Ser mãe de alérgico é…

3 min leitura

Em homenagem ao dia das mães, publicamos hoje o texto de Daline Carla, que compartilhou com todos como é a sua dedicação frente a rotina de seu filho Caio, que recém nascido foi diagnosticado com Alergia a Multiproteínas.

 

Ser mãe de alérgico é…

Viver uma grande emoção a cada troca de fraldas;
Comemorar cada dia que se passou sem nenhuma reação;
Comemorar “reações leves”;
Contar número de vômitos diários, usando os dedos das mãos, dos pés e ainda faltar alguns dedos;
Ir ao mercado e ficar paquerando a prateleira de leites, escolher um tipo para cada fase, ver todas as fases se passarem e você não pôde comprar nenhum deles;
Sonhar com danoninho, biscoitos e bolos que nem se sabe se o alergicozinho vai gostar;
Investigar rótulos de alimentos;
Ligar de SAC em SAC para saber se tal produto é “limpo”;
Ter dúzias de informações erradas e continuar ligando mesmo assim;
Escrever um blog falando sobre coco, brotoejas e noites insones;
Achar que o mundo desmoronou cada vez que um alimento novo dá errado,
e, com a mesma intensidade, sentir que nada mais pode dar errado cada vez que algum alimento é introduzido com sucesso;
Conhecer (e ter em casa) uma dúzia de anti-alérgicos;
Suspeitar de tudo e de todos;
Tirar fotos – no mínimo – inusitadas;
Procurar o alimento “culpado” cada vez que o baby tosse;
Adiar a ida à escola o máximo que puder;
Conhecer siglas como APLV, SO, AA, IGE…
Ensinar seu filho a alimentar-se de forma saudável – mesmo que sem querer;
Ter o número de telefone de gastro, pediatra, alergo, imuno, pneumo, homeopata e bombeiros na agenda de seu celular;
Tentar controlar-se o tanto quanto puder para não ligar para nenhum deles;
Não resistir e ligar sim – para desespero dos pobres médicos;
Encontrar centenas de opiniões erradas;
Descobrir que você sabe mais sobre a saúde de seu filho do que a maioria dos profissionais a quem recorre;
Encontrar algumas opiniões certas e apegar-se à elas;
Aprender a confiar em seu instinto de mãe;
Investir em dieta, dieta rigorosa, dieta radical para apressar a cura;
Afrouxar na dieta e fingir que não viu para apressar a cura;
Aprender a aceitar – e as vezes pedir doações;
Conviver com a frustração de não poder bancar a comida do seu filho;
Conhecer outras crianças com o mesmo problema, conhecer crianças com problemas piores, fazer amizades com mães desconhecidas, encontrar abrigo e amparo em mensagens virtuais, solidarizar-se e acompanhar casos de outras crianças e torcer por elas como se fossem seus filhos também;
Acompanhar cada progresso com entusiasmo;
Chorar de emoção ao perceber que seu filho quase não vomita mais;
Comemorar cada introdução alimentar bem sucedida;
Comemorar cada retirada de medicamentos bem sucedida;
Saber enumerar, de cabeça, muitas vezes até contar nos dedos (dessa vez só os das mãos…) cada alimento que seu filho pode comer – e morrer de orgulho de cada um deles;
Fazer uma festa quando o baby (que já nem é tão baby assim) dormir uma noite inteira pela primeira vez;
Decretar feriado nacional quando ele dormir bem por uma semana inteira;
Convocar a rainha da Inglaterra para a festa quando atinge o brilhante marco de 1 mês seguido de noites bem dormidas;
Perder a esperança novamente, mas lembrar-se de que não pode desistir;
Perder a vontade de desistir;
Seguir em frente sempre;
Saber que a recompensa por tudo isso jamais poderia ser melhor: garantir o bem estar dessa pessoinha que, com alergia ou sem alergia, com diarreia ou constipação, pele boa ou empolada, vomitando ou cheirosinho, pedindo a comida proibida do coleguinha ou em greve de fome, chorando a noite toda ou dormindo a noite toda por conta da sedação do antialérgico…é seu filho querido, o melhor que você poderia ter, o mais amado dentre todos os filhos do mundo, um serzinho tão especial que te deu o privilégio de ser mãe. Ser mãe de alérgico. Mas não de qualquer alérgico…
Orgulho de ser mãe do MEU alérgico! Orgulho de lutar por ele até o fim, mesmo quando minha sanidade é colocada em questão.
É assim que sou.
E, afinal, me digam: sou muito diferente desta espécie surtada, neurótica, obsecada, louca de amor e incrivelmente encantadora conhecida como “MÃE”?
PS: boto uma fotinha de mamãe e Caio assim que eu fizer um escova decente e dar um trato no visu… sabe como é… o feijão acabou comigo. Tudo culpa do feijão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Todos os textos são assinados e refletem a opinião de seus autores.

Food Safety Brazil Org

CNPJ: 22.335.091.0001-59

organização sem fins lucrativos

Produzido por AQMKT
© 2020, Themosaurus Theme
Compartilhar