Segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) na safra de 2010/2011 o Brasil produziu 242,3 mil toneladas de amendoim. O cultivo da semente é feito em todo país, mas São Paulo é responsável por 80% da produção nacional.
Em 2010, o Brasil exportou 54 mil toneladas da semente, o equivalente a 22% da produção. O restante é utilizado no mercado interno e sua destinação concentra-se na área de confeitos, salgadinhos e doces. Entre os doces destaques especiais para paçoca e o pé-de-moleque, verdadeiros ícones da cultura popular, com grande aceitação de norte a sul do país.
De acordo com dados de uma pesquisa realizada pelo IBOPE, por encomenda da ABICAB – Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados – 66% da população brasileira costuma consumir amendoim, esta porcentagem é maior quando se trata de derivados como paçoca (75%) e o pé de moleque (71%).
Porém, o amendoim é um dos produtos agrícolas mais susceptíveis à contaminação por aflatoxina, que é um metabólito tóxico produzido por fungos do gênero Aspergillus flavus e A. parasiticus os quais em condições favoráveis de temperatura e umidade se desenvolvem durante o cultivo e a estocagem de produtos agrícolas.
A ingestão de aflatoxina em altas concentrações pode resultar em intoxicação chamada de aflatoxicose. As principais toxinas de interesse são designadas de B1, B2, G1 e G2. Entretanto, a aflatoxina B1 é geralmente predominante, sendo também a mais tóxica. A aflatoxina causa necrose aguda, cirrose e carcinoma de fígado em diversas espécies animais. A toxicidade pode ser influenciada por fatores ambientais, quantidade e duração de exposição, idade, estado de saúde e nutricional. Por serem resistentes ao calor representam um grande risco quando presentes no alimento. Efeitos agudos de gastroenterites podem ser identificados; contudo os efeitos crônicos resultam de ingestão moderada e ao longo do tempo, dificultando o reconhecimento da associação entre a toxina e a doença. Para mais informações acesse o site do CVE.
Por serem possíveis veiculadores de aflatoxina amendoins processados e derivados constituem risco a saúde pública, por este motivo há 10 anos a ANVISA estabeleceu a Resolução RDC – nº172, 04 de julho de 2003, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Industrializadores de Amendoins Processados e Derivados e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Industrializadores de Amendoins Processados e Derivados.
Abaixo estão os principais itens tratados nesta resolução:
4. Seleção de fornecedores de amendoim cru;
5. Processamento de amendoins e derivados
5.1Recepção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;
5.2 Armazenamento das matérias-primas, ingredientes e embalagens;
5.3 Seleção amendoim cru;
5.4 Produção de amendoins processados e derivados;
5.5 Armazenamento e transporte do produto final;
5.6 Controle de Qualidade produto final;
5.7 Rotulagem de amendoins processados e derivados;
5.8 Responsável pelo processamento;
5.9 Documentação e registro;
5.10 Disposições gerais – Lista de verificação.
Os principais tópicos da Lista de Verificação são:
- 1. Edificações e instalações
- 2. Equipamentos móveis e utensílios
- 3. Manipuladores
- 4. Seleção dos fornecedores de amendoim cru
- 5. Processamento de amendoins e derivados
- 6. Documentação (incluindo atendimento aos POP´s)
Ao final da lista de verificação o estabelecimento pode ser classificado em 3 grupos:
Grupo 1 – Estabelecimento de baixo risco
Grupo 2 – Estabelecimento de médio risco
Grupo 3 – Estabelecimento de alto risco
Fontes:
http://www.abicab.org.br/amendoim/historia-3/
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/Aflatoxinas.htm
Eduardo Fiorin
Olá! Procurei na resolução alguma disposição sobre a validade de amendoins processados; se o vencimento se altera com o processamento, porém não encontrei nada que indicasse essa mudança entre o in natura e o processado.
Minha dúvida é pois para fabricar pasta de amendoim natural, imagino que o produto adquira um novo ciclo de vida, menor, devido ao maior teor de umidade e oxigenação do conteúdo.
Vocês saberiam indicar uma fonte que sane essas dúvidas? Grato.