidência maior de contaminação em amostras coletadas nos próprios apiários (até 23%); Midura et al., 1979; Nevas et al., 2006). Segundo pesquisas realizadas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), cerca de 7% do mel brasileiro de Apis mellifera está contaminado com Clostridium botulinum (Schocken-Iturrino et al. 1999; Rall et al., 2003). Há estudos que demonstraram que essa bactéria não está presente somente no mel, mas também nas abelhas, na cera e no pólen (Nevas et al. 2006).

Como o Clostridium botulinum está amplamente distribuído no meio-ambiente, a contaminação do mel pode ocorrer a partir do néctar e pólen, pela própria abelha, ar, etc. Nesses casos não existe forma de evitar a contaminação. Por outro lado, por ser resistente ao calor, a pasteurização do mel não elimina este microrganismo. Somente temperaturas superiores a 100°C podem afetar o agente causador do botulismo e aquecer o mel a essa temperatura destrói suas propriedades físico-químicas.

Não existem dados sobre a presença desse esporo em mel de abelhas sem ferrão (Melipona). Como essas espécies utilizam barro na construção dos ninhos, é possível que a quantidade de Clostridium botulinum nesse tipo de mel seja maior do que a existente no mel de Apis mellifera.

Leia mais em:

https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/2935/S0103-84782008000200016.pdf?sequence=1&isAllowed=y
http://www.revistaseletronicas.fmu.br/index.php/ACIS/article/view/1073/945

Fonte da imagem: Flitparalisante

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Superfícies enferrujadas podem causar tétano? Qual a relação com alimentos?

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É provável que ao se cortar com um objeto enferrujado você leve ao ferimento uma bactéria chamada Clostridium tetani, causadora do tétano. Devido a isso, é necessário estar com todas as doses da vacina em dia, inclusive o reforço que deve ser tomado a cada dez anos.

O Clostridium tetani é uma bactéria ANAERÓBICA, ou seja, realiza seu metabolismo na ausência do oxigênio.

Acreditava-se que devido ao fato de esse micro-organismo precisar de um ambiente sem oxigênio, superfícies que enferrujaram e consumiram oxigênio na oxidação tinham próxima a elas uma atmosfera propícia para esse micro-organismo.

Mas a relação entre ferrugem e C. tetani é devido ao fato de que, por estar enferrujado, podemos concluir que o objeto esteve exposto ao ambiente e está provavelmente contaminado, visto que esse micro-organismo é amplamente encontrado no solo. E também pelo fato de que superfícies corroídas deixam cantos vivos (fendas) onde o micro-organismo pode se alojar.

Até mesmo superfícies sem ferrugem e outras, como vidros e pedras podem conter o C. tetani, pois mesmo que o ambiente não esteja favorável, ele sai da forma vegetativa e se mantém na forma esporulada, sobrevivendo até que o ambiente seja propício novamente, como o interior de uma ferida. Assim ele pode produzir sua neurotoxina, causando o tétano e em muitos casos levando o indivíduo a óbito.

QUAL A RELAÇÃO DISSO COM ALIMENTOS?

O C. tetani tem um “parente próximo”, o Clostridium botulinum. Este também realiza seu metabolismo na ausência de oxigênio, também transita da forma vegetativa para esporulada quando o ambiente não é favorável, também libera uma neurotoxina (toxina botulínica). Apesar de raro, também pode ser contraído por ferimento, mas causa uma doença diferente: o BOTULISMO.

Em condições favoráveis, o C. botulinum produz sua neurotoxina que paralisa a comunicação do sistema nervoso, causando visão dupla devido à falha ao enviar imagens ao cérebro, queda da pálpebra, dificuldade em engolir e em alguns casos, falha respiratória por falta de movimento do diafragma.

O C. botulinum está disperso em solo e sedimentos marinhos, a ingestão da sua forma esporulada está associada a alguns peixes e outros alimentos consumidos sem tratamento térmico. Alimentos nessas mesmas condições e armazenados sem oxigênio, como embalados a vácuo, enlatados e outros, têm grande probabilidade de ter sua forma vegetativa e também sua neurotoxina.

