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Contaminação de alimentos por benzeno, acrilamida, bisfenol A, acetaldeído e ftalatos

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No dia 25/04/13, no XII Congresso de Higienistas  de Alimentos, assisti a palestra da Drª. Shirley de Mello Pereira Abrantes, intitulada “Contaminação de alimentos por: benzeno, acrilamida, bisfenol A, acetaldeído, ftalato de di-(2-etil-hexila e adipato de di(2-etil-hexila)”.

O objetivo principal da palestra era dar um panorama sobre os principais perigos químicos que são formados nos diversos tipos de processamento dos alimentos. Vamos lá!

 BENZENO

 O Benzeno, é um composto orgânico volátil, constituinte do petróleo, utilizado como solvente em laboratórios químicos (analíticos e de sínteses), como matéria prima nas indústrias químicas, e, encontrado nos parques petroquímicos, de refino de petróleo, nas companhias siderúrgicas, nas usinas de álcool anidro, na gasolina e na fumaça do cigarro. Vulcões e queimadas de florestas são fontes naturais que também contribuem para sua presença no meio ambiente.

Em 2009, a Proteste fez um estudo que detectou benzeno em cinco marcas famosas do mercado brasileiro. O problema é que o benzeno gera reações nocivas em nosso organismo, prejudicando a saúde. Segundo a palestrante, a formação de benzeno em refrigerantes resulta da descarboxilação do conservante ácido benzóico na presença de ácido ascórbico (vitamina C) principalmente sob a ação de calor e luz. A exposição ao benzeno pode causar câncer e algumas doenças no sangue.

 ACRILAMIDA

 Outra substância que têm causado preocupação é a chamada acrilamida. Essa substância é fruto da reação de Maillard que ocorre em alimentos cozidos em altas temperaturas (batata-frita, grelhados, assados). O problema é que a acrilamida também é causadora de câncer e os alimentos associados são geralmente de grande consumo entre a população.

Como ela é uma substância relacionada aos açúcares presentes nestes alimentos, uma forma de “amenizar” a formação deste compostos é a prática do branqueamento (principalmente de batatas) antes de fritá-las, eliminando parte dos açúcares da superfície do alimento.

 BISFENOL A

 Outra substância “queridinha” do momento, bastante abordada atualmente e de grande importância. Segundo a Anvisa, a substância Bisfenol A é utilizada na produção de policarbonato e em vernizes epóxi  O policarbonato, por sua vez, apresenta características como alta transparência e resistência térmicas e mecânicas. Por esse motivo, é utilizada na fabricação de mamadeiras e copos infantis, bem como em vernizes que revestem embalagens metálicas de alguns alimentos.

A polêmica em torno desta substância seria que os problemas de saúde causados através da exposição à mesma, só seriam causados se a ingestão fosse em doses elevadas. Mesmo assim, o Brasil decidiu proibir a importação e fabricação de mamadeiras que contenham Bisfenol A, considerando a maior exposição e susceptibilidade dos indivíduos usuários deste produto.

A legislação foi atualizada em 2012, como já relatado aqui no blog, através da RDC 56.  

ACETALDEÍDO

 A palestrante demonstrou vários estudos relacionados a essa substância, que afirmam que este composto presente principalmente em garrafas PET, pode migrar para o alimento, bem como para o ambiente. 

A Dra. Shirley enfatizou o estudo de MUSTUGA (2005) que relata que o acetaldeído é formado pela  degradação do PET durante o processo de fusão, e migra da embalagem de PET para bebidas ao longo do tempo e a ele, são atribuídas as alterações de sabor de água mineral e bebidas carbonatadas. A importância da detecção e controle dessa substância se dá devido a sua carcinogenicidade, onde foi comprovado que tal substância induziu câncer nasal em ratos após a administração por inalação.

