O tema Food Fraud ou fraude em alimentos ainda é “novo” e considerado “cinzento”. Este assunto foi tratado na palestra de Daniela Coco, da Price Water House Coopers, na 3ª edição nas Américas da Sustainable Foods Summit, dias 18 a 20 de setembro de 2017 e fizemos a cobertura para você, leitor. Acompanhe a seguir um compilado da pauta:
A abordagem foi sobre o que tem acontecido no setor de alimentos e as tendências no agronegócio no Brasil, que representa 24% do PIB e 46% das exportações, sendo 12% do insumo, 30% de agropecuária, 27% da indústria de alimentos e 31% em distribuição. A soja domina a exportação, seguida de carnes, sucro-energético e café. O superavit da balança comercial vem do agronegócio de tão relevante que é para nossa economia. O Brasil é líder em exportações de soja, café, açúcar, aves, laranja, seja de grande produtor em escala, ou de produtor familiar (ex.: leite e tomates). O governo atual firmou compromisso público de aumentar de 7% para 10% em negócios globais com diversas iniciativas para essa realidade, sendo que em 2050 haverá 9,3 bilhões pessoas no mundo e a produção deve aumentar 70% e o Brasil sozinho é previsto ser o responsável por 40% desse aumento. Nesse contexto, o desafio de tendências globais que afetam vários segmentos como mudança de população, aumento da renda per capita, envelhecimento, êxodo da população rural, mudança da geo-política (bloco do G7 será mais poderoso), escassez de recursos, inovação tecnológica para aumento de produção sem aumentar áreas com tecnologias mais poderosas, podem levar a problemas como integridade e autenticidade desses produtos alimentícios. Além disso, há um novo consumidor, mais complexo, sofisticado, que necessita de diversas coisas e que está cada vez mais conectado, apressado, fluente e que nem questiona as informações, circulando mensagens falsas que derrubam reputações e imagens de negócios sólidos. Assim, há movimento saindo da rastreabilidade e voltando para visibilidade, regulamentações e mais normas de certificações demandadas e ampla adoção de tecnologias desde o elo produtivo até o consumidor final (máquinas agrícolas controladas remotamente, computação na nuvem, sensores em plantas e animais, dispositivos para óculos ou vestimentas, dobro de pessoas conectadas em 2020 está previsto), propiciando aumento de busca de integridade na cadeia de alimentos.
O consumidor busca relacionamento com a marca, lealdade com aspectos de transparência, autenticidade e origem de alimentos. Na contaminação por chumbo na Índia para macarrão instantâneo, a empresa agiu de maneira contundente, sem impacto global (facilidade de compartilhar a reputação). Outros escândalos com fórmula infantil na China com três crianças mortas e mais de 6 mil internações e o governo tomando medidas drásticas na cadeia do leite naquele país. Lácteos com C. botulinium na Nova Zelândia com resposta rápida e posicionamento de modo objetivo com processos, investigações e respostas à sociedade. No Brasil conhecemos os casos de leite compensado 1, 2 e 3; 40 pessoas internadas com achocolatado contaminado; R$ 200 milhões de prejuízo para a marca de bebida de soja; 55 países com plástico nas barras de chocolates. De janeiro a junho de 2017, 350 eventos reportados nos EUA para recall. No Brasil, agora é obrigatória a notificação. Em março de 2017 a operação “Carne Fraca” voltada à corrupção endêmica mas com vulnerabilidades na cadeia envolvida sobre a proteína animal e o impacto na cadeia importante para a economia brasileira, abalando exportações. Azeite de oliva é um dos mais fraudados alimentos. Achocolatado com envenenamento intencional envolveu somente uma criança, mas a marca saiu prejudicada. Molho de tomate com pelos de roedores. Enfim, implicações financeiras reais na cadeia de fornecimento, sendo que 90% das empresas pesquisadas não garantem que as empresas tem mecanismos para responder as crises, com foco em redução de custos e não gerenciamento de riscos e prevenção. Mais de 50% do recall custa 10 milhões e 10% deles acima de 100 milhões de dólares nos EUA. O consumidor perde a fé, a lealdade na marca. Para Food Fraud são estimados de 30-40 milhões de dólares por ano de impactos nos negócios.
O tema Fraude Alimentar envolve oportunidades, motivação (ganho econômico pelo criminoso) e falta de controles adequados (fazer só o suficiente, cumprir apenas a legislação, e nada além). Como medir? Como priorizar para mitigar? Combinando isso com universidades européias e SSAFE, há 20 meses, os resultados em 70 países foram:
– 40% dos respondentes indicaram que é fácil adulterar (métodos e conhecimentos disponíveis);
– 32% indicaram que a competição é acirrada e é difícil bater as métricas que geram motivação;
– 40% disseram não haver métodos adequados, ambiente permissível;
– 36% disseram não haver canal de denúncias, não é confidencial o SAC das empresas;
– 35% não avaliam a integridade dos seus funcionários.
Como as empresas líderes respondem a esses desafios?
A questão da integridade é o comportamento presente em toda a organização (cultura), o operador tem que acreditar na saudabilidade do produto, não apenas o CEO da empresa e suas medidas para espalhar esse valor; revisão contínua de riscos; custo-eficiência-resiliência na cadeia; verticalização torna menos complexa a cadeia com facilidade de mapear; adoção de tecnologia na cadeia primária; empresas com habilidades de prever e responder às crises e ter transparências e comunicação aos consumidores. Ex.: setor de lácteos na China bombardeado e monitorado para dar segurança ao consumidor final após o sabido incidente.
