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O papel da Segurança Ocupacional na promoção da Cultura de Segurança de Alimentos

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No dia a dia das indústrias de alimentos, observamos que a atuação da Segurança Ocupacional e de Alimentos são totalmente dependentes e complementares para a Promoção da Cultura de Segurança de Alimentos.

Vale ressaltar que algumas situações muito corriqueiras enfatizam essa complementação. Dentre elas, podemos ressaltar:

  1. A ausência de luminosidade adequada na área de produção, ocultando e mascarando potenciais riscos, como por exemplo: não identificar as sujidades e consequentemente as possíveis contaminações.
  2. O equipamento com funcionamento comprometido estimula o famoso “jeitinho” que pode resultar, inicialmente em incidente, mas também em acidente ou ser veículo para a contaminação dos alimentos. Afinal o improviso muitas vezes vira definitivo, comprometendo o relacionamento perfeito entre a NR-12 e as boas práticas.
  3. A qualidade de todo processo é limitada por falta de materiais e recursos impactando nos controles e nas práticas de segurança. O armazenamento inadequado de alimentos, por falta de utensílios apropriados, aumenta a possibilidade não só de contaminação, mas também em médio prazo, do desperdício, pois o que era visto como economia por não desprender investimento, acaba virando resíduo. Lembrando que não trabalhamos mais com o termo “lixo”.
  4. Jornadas excessivas, horários apertados, equipe subdimensionada e postura inadequada podem gerar riscos físicos, ergonômicos e de acidentes, assim como um aumento no número de afastamentos por doenças, possíveis ocorrências de acidentes devido desgaste físico, fadiga e stress.

Todos estes riscos devem estar previamente mapeados no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) atendendo aos Requisitos preconizados pela nova NR-1. A empresa deve eleger quais as ferramentas e técnicas de avaliação são mais adequadas à realidade apresentada em cada ambiente de trabalho. Com isso, o mapeamento e controle dos riscos ambientais, bem como as ações de higiene ocupacional e inspeção regular auxiliam as Boas Práticas na sua execução de forma adequada e segura.

A Síndrome de Burnout, CID 11, foi definida pela OMS como “resultante de um estresse crônico associado ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado”. Em janeiro deste ano, Burnout entrou para o grupo de doenças do trabalho. Isto reforça a associação entre o ambiente laboral tóxico e os problemas de saúde mental desenvolvidos pelos colaboradores.

É simples perceber que toda empresa, assim como as áreas de segurança ocupacional e de alimentos, possuem um interesse comum que é o fator humano, isto é, a pessoa do trabalhador. Esse olhar integrado pode permitir em um primeiro momento melhorias incríveis, tais como: interfaces homem-máquina mais bem elaboradas no plano ergonômico, processos mais legíveis e estruturados, atenção, análise e registros dos incidentes e acidentes, formação mais aprofundada e técnicas dos manipuladores de alimentos e operadores, entre tantas outras.

Por fim, o percurso para a promoção da Cultura de Segurança de Alimentos ainda é longo, mas se todos caminharem juntos certamente será mais agradável e de grande aprendizado. É preciso ter consciência de que o desafio da cultura de segurança de alimentos está atrelado a muitas outras áreas e perspectivas, que ultrapassam tanto o controle de qualidade como a segurança dos alimentos.

E para você, qual é a área mais importante dentro de uma empresa? Quem é responsável pela segurança da empresa? Em qual segurança de fato confiamos? Cabem essas perguntas?

O todo é sempre mais importante do que a soma das partes!

Promover a segurança em todas as áreas é papel de todos nós!

Autores: Larissa Dias Campos, Elaine Pinto, Carlos Renato Cortes Aquino, Gisela Silva da Costa, Yoly Gerpe Rodrigues, Sérgio Thode Filho. Todos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PCTA/IFRJ)

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Acidentes de trabalho na produção de alimentos: o que é mais importante?

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Hoje vou abordar um tema que além de muito importante sempre causa um certo “conflito de interesses” pois gera bastante desconforto ou contradição. Como atuar em situações de acidentes de trabalho na produção de alimentos?

O que é mais importante? Com o que devemos nos preocupar?

É muito comum termos nas organizações “células” segregadas. Posso até arriscar que quando há uma interação os assuntos se agrupam em:

  • Qualidade + Segurança de Alimentos;
  • Meio Ambiente + Saúde e Segurança Ocupacional.

Então, se a gestão não é muito interativa, há uma disputa pelas prioridades.

Na minha opinião, a maioria das ocorrências são compartilhadas e em alguns momentos não conseguimos desvincular…. e em muitos casos, estas situações do dia-a-dia se relacionam com mais de dois temas ao mesmo tempo.

O que eu quero dizer com isso?

Quero dizer que é frequente que situações de segurança de alimentos envolvam práticas de meio ambiente e/ou saúde e segurança ocupacional. Posso citar aqui alguns exemplos em que os temas geralmente são comuns:

Mencionei apenas cinco, mas se formos avaliar mais profundamente, temos diversos outros temas que são relacionados.

E daí vem uma pergunta que não quer calar.

O que é mais importante numa situação em que um manipulador de alimentos sofre um acidente?

