O ocorrido em uma das últimas auditorias na qual participei veio confirmar o que escrevi no artigo Calibrado, mas nem tanto. E exemplifica como um detalhe que passa despercebido pode afetar os resultados de uma medição e, consequentemente, a tomada de decisão do tipo que pode liberar um lote potencialmente inseguro ou reprovar um lote que apresenta-se conforme.
Durante a visita, constatei que vários termômetros traziam um ajuste na forma de uma etiqueta, indicando que o resultado lido deveria ser adicionado ou subtraído de um valor, que girava em torno de 0,4oC. Alto, considerando-se que uma das medições feitas tinha uma tolerância de processo de 1,0oC. Pedi para olhar o histórico de verificação dos termômetros e constatei que para um mesmo instrumento, ora a verificação requeria ajuste para mais, ora para menos. Minha desconfiança se confirmou quando me foi apresentado o certificado de calibração do termômetro de referência, com uma incerteza de 0,7oC. Ou seja, a falta de análise crítica do certificado levou a adotar como referencial um termômetro com péssimo desempenho.
Como evitar situações como essa? Definindo critérios de aceitação para seleção e calibração de instrumentos de medição, tomando como parâmetro a tolerância do processo. Segue alguns passos simples para isso, sendo que o valores adotados como critérios são meras sugestões, mas que não fogem muito do recomendável. Considere que a escolha dos valores dependerá do nível de precisão desejada, contra-balanceada com o investimento possível.
1. Seja T, a tolerância de processo, R a resolução do instrumento de medição e U a incerteza do mesmo. Por exemplo, se um método analítico orienta incubar a placa a uma temperatura de 34 a 36oC, a tolerância é T=1oC.
2. Um instrumento é adequado para monitorar esse processo se apresentar resolução R<T/3. No exemplo acima, o termômetro deve apresentar resolução menor que 0,33oC.
3. Quando calibrado, o certificado de calibração deve apresentar uma incerteza U<T/6. No nosso caso, U<0,16oC.
Existem outras maneiras de estabelecer critérios para seleção e aprovação da calibração de instrumentos de medição. Mas fica aí uma sugestão relativamente simples e eficaz para assegurar medições mais confiáveis.
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Fernanda Luchiari
Boa Tarde, Necessito de ajuda.
Já possuo o critério de aceitação dos equipamentos, definidos por alguém de uma gestão anterior a minha. E um auditor me questionou como foi estabelecido o critério de aceitação dos equipamentos que estavam na planilha de Plano de Calibração. Eu sinceramente não consegui responder.
Por exemplo: Uma balança de Resolução 0,01 g
Faixa de Medição: 0-220g
Critério de aceitação: 0,001g
Como devo aplicar o método acima.
att
Fernanda
Clovis
Fernanda,
Pelo que entendi, o critério de aceitação é para o equipamento, e não para desvios nas verificações intermediárias nem para a incerteza.
O método proposto acima define a adequação de um equipamento em função da tolerância do processo, fazendo uma relação entre a mesma (T) e a resolução (R, menor divisão da escala). Falta informar nos dados, qual é a tolerância do processo.
Provavelmente o seu antecessor definiu o critério de aceitação em função do erro fiducial (fornecido pelofabricante e por certificados de calibração/verificação). Ou se você faz verificações intermediárias com uma massa padrão, ao desvio entre o valor observado e o da massa. Pela resolução do equipamento, dificilmente se refere ao erro máximo admissível.
Acho que não fui de grande ajuda, mas se puder dar mais informações, talvez possa lhe orientar mais precisamente.
Clóvis
Denilso
Eu estou com dificuldades de criar critérios para o setor de higiene ocupacional.
Trabalhamos com normas como por exemplo a NR-15, que me da uma tabela com uma série de valores absolutos em db
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Como que eu posso estabelecer critérios para meus instrumentos? se a melhor incerteza (capacidade de medição) informada pelos laboratórios já supera a dispersão informada no manual dos melhores equipamentos encontrados a venda.
jhonatan francisco
Boa tarde.. você podia trazer para nos de uma maneira mais simples um explicação sobre balanças em geral, erros admissíveis, tolerância, como saber qual peso padrão comprar e usar. dentre outras
Daniel de Oliveira
Qual norma você utilizou para definir a resolução do equipamento x erro do equipamento com a tolerância do processo?
klécio
Daniel Obteve resposta se Clovis utilizou alguma norma para definir a aquisição do instrumento ? Não consegui compreender , no caso ele não definiu critérios de aceitação nos comentários dele e sim aquisição correta de instrumentos. Concorda?
Sandro
Pessoal, no caso de balanças normalmente utiliza-se os critérios da portaria 236 – trata-se de metrologia legal. Olham na internet no site do InMetro. Utilizar a tabela 04.
klécio
Boa Noite Clovis , gostaria de saber com relação ao exemplo que você demonstrou . Nesse caso foi determinado a aquisição correta de um instrumento de medição para aquele processo, mais não a definição de critério de aceitação desse instrumento. Não é necessário definir um critério de aceitação do instrumento incluindo em seu erro instrumental a incerteza de medição?
MAURO ANDRADE
BOA TARDE,
TENHO NO MEU PROCESSO TOLERANCIA DE 0,1 MM E AVALIO MEUS EQUIPAMENTOS (PAQUIMETRO) COM CRITERIO DE ACEITAÇÃO COM DELTA 3 OU 2 DEPENDENDO DA RESOLUÇÃO DO EQUIPAMENTO ….ESTA CORRETO ..ME PARECE QUE POR NORMA É 1/3 …MAS REPROVA ALGUNS INSTRUMENTOS ..COMO DEVO PROCEDER…AGUARDO
Jana
A portaria 236 trata do erro aceitável para calibração das balanças. Como definir critérios de aceitação para a Incerteza para balanças