As doenças transmitidas por alimentos, mais comumente conhecidas como DTA, são causadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Existem mais de 250 tipos de DTA e a maioria são infecções causadas por bactérias, vírus e parasitas.
Vale a pena relembrar que surto alimentar por DTA é definido como um incidente em que duas ou mais pessoas apresentam uma enfermidade semelhante após a ingestão de um mesmo alimento ou água, e as análises epidemiológicas apontam a mesma origem da enfermidade. Esta síndrome geralmente é constituída de anorexia, náuseas, vômitos e ou diarreia, acompanhada ou não de febre. Os sintomas digestivos não são as únicas manifestações, podendo ocorrer afecções extraintestinais em diferentes órgãos, como rins, fígado, sistema nervoso central, dentre outros.
A probabilidade de um surto ser reconhecido e notificado pelas autoridades de saúde depende, entre outros fatores, da comunicação dos consumidores, do relato dos médicos e das atividades de vigilância sanitária das secretarias municipais e estaduais de saúde.
A ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos vem aumentando de modo significativo em nível mundial. Vários são os fatores que contribuem para a emergência dessas doenças, entre os quais destacam-se o crescente aumento das populações, a existência de grupos populacionais vulneráveis ou mais expostos, o processo de urbanização desordenado e a necessidade de produção de alimentos em grande escala. Contribui, ainda, o deficiente controle dos órgãos públicos e privados no tocante à qualidade dos alimentos ofertados às populações e acrescentam-se a maior exposição das populações a alimentos destinados ao pronto consumo coletivo – fast foods, o consumo de alimentos em vias públicas, o aumento no uso de aditivos e as mudanças de hábitos alimentares, sem deixar de considerar mudanças ambientais, globalização e as facilidades atuais de deslocamento da população, inclusive em nível internacional.
A multiplicidade de agentes causais e as suas associações a alguns dos fatores citados resultam em um número significativo de possibilidades para a ocorrência das DTA, que podem se apresentar de forma crônica ou aguda, com características de surto ou de casos isolados, com distribuição localizada ou disseminada e com formas clínicas diversas.
Vários países da América Latina estão implantando sistemas nacionais de vigilância epidemiológica das DTA, em face dos limitados estudos que se tem dos agentes etiológicos, da forma como esses contaminam os alimentos e as quantidades necessárias a serem ingeridas na alimentação para que possa se tornar um risco.
Seguem abaixo as informações sobre surtos de DTA no Brasil, de acordo com os dados atualizados da Vigilância Epidemiológica até maio de 2017.
Em 2016 foram identificados apenas 543 surtos epidemiológicos, o que representa redução de 19,3% em relação a 2015 (673 surtos). Já em 2017, os resultados representam os valores somente até Maio (133 surtos e 2014 doentes).
De 2007 a 2017, das 99.826 mil pessoas expostas, a faixa etária com maior número de exposição é a de 20 a 49 anos e representa 55,22% dos doentes, totalizando 55.131 pessoas. O sexo masculino é 15% maior do que o feminino nesta faixa etária.
A região Sudeste lidera o histórico com mais notificações de casos de DTA até maio de 2017, e na sequência vem a região Nordeste.
Os sinais e sintomas mais evidentes são: diarreia (30%), dor abdominal (19%), vômito (17%) e náuseas (16%).
Os sintomas e sinais estão coerentes com os principais agentes etiológicos associados aos surtos, representando 90,5% dos casos que são as bactérias E. coli, Salmonella e S. aureus, respectivamente.
Um dado que chama atenção: de 2007 a 2017, em 66,4% dos registros foi ignorado ou inconclusivo o alimento incriminado no surto. Os alimentos mistos continuam à frente como os mais envolvidos nos surtos com 8,6%, seguidos por água (6,2%), ovos e produtos à base de ovos (3,7%). A dificuldade de se identificar o agente causador é um fato que se repete historicamente.
Fonte: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/maio/29/Apresentacao-Surtos-DTA-2017.pdf
Edivaldo Sampaio Almeida Filho
Excelente post Juliana. Sempre é bom acompanharmos um esboço do quadro de DTA’s no Brasil, e ver o quanto há de evolução dos números. Na minha opinião, a não ocorrência, por exemplo de casos/surtos de Campylobacter spp é um absurdo, sendo que este patógeno é um dos maiores causadores de Dta em muitos países. Isto ocorre porque simplesmente não se pesquisa a bactéria, e os casos/surtos são sempre ligados aos coliformes, Salmonella, etc…um erro primário. Outro dado que chama a atenção, é a taxa de quase 66,4% de alimentos incriminados em surtos de DTa ignorados ou inconclusivos. O quadro é realmente preocupante. Mais uma vez parabéns pela iniciativa de expor esses dados tão importantes para a saúde pública brasileira.
Abraço.
Ilmar
Parabéns pela iniciativa do Blog… Não consegui essas informações por pesquisas nos sites oficiais, apenas depois que acessei o Blog e visitei os links…
Fico agradecido!
Débora
Debozambischu@gmail.com
S Caetano
Quais artigos que voce utilizou ?
Túlio Liberal
Para complementar faltou ser mencionado que os surtos são crescentes por falta do cumprimento da legislação, dados comprovados das fiscalizações sanitárias onde registram descumprimento de POPs, da higienização dos utensilios e ambientes, do má armazenamento dos alimentos, falta de estrutura adequada, ou seja, brincamos com nossa saúde em busca de se alimentar de comidas servidas sem a menor restrição. Muito importante saber desses dados, porém é necessário criações de metodologia mas enérgicas tentando buscar solucionar o descontrole dessa disseminação de patógenos prejudiciais a saúde humana.
Thalysson Lima dos Santos
Muito bom o seus dados, mais tenho uma pergunta!
com esses dados da diminuição das DTA, posso concluir que foi com implementações das BPF’s nas industrias?