Se você é dono de um serviço de alimentação, pode ter se deparado com esta dúvida em algum momento e, até mesmo, pode ter trocado de empresa responsável pela desinsetização no seu estabelecimento achando que o trabalho não estava sendo eficaz. Todavia, o controle químico não é a única maneira de evitar a presença de pragas no seu estabelecimento! Então, se a desinsetização está em dia, por que baratas e outras pragas continuam aparecendo no restaurante?
Muitas vezes, precisamos prestar atenção em alguns detalhes que vão além do controle químico para evitar a presença de pragas nos serviços de alimentação.
O controle de pragas é definido pela RDC 0216/2004 como “sistema que incorpora ações preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores e pragas urbanas que comprometam a qualidade higiênico-sanitária do alimento.” Ou seja, para o controle de pragas ser eficaz, precisamos eliminar o que as atraem:
– Alimento e água
A higienização deficiente pode ser uma das atrações principais para pragas urbanas. Restos de alimentos e água disponível formam um prato cheio para elas!
As instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios devem sempre ser mantidos em condições higiênico-sanitárias apropriadas. As operações de higienização devem ser realizadas por equipe comprovadamente capacitada e com frequência que garanta a manutenção dessas condições.
Os coletores utilizados para deposição dos resíduos das áreas de preparação e armazenamento de alimentos devem ser dotados de tampas (lixeiras abertas também podem ser sinais de problemas!). Além disso, os resíduos devem ser frequentemente coletados e estocados em local fechado e isolado da área de preparação e armazenamento dos alimentos, de forma a evitar a atração de vetores e pragas urbanas.
– Abrigo
As instalações físicas como piso, parede e teto devem possuir revestimento liso, impermeável e lavável. Devem ser mantidos íntegros, conservados, livres de rachaduras, trincas, goteiras, vazamentos, infiltrações, entre outros. As áreas internas e externas do estabelecimento devem estar livres de objetos em desuso ou estranhos ao ambiente. Tudo isso pode servir de moradia para pragas.
– Acesso
As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser armazenados sobre paletes, estrados e ou prateleiras, respeitando-se o espaçamento mínimo necessário para garantir adequada ventilação, limpeza e desinfecção do local. Os paletes, estrados e ou prateleiras devem ser de material liso, resistente, impermeável e lavável. Além de garantir a limpeza, essas medidas também dificultam o acesso aos alimentos.
Outro cuidado necessário é com as portas e as janelas da área de preparação e armazenamento de alimentos. Elas devem ser mantidas ajustadas aos batentes e ser dotadas de fechamento automático. Além disso, as aberturas externas, inclusive o sistema de exaustão, devem ser providas de telas.
– Proliferação
Se eliminarmos o abrigo, a água, o alimento e o acesso, a proliferação de pragas urbanas torna-se mais difícil no estabelecimento. Assim, a desinsetização por controle químico será muito mais eficaz!
– POP
É importante lembrar que os POPs (Procedimentos Operacionais Padronizados) e registros relacionados ao controle integrado de vetores e pragas urbanas são essenciais para colocar as medidas preventivas e corretivas destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores e pragas urbanas em prática.
Você costuma ter problemas com desinsetização, vetores e pragas urbanas? Escreva sua experiência nos comentários!
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Leonardo
Ótimo conteúdo! Como sempre, ótimo tema!!
Mário Carlos de Filipi
Convém também que a adoção de praticas de cunho preventivo/ corretivo sejam discutidas com o profissional controlador de pragas que não só deve realizar aplicações de produtos, mas também avaliar o ambiente, identificar práticas operacionais ou problemas estruturais que promovam a entrada, instalação e proliferação de pragas no estabelecimento, relatar isso ao contratante e em conjunto estabelecer um plano de ação. Também adotar uma frequência de visitas técnicas para aplicações e/ou monitoramentos que seja adequada ao controle eficaz (a RDC 52/2009 da ANVISA define como no mínimo 1 vez ao mês). Muitos estabelecimento pecam em se preocupar apenas com a “exigência da Vigilância Sanitária local” e acabam realizando visitas semestrais ou até mesmo anuais, o que absolutamente não é recomendado para qualquer estabelecimento que lide com alimentos. Por último, ao contratar uma empresa controladora de pragas, certifique-se de que esta esteja devidamente registrada na Vigilância Sanitária, tenha um responsável técnico devidamente anotado na ART e esteja também cadastrada no conselho regional ao qual pertence o seu responsável técnico. Além disso, exija uma visita técnica para avaliação do local, avalie o conhecimento do representante da empresa e busque referências. Não baseie sua escolha apenas no valor do orçamento e nas promessas de que “você nunca mais vai ver uma barata aqui”. Fuja desse discurso.