São inúmeras histórias sobre assunto e quem fala isso é porque não conhece sobre o ciclo da avicultura comercial. Mas se os frangos não têm hormônio, então como eles crescem tão rápido?
A evolução tecnológica na criação de frangos está baseada principalmente no melhoramento genético e na alimentação adequada das aves. Uma pesquisa publicada no livro “O mundo do Frango”, de Rubison Olivo, comprova este fato, onde Havenstein et al. (2003) compararam linhagens disponíveis no ano de 1957 com linhagens de 2001 e dietas adequadas para cada época. Os pesquisadores concluíram que a genética foi responsável por 85 a 90% na melhoria do desempenho, ficando a nutrição com 10 a 15%. O quadro abaixo ilustra bem esta comparação. Na primeira coluna estão as linhagens genéticas, na segunda coluna estão os tipos de rações administradas em 1957 e em 2001 e nas demais colunas estão os dados encontrados de peso das aves em determinada idade, descrita em dias.
Os critérios de ambiência na criação também foram importantes para esta evolução, promovendo conforto térmico das aves, bem estar animal e melhorando a produtividade.
Mas será que as empresas não usam nem um pouquinho de hormônio?
Bom, certamente pesquisas já devem ter sido feitas, contudo a administração de hormônios em frangos de corte seria muito difícil e praticamente inviável. Primeiro, porque se fosse administrado hormônio via subcutânea ou intramuscular, sairia muito caro fazer injeções ave por ave. Para termos uma idéia, só no Estado de Santa Catarina são abatidos mais de 3,5 milhões de aves por dia, sendo que o Estado do Paraná possui uma produção ainda maior. Por via oral também seria complicado, pois hormônio para ser absorvido e não digerido pela ave também não iria sair nada barato.
Além disso, outra questão a ser observada é que se fosse administrado hormônio em um frango de corte, com idade de abate em torno de 45 dias, não haveria tempo suficiente para atuação da substância no organismo da ave, até porque com essa idade os órgãos sexuais ainda não estão completamente desenvolvidos.
Apesar de todos esses argumentos, no ano de 2009 o Ministério da Agricultura incluiu no sorteio do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes – PNCRC análises de resíduos de hormônios em carne de frango. Os resultados foram todos negativos.
Portanto, os frangos de hoje se desenvolvem tão rápido devido à seleção genética, nutrição específica e ambiência adequada. Essa história de que carne de frango tem hormônio realmente não procede.
geandro
Tive que repassar esse texto (citando a fonte é claro) pra todos meus contatos. Parabéns, pois na primeira vez que acessei o blog já encontrei tão interessante post.
Marcelo Garcia
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