3 min leitura
0

Carreira | Entrevista com Elissandra Lambert

3 min leitura

Se você é estudante da área de alimentos e tem interesse em conhecer um pouco mais da rotina do responsável por segurança de alimentos, este post é para você.

Segurança de alimentos é inegociável. Em geral, é comum ter um responsável, um líder neste tema dentro das indústrias de alimentos. Para mostrar um pouquinho do dia-a-dia de um coordenador de segurança de alimentos, entrevistamos Elissandra Lambert, que atualmente trabalha em uma grande multinacional e possui vasta experiência na área.

  1. Qual é sua formação e por que começou a trabalhar com segurança dos alimentos?

Sou formada em Engenharia de Alimentos pela UFRRJ. Ainda na faculdade, fiz cursos de BPF e APPCC no Senai, e comecei a me envolver com a indústria em pequena escala, durante um projeto de dois anos como bolsista PIBIC. Nesse projeto, pude aprender desde o desenvolvimento do produto, sua produção, as análises necessárias de qualidade e segurança microbiológica, de acordo com a legislação, até sua aceitação pelos consumidores. Essa pequena experiência na área de microbiologia me proporcionou um diferencial durante um processo seletivo de que participei em uma grande multinacional para uma função na área de microbiologia e para a qual fui selecionada.

Desde então, minha carreira trilhou-se para a área da Segurança de Alimentos, trabalhando com microbiologia, auditorias do Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos (ISO 22000), sendo membro da Equipe de Segurança de Alimentos, posteriormente na função de Higienista, e há 5 anos como Coordenadora de Segurança de Alimentos.

  1. Como Coordenadora de Segurança dos Alimentos, quais são suas responsabilidades?

Na função de Coordenadora de Segurança de Alimentos, minha principal responsabilidade é prover e promover um sistema de segurança de alimentos robusto e sustentável em todo o processo de fabricação do produto seguro para que o consumidor possa consumir de olhos fechados.

  1. Conte para nossos leitores como é a sua rotina, suas atribuições…

O dia-a-dia de um coordenador dificilmente se repete no seu conteúdo. Sempre há situações novas. Participo de reuniões diárias de avaliação do dia anterior (SDCA) e reuniões semanais com visão estratégica do sistema de qualidade e segurança de alimentos (PDCA), reuniões de sistema com outras normas como gerenciamento de mudanças, reuniões extraordinárias para alinhamentos ou solução de issues e reuniões de análise crítica do sistema de gestão de segurança de alimento. Em cada caso, avalio a situação, levanto oportunidades de melhoria e/ou trato algum desvio ocorrido nos monitoramentos e padrões definidos (ex: PCC, PPR) avaliando impactos e necessidades. O GEMBA (chão de fábrica) faz parte do meu dia a dia, afinal é lá que tudo acontece. Coordeno uma equipe pequena ligada aos assuntos de higiene e sistemas e juntos levantamos melhorias, implantamos e implementamos novas metodologias, desenvolvemos programas de capacitação para nossos colaboradores e apoiamos o processo produtivo como um todo para produção segura.

  1. Quais foram, ou têm sido, os maiores desafios em coordenar segurança de alimentos em uma multinacional?

O maior desafio é me desafiar e desafiar minha equipe diariamente. Inovamos em sistemas cada vez mais precisos e sustentáveis na prevenção de defeitos relacionados à segurança de alimentos envolvendo toda a cadeia, implementando novas legislações e requisitos internos, e mantendo todos os colaboradores capacitados e envolvidos com a criticidade merecida. 

  1. O que você recomendaria para um estudante da área de alimentos que deseja atuar nesta área? Algum conselho?

Um conselho: não confie em fórmulas prontas para a prática de segurança de alimentos. Sim, existem sistemas e metodologias prontas, mas que deverão, contudo, ser ajustáveis ao seu processo. Será sempre preciso estudar e entender qual a real necessidade do seu processo considerando o tipo, qual perigo existente, a qualificação e amadurecimento da sua mão-de-obra e a cultura local. Também é fundamental considerar especialização em cursos extras como a norma FSSC 22000, APPCC, BPF, e se aprofundar nos assuntos de segurança de alimentos por leituras de artigos, revistas relacionadas, inclusive pelo blog Food Safety Brazil, que é uma ótima fonte de diversos assuntos relacionados ao tema. Somente após esta formação, conseguirá implementar um sistema seguro. Se me perguntarem: é fácil? Direi não. Mas é prazeroso se desenvolver e ver acontecer. 

