Tenho recebido algumas consultas sobre necessidade de ajustes nos processos de validação da higienização, porque este processo está apresentando resultados fora dos limites aceitáveis. E a dúvida é: “o que eu faço agora?” ou “como eu começo um processo de validação?”.
Na maioria das vezes essas validações são responsabilidade da área de higienização ou qualidade para atender as normas de segurança de alimentos.
Minha sugestão é avaliar os processos antes do início da validação propriamente dita, criando um time multidisciplinar, que inclua higienização, qualidade, manutenção, projetos, produção e processos.
Isso mesmo: com a manutenção junto! Essa área não serve apenas para resolver urgências, é também uma grande fonte de informações em relação à análise de riscos e perigos, porque recebe reclamações de todas as áreas.
Quando atendi clientes dando suporte às áreas de manutenção, algumas pessoas tinham a percepção de que alguns problemas são normais, ou seja, sem solução. Triste e equivocado, pois os problemas têm solução, basta analisá-los assertivamente e definir um plano de ação.
Lembrando que a manutenção é item das normas de Segurança de Alimentos. Conforme já publicado aqui, no processo de limpeza CIP, a norma BRCGS requer algumas ações:
4.11.7.4 As instalações da CIP, quando usadas, devem ser monitoradas em uma frequência definida com base no risco. Isso pode incluir:
- monitoramento dos parâmetros do processo definidos na cláusula 4.11.7.2;
- garantir que as conexões corretas, a tubulação e as configurações estão implementadas;
- confirmar que o processo está funcionando corretamente (por exemplo, abertura / fechamento de válvulas sequencialmente);
- garantir a conclusão efetiva do ciclo de limpeza;
- monitoramento de resultados efetivos, incluindo a drenagem, quando necessário.
Seguem algumas sugestões, fazendo um paralelo com manutenção:
- Monitoramento de parâmetros do processo definidos na cláusula 4.11.7.2: os principais parâmetros para a limpeza CIP são: tempo, temperatura, ação mecânica ( vazão) e concentração de produtos químicos (condutividade):
- Nas linhas e equipamentos automáticos, devem ser verificados se os instrumentos estão com bom funcionamento e, se necessário, se a aferição/calibração deles está em dia ,
- Se sua linha não é automática, seja criativo, mas com critérios bem definidos.
- Garantir que as conexões corretas, a tubulação e as configurações estão implementadas:
- Verificar se as linhas atendem requisitos de Projeto Sanitário, Hygiene design, para evitar surpresas de contaminações devido a pontos mortos;
- Verificar se vedações são adequadas para os produtos (composição) e processos (temperaturas), bem como estão dentro do prazo de durabilidade indicado pelos fornecedores;
- Atentar aos tipos de conexões, se são realmente sanitárias, apenas ser de aço inox não é suficiente. O EHEDG indica alguns modelos de conexões que realmente atendem;
- Verificar se as tubulações estão alinhadas e com suportes adequados.
Figura 1 – Placa de conexão e área com problemas de projeto sanitário
- Confirmar que o processo está funcionando corretamente (por exemplo, abertura / fechamento de válvulas sequencialmente);
- Acompanhar o funcionamento das etapas para verificar se estão adequadas. Exemplo: se a abertura da válvula de controle de temperatura atinge a temperatura necessária para a limpeza e se a drenagem está adequada.
- Garantir a conclusão efetiva do ciclo de limpeza;
- Pode acontecer uma queda de vapor ou energia durante o processo, assim a contagem do tempo da etapa deve parar e somente após o restabelecimento dos parâmetros deve-se continuar a contagem,
- Para linhas automáticas, sugiro verificar lista de alarmes e histórico do processo de limpeza.
- Monitoramento de resultados efetivos, incluindo a drenagem, quando necessário.
- Esse acaba sendo parte do processo de validação, e a manutenção pode ajudar na investigação caso haja desvios.
O processo de validação da higienização pode ser longo e trabalhoso, sendo assim é importante ter em mente que essa preparação pode economizar tempo e dinheiro, além de favorecer a obtenção dos resultados positivos desejados. Os resultados positivos são gratificantes não somente por conseguir os certificados, mas pela tranquilidade de produzir alimentos seguros.
Referências:
O que as normas de certificação em segurança dos alimentos requerem para limpeza CIP?
Válvulas borboletas & Projeto Sanitário na indústria de alimentos
Dicas rápidas para desenvolver um olhar crítico em projeto sanitário
Manual gratuito de conceitos básicos em projeto sanitário EHEDG já está disponível em português
https://www.betelgeux.es/blog/2015/03/25/diseno-higienico-en-la-industria-alimentaria/
JULLIE FERREIRA BITENCOURT
Boa tarde.
Excelente artigo, gostaria de tirar uma dúvida.
Para atender o item da ISO/TS 22002-1 Programa de Limpeza e Sanitização, ressalta que a organização deve estabelecer programa de limpeza e sanitização que os mesmos devem ser validados.
Minha dúvida é,
Além de fazer a validação CIP, devemos fazer a validação da limpeza (mecânica) dos equipamentos do processo citando (esteiras, bandejas, porta, proteções, etc.)
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