Várias empresas buscam a integridade prevenindo contaminação e quebras de fornecimentos de fornecedores. A procura por autenticidade não pode ser apenas uma defesa e sim uma forma de atacar os eventos com medidas preventivas.
Veja abaixo uma lista de posts já publicados no FSB que tratam do tema “Fraude em alimentos”:
- http://foodsafetybrazil.org/fraude-no-setor-de-alimentos-a-experiencia-italiana-envolvendo-pesquisa-e-experimentacao-resumo-da-palestra-do-dr-enrico-novelli-no-iv-workshop-internacional-de-food-safety/
- http://foodsafetybrazil.org/de-olho-nas-fraudes-em-alimentos-www-foodfraud-org/
- http://foodsafetybrazil.org/auditorias-piloto-da-fssc-sobre-fraude-em-alimentos-e-seus-resultados/
- http://foodsafetybrazil.org/avaliacao-estrategica-de-crimes-em-alimentos-resenha-da-food-standards-agency/
- http://foodsafetybrazil.org/ainda-na-onda-das-fraudes-mapa-identifica-45-marcas-de-azeite-fraudadas/
- http://foodsafetybrazil.org/77736-2/
- http://foodsafetybrazil.org/fraudes-em-alimentos-e-os-protocolos-de-certificacao-gfsi/
- http://foodsafetybrazil.org/fraude-em-alimentos-o-consumidor-pode-se-proteger/
- http://foodsafetybrazil.org/fraude-em-alimentos-hot-topic/
- http://foodsafetybrazil.org/palestras-do-ii-workshop-food-safety-brazil-em-londrina/
- http://foodsafetybrazil.org/como-implementar-food-defense/
- http://foodsafetybrazil.org/avaliacao-de-vulnerabilidade-fraude-nos-alimentos/
- http://foodsafetybrazil.org/historico-de-fraudes-em-alimentos-para-avaliacao-de-vulnerabilidades/
- http://foodsafetybrazil.org/produtos-com-fraudes-mais-uma-vez/
- http://foodsafetybrazil.org/ferramenta-gratuita-para-avaliacao-de-vulnerabilidade-a-fraudes/
- http://foodsafetybrazil.org/palestras-do-i-workshop-food-safety-brazil-ja-estao-disponiveis-gratuitamente-para-assinantes/
- http://foodsafetybrazil.org/enquete-as-principais-preocupacoes-populares-em-2015/
- http://foodsafetybrazil.org/leite-ou-veneno-fraudes-em-leites-no-brasil/
- http://foodsafetybrazil.org/entenda-como-acontecem-as-fraudes-e-adulteracoes-de-azeite-de-oliva/
- http://foodsafetybrazil.org/simposio-fraudes-e-impactos-na-seguranca-de-alimentos-2/
- http://foodsafetybrazil.org/cuidado-sua-deliciosa-pizza-pode-estar-fraudada/
- http://foodsafetybrazil.org/carne-do-topo-das-fraudes-alimentares/
- http://foodsafetybrazil.org/fraudes-em-alimentos-punicoes-e-desfechos/
- http://foodsafetybrazil.org/papel-do-ministerio-da-agricultura-no-combate-da-fraude-de-produtos-de-origem-animal/
- http://foodsafetybrazil.org/fraudes-em-alimentos-e-prevencao/
- http://foodsafetybrazil.org/gfsi-divulga-documento-sobre-fraudes-em-alimentos/
- http://foodsafetybrazil.org/fraude-sem-alimentos-ate-onde-pode-ir-a-falsificacao/
- http://foodsafetybrazil.org/impacto-das-fraudes-e-de-recalls-no-varejo-case-walmart/
- http://foodsafetybrazil.org/proteste-descobre-fraude-em-4-marcas-de-azeite-de-oliva/
- http://foodsafetybrazil.org/palestra-sobre-fraudes-em-alimentos/
- http://foodsafetybrazil.org/food-chemical-codex-o-que-e-e-como-utilizar/
- http://foodsafetybrazil.org/curso-gratuito-online-sobre-fraudes-em-alimentos/
- http://foodsafetybrazil.org/fraudes-em-alimentos-como-forma-de-reducao-de-custos-pelos-fabricantes/
- http://foodsafetybrazil.org/novidades-fssc-22000-elaboracao-da-versao-4-e-extensao-de-escopo/
- http://foodsafetybrazil.org/haccp-taccp-vaccp-entenda-a-diferenca-entre-estas-ferramentas/
- http://foodsafetybrazil.org/merenda-escolar-envenenada-na-india-licitacoes-irregulares-no-brasil/
- http://foodsafetybrazil.org/caso-do-leite-compensado-podera-ter-provas-anuladas-por-erros-tecnicos/
- http://foodsafetybrazil.org/dicas-para-se-fazer-um-plano-de-gerenciamento-de-crises/
- http://foodsafetybrazil.org/publicacao-do-pas-962014/
- http://foodsafetybrazil.org/desdobramentos-dos-escandalos-de-contaminacao-de-carne-de-cavalo-e-suina-no-reino-unido/
- http://foodsafetybrazil.org/que-desafios-a-curto-prazo-temos-a-nivel-de-seguranca-alimentar-visao-europeia-indicada-pelo-sistema-rasff-relatorio-de-2013/
- http://foodsafetybrazil.org/cinco-anos-da-tragedia-do-leite-chines-com-melamina/
- http://foodsafetybrazil.org/teste-mostra-que-a-maioria-do-mel-comercializado-nos-eua-nao-pode-ser-classificado-como-mel/