3 min leituraSe você é estudante da área de alimentos e tem interesse em conhecer um pouco mais da rotina do responsável por segurança de alimentos, este post é para você. Segurança […]

2 min leitura
0

Auditoria Gemba Walk: local onde as coisas acontecem!

2 min leitura

De origem japonesa, a expressão genba, significa “local onde as coisas se passam”, e corresponde ao percurso físico realizado no “chão da fábrica”, ao longo de toda a cadeia de operações. O Gemba Walk tem como finalidade a observação criteriosa do fluxo produtivo. Trata-se de uma avaliação crítica do passo a passo do processo produtivo tomando como retrato fiel o que se passa em campo, analisando corretiva ou preventivamente os problemas e possíveis fontes de contaminações nas indústrias de alimentos. Uma boa condução de Gemba Walk promove ideias, inovações, oportunidades, melhoria e solução corretiva para os desvios de qualidade nos processos produtivos.

Um gemba walk deve ser iniciado no chão de fábrica toda vez que ocorrer um problema ou para evitar o surgimento de novos. Os gestores e a equipe multidisciplinar devem ir em campo para entender o impacto total do problema, recolhendo dados e fatos de todas as fontes. Ao contrário das outras auditorias, as visitas gemba não devem seguir roteiros. Tudo pode ser potencial causa de problema no processo. A ideia base é que você vá a campo, veja, converse com o operacional e anote todas as informações coletadas. Seja um bom ouvinte. Faça registro fotográfico de tudo que for avaliado e inspecionado em campo.

A prática de gemba em grandes indústria de alimentos é a melhor oportunidade para o executivo identificar potenciais problemas de segurança do trabalho, possíveis fontes de contaminação, desperdícios na linha de processo, estado dos equipamentos, estabelecer um relacionamento com os trabalhadores, e formar uma ideia clara das prioridades de melhoria contínua em que deve apostar permitindo-lhe constatar em primeira mão, na linha de frente, os problemas que afetam a cadeia de valor das suas organizações.

Ir ao local, observar, perguntar, ouvir, registrar e compreender. Sua prática exige aprendizagem, pois uns olhos não treinados deixam inevitavelmente escapar, no início, pormenores importantes. Não é preciso fazer como o Sistema de Produção Toyota, que forçava jovens trainees a ficar de pé dentro de um círculo de giz traçado no chão até serem capazes de identificar alguns dos múltiplos pequenos problemas e falhas que iam ocorrendo no seu campo de visão. Porém, os primeiros gemba walks devem ser realizados por uma equipe multidisciplinar acompanhada por especialista da área de processo. Com os aprendizados vividos e a prática realizada, você já será capaz de fazer este percurso sozinho como um hábito.

O Gemba parte das análises e ocorrências surgidas. Então, toma-se um fluxograma e caminha-se ao chão de fábrica para visualizar no local quais as etapas do processo e onde podem estar ocorrendo desvios que poderão impactar diretamente os requisitos da qualidade.  Com base na visita ao processo e nas conversas com os operadores, o time deve partir para uma reunião onde devem ser estruturadas as informações que determinarão as possíveis causas raízes do problema. Outras informações poderão surgir durante a discussão do grupo. Contudo, as que foram determinadas como as de maior impacto devem ser consideradas como de maior importância. As ações propostas devem ser acompanhadas quanto à sua evolução e validação.

O Gemba Walk é uma metodologia bastante eficaz na tratativa dos modos de desvio e na busca das causas raízes. O foco maior da metodologia é buscar sempre a fonte do problema, atacar ativamente a causa e não remediar o efeito.

2 min leituraDe origem japonesa, a expressão genba, significa “local onde as coisas se passam”, e corresponde ao percurso físico realizado no “chão da fábrica”, ao longo de toda a cadeia de […]

Compartilhar
Pular para a barra de ferramentas