Para a prevenção por parte dos produtores, é necessária a implantação de HACCP em toda a cadeia produtiva como prevenção do micro-organismo, mesmo que esporulado.

Para prevenção por parte dos consumidores, é necessário não consumir latas, pouchs, embalagens a vácuo e nenhuma outra embalagem que esteja estufada, com o vidro embaçado ou com alterações no aspecto e no cheiro. Essas modificações caracterizam uma atividade microbiológica e em condições anaeróbicas; pode ser o Clostridium botulinum.

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Especialistas contam o que não comem fora de casa

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Desde a escola, passando pela universidade, trabalho, pelos almoços de domingo na casa dos avós, a comida é o elo entre os humanos. Comemos para celebrar, para esquecer, tem gente que come por necessidade biológica, tem outros que comem por prazer.
Muitas vezes, a correria do dia-a-dia impede que as pessoas estejam em casa na hora de realizar suas refeições. Às vezes, por causa dessa pressa, as pessoas optam por consumir um alimento ou bebida de forma rápida, nas ruas mesmo. Você já saiu de casa e teve que fazer uma rápida refeição na barraquinha da tia que fica na frente do metrô, não é mesmo? Quem nunca? E neste momento, seu cérebro faz uma coletânea de momentos falando que isso pode ser ruim para você, muito ruim mesmo.
Eu, Jacqueline Navarro, como cidadã, não como na rua o famoso churrasquinho grego que se vende no centro da cidade de São Paulo. Ele fica girando incansavelmente em um espeto, sem nenhuma proteção, de cara para a rua!! Eu tenho muita vontade de comer, mas o que me falta é a coragem mesmo. Mas o que eu como sem medo algum é frutas sem lavar. 
Diante disto, entrevistamos profissionais ligados à área de microbiologia ou áreas correlatas, unindo informações do Oiapoque ao Chuí para saber deles o que não comem na rua e o motivo. Conversamos com uma pós-doutora em microbiologia de alimentos, um mestrando de microbiologia e uma médica veterinária agente da vigilância sanitária. 
A professora Tereza Cristina de Oliveira, da Universidade Estadual de Londrina, conta que quando está em sua cidade natal, Londrina, não tem restrições sobre o que come fora de casa. Frequenta os mesmos restaurantes e almoça diariamente em self-service. Mas quando viaja a história é outra: segundo ela, as doenças de origem alimentar mais comuns ocorrem com maior frequência quando saímos do nosso habitat e entramos em contato com uma nova microbiota. A chamada “doença dos viajantes” é a prova disso. “Quando viajo não como alimentos de origem animal crus. Gosto muito de kibe cru, sashimi, sushi e ceviche de peixe e frutos do mar, mas só consumo esses alimentos em casa ou em restaurantes que estou acostumada a frequentar em Londrina. Outro cuidado que tenho quando viajo é com a água (só bebo engarrafada) e com o consumo de hortaliças folhosas, frutas fatiadas, saladas mistas cruas ou cozidas muito manipuladas, alimentos não industrializados vendidos nas praias (por exemplo, ostras e salgadinhos) e sanduíches frios prontos para consumo”. 
Já o mestrando Pedro Bellinazo, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas (DCTA – UFPel), da área de microbiologia de alimentos, não consome fora de casa produtos em conserva como palmito, picles e ovos de codorna. Segundo ele, não há como saber quando foram abertos ou como foram armazenados. Assim, existe a possibilidade da presença de Clostridium botulinum. Pedro conta que uma coisa muito comum em Pelotas é a maionese caseira: ela acompanha lanches, pizzas, batata frita e o que mais você imaginar. Esse também é outro receio dele para consumo fora de casa, pois não se sabe o grau de higienização com que foi produzida, se está segura ou não. Mas por incrível que pareça Pedro come sushi sem restrições e também frutas e hortaliças sem lavar. 
Stela Avelar, médica veterinária de Belém, não consome alimentos de feiras e mercados, pois ela conhece o cenário e a falta de fiscalização sanitária, já que esses locais não possuem qualidade sanitária na sua infraestrutura e nos alimentos comercializados. Também não consome alimentos oriundos do mar pela alta probabilidade de estarem contaminados.

E você? Conte-nos o que não come fora de casa e por quê.

