Na primeira semana de julho, uma grande empresa do setor de alimentos realizou um workshop com seus fornecedores para tratar de um assunto que lhe custa muito todos os anos. O tema foi o controle sobre matérias estranhas e impurezas nas matérias primas utilizadas nos vários produtos comercializados mundo afora.
Dentre os fornecedores, grandes indústrias que têm como fonte básica de produção o campo.
Chama a atenção o número de reclamações relacionadas a matérias estranhas, cerca de 51.000 no mundo todo em 2015. O Brasil contribuiu com cerca de 10% deste número.
Muitos são os fatores causadores destas reclamações. Aqui, o maior motivo de reclamações foi a presença de fios de cabelo no meio dos alimentos. Está claro que um fio de cabelo não vai matar alguém, mas culturalmente, somos pouco tolerantes com isso.
Uma boa parte das reclamações está relacionada à presença de pequenos pedaços de madeira, de vidro e plástico (flexível ou não) proveniente das embalagens. Também está claro que estes materiais sim, são realmente perigosos para qualquer um, em especial crianças.
A base para as discussões foi a RDC 14, em vigor há pouco tempo.
Alguns cases foram apresentados, incluindo iniciativas de fornecedores e de gestores de plantas também.
Um tema foi apresentado para discussão em grupos, seguida de apresentações e discussão plenária.
Nas várias falas o que se pode observar é que, para alguns casos, investimentos em equipamentos não são suficientes. Detectores de metais são limitados porque são aplicáveis a um único tipo de perigo: partes metálicas. Filtros não são aplicáveis a todos os tipos de materiais. Placas magnéticas são ótimas coadjuvantes… e equipamentos de Raios X são limitados para materiais com densidade muito baixa.
Neste último caso, onde fios de cabelo e materiais de pequena dimensão são o maior problema, atitudes associadas à adoção correta de uniformes e acessórios adequados para a limpeza de equipamentos e áreas são a melhor alternativa.
Nesta hora, nada melhor que um bom programa de treinamento e de motivação para os colaboradores…
Resumindo tudo isso: É muito melhor trabalhar e fortalecer os Programas de Pré-Requisitos. O sucesso de um plano HACCP depende muito mais do olhar crítico e das ações de monitoramento nas etapas anteriores do que dos Pontos Críticos de Controle.
Ah! A empresa colocou uma meta para 2018: Zero incidências…
Créditos de imagem: Tera.
Ediane
Boa noite. Qual a Fonte dos dados da reclamações mundiais de 2015 e do percentual brasileiro?
José Luiz Bariani
Olá Ediane!
Os números citados se referem apenas aos produtos comercializados pela empresa e são números que foram compartilhados com os fornecedores na busca da diminuição dos mesmos. Embora sejam números internos e de uma única empresa, dão uma ideia do tamanho do problema, se considerarmos a quantidade de alimentos consumidos no mundo.