No post que publiquei recentemente sobre embalagem celulósica (leia aqui), uma leitora perguntou: “a rotulagem de alergênicos leva em consideração a avaliação do produto após embalado? Para os demais alergênicos talvez não seja relevante, mas a maior parte das contaminações por látex vem das embalagens e as celulósicas estão entre as que mais contém látex”.
Achei muito interessante e resolvi compartilhar com todos vocês. Vamos lá… A legislação de rotulagem de alergênicos determina que o produtor de alimentos é o responsável por colocar o alerta do alergênico presente no produto. Isto ocorre de diferentes maneiras:
- Uso intencional de um ingrediente alergênico (ex.: adicionar leite na formulação do produto);
- Uso de um ingrediente que “pode conter alergênico” segundo informação do fornecedor (ex.: adicionar um aroma artificial no meu produto e o fornecedor deste aroma informa que ele pode conter trigo);
- Contaminação cruzada durante o processo de fabricação (compartilhamento de linha e utensílios – validação da limpeza insatisfatória);
- E por último, relacionado com a pergunta, alergênico presente na embalagem em contato direto com o alimento (ex.: envaso meu produto em embalagem que contém látex em sua composição).
Considerando este último caso, o produto terá que apresentar a declaração “PODE CONTER LÁTEX”, uma vez que pode haver a contaminação cruzada, já que o alimento está em contato direto com a embalagem. A questão é: O fornecedor de embalagem comunicou este risco ao cliente? Ou seja, informou que a embalagem fornecida contém ou pode conter látex? O fabricante de alimentos se preocupou em saber a composição da embalagem? Esse é o grande ponto! Comunicação dos perigos ao longo da cadeia de alimentos. Não é à toa que a norma ISO 22000 estabelece a comunicação como um elemento chave: “Comunicação é essencial para garantir que todos os perigos relevantes sejam identificados e adequadamente controlados em cada etapa durante a cadeia dos alimentos”.
Em 2006, testes financiados pela Food Standards Agency (FSA) em 21 tipos de embalagens mostraram que um terço dos alimentos destas embalagens estavam contaminados por látex. Estas descobertas levaram a novas regras de rotulagem para garantir que os consumidores estejam conscientes do uso de látex nas embalagens em toda a Europa. Nesta pesquisa, os cientistas encontraram em um biscoito de chocolate a quantidade de látex quase 20 vezes maior que o nível possível para levar um paciente sensibilizado a anafilaxia com risco de óbito.
Diante isso, a indústria de alimentos tem que estar atenta na composição da embalagem que usará para acondicionar seu produto e quando necessário, alertar o consumidor da possível presença de látex.
Referência: SLA | Síndrome Látex Alimento.
Ezequiel Perin
Bom dia
Vanessa
Em nossa empresa estamos trocando as luvas de latex por outros tipos de materiais para evitar ter que declarar – “pode conter traços de latex” – Lhe pergunto então, isto esta correto ?
vanessa cantanhede
Sim, com certeza! é a prática que as empresas estão adotando e eu indico. Assim reduz a necessidade de declarar o látex e sobretudo, possibilita que o publico alérgico ao látex possa comprar seu produto 🙂
Daisy Fortes
A substituição das luvas e de tudo que contenha látex no contato com alimentos começa a ser uma tendência mundial devido aos dados alarmantes de 2015 quanto ao aumento de diagnósticos de pessoas com alergia ao látex com reação cruzada a alimentos (Síndrome Látex Alimentos – SLA). Podem saber mais no blog http://www.slabrasil.com . Agradeço de coração pela matéria e a todos que optam pela retirada do látex.
PAULINO
muito bom os posts
Marcelo Garcia
Gostei do dado sobre migração de látex. Tem o link? Juliane
Leandro
Vanessa
Tenho uma dúvida: como ficam as empresas que produzem matéria-prima para as embalagens (p. ex industrias de vidro, papel, aço)? Mesmo se a matéria prima pra a embalagem de alimentos não conter látex, mas sofre algum tipo de manipulação por luvas de látex, você vê a necessidade de declarar? Existe o riso de contaminação do alimento?