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Projeto sanitário traz mais sinergia entre áreas da indústria de alimentos

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Projeto sanitário traz mais sinergia entre áreas da indústria de alimentos. Esse foi o principal ganho para quem implementou o requisito de gestão de equipamentos, demandado por normas de certificação do GFSI.

Este foi um dos resultados e destaque de um levantamento informal entre empresas de alimentos que foram convocadas pelo LinkedIn, em comemoração aos 10 anos do EHEDG no Brasil. A ideia foi entender o legado do requisito e as principais dificuldades na gestão de equipamentos das empresas nacionais.

Antes de avançar para os resultados, vamos recordar que o requisito de gestão de equipamentos demandou mudanças diretamente para as empresas que possuem certificação FSSC 22000, desde 1º de abril de 2024. No universo desta sondagem, 24 empresas respondentes de 53, possuem certificação na norma FSSC 22000.

Esses requisitos demandam:

-Implementação de especificações de equipamentos, levando em conta requisitos de projeto sanitário;

– Implementação de gestão de mudanças (que já era requisito) com foco em alterações de equipamentos.

É possível perceber que o requisito fez bem às empresas:

Desde então, 35,8% das empresas perceberam uma maior sinergia entre as áreas de projetos, manutenção, produção e qualidade quando o assunto é segurança de alimentos no contexto de projeto sanitário. O segundo maior benefício percebido foi o fortalecimento da cultura de segurança de alimentos na área de projetos e manutenção na compra de novos equipamentos (26,8%), seguido de perto pela redução de ocorrências de qualidade e segurança dos alimentos (24,5%).

Outro resultado importante relaciona-se às maiores transformações que ocorreram na empresa. O respondente podia selecionar mais de uma opção do questionário.

A implementação ou atualização do procedimento de gestão de mudanças foi o mais mencionado (77,4%) , o que faz bastante sentido, visto que era um requisito já existente, mas que coloca uma lupa em projeto sanitário como nunca antes. Em segundo lugar, as empresas tiveram que sair correndo para mobilizar seus fornecedores a enviar laudos de migração e outras evidências, o que representou um sim de 66,0%  para a ação “levantamento de evidências de materiais de contato de equipamentos existentes”. Em terceiro lugar, também fazendo muito sentido por ser requisito normativo, temos “desenvolvimento de especificações” uma novidade para 62,8%

E qual foi o gatilho para implementação destas mudanças? As empresas informaram que foi iniciativa própria predominantemente (39,6%), seguida de atendimento a alguma norma. Este foi um resultado surpreendente, uma vez que 45% dos respondentes possuíam certificação FSSC 22000, que em tese seria a principal motivação.

Para construir as especificações, foi usada como referência principal os documentos do EHEDG (77,4%), a norma da ABNT NBRC 14150 (52,8%) e documentos corporativos (49,1%)

Com toda esta movimentação, as empresas relataram terem se saído bem na auditoria, pois a grande maioria não teve não conformidades associadas ao requisito, ou teve um número reduzido.

Um total de 64 questionários respondidos foi recebido, sendo 53 considerados qualificados para análise de dados.

Mais da metade dos respondentes, 55%, era de grande porte; 25,5% eram de médio porte e as demais pequenas e microempresas.

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Exemplo de procedimento “mastigado” de Gestão de Equipamentos

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Mais de 33.000 empresas certificadas FSSC 22000 em todo o mundo vão precisar atender ao novo requisito adicional 2.5.15 da FSSC versão 6.0 sobre “Gestão de Equipamentos” nos próximos meses e a maioria ainda não o atende.

Os guias, normas e orientativos sobre Gestão de Equipamentos são muito bem-vindos, mas o que nós leitores gostaríamos mesmo é de um procedimento já completo e detalhado, para adaptar à realidade da nossa empresa. O colega colunista Marcos Amorim publicou aqui no Blog Food Safety Brazil um modelo de fluxograma para esse tema, que pode ser visto clicando aqui. Um fluxograma é a coluna vertebral de um procedimento, por isso já é um avanço nessa elaboração. Neste artigo vamos terminar de elaborá-lo.

