O ITAL realizou um evento em Campinas/SP, no dia 23/08/23, para lançar sua nova publicação: Brasil Food Safety Trends 2030.
Neste novo documento foram discutidas as transformações estratégicas e as macrotendências do setor de alimentos, por representantes da pesquisa, indústrias, órgãos regulatórios e governo. Analisa-se o futuro da segurança de alimentos, com a visão do que será necessário para acompanhar as evoluções e desafios globais nesta década. Conheça o material completo aqui.
O lançamento fez parte das comemorações do mês de agosto, quando o Ital celebrou seus 60 anos de contribuições para inovação, tecnologia, nutrição, ciência e segurança de alimentos. O Instituto é um incrível centro de formação de pesquisadores e referência para capacitação técnica e desenvolvimento de projetos para a indústria nacional.
O documento abrange desde a cadeia primária até o consumidor final, aspectos de evolução dos sistemas regulatórios, ampliação dos riscos e perigos, a incrementação do valor nutricional, responsabilidade social, sustentabilidade, cultura de segurança de alimentos e comunicação na gestão de produtos. Foi coordenado pelo Ital, com contribuições de diversos pesquisadores, consultores e indústrias patrocinadoras.
Nos painéis, debatem-se temas como o protagonismo dos consumidores e como atender as novas demandas por produtos com maior apelo de saudabilidade, e que sejam éticos, sustentáveis, locais, sazonais, clean label (ficou curioso? Veja Movimento Clean Label e seus impactos em Segurança de Alimentos) e upcycled, sem perder o apelo sensorial, com fácil preparo e baixo custo. Mas como manter todos estes atributos sem perder o foco na segurança dos alimentos?
É preciso lembrar que muitas barreiras para o crescimento de microrganismos utilizadas até hoje, como adição de sal, açúcar, conservantes, acidificantes e processamentos térmicos, são alvo de embate entre consumidores, influenciadores e indústrias, e algumas vezes, são depreciadas sem comprovação científica.
A ciência demonstra há anos a segurança de ingredientes e processos e como eles garantem a vida de prateleira e reduzem o risco microbiológico de alimentos que, há menos de 50 anos, eram fabricados domesticamente, sem boas práticas e geravam diversas doenças transmitidas por alimentos.
A ciência de alimentos está em constante evolução e deve criar tecnologias para buscar saudabilidade, mas sempre focando a saúde pública e minimização de riscos.
A indústria e startups devem considerar nas estratégias de P&D (e nos orçamentos) estudos sobre o uso de novos ingredientes e a interação entre eles, embalagens e processos, a avaliação de doses tóxicas, riscos de alergenicidade, presença de micotoxinas, também em produtos inovadores, como os feitos à base de vegetais, insetos e carne cultivada, que até há poucos anos não existiam e sobre os quais não temos histórico.
A cultura de segurança de alimentos foi outra macrotendência apresentada, enfatizando-se que todos os agentes envolvidos devem ser engajados, para que haja uma melhor relação entre academia, indústria e consumidores, priorizando as estratégias de comunicação e confiança na segurança de alimentos industrializados.
Com o avanço do uso de mídias sociais como principal meio de obtenção de informação, as indústrias precisam descobrir como planejar melhor sua publicidade, para que as pessoas compreendam as informações apresentadas. Dados apresentados pela Criah demonstram que 73% dos entrevistados desconfiam da ciência no Brasil e somente 23% acreditam que a ciência contribui para gerar evolução econômica e social. Tecnologias como blockchain e aplicativos de rastreabilidade desde o campo até a mesa já são utilizados por algumas indústrias para disponibilizar mais informações ao consumidor.
Também foram debatidos os papéis da Universidade e dos órgãos regulatórios, e a importância da parceria com indústrias, empresas de certificação e consultorias para acompanhar e contribuir com este sistema alimentar em evolução e que busca cada vez mais transparência.
Outro tema é a estratégia de Saúde Única – One Health. Este tópico trata de forma interdisciplinar a maneira de prevenir e mitigar ameaças à saúde nas interfaces animal-homem-ambiente. Para tal, considera-se a produção de alimentos globalizada e descentralizada, com consumo de alimentos distribuídos em distâncias cada vez mais longas, tornando muito importante a colaboração, contribuição e responsabilidade de todos os envolvidos neste processo.
Há uma reflexão importante sobre os impactos das políticas regulatórias internacionais, que deveriam seguir os preceitos do Codex (FAO), mas que muitas vezes são usadas como barreiras comerciais.
E para finalizar, não se esqueça, não há segurança alimentar sem segurança de alimentos!
Vida longa ao ITAL!
Parabéns por mais um trabalho de excelência nestes 60 anos!