Dando continuidade ao tema proposto, abordaremos a hierarquia do sistema metrológico e padrões rastreáveis.
Padrão é a medida materializada, equipamento de medição, material de referência ou sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar, reproduzir uma unidade, um ou mais valores de uma grandeza para servir de referência.
Para utilizá-los | Quem utiliza | Onde são utilizados | Como a precisão é determinada | |
Padrões de referências primários | Referência máxima de calibração em nível nacional sendo utilizados para calibração dos padrões de transferência | Metrologistas altamente especializados | Institutos nacionais de metrologia (Inmetro) | Pelo “Estado da Arte” |
Padrões de transferência | Para calibração dos padrões de trabalho, servindo para relacionar os padrões de trabalho com os padrões primários | Metrologistas altamente especializados | Institutos e laboratórios metrológicos especializados | Pela necessidade de adequação ao uso como refletida pelas tolerâncias dos produtos e processos |
Padrões de trabalho | Para calibração dos instrumentos de trabalho | Metrologistas ou instrumentistas | Indústrias e laboratórios | |
Instrumentos, equipamentos, dispositivos e calibradores | Medição de características de processos e produtos | Técnicos laboratoriais, operários, inspetores | Indústrias e laboratórios |
Para o tratamento de padrões devemos:
- Preservar as características físico-químicas: critério de manuseio, embalagem, armazenamento e uso;
- Validade e periodicidade de verificação e revalidação;
- Método de verificação do estado de adequação ao uso;
- Critérios para substituição e aquisição, se substituível;
- Autoridades pela verificação e validação;
- Método de preparação e obtenção, se preparado;
- Controle de consumo;
- Precisão e exatidão, rastreável;
- Resolução.
Padrões rastreáveis significa ter a propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estando relacionado a referências estabelecidas, geralmente a padrões nacionais ou internacionais, através de uma cadeia contínua de comparações, todas tendo incertezas estabelecidas.
- Todo equipamento e instrumento deve ser calibrado contra o padrão, rastreável a padrão nacional ou internacional;
- Todo padrão rastreável deve ser suportado por um certificado;
- Todo padrão interno dever ser documentado.
Acompanhe os outros post da série:
Fonte de imagem: Acrux Solutia.
Rodrigo Almeida
Parabéns Cintia, pela postagem.
Em uma auditoria me deparei com equipamentos calibrados em empresas externas, contudo o método de calibração utilizado era por comparação, ou seja um equipamento semelhante colocado juntamente com o calibrado. o resultado apresentado dependia do resultado dos dois equipamentos. um dos equipamentos era calibrado com um padrão primário. Como você analisa esse procedimento?
Cíntia Malagutti
Olá Rodrigo, obrigada por participar. Analiso com “bons olhos”.
Vamos aos conceitos de:
– Calibração – Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um equipamento de medição ou sistema de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões.
– Material de referência certificado – Um material de referência, acompanhado por um certificado, com um ou mais valores de propriedades, e certificados por um procedimento que estabelece sua rastreabilidade à obtenção exata da unidade na qual os valores da propriedade são expressos, e cada valor certificado é acompanhado por uma incerteza para uma probabilidade de abrangência estabelecida.
– Padrão – Medida materializada, equipamento de medição, material de referência ou sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como referência.
– Padrão internacional – É aquele reconhecido por um acordo internacional para servir, internacionalmente como base para estabelecer valores a outros padrões da grandeza a que se refere.
– Padrão nacional – É aquele reconhecido por decisão nacional para servir, em um país, como base para estabelecer valores a outros padrões da grandeza a que se refere. Geralmente é o padrão de melhor qualidade metrológica do país, que é chamada de padrão primário.
Ocasionalmente, isto pode não vir a ser verdadeiro, pois pode acontecer de existir padrões melhores que o padrão nacional.
– Padrão primário – É o padrão que é designado ou amplamente reconhecido como tendo as mais altas qualidades metrológicas e cujo valor é aceito sem referência a outros padrões da mesma grandeza.
– Padrão secundário – É um padrão cujo valor é estabelecido por comparação a um padrão primário da mesma grandeza.
– Padrão de referência – É o padrão da mais alta qualidade metrológica disponível em um certo local ou em uma dada organização, a partir do qual as medições são derivadas.
– Padrão de trabalho – Padrão utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas materializadas, equipamentos de medição ou materiais de referência.
– Padrão de transferência – Padrão utilizado como intermediário para comparar padrões.
– Padrão itinerante – Padrão, algumas vezes de construção especial, para ser transportado entre locais diferentes.
Assim, podes considerar o resultado dessa comparação dos dois juntos, com a incerteza do padrão primário utilizado.
Att,
Cíntia
Mariana
Olá Cinthia, excelente sequência de posts!
Tenho me deparado com diversas dúvidas em relação a um mesmo tema, que vejo que ainda não consigo explicar de forma clara, recebi o seguinte questionamento:
“para calibração de equipamentos de laboratório, e obrigatório que o prestador de serviço seja acreditado em ISO 17025 ou INMETRO? Por que não RBC?”
entendo que a RBC está associada diretamente ao INMETRO. Ou não? Poderia me ajudar a esclarecer essa questão, por favor? Muito obrigada!
Cíntia Malagutti
Olá Mariana, bom dia!
Obrigada por interagir conosco.
Sua dúvida é bem comum!
O termo “calibração rastreada” aparece no item correspondente da ISO 9001 (2008 ou 2015) e é mais que o suficiente para atender todas as demais Normas utilizadas nas empresas de alimentos. Somente em casos onde a Norma correspondente ao Sistema da Qualidade exigir a calibração RBC é que realmente se fará necessária.
Um exemplo clássico são empresas que têm o seu sistema da qualidade baseado na ISO IEC 17.025. Essa Norma é relativa a calibração e ensaio. Laboratórios de Análises de água, clínica e alimentos que estiverem acreditados pela 17.025 devem ter seus instrumentos calibrados pela RBC, aumentando ainda mais a confiança nos resultados encontrados, por isso é mais cara e mais demorada.
Tanto o certificado de calibração rastreada como o realizado diretamente pela RBC devem ter o mesmo conteúdo e os padrões utilizados são os mesmos, garantindo a qualidade do serviço e as incertezas dentro dos critérios esperados por você.
As calibrações rastreadas podem ter em seus certificados a inclusão da frequência de calibração (tempo definido entre uma calibração e outra) e o Limite de Erro (Critério de Aceitação) informados pelos usuários, facilitando para o prestador de serviços no gerenciamento futuro das calibrações e na validação dos certificados. A calibração pela RBC não permite essa inclusão. Todo o gerenciamento das calibrações como a validação dos certificados deverão ser apresentados de forma clara nas auditorias.
Espero ter esclarecido. Abraços.
Mariana
Cintia, muito obrigada pelo retorno!
Esclareceu demais minha dúvida!
Só um detalhe, como posso evidenciar a rastreabilidade da minha calibração (caso não seja feita pela RBC)?
Mias uma vez, te agradeço pela atenção!!
Grande abraço!!