Lembro que é obrigatório tal procedimento conforme pede o ítem “b” do requisito adicional 2.5.15 da FSSC 22000 versão 6.0, que transcrevo abaixo:

  1. b) Estabelecer e implementar um processo de gerenciamento de mudança baseado em risco para novos equipamentos e/ou quaisquer mudanças em equipamentos existentes, que devem ser adequadamente documentadas…

Então, atendendo a pedidos, segue a nossa sugestão para tal procedimento:

Logo da Empresa Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos e Qualidade CÓDIGO PG 27
Gestão de Equipamentos REVISÃO 00
DATA XX/XX/202X
PÁG.            1 de 3
  1. Objetivo

 Estabelecer a sistemática de gerenciamento de mudança de equipamentos ou edificações no que se refere a reduzir os riscos à segurança de alimentos, isto é, garantir que o projeto sanitário tenha sido levado em conta durante a compra ou modificação de equipamento ou edificação, para garantir que os riscos associados tenham sido considerados no SGSA da organização.

  1. Definições
  • Equipamentos (nesse contexto): máquinas e equipamentos (incluindo as suas partes e componentes necessários para ligá-los entre si, bem como os serviços e utensílios necessários para o seu funcionamento), utilizados no processamento, no transporte, no armazenamento e na comercialização de alimentos para humanos e animais, incluindo matéria-prima, ingredientes, embalagens, produtos intermediários e produtos acabados, nos escopos reconhecidos pelo GFSI.
  • Projeto sanitário: é um projeto que minimiza o risco de contribuir para a contaminação microbiológica, química e física dos alimentos. Ele garante que o equipamento seja adequado e resista aos processos de limpeza, higienização e inspeção envolvidos, incluindo altas temperaturas, lavagens sob alta pressão e aos produtos químicos utilizados.
  • EHEDG: The European Hygienic Engineering and Design Group, CE (European Committee for Standardization), NAMI (The North America Meat Institute), 3-A SSI, etc. são algumas das agências que fornecem apoio e orientação para a indústria em relação ao projeto sanitário de equipamentos.
  1. Referências
  • Requisito adicional 2.5.15 da FSSC 22000 versão 6.0
  • Guia da FSSC 22000: Gestão de Equipamentos – Versão 1 de setembro de 2023
  • NBR ISO 14159 – Requisitos de Higiene para o Projeto de Máquinas
  • ISO/TS 22002-1, ítem 8.2
  • ISO 22000 versão 2018, Capítulo 6.3
  • Documentos publicados pelo EHEDGE no site https://www.ehedg.org/guidelines-working-groups/guidelines/guidelines
  • EN 1672-2 Norma Europeia – Requisitos de Higiene para Equipamentos de processamento de Alimentos

4. Procedimento

O QUE FAZER COMO FAZER RESP
1.Estabelecer uma equipe de gestão de equipamentos Convocar e nomear os membros da equipe de gestão de equipamentos, contando no mínimo com:

– 1 especialista na operação do processo envolvido

– 1 especialista em desenho sanitário ou, caso não exista na empresa, especialista em Higienização e/ou CIP (Cleaning in Place).

– 1 especialista da qualidade/segurança de alimentos

– 1 especialista em engenharia ou manutenção

– 1 especialista em segurança no trabalho

Definir quem será o coordenador dessa equipe.

Preencher o RG 82 Equipe de Gestão de Equipamentos.

O Diretor deve aprovar a equipe e dar o seu apoio sempre que necessário.

Diretor
2.Detectar uma necessidade aquisição ou modificação de equipamentos Qualquer colaborador pode detectar uma necessidade de aquisição ou modificação de equipamentos devido a diversas causas como:

– Necessidade de aumentar a produtividade do processo

– Evitar desperdícios e vazamentos

– Aumentar o shelf life dos alimentos

– Atender às mudanças na legislação de alimentos

– Atender às mudanças mercadológicas e de marketing

– Atender ao desenvolvimento de produtos

– Evitar não conformidades e reclamações de clientes

– Evitar a ocorrência de sinistros e situações emergenciais

Ao detectar uma mudança, levar a informação para o líder de seu processo que deve preencher o RG 83 Solicitação de Equipamento e enviar para a equipe de gestão de equipamentos.

