Outra palestra interessante do Workshop Food Safety – Lições e Aprendizados, promovida pelo nosso blog e pela 3M no final de abril, foi a de João E. Souza, que nos trouxe uma visão de como podemos gerenciar de maneira eficaz a segurança de alimentos.
Os participantes foram convidados a refletir sobre a realidade de suas empresas e negócios, em relação à existência de planos e metas mensuráveis e atingíveis focadas em segurança de alimentos; participação dos gestores na definição dos planos e metas; implementação segura dos planos e metas e fabricação de produtos seguros.
João explicou que o conceito de segurança de alimentos na empresa não está só relacionado a processos, sistemas e controles de contaminantes que podem causar dano ao consumidor, mas também principalmente às atitudes, às pessoas. É importante que a gestão da segurança de alimentos tenha um foco especial nas pessoas, iniciando-se pelo comprometimento da direção.
O grande desafio da gestão de segurança de alimentos é satisfazer as expectativas dos clientes, de forma consistente, e sendo lucrativa e sustentável. Isto significa encontrar um equilíbrio entre garantir o atendimento de todos os requisitos dos clientes e ter um preço justo.
O estabelecimento da gestão de segurança de alimentos inicia-se pelo comprometimento da alta direção, que deve divulgar seu compromisso com a segurança de alimentos, incluir metas de segurança de alimentos nas estratégias de negócio da empresa e em todos os níveis, criar canais de comunicação dos resultados obtidos e investir em programas de desenvolvimento e capacitação dos profissionais.
A segunda fase está ligada ao gestor da qualidade, que tem um papel fundamental na definição das metas junto à direção; identificação de oportunidades, fortalezas e fraquezas; definição de estratégias setoriais; participação ativa nos programas organizacionais e buscar apoio junto ao RH. A capacitação do gestor e de todo o time de implementação permite uma padronização de linguagem, processos e métodos.
Ao estabelecer os objetivos de segurança de alimentos, começando pelo topo da organização (a direção), deve-se ter em conta que metas (onde queremos chegar), estratégias para atingir as metas e a medição (monitoramento dos objetivos) precisam ser claramente definidos. Os objetivos determinados pela direção são comunicados ao gestor da qualidade, que posteriormente cascateia para o restante da empresa, até a operação. Uma forma de acompanhar o atingimento dos objetivos é através de avaliação de desempenho dos colaboradores.
A terceira etapa refere-se à padronização dos processos internos, facilitada pela criação de um time multidisciplinar, com papéis e responsabilidades claros. A sinergia entre a área técnica e operacional, alinhamento dos processos em todos os segmentos de negócio da empresa e a capacitação do pessoal são imprescindíveis para o sucesso desta fase.
O próximo passo é padronizar os fornecedores de insumos e serviços, através de programas de qualificação e certificação, auxiliando estes fornecedores a atingir os requisitos de qualidade, segurança de alimentos, responsabilidade social, entre outros, fazendo com que eles se tornem verdadeiros parceiros. Na manufatura, onde é possível ter maior controle, a padronização pode ser conseguida por um sistema de métricas operacionais, com o conceito de se fazer “certo da primeira vez” (processos claros de liberação de insumos e produtos, e tratamento das não conformidades), e com o gerenciamento da exceção. Para padronizar os distribuidores e pontos de venda, é importante capacitar a equipe de vendas e de atendimento, para auxiliar na promoção das boas práticas de armazenamento e transporte, e também transformar estes clientes em parceiros.
Ao finalizar, João compartilhou um caso de sucesso de ferramentas de comunicação eficazes numa empresa. No nível operacional, a comunicação pode ser através de diálogos diários de no máximo 30 minutos e bem objetivos, comentando sobre desvios de processo, incidentes da qualidade, reclamações e planos x metas. No nível dos gestores, reuniões mensais com 1 hora de duração, revendo os programas, resultados, dados de fornecedores, incidentes, planos e estratégias e necessidades de capacitação e recursos. E com a direção, reuniões semestrais de 1 hora envolvendo a presidência, trazendo os resultados consolidados dos objetivos; principais desafios; satisfação de clientes; resultados de auditorias e necessidades de investimentos.
Em resumo, uma gestão eficaz da segurança de alimentos envolve o comprometimento da direção; a capacitação do pessoal; a sinergia entre a equipe; programas de incentivo e avaliação de performance e dos resultados e persistência, resiliência e sustentabilidade.
Para baixar os slides desta palestra, clique aqui, na página da 3M.