Recentemente, uma série de crianças com alergia a leite apresentaram reações ao consumirem um dado produto disponibilizado ao mercado consumidor. Este produto, consumido até então sem receio pelos alérgicos a leite, não contém leite em sua composição, mas é processado no mesmo maquinário que produz uma variação que contém leite (e a empresa garantia não haver risco de contaminação cruzada por que a linha passava por “rigoroso processo de limpeza”).
Após as reações relatadas nas redes sociais em grupos distintos por famílias de cidades diversas, os consumidores ficaram com receio e entraram em contato com a empresa, a qual foi bastante atenciosa e rápida, prontificando-se, no caso das famílias que tiveram reações após o consumo, a recolher os produtos para análise. Em poucos dias, retonaram para os consumidores (não apenas para os que tiveram reações e embalagens recolhidas, mas também para aqueles que ligaram por receio de alteração na composição) e disseram que as análises realizadas que não teriam acusado a presença de leite. Não foram apresentadas cópias dos laudos.
Um dos consumidores, percebendo a coincidência de casos de reações, temendo não receber a informação precisa que o Código de Defesa do Consumidor lhe salvaguarda e objetivando evitar acidente de consumo, que, no caso desta pessoa, poderia ser muito grave, optou por realizar os testes de forma paralela. Assim, antes de entregar a embalagem à indústria, foi procurar nos mercados da região onde adquiriu o mesmo produto, com mesmo lote, data de fabricação e validade (porque havia produtos do mesmo lote com validades distintas) para encaminhar a algum laboratório. Pois desde o primeiro acionamento do serviço de atendimento ao consumidor, ele recebeu contatos diários (várias vezes ao dia) até a data em que entregou o produto para análise pelo fornecedor. Além disso, antes mesmo que a embalagem fosse recolhida, recebeu telefonema da empresa informando que analisaram um produto com mesmas características e que não havia leite na amostra. Ademais, um dia após o recolhimento, já entraram em contato para dizer que não havia a presença de leite na amostra do consumidor. O curioso é que, ao mesmo tempo em que estavam seguros de que o produto não apresentava riscos, queriam fotos da reação, parecer da alergista que acompanha o consumidor, saber se ele pertencia a alguma associação formal ou informal de alérgicos a leite. Tudo o que esse consumidor pediu, desde a análise do produto, foi cópia do laudo, o que nunca foi atendido.
Em paralelo, foram contatados cerca de 10 laboratórios, dentre aqueles de universidades e os particulares. O primeiro desafio foi identificar, em tese, quais estariam aptos e realizar o teste para identificação da presença de proteínas de leite pelo método ELISA. Muitos disseram não ter este know how. Dois deles se mostraram aptos e solícitos no primeiro contato, quando o consumidor ainda estava consultando se o laboratório tinha expertise, se trabalhava com o método ELISA, quais prazos e valores. A partir do momento em que foram encaminhadas fichas para que esse consumidor identificasse qual produto que seria analisado, a prontidão deu lugar a chamadas não retornadas, e-mails não respondidos ou, quando conseguia falar com um desses laboratórios, recebia orientação para que procurasse outro, pois eles estariam sem os kits para análise e que demorariam muito para dar uma resposta.
Em contato com o outro, após reiteradas tentativas de obter orientações sobre como enviar a amostra para realizar a análise, acabou recebendo um telefonema da empresa que fabrica o tal produto perguntando se estava tudo bem, se ainda havia dúvidas e reiterando que não teria havido nenhuma falha na fabricação do produto e que não existia risco da presença de leite. O consumidor, apesar de um pouco assustado com esse telefonema “do nada”, aproveitou para reiterar que queria ter acesso ao laudo, o que nunca foi atendido, nem em relação a esse consumidor e nem em relação aos demais que entraram em contato solicitando cópia.
Assim, mesmo com o sistema de defesa do consumidor prevendo amplo acesso a informação, especialmente com o objetivo de proteger vida, saúde e segurança do consumidor, estamos vivendo ainda um contexto no qual a indústria (ao menos esta) prefere deixar de garantir o direito à informação dos consumidores que experimentaram reações, deixando-os inseguros quanto à possibilidade de consumir o produto. Desde esses episódios, muitas famílias deixaram de consumir, outras reduziram o consumo por receio de reações.
A pergunta que fica: por que optaram por não transmitir a segurança aos consumidores, o que se daria pela divulgação ampla de laudos negativos?
Imagem gentilmente cedida por uma das mães envolvidas. Essa criança teve reação de pele e sangramento nas fezes após consumo do lote em questão. Outros lotes foram consumidos sem problemas.
Jacqueline
Por favor preciso saber que produto foi esse, pois tenho um sobrinho que tem um alto grau de aplv, ele vai fazer 3 anos e a mae tudo que da tem que ler rotulos, ele pode morrer se consumir um produto desse e nao for atendido de urgencia.
grata
Ana Paula
Eu acho que é Becel.
Simone Bailo Rangel
Gostaria muito de saber qual é esse produto, pois minha filha tem a aplv mto forte.
maria esther figueiredo
Porque ao consumidor não procurou o PROCON, ou a PROTESTE ou a VISA, ou outro órgão de defesa do consumidor com mais “Força” de ação?? Bem se sabe que existe uma prssão muito grande do mais forte ppara o mais fraco… Agora até nós ficamos sem saber que produto e que empresa é essa!!!
Maria Cecília Cury Chaddad
Simone e Jacqueline, houve suspeita de contaminação com leite no meio deste ano. A empresa garante que não houve contaminação e que tem laudos atestando a segurança. Desde agosto, desconheço novos casos de possível reação. No caso específico desta criança da foto, por exemplo, a família voltou a consumir o produto (outros lotes) e não houve novas reações.
Maria Cecília Cury Chaddad
Maria Esther, o Procon somente é acessível a quem tem cadastro efetivo e paga uma taxa. A orientação que o consumidor recebeu do atendente do Procon foi que, por lá, o tema poderia demorar a ser solucionado em vista da grande demanda que atendem. Assim, como ele estava com recursos financeiros para bancar a análise clínica, tentou “por conta”. Foram meses tentando realizar as análises sem sucesso.
Sobre VISA, a resposta que deram foi a de que não existiria “contaminação por leite”, não haveria norma regulamentando o tema e, assim, não existira o que ser feito.
thaisa
gostaria de saber qual é o produto (o nome) que esta nesta reportagem como eu e muitas outras maes tem filhos com alergia ao leite e o meu filho tem alergia a proteina do leite gostaria de saber desde ja obrigado….
Ruza Gabriela
Tive esse problema entrei em contato; recolheram meu produto e ate hj nao me deram reposta. Por seguranca deixei de consumir e minha filha esta otima!!!
Karina
Pq raios ñ aparece o nome do produto? Ridículo.
Ana Lucia Alves
Corre a informação de que é a Becel!
Thiago
Agora a BECEL esta vindo, escrito que contém leite nele. Mas ja atrapalhou nossa vida por muito tempo.