O colaborador pode perder o dedo desde que o membro ou o sangue não caiam sobre o produto?

Fazendo uma reflexão, entendo que este cenário de emergência tem como prioridade a vida e/ou bem-estar do manipulador. Se isso causou estranheza ou choque, vou explorar meu raciocínio.

O manipulador de alimentos, numa situação de acidente grave (considerando inclusive extremos de perda de movimentos ou amputação de membros) pode ter um prejuízo para sua vida que não é mensurável ou recuperável.

Contudo, se nesta mesma situação o processo de produtos potencialmente inseguros e não conformes estiver funcionando corretamente, o risco de contaminação para o produto será contido e administrado. Então,  sempre vou achar que o mais importante é a saúde das pessoas. Não faz muito sentido para mim ter um produto extremamente seguro, com todos os controles e tecnologias de monitoramento, se não é relevante para a organização o seu público interno. Que inclusive é a maior propaganda que uma empresa pode ter.

Por isso digo que os assuntos não podem ser desconectados.

Isso não significa que não acredito ser relevante a segurança do produto em processo. Muito pelo contrário, entendo que é uma falha gravíssima que o produto seja tratado com descaso e não seja avaliado, segregado e descartado se necessário. Mas isso significa que o produto potencialmente inseguro ainda pode ser bloqueado, ser retrabalhado (se possível) e em última instância ainda ter o recolhimento feito, se necessário. Desta forma, garantimos que a saúde de nosso consumidor está preservada! O que não é recíproco se falamos da saúde ou da vida de um colaborador. Aquele momento do primeiro atendimento pode ser imprescindível para decidir se o dano será reversível ou irreversível.

Na longa estrada de experiências que tive a satisfação de percorrer, certa vez vivenciei uma situação em que em um processo simulado de emergência ocupacional houve a atuação da brigada de emergência com extintores de incêndio e uma etapa do processo que não era enclausurada foi contaminada diretamente com o pó do extintor.

A situação foi contornada, o produto bloqueado e nada foi expedido fora dos parâmetros de qualidade e segurança de alimentos.

Contudo, entendo que foi uma atividade com um planejamento inadequado e que não previu este impacto no processo. Foi uma única área, pensando somente no trabalho de quem realizou uma atividade que deveria ser positiva (pensando na capacitação e simulação de uma emergência) e causou impactos no processo, na segurança do produto e também no custo de descarte do material.

Aqui reforço novamente que nós que somos da célula de segurança de alimentos não podemos enxergar somente o que nos interessa. Assim como as demais células precisam estar engajadas e alinhadas com os conceitos de segurança de alimentos, é necessário que tenhamos o cuidado de perceber qual o impacto das nossas atividades nas áreas de organização.

Temos que trabalhar para que nossos processos de emergências e gerenciamento de produtos potencialmente inseguros e não conformes estejam alinhados a ponto de garantir a segurança e saúde de nosso público interno tanto quanto de nosso público externo. Este é o desafio!!

O mais importante é cuidar da vida das nossas pessoas: nossos colaboradores e nossos consumidores!!

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Controlar alergênicos é tão importante para o consumidor quanto para o colaborador

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A implantação de um sistema de gestão de segurança de alimentos tem vários pontos chaves e importantes, seja quando pensamos em infraestrutura, seja em documentação.

A lista de tarefas que envolve a implantação de um sistema é realmente grande e, às vezes, analisamos um assunto apenas de uma perspectiva. Se falarmos sobre análise e controle de alergênicos, por exemplo, o SGSA tem toda a preocupação em avaliar criticamente o impacto de uma contaminação para os consumidores, considerando todo o processo, desde a fabricação dos ingredientes até o produto final estar disponível na prateleira.

Mas, e o público interno?

Devemos nos preocupar com nossos colaboradores da mesma forma como nos preocupamos com nossos consumidores. Afinal de contas, uma reação alérgica pode ter consequências muito relevantes e pode ocorrer pela simples exposição a um ambiente onde o alergênico está presente.

É importante avaliarmos se os processos onde há a presença de alergênicos também podem expor os colaboradores a um risco ocupacional. Esta ação é importante para os processos que já estão em vigor, e também para novos processos ou novos produtos.

Uma forma de se mapear o público que pode ser impactado é fazer uma pesquisa simples para os colaboradores que já fazem parte da empresa. Não podemos nos esquecer, contudo, de que este processo também é aplicável ao processo seletivo de novos funcionários (baixe aqui um exemplo de questionário).

Imagine só o desgaste (tanto para a empresa quanto para o profissional) e o risco, se após todo o processo seletivo, o candidato escolhido sofrer uma reação alérgica nos primeiros dias de trabalho! Por esta razão, minha sugestão é que o questionário seja aplicado logo no início da seleção.

Aqui podemos fazer uma pausa para explicar que o intuito não é discriminar nenhum candidato ou colaborador e sim entender qual a melhor função para encaixá-lo, considerando os riscos que possam estar envolvidos.

Não se esqueça de que a avaliação de alergênicos tem que se relacionar com a análise de perigos ocupacionais. Afinal, as pessoas da organização são tão importantes quanto os consumidores!

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