Agradeço a todos os entrevistados que possibilitaram a criação desta matéria. 

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Cuidado: sua ceia pode ser contaminada pelo peru mal manipulado!!

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Festas de final de ano são sempre um momento para redobrar os cuidados para evitar as DTAs, Doenças Transmitidas por Alimentos. A maioria dos casos é causada por Campylobacter, uma bactéria ligada a 280.000 casos de infecção alimentar a cada ano, dados são da Food Standards Agency (FSA), Turquia. Os casos são provenientes de aves natalinas (perus); sendo que a cada cinco casos, quatro são provenientes da falta de higiene e controles sanitários.

Nessa época as pessoas compram mais alimentos, os alimentos ficam expostos por longas horas sem refrigeração  (no Brasil as temperaturas são elevadas no período de festas) e estocam sobras, muitas vezes, consumindo-as por vários dias.

Os perigos começam com o cozimento, se a ave natalina não for cozida adequadamente, bactérias como a Salmonella  e Campylobacter podem sobreviver e causar infecção alimentar. O Clostridium perfringens também é considerado um perigo, pois é causador de infecções. O reaquecimento das sobras pode inativar a bactéria mas nem sempre destroe seus esporos.

Os esporos são inofensivos quando ingeridos logo após cozinhar. No entanto, eles podem germinar e, em seguida, multiplicar e isto acontece com alimentos deixados fora de refrigeração por longo período.

Eliminando os riscos: 

  • Descongelamento caseiro: o peru deve ser descongelado sobre refrigeração, no máximo 10°C, nunca em temperatura ambiente.  Para descongelar um peru, leva em torno de 12 horas por quilograma a temperatura de  4°C em frigoríficos, portanto a 10°C** um peru de 2Kg levará em torno de um dia para descongelar (blogfoodsafetybrazil).
    Leve ao forno o produto completamente descongelado, caso contrário ele poderá ficar com partes mau cozidas e os microrganismos permanecerão vivos.

        **Pode variar dependendo do tipo de refrigerador.

  • Contaminação cruzada: microrganismos presentes em perus ou aves natalinas cruas se espalham facilmente sobre as bancadas, utensílios e mãos. Cuidado: utilize facas específicas, lave bem as mãos após a manipulação, higienize as superfícies com álcool 70º. Nessas preparações costuma-se trabalhar com vários tipos de alimentos, alguns não serão reaquecidos, como a farofa por exemplo,  caso exista uma contaminação cruzada de utensílios, mãos da preparação da ave crua devem ser lavadas antes de irem para a farofa, pois o risco seria grande de causar uma contaminação.
    Nessas fotos feitas pelo Dr. Ackerley (http://www.dailymail.co.uk) o peru  foi coberto com um gel especial e pó que imita como as bactérias se agarram a superfícies, e utilizado uma luz ultra violeta para visualização da viagem dos micro-organismos pela cozinha.
  1. O manipulador esfrega as mãos no peru com óleo (representação dos micro-organismos) e a as mãos ficam azuis:sua_ceia_pode_estar_contaminada1
  2. Realiza uma lavagem rápida das mãos (apenas com água) e a pia fica azul. A bactéria Campylobacter pode sobreviver por 4 horas em superfícies:sua_ceia_pode_estar_contaminada2
  3. Este papel toalha foi respingado com água  durante a lavagem das mãos contaminadas e os respingos contaminados ficam azuis:sua_ceia_pode_estar_contaminada3
  4. Salgando os alimentos depois da rápida lavagem de mãos (ineficaz) e transferindo micro-organismos para o tempero:sua_ceia_pode_estar_contaminada4
  5. Contaminando a manteiga, esta será usada para untar a forma e voltará para geladeira (contaminação cruzada):sua_ceia_pode_estar_contaminada5
  6. E finalmente, peru ao forno, chega a hora de saborear um bolinho… Contaminado:sua_ceia_pode_estar_contaminada6

Visualizar a contaminação cruzada nos faz tomar os cuidados necessários para evitar as DTAs e assim comemorar as festas de final de ano sem perigo.

Desejamos  uma saudável ceia, cheia de sabor e livre de micro-organismos!

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