DEHP e DHA

Por fim, foi explanado sobre as substâncias DEHP (adipato de di(2-etil-hexila)) e o DHA (ftalato de di-(2-etil-hexila)). Estes compostos são utilizados na elaboração de embalagens de vários produtos alimentícios e estudos bastante atuais estão sendo realizados para avaliação o percentual de migração destes compostos para os alimentos.

Em alguns estudos (http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node/5202 ), avaliou-se que a migração destes compostos em alimentos como peito de frango, carne bovina magra, pizza de mozarela, coxa de frango e queijo mozarela apresentaram valores até 37 mais do permitido para o DEHA (18 mg/kg) e 1.779 vezes mais para o DEHP (1,5 mg/kg).

Fomos apresentados também a legislação que trata destas substâncias e sua utilização em embalagens de alimentos, a RDC 17, de 17 de março de 2008.

A palestra foi bem interessante e nos aguçou e fez refletir sobre fatores que muitas vezes deixamos passar e que de fato, têm grande importância na segurança dos alimentos e para a segurança da nossa saúde e que certamente necessitam de mais estudos e atenção. Até a próxima!

 

Fontes:

http://www.institutosalus.com/noticias/saude-publica/alimentos-contaminados-poem-em-risco-a-saude-dos-brasileiros

 

http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/home/alimentos/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hnd0cPE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B_A3cvA_2CbEdFADQgSKI!/?1dmy&urile=wcm%3Apath%3A/anvisa+portal/anvisa/inicio/alimentos/publicacao+alimentos/bisfenol+a

 

 

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Xenoestrogênios em Alimentos

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O que comemos pode afetar nossos filhos?

 

Muitos já leram artigos como o apresentado abaixo ou ouviram falar no perigo dos agrotóxicos nos alimentos, plásticos no microondas entre outros e sabem que fazem mal à nossa saúde.

A pergunta é: Você sabia que estes produtos podem afetar desastrosamente a vida dos filhos de quem os consome?

 

Agrotóxicos, embalagens plásticas e aditivos de alimentos podem conter xenoestrogênios.

 

VAMOS COMEÇAR EXPLICANDO O QUE SÃO XENOESTROGÊNIOS

 

A expressão “xenoestrogênios” é aplicada livremente a uma série de substâncias químicas tóxicas produzidas pelo homem que confundem os receptores celulares dos estrogênios no organismo humano e animal, interferindo nas suas mensagens bioquímicas naturais.

 

Existem quatro tipos de estrogênios:

 

1 – Estrogênios Naturais: os que ocorrem naturalmente no organismo;

2 – Estrogênios Sintéticos: os que são sintetizados para serem ingeridos como medicamento;

3 – Xenoestrogênios (Pseudoestrogênios): os “estrogênios” externos, gerados pelas modernas indústrias químicas e presentes em alimentos;

4 – Fitoestrogênios presentes em plantas alimentícias, muitos dos quais promovem importantes benefícios à saúde.

 

Os xenoestrogênios são na maioria das vezes gerados pela indústria petroquímica e, desafortunadamente para nossa saúde, os produtos petroquímicos estão, hoje em dia, por todos os lugares deste planeta. Muitos dos mimetizadores hormonais são organoclorados produzidos pela reação do gás cloro com hidrocarbonetos do petróleo. São utilizadas em agrotóxicos, milhões de produtos incluindo vários plásticos (polivinil cloreto/PVC e policarbonatos/PC, ambos encontrados em mamadeiras para nenês, filmes transparentes para embalar alimentos e garrafas de água mineral), PCB (policloretos bifenilos), agrotóxicos e herbicidas (como DDT, dieldrin, aldrin, heptacloro, etc.).

 

COMO OS XENOESTROGÊNIOS AGEM?

 

O sistema endócrino no homem é constituído pelas glândulas como a hipófise, testículos, ovários e tireóide que produzem os hormônios que vão para a corrente sanguínea.

Pela corrente sanguínea os hormônios chegam até as células alvo ou receptores e geram estímulos ou substâncias que controlam o crescimento, temperatura, a formação óssea, o balanço salino, as características sexuais e muitos outros processos, sendo este último o mais afetado pelos xenoestrogênios.

