Uma das palestras do evento VII Seminário de Aplicação das ferramentas APPCC, PPHO e BPF realizado no Ital em 24 de abril de 2013 abordou o tema falhas nos controles de food safety e suas consequências financeiras. Esta palestra foi muito bem conduzida pela Rosinely Martins, da SGS.
Rosinely destacou que a segurança dos alimentos está relacionada a um valor intrínseco e portanto dificilmente mensurável que é o valor da marca. Trata-se de uma questão cultural e de formação profissional que evita problemas de saúde pública e que pode envolver ações criminais. Destacou ainda que com o uso das diferentes redes sociais ( Facebook, Twitter, Orkut, Myspace, etc) um problema de um consumidor passa a refletir em seus seguidores, sendo facilmente disseminado rapidamente. Assim, uma vez que a imagem de uma empresa foi afetada dificilmente será recuperada. Nesta ocasião, a palestrante citou os casos e as consequências dos cases Jack in the box e Blue Tree Cabo de Santo Agostinho.
Em seguida apresentou alguns dados da Organização mundial da Saúde (WHO) relacionados a doenças transmitidas por alimentos:
- Estima-se que apenas 1% dos casos relacionados com doenças alimentares está registado
- As estatísticas servem apenas para identificar tendências e as áreas de maior preocupação
- ESTIMATIVA: Em 1989, o governo dos USA teve um gasto de quase U$7bilhões com toxinfecções alimentares
Em relação a composição de custos relacionados a problemas de segurança de alimentos, Rosinely pontuou que há:
– Custos diretos (recall, recolhimento, troca de produtos)
– Custos indiretos para consumidores (ações judiciais e assistência social)
– Custos indiretos de processo (mudança de processos, treinamentos)
– Custos sociais de ajuste do mercado (Marketing e Marca)
– Custos relacionados ao encerramento da empresa ou relocalização: interrupções na produção e desemprego.
Outro dado interessante apresentado foi o resultado de um estudo realizado pelo USDA que estima que em um período de 20 anos o valor ganho com os benefícios do HACCP podem chegar a mais de U$100 bilhões, considerando-se um HACCP de alta eficiência. Se o HACCP tivesse eficiência de 50%, o ganho com os benefícios poderiam chegar a U$13 bilhões.
Essa estimativa é conservadora pois considera somente as economias realizadas ao se evitar surtos de Salmonella, E. coli O157:H7,Campylobacter jejuni, Campylobacter colie Listeria monocytogenes. Como contrapartida, estima-se que os custos de implantação do HACCP cheguem a U$1bilhão nestes mesmos 20 anos, considerando nos custos:
– Plano HACCP documentado
– Adoção dos PPHO´s / POP´s
– Avaliação de contaminação por Salmonella e E.coli nas plantas e nos produtos.
Além do ganho financeiro, a implementação de um adequado programa de segurança dos alimentos fornece os seguintes benefícios: melhoria no nível dos controles (redução deperdas), reconhecimento pelo consumidor (aumento de vendas), evita recolhimento e recall (protege a marca) e melhora a capacitação da equipe (instrução e redução do turn over).
Ana Oliveira
Excelentes considerações da Rosinely. Merece ampla divulgação a fabricantes diversos que ainda consideram que o HACCP ou ISO 22000 são apenas despesas e não agregam valor a empresa.