A indústria 4.0 representa um grande desafio para o setor de alimentos e bebidas. Ao mesmo tempo, traz consigo uma série de benefícios no que se refere ao controle de custos, qualidade e segurança dos alimentos.
As tecnologias associadas a este conceito, como Inteligência Artificial, internet das coisas e armazenamento em nuvem, por exemplo, representam ferramentas importantes para padronização e controle de processos. Trata-se de investimentos que, em curto e longo prazo, promovem aumento da produtividade, da confiança dos consumidores e contribuem com a segurança ao longo da cadeia de produção.
Um dos pontos de destaque se refere à segurança dos alimentos. Através do armazenamento e compartilhamento de dados de todos os elos da cadeia de produção, a confiabilidade nos processos aumenta. Possíveis falhas, em qualquer elo desta cadeia, podem ser identificadas e tratadas sem que a segurança do produto final seja ameaçada.
Isso nos faz pensar numa ferramenta chave para os produtores de alimentos: a rastreabilidade. Trata-se do “conjunto de procedimentos que permite detectar a origem e acompanhar a movimentação de um produto ao longo da cadeia produtiva, mediante elementos informativos e documentais registrados” como descreve a Instrução Normativa Conjunta INC 02/2018. Do ponto de vista do consumidor, é a garantia de que todas as etapas da produção são conhecidas e controladas, conferindo maior credibilidade ao produtor que utiliza esta ferramenta. Entretanto, quando tratamos da produção de alimentos, estamos falando de um sistema complexo em que o número de fornecedores e consumidores, relacionados a um único lote de um determinado produto, pode ser muito grande. Assim, a quantidade de dados associados a este lote também é muito grande. O que nos leva a uma importante questão: como armazená-los, controlá-los e ainda garantir que sejam facilmente acessados? Parece algo dispendioso, informações relevantes podem ser perdidas. E se este produto hipotético foi produzido no ano anterior? Como resgatar os dados num tempo hábil? Trata-se de um grande desafio para o fabricante.
Por isso, a possibilidade de armazenamento e compartilhamento de dados com maior rapidez e segurança, ofertada pelas tecnologias 4.0, confere importantes benefícios ao produtores que as adotam, como: “1) acesso a informações completas e atualizadas em tempo real; 2) eliminação do uso de papel (um custo importante) que atrasaria a produção, aumentando horas de trabalho necessárias para documentar e arquivar todas as etapas; 3) eliminação de erros de transcrição dos dados; 4) visibilidade imediata de estoques; 5) armazenamento de todos os dados de produção e estoque para rastrear o status da máquina.”
Entretanto, para garantir que o ambiente 4.0 traga os resultados esperados, os requisitos de cada produto/processo devem ser cuidadosamente avaliados e validados. E quais seriam estes requisitos? Todos os detalhes referentes aos equipamentos (design e manutenção), utensílios, insumos e recursos associados. Algo que exige um esforço conjunto de especialistas das diferentes áreas.
Mariana Costa é engenheira de alimentos e atua em indústria de laticínios.
Referências:
https://medium.com/@Techsol_srl/industry-4-0-the-importance-of-traceability-c9c05691676f
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0956713513005811
http://www.agricultura.gov.br/noticias/comeca-a-valer-em-agosto-sistema-de-rastreabilidade-de-vegetais-frescos/InstruoNormativaConjuntaINC02MAPAANVISA07022018.pdf
Elias Natalino Marins
Muito bom o artigo. Aqui na empresa nós já estamos nos adaptando e muito bem. Antigamente pra fazer um processo de rastreabilidade demora cerca de 2 horas até juntar todos os documentos. Hoje com o sistema que desenvolvemos, conseguimos rastrear tudo em apenas 1 clic, cerca de 1 minuto para o sistema buscar as informações vizualiza-las em PDF. Ficou muito mais prático. Já tivemos varias auditorias de clientes e certificadoras que parabenizaram esse novo sistema, pois em auditorias ganhamos um tempo considerável.
A redução nas impressões foi gigante, e não para por ai, estamos agora deixando as instruções e procedimentos na forma digital nos terminais da produção, não tem mais aquelas pastas POP´s onde na verdade só se acumula poeiras. Nosso TI fez todo um trabalho de segurança para evitar a perda das informações. Em média cada procedimento e instrução tem 12 folhas, imagina o quanto nós economizamos.
Tammirys
Olá Elias poderia informar qual seria esse sistema?
Mariana Costa
Muito bom Elias!