Sabemos que um dos princípios básicos de projeto para a indústria de alimentos é que a solda seja sanitária. A técnica que melhor atende este requisito é a solda TIG.
A sigla corresponde a Tungsten Inert Gas (ou em português, Tungstênio Gás Inerte). Este nome se dá pois se utiliza sempre um eletrodo de tungstênio, elemento robusto que possui o mais alto ponto de fusão entre os metais, não sendo consumido na soldagem, e um gás inerte de proteção. Além disso, esse método de soldagem é realizado a arco elétrico, que nada mais é que um curto-circuito controlado (a energia elétrica se converte em energia térmica). Um gás inerte injetado de forma controlada no entorno do ponto a ser soldado serve para proteger a liga metálica (geralmente aço inox) e a peça do ambiente de contaminantes atmosféricos, prevenindo reações químicas indesejadas (como oxidação, por exemplo). No caso da solda TIG, é utilizado mais comumente o gás argônio, que tem características técnicas ideais e é economicamente viável.
Com a soldagem TIG, o soldador tem ótima visibilidade e segurança no trabalho. Ela deixa poucos resíduos e não requer limpeza. O acabamento é superior, bem como as propriedades mecânicas e estanqueidade. Do ponto de vista sanitário, por ser mais regular, previne-se um foco possível de acúmulo de resíduos de alimentos e a possibilidade de formação de biofilmes, o que é essencial para a indústria de alimentos, cosmética e farmacêutica.
Existe a possibilidade de se realizar esta técnica de forma manual, e nesse caso, se requer um soldador bastante caprichoso, pois o trabalho pode ser comparado a um “bordado”, tanto que o nome da área soldada é chamada de “costura de solda” ou “cordão de solda”. Em trabalhos mais complexos, de maior escala e que demandem mecanização, se necessita a solda orbital, na qual o eletrodo, através de um equipamento programável, gira ou “orbita” em torno do material a ser soldado, como em tubulações ou superfícies tidas como difíceis. O domínio da técnica de programação dos parâmetros de trabalho é essencial, incluindo amperagem, vazão do gás, diâmetro do eletrodo e da vareta de adição, comprimento do arco e velocidade da soldagem para que a solda ao final tenha as características sanitárias. Na imagem abaixo pode ser observada a carcaça de uma válvula soldada a uma tubulação pela técnica TIG com solda orbital.
O que restringe a aplicação de uma técnica tão boa é o custo alto e maior tempo de linha parada em manutenções corretivas, pois a execução é mais lenta e mais difícil. Fora isso, pode ser realizada somente em ambiente controlado (coberto), pois caso sofra influência de uma corrente de ar, a proteção do gás inerte é comprometida.
Em outro post abordaremos sobre defeitos em soldas para a indústria de alimentos e como realizar uma soldagem de boa qualidade.
Referências:
- DOC 35 da EHEDG Hygienic welding of stainless steel tubing in the food processing industry (2006);
- DOC 9 da EHEDG Welding stainless steel to meet hygienic requirements (1993).
Crédito da Imagem: De máquinas y Herramientas.
2 min leituraSabemos que um dos princípios básicos de projeto para a indústria de alimentos é que a solda seja sanitária. A técnica que melhor atende este requisito é a solda TIG. […]