A qualidade do ar comprimido na indústria de alimentos

3 min leitura

Em uma indústria de alimentos, a qualidade do ar comprimido pode ser um fator crítico para garantir a segurança do alimento. Muitas vezes, ele é a última utilidade a ter contato direto com o produto ou com a embalagem primária. Mesmo quando não tem contato direto com o alimento, um ar comprimido de baixa qualidade pode comprometer o acionamento de sensores eletropneumáticos que desempenhem funções críticas nos equipamentos.

“Por que garantir a qualidade do ar comprimido na indústria de alimentos” foi o tema apresentado por Margarete Nagata no IV Encontro de Profissionais da Garantia da Qualidade (ITAL, 4 e 5 de setembro de 2013). Margarete é engenheira de alimentos com grande experiência na área. Acompanhe, a seguir, um resumo de sua apresentação.

Conceito e Qualidade

O ar comprimido é o ar atmosférico sob pressão, ou seja, é o ar atmosférico submetido à ação de um compressor. Em áreas industriais ou urbanas, o ar atmosférico possui em torno de 120 milhões de partículas em suspensão. Este ar pode estar contaminado com microrganismos, poluentes e umidade. Além dos contaminantes que pode carregar da atmosfera externa, o ar comprimido também pode arrastar partículas carbonizadas do óleo lubrificante dos compressores e material oxidado das superfícies internas das linhas de distribuição. As consequências desta contaminação são sérias, podendo causar a deterioração do produto, diminuição do shelf-life, alterações organolépticas ou ainda a perda de matéria-prima por paradas na produção.

Como evitar ou diminuir a concentração de contaminantes no ar comprimido?

Quando se trata de um novo projeto, a prevenção da contaminação do ar comprimido se faz pela configuração da instalação. Margarete sugere duas configurações que possibilitam garantir boa qualidade do ar comprimido. Veja-as na figura abaixo:

arcompnovos

Quando o sistema já está em operação, é essencial considerar a aplicação do ar comprimido: se é para processo, para instrumentação ou ar sanitário. Em seguida, identificam-se os contaminantes visíveis (água, óleo e partículas), os contaminantes microbiológicos (qual o critério de aceitação?) e se faz uma análise da central de compressores e do sistema de geração, considerando tratamento, distribuição e utilização do ar comprimido. Assim, para os sistemas em operação, algumas ações em curto prazo (6 meses) que permitem melhorar a qualidade do ar comprimido são:

– Limpeza da rede de ar comprimido;

– Instalação de purgadores;

– Instalação de unidades de tratamento, filtros coalescentes, filtros de carvão ativado e, se necessário, filtros absolutos.

Ações em longo prazo (acima de 2 anos) incluem:

– Aquisição ou substituição de compressores e secadores de ar comprimido;

– Substituição da rede;

– Redimensionamento da Central de Compressores.

Um sistema de ar comprimido pode ser qualificado ou validado. O quadro abaixo mostra as diferenças entre uma e outra atividade: 

arcompvalid

Normas e critérios para análise e classificação do ar comprimido

A Norma ABNT ISO 8573-1, revista em 26/03/2013, define várias classes de pureza para o ar comprimido. Estas classes são estabelecidas mediante resultados das seguintes análises, independentemente da aplicação:

– Temperatura do ponto de orvalho (°C);

– Teor de umidade, forma líquida (g/ m3);

– Teor de óleo (mg/ m3);

– Partículas não viáveis (Unid/m3 ou mg/m3).

Para outros analitos, que podem ser importantes para certas aplicações, não há nenhuma classe de pureza definida pela Norma:

– Partículas viáveis (UFC/ m3);

– CO, CO2, SO2, O2, NO+NO2

A Norma ABNT ISO 22.002-1, de 17 de julho de 2013, determina que a organização deve estabelecer requisitos para filtração, umidade (UR%) e microbiologia do ar usado como ingrediente ou para contrato direto com o produto. Onde a temperatura e/ou umidade do ar for crítica para a organização, um sistema de controle deve ser implementado e monitorado.

Imagem em destaque: Air Press Compressores

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7 thoughts on

A qualidade do ar comprimido na indústria de alimentos

  • Ana Oliveira

    Parabéns pelo artigo. Bastante esclarecedor.

  • Patricia de M. Brusantin Iglézias

    Parabéns Humberto,

    O artigo é técnico e informativo além de tratar de um assunto de muita importância para segurança alimentar.
    Patricia
    Eng. de Alimentos

  • Humberto Soares

    Obrigado, Ana e Patrícia. Este retorno dos leitores é muito importante. Compartilho os elogios com a autora da apresentação, eng. Margarete Nagata.

  • janaina

    Quero saber mais sobre contaminantes microbiológicos no ar comprimido e seus padrões. Vi que no post vc deixou como ???.
    É justamente essa a minha dúvida!

    • Humberto Soares

      Oi, Janaína
      Os padrões microbiológicos para ar comprimido não foram citados na palestra em questão.

  • Claudienne Heck

    Ar comprimido para consulta

  • arnaldo barreto

    Parabéns pelo trabalho. De qualquer forma, é importante referir que está demonstrado cientificamente que o ar comprimido para contacto directo ou indirecto de risco, na industria alimentar deve configurar a norma ISO 8.573.1 na classe 1.2.1 com eliminação total? de hidrocarbonetos. (BCAS).
    Importa referir que para que o desenvolvimento microbiano pare é necessário que o ponto de orvalho (pdp) seja melhor que -26ºC. Isto é a desidratação do ar deve ser melhor de que este valor. E é por isso que o BCAS recomenda pdp mínimo de -40ºC associado a meios de filtração adequados. Por outro lado as exigências de algumas certificações tais como BRC ou IFS vão nesse sentido, com controlo permanente. Obg.

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