Frangos criados sem antibióticos podem ser realidade nos EUA. E no Brasil?

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A crescente resistência dos microrganismos aos antibióticos já foi assunto de vários posts publicados aqui. Entre as bactérias patogênicas que contaminam alimentos, a Salmonella destaca-se por sua elevada resistência.

Na luta contra estas superbactérias, os especialistas recomendam várias medidas, sendo que o uso racional de antibióticos na criação de animais é uma das mais destacadas.

Em maio de 2014, um grupo de trabalho constituído por cientistas dos Estados Unidos e da União Europeia divulgou um relatório criticando o uso indiscriminado de antibióticos na criação de animais para o consumo. Nos EUA, a rede McDonalds anunciou em março deste ano que fará a eliminação progressiva do uso de antibióticos na criação dos frangos que suprem seus 14.000 restaurantes norte-americanos. Desde então, grandes produtores de frango do mercado estadunidense assumiram o compromisso público pelo uso responsável de antibióticos na produção de frangos.

O frango não é o único animal criado com antibióticos, mas tem sido o principal foco da indústria na tarefa de reduzir o uso destes medicamentos. Há várias razões para isto, como demonstra um artigo recente publicado na Food Safety News. Antes de tudo, é preciso lembrar que os frangos produzidos para servir de alimento têm vida curta, tipicamente de 42 a 45 dias. O gado, por exemplo, necessita de pelo menos 18 meses para atingir peso de mercado. Neste sentido, é mais fácil criar aves com menos ou sem antibióticos do que o gado, porque há muito menos oportunidades de infecção por microrganismos.

Porém, mais importante ainda é que as grandes empresas produtoras de frangos têm sistemas de produção verticalmente integrados. Isso significa que uma mesma empresa possui e controla as várias fases de produção, desde a geração até a criação e o abate das aves, passando pela fabricação da ração, etc. Então, torna-se mais fácil controlar e reduzir o uso de antibióticos, pois elas não dependem de produtores independentes.

A próxima fonte de proteína animal a ser isenta de antibiótico deverá ser o peru, seguido de outros animais com maior expectativa de vida. A Cargill anunciou em 2014 que iria parar de usar antibióticos na criação de seus perus. Nota-se que, nos EUA, as indústrias estão sendo questionadas sobre o uso de antibióticos por entidades públicas e por associações de consumidores e estão respondendo às pressões.

No Brasil, a empresa Korin já produz frangos sem antibióticos e também possui certificação de Bem Estar Animal da HFAC – Humane Farm Animal Care. Agora é torcer para que esta moda se espalhe.

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4 thoughts on

Frangos criados sem antibióticos podem ser realidade nos EUA. E no Brasil?

  • Adriana Doimo

    Oi, Humberto. Sim, isso é possível no Brasil e já ocorre. A criação de frangos sem uso de antibióticos é realizada pela empresa Korin.

    • Humberto Soares

      Grande notícia, Adriana. Agradeço por informar a mim e a outros leitores sobre esta empresa, que produz frangos e ovos sem antibióticos e também possui a certificação de Bem Estar Animal da HFAC. O trabalho desta empresa brasileira, inclusive, pode ser assunto para um outro post.

  • Luiz Cação

    Honestamente, não acredito que estou lendo essa notícia nesse site. Poderiam se informar melhor sobre a produção de frangos no Brasil, leis e mercados de aves.

    • Humberto Soares

      Prezado Luiz
      Não questionamos a legalidade do uso dos antibióticos nem seu controle por parte das autoridades e sabemos que há interesse dos produtores em manter os níveis baixos, respeitar períodos de carência e até empenho em não usá-los. O enfoque do post é demonstrar que a pressão de clientes líderes tem o poder de influenciar toda uma cadeia a modificar seus métodos produtivos para que nem como “plano B” os antibióticos sejam usados.

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