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MOSH e MOAH: o que já sabemos sobre os perigos do óleo mineral em alimentos

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Nos últimos anos os compostos MOSH e MOAH estrearam na lista de contaminantes de alimentos. Como qualquer outro perigo, a falta de informação e definição de métodos de análise anuviaram as estratégias dos profissionais do setor. Mas quais atualizações temos hoje a respeito desses resíduos de óleo mineral?

Histórico

Sabemos que MOSH e MOAH são compostos derivados de óleo mineral, sendo muito diversificadas as possíveis fontes de contaminação. A evolução dos estudos foi avançando aos poucos ao longo dos anos e contribuindo com com o grau de conhecimento.

Na década de 90, alguns estudos publicaram que MOSH poderia migrar para alimentos a partir de materiais de contato. Mas foi somente no ano de 2009 que um novo método de análise identificou e quantificou também os compostos MOAH.

Neste mesmo ano, o Ministério Federal de Alimentação e Agricultura da Alemanha conduziu um estudo de coleta de dados de migração, que representou o pontapé na regulamentação destes contaminantes na Europa.

Em seguida, a EFSA (European Food Safety Authority) apresentou em 2012 sua preocupação com a saúde, embora a falta de conhecimento trouxesse uma incerteza relevante. Foi quando em 2017 uma coleta de dados motivada pela Commission Recommendation EU 2017/84 levantou informações suficientes para algumas definições provisórias.

Entre elas, concluiu-se que os compostos MOSH não representam risco à saúde humana. Já os hidrocarbonetos aromáticos de óleos minerais (MOAH) podem trazer problemas, de acordo com os especialistas da EFSA.

Há indícios de que um dos dois tipos de compostos MOAH avaliados pela EFSA contêm substâncias genotóxicas que podem causar câncer.

Pesquisas e métodos de análise

Em 2021, um estudo da Foodwatch demonstrou a presença dessa substância em uma gama de alimentos. A instituição compartilhou os resultados cobrando posicionamento da Comissão Europeia e seus membros. Com isso, a EU restringiu os resíduos de óleo mineral em alimentos, mas ainda não os proibiu.

Métodos de análise tornaram-se mais acessíveis com o passar dos anos, estando disponíveis comercialmente em diversos laboratórios.

Assim, o monitoramento também se intensificou, tornando possíveis estudos como o 60 Millions de Consommateurs realizado por um grupo de consumidores de óleo de oliva na França. Nele, foi constatada a presença de hidrocarbonetos saturados e aromáticos em 23 das 24 marcas avaliadas.

Apesar da disponibilidade analítica, nem tudo são flores. Segundo Giorgia Purcaro, Ph.D. em Química de Alimentos:

Os métodos analíticos para análise de MOSH/MOAH em alimentos são particularmente desafiadores porque esses contaminantes estão intimamente relacionados à fração lipídica com a qual compartilham muitas estruturas químicas semelhantes.

Além desses hidrocarbonetos de óleo mineral, figuram também os POSH (hidrocarbonetos saturados oligoméricos poliolefínicos) e PAO (poli alfa olefinas), com origens de migração de embalagens de PE (poliestireno) e PP (polipropileno), e lubrificantes, respectivamente.

Estes compostos análogos a MOSH podem eluir junto ao MOSH e MOAH na análise via cromatografia, dificultando ainda mais a interpretação dos resultados.

Como controlar esses perigos na indústria?

Apesar dos regulamentos ainda não tratarem de forma definitiva dos limites críticos para os compostos MOH, a indústria de alimentos deve considerar este perigo em seu HACCP.

Indo mais adiante, frente a qualquer detecção destes compostos em alimentos, a sugestão existente na Recomendação 2017/84 da União Europeia é investigar as possíveis fontes de contaminação.

Além disso, substituir os lubrificantes de óleo mineral por lubrificantes sintéticos nos locais com risco de contato acidental é uma das alternativas praticadas e incentivadas na indústria.

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MOAH e MOSH estão nos seus planos HACCP?

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O tema MOAH e MOSH não é novo e já o abordamos aqui e aqui, mas este assunto está cada vez mais em alta. Primeiramente vamos relembrar o que significam estas siglas: 

MOSH: Mineral Oil Satured Hydrocarbons – Hidrocarbonetos Saturados de Óleo Mineral

MOAH: Mineral Oil Aromatic Hydrocarbons – Hidrocarbonetos Aromáticos de Óleo Mineral

POSH: Polyolefin Oligomer Satured Hydrocarbons

Os óleos minerais são misturas de diferentes hidrocarbonetos que não foram suficientemente estudados do ponto de vista toxicológico e tem aparecido em alimentos na Europa. Há inclusive a indicação de substituição de lubrificantes de grau técnico (NSF-H2) por lubrificantes de grau alimentício (NSF-H1) ou sintético, sendo este livre destes componentes. Por esta razão, não se pode excluir que os hidrocarbonetos aromáticos contidos nos alimentos também tenham potencial carcinogênico, mutagênico e teratogênico. No Brasil, para esses perigos “emergentes” não há estudos, porém empresas brasileiras que fornecem produtos ao mercado europeu já estão sujeitas a um monitoramento por exigência de clientes. A intenção é gerar um banco de dados que será utilizado como base científica para avaliar a exposição ao risco em diversos países. Como exemplo, temos os JRC Technical Reports – Guidance on sampling, analysis and data reporting for the monitoring of mineral oil hydrocarbons in food and food contact materials.

A UE deve implementar uma regra de tolerância zero, pois testes de laboratório mostram que produtos contaminados com óleo mineral aromático tóxico (MOAH) ainda estão nas prateleiras da Europa. Veja neste link o relatório com todos os resultados dos testes em 2021 para 152 produtos testados, com 19 testes positivos para resíduos de óleo mineral (entre 0,63 mg/kg a 82 mg/kg em alimentos como cubos de caldo de carne e chocolates).

Como resultado, a Comissão Europeia e os Estados Membros decidiram, em junho de 2020, estabelecer um limite de 1 mg/kg de presença de MOAH em leite em pó para bebês. Mas de acordo com a organização Foodwatch, esta decisão é inadequada para proteger todos os consumidores na Europa, como demonstrado mais uma vez pelos resultados de uma nova série de testes realizados pela organização em uma ampla gama de produtos alimentícios: MOAHs são onipresentes nos alimentos, tais como arroz, massas, chocolate e óleos comestíveis, mas também podem ser encontrados em embalagens, brinquedos infantis, ração animal e cosméticos. As fontes de contaminação por óleo mineral podem ser as máquinas e procedimentos utilizados durante a colheita e processamento de alimentos, ou também as embalagens de alimentos, como papelão reciclado.

·       Referências:
https://www.foodwatch.org/en/press/2021/toxic-mineral-oil-found-in-food-products-in-several-european-countries-foodwatch-eu-has-to-put-in-place-a-zero-tolerance-rule/?cookieLevel=not-set 

·     www.foodwatch.org/mineraloil   

·     https://www.bfr.bund.de/en/press_information/2012/41/mineral_oils_are_undesirable_in_chocolate_and_other_types_of_food-132211.html

·     https://webgate.ec.europa.eu/rasff-window/screen/notification/527411

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