A limpeza a seco não é novidade aqui no blog (2022, 2021 e 2015). No entanto, a ideia neste post é apresentar diretrizes com um passo a passo para implantar um procedimento de limpeza a seco.
A limpeza a seco na indústria de alimentos é um método de limpeza que utiliza técnicas e produtos que não envolvem o uso de água em grandes quantidades. Esse tipo de limpeza é especialmente aplicado em áreas e equipamentos onde a presença de água pode ser prejudicial ou indesejável, como em equipamentos elétricos, sistemas de controle, áreas sensíveis à umidade ou onde a água pode causar danos aos alimentos ou processos de produção.
Ela contribui para a prevenção da contaminação cruzada, evitando a transferência de resíduos de uma área para outra durante o processo de limpeza. Ao utilizar métodos e equipamentos adequados, é possível minimizar o risco de contaminação microbiana, alérgenos ou outros contaminantes indesejados. Isso ajuda a manter a inocuidade dos alimentos, garantindo a conformidade com as regulamentações sanitárias.
Do ponto de vista de segurança dos alimentos, por que eu preciso me preocupar com a limpeza do ambiente se ele está seco?
- Restos de alimentos empoeirados podem atuar como alimento para microrganismos deteriorantes ou patogênicos. Geralmente a contagem de microrganismos no ar é maior em ambientes empoeirados;
- A poeira de partículas de alimentos espalhadas pode ser alimento para pragas
- Alimentos não alergênicos podem ser contaminados devido à transferência de alérgenos de uma linha de processo para outra linha de produção.
A limpeza seca é realmente suficiente para higienização eficaz?
No entanto, é fundamental validar previamente a forma como ela é realizada, levando em consideração as características individuais de cada tipo de planta, bem como as particularidades relacionadas ao tipo de produto, e selecionar adequadamente os itens a serem utilizados nesse processo.
Como implementar um procedimento de limpeza a seco?
Antes de detalhar um processo de limpeza, é necessário saber o que se está limpando, ou seja, quais são os tipos de sujidades e microrganismos que é preciso remover.
Quanto aos tipos de sujidades, pode-se considerar:
- Poeira e partículas: acumulam em superfícies e podem afetar a qualidade do ar.
- Manchas e resíduos visíveis: inclui sujeira, gordura, restos de alimentos, manchas de líquidos, entre outros.
- Sujidades biológicas: engloba microrganismos, como fungos e bactérias, que podem causar problemas de saúde.
Com essa resposta em mãos é possível direcionar a limpeza. Outra informação de extrema relevância é que se o ambiente apresentar sujidades biológicas, é necessário compreender um pouco mais sobre as particularidades dos microrganismos a serem removidos, como demonstra o exemplo abaixo:
Fungos | Bactérias |
· Preferem ambientes úmidos e quentes.
· Podem proliferar em superfícies porosas, como madeira e papelão. · Podem formar colônias visíveis, como mofo. · Podem produzir toxinas que representam riscos à saúde. · Podem ser mais resistentes a desinfetantes comuns. · São mais leves que as bactérias. |
· Podem se desenvolver em uma ampla faixa de condições, incluindo ambientes secos e úmidos.
· Podem se multiplicar rapidamente, especialmente em condições ideais de temperatura e umidade. · Podem ser controladas por meio de desinfetantes adequados e métodos de higienização; · São mais pesadas que os fungos, ou seja, é mais difícil de removê-las do ar. |
Sabendo os tipos de sujidades a serem removidas, podemos definir o tipo de limpeza a ser realizado. A figura abaixo apresenta algumas opções aplicáveis a higienização a seco:
É importante ressaltar que, para garantir a eficácia da higienização, é imprescindível além da execução adequada da limpeza, a seleção de um sanitizante apropriado. A desinfecção é o estágio final de um programa de limpeza e desinfecção de dois estágios e reduz a viabilidade de microrganismos que permanecem nas superfícies após a fase de limpeza a um nível que é seguro para a produção de alimentos.
Entre as opções de sanitizantes de destaque para essa finalidade, temos o uso de um spray/toalete à base de álcool. Normalmente é uma mistura de álcool, compostos de quaternário de amônio ou anfotéricos, e possivelmente aditivos detergentes suaves, formulada para fornecer uma boa desinfecção em ambientes pouco sujos, sem o uso de água ou técnicas emergentes como fumigação.
Ademais, cabe definir como a informação referente a esse procedimento será documentada, ou seja, procedimentos, instruções de trabalho, registros e treinamento dos envolvidos. Além disso, indicar quais as formas de monitoria e validação do processo, que envolvem desde inspeções visuais a análises de microbiologia.
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