OBS 1: Este RG não deve ser preenchido no caso de manutenção dos equipamentos (ex: troca de fusível), pois para isso existe formulário específico.

OBS 2: A organização não é obrigada a avaliar os seus equipamentos existentes em relação a este requisito, a menos que o equipamento existente sofra alterações significativas, pois, para empresas certificadas, já é esperado que tenham feito isso na análise de perigos do APPCC.

Qualquer colaborador
3.Levantar os requisitos aplicáveis Ao elaborar este procedimento, a equipe de equipamentos deve consultar os seguintes documentos:

– legislação para material de contato;

– EHEDG DOC 08 Critérios de Projeto Sanitário para Equipamentos;

– NBR ISO 14159 – Requisitos de Higiene para o Projeto de Máquinas

– EN 1672-2 Norma Europeia – Requisitos de Higiene para Equipamentos de processamento de Alimentos e

– EHEDGE White paper on GFSI Hygienic design scopes JI & JII (nesse caso os requisitos do JII, que são para os usuários, identificaram os requisitos aplicáveis aos equipamentos e incluiram no RG 84 Especificações de Equipamentos)

A equipe deve manter este formulário atualizado sempre que houver mudanças nesses documentos de referência e sempre que mudarem os produtos da empresa.

Coordenador da equipe de equipamentos
4. Identificar os perigos e avaliar o risco Levantar os perigos possíveis e definir a probabilidade e a severidade de cada perigo conforme critérios definidos no RG 83 Solicitação de Equipamento.

Calcular o risco, que é o resultado da multiplicação da probabilidade pela severidade.

Definir as medidas de controle necessárias relacionadas com as especificações do equipamento e registrar nos campos específicos do RG 83 Solicitação de Equipamento,

Equipe de equipamentos
5. Elaborar a especificação Técnica A partir das informações colhidas no RG 83 Solicitação de Equipamento ou Edificações, preencher o RG 84 Especificações Técnicas de Equipamentos e enviar para o setor de compras, que deve enviar para o fornecedor escolhido do equipamento na compra. Se necessário anexar desenhos complementares. Coordenador da equipe de equipamentos
6.Fazer o pedido ao fornecedor Preencher o RG 85 – Pedido de Equipamentos e enviar ao fornecedor escolhido juntamente com o RG 84 e, se houver, os desenhos complementares, conforme prevê o PG 06 Seleção e Monitoramento de Fornecedores Comprador
7.Inspecionar o equipamento no recebimento Comparar as especificações observadas e medidas nos equipamentos e nos documentos enviados com as previstas no RG 84 Especificações Técnicas de Equipamentos.

Caso aprovado liberar para instalação. Caso reprovado contatar o fornecedor e solicitar ajustes até resolver a(s) divergência(s).

Equipe de equipamentos
8.Instalar / disponibilizar o equipamento ao usuário Conforme orientações do fabricante e conforme o RG 84. Responsável pela Manutenção
9.Fazer o Set Up Após terminar todas as instalações, configurar os parâmetros desejados e realizar os primeiros testes. Registrar no RG 86 – Avaliação para Liberação de Equipamento.

Liberar o equipamento para uso apenas quando todas as especificações, parâmetros de processo e resultados microbiológicos e alergênicos do equipamento foram atendidos.

Responsável pela verificação

5. Controle de Alterações

CONTROLE DE ALTERAÇÕES (em relação à última emissão)
Nº REVISÃO DATA DESCRIÇÃO E RAZÃO
00 xx/xx/20xx Emissão inicial

6. Aprovação

ELABORADOR APROVADOR
 

Luis Fernando Mattos

Coordenador de Manutenção

 

Fulano de Tal

Diretor Executivo

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