 

Quando, ao invés de hormônios naturais, os xenoestrogênios estão na corrente sanguínes, eles alcançam os receptores e podem provocar os seguintes efeitos:  desencadear de um modo exagerado ou em tempo inaproriado o efeito característico do hormônio que ele está imitando, sendo conhecido como efeito agonista, ou podem ocupar o lugar das hormonas naturais, reduzindo ou anulando os efeitos destas hormonas em certas partes dos organismos que lhe são sensíveis, sendo denominados efeitos antagonistas. Ver figura abaixo:

Estudo publicado em 1999 por J. M. F. Nogueira do Departamento de Química e Bioquímica e CCMM da faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

 

XENOESTROGÊNIOS PODEM AFETAR A FORMAÇÃO EMBRIONÁRIA DE NOSSOS FILHOS?

 

Vamos pegar o exemplo de uma mulher que vem ingerindo alimentos com xenoestrogênios. Quando ela ficar grávida, estes imitadores de estrogênio passam para a corrente sanguínea e atravessam a barreira placentária pois não é reconhecido pela placenta e chega ao feto onde, caso seja masculino, ou seja, tenha cromossomos XY, vão para os testículos que são um dos primeiros órgãos a se formar e lá encontram os receptores.

Ao invés dos testículos produzirem a testosterona eles passam a produzir o estrogênio e o feto vai se feminilizar ou adquirir infertilidade, câncer de próstata ou muitos outros distúrbios que podem aparecer na criança, na fase adulta ou qualquer outra fase de sua vida.

 

LISTA DE XENOESTROGÊNIOS

 

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A ameaça ao alimento seguro pode estar na embalagem plástica

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Amigos leitores, podemos perceber que a industria de alimentos de grande porte está avançando rapidamente em direção ao alimento seguro e já alcançou grandes conquistas. As grandes fabricantes de alimentos estudaram tecnicamente seus riscos e passaram a controlar seus processos com diversas ferramentas como o APPCC, a ISO 2200, a FSSC 22000, o BRC dentre outros.
Nos últimos anos a indústria de alimentos tem pressionado fortemente seus fornecedores de embalagens para realizarem os mesmos estudos, implementarem controles e obterem  certificações. Problemas sérios tem sido vistos principalmente em embalagens plásticas. A questão está no fornecedor do fornecedor da embalagem plástica, isto é, na indústria química que utiliza aditivos plastificantes que dão alta performance à embalagem plástica e são de baixo custo. A indústria química está fazendo esforços para obter produtos seguros à saúde mas ainda serão necessários alguns passos. Muitos exemplos de embalagens de risco podem ser dados aqui como:
1 – caso do verniz interno das latas de cervejas e refrigerantes que contem bisphenol A, produto proibido em qualquer quantidade nas mamadeiras no Brasil
2 – caso do filmes de PVC usados para embalar alimentos como o queijo fatiado com migração de ftalato e adipato para o alimento acima do permitido por lei
3 – caso de vedantes de PVC de rolhas metálicas que contem DEP, isto é, Ftalato de di-2-etilhexila que liberam para as cervejas e refrigerantes envasados no Brasil quantidades acima dos limites legais, que é de 1,5 mg/kg do alimento.
A ANVISA e o MERCOSUL estão trabalhando fortemente estas questões e acabam de publicar, dia 19 da abril de 2012, a Resolução 02/12 – Regulamento Técnico  Mercosul sobre a Lista Positiva de Monômeros, outras substância iniciadoras e polímeros autorizados para a elaboração de embalagens e equipamentos plásticos em contato com alimentos.
Faz-se necessário esclarecer o consumidor sobre estes riscos pois ele pressiona toda a cadeia produtiva para as necessárias adequações. Convidamos você consumidor e profissional de segurança de alimentos a ser mais um agente dessas mudanças!
Boa saúde a todos!

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