O recall de alérgenos alimentares está no topo da lista de recalls envolvendo a indústria de alimentos.
Figura 1. Recall de alimentos no Canadá, relacionados a questões de alérgenos, entre 1999 a 2017. Fonte: http://farrp.unl.edu/reg-sit-usa
Figura 2. Número de recalls coordenados pela FSANZ, por ano e classificação, entre 1 de janeiro de 2007 e 31 de dezembro de 2016. Fonte: http://www.foodstandards.gov.au/industry/foodrecalls/recallstats/Pages/default.aspx
Mas você sabe quais as razões mais comuns para esse alto índice de recall?
As informações a seguir foram apresentadas e discutidas durante o 2º Simpósio de gestão de alérgenos alimentares que aconteceu em Sydney – Austrália, em maio/2017.
1. Falta de conhecimento
As leis de rotulagem de alimentos são elaboradas para ajudar o consumidor alérgico a se proteger. No nosso país, a RDC 26/15 tem esta função e por isso conhecer, entender e aplicar os requisitos determinados nela é obrigação dos fabricantes de alimentos. Aqui no Blog temos vários posts sobre esta resolução, inclusive sobre esclarecimentos acerca das principais dúvidas da RDC 26/15.
2. Problemas de fornecedor
Às vezes, as informações fornecidas pelos fornecedores não estão corretas, ou estão desatualizadas. Realizar a gestão de fornecedores quanto a este tema, revisar regularmente as especificações de matérias primas e as declarações de alergênicos, realizar auditorias e reuniões de follow-up são algumas das estratégias que devem ser adotadas pela indústria. A comunicação contínua e eficaz com os fornecedores sobre o tema de alérgenos deve ser prioridade. Se deseja um modelo de formulário para identificação de alergênicos nas matérias primas, veja neste post já publicado.
3. Erro de embalagem
Produto acondicionado na embalagem errada é um erro puramente humano, mas bastante comum nas estatísticas envolvendo recall. Sistemas robustos, controles e supervisão de rotina ajudarão a evitar esta causa comum de recall de alérgenos alimentares.
4. Contaminação cruzada acidental
É quando um alimento entra em contato com outro alimento ou equipamento/utensílio que contém alérgenos diferentes. Em geral, causas comuns estão relacionadas a falha de boas práticas de armazenamento e pesagem, falhas de limpeza, falhas operacionais, etc. Por isso, ter um programa de controle de alergênicos documentado e bem implementado é o básico para prevenir contaminação cruzada. Controles como identificação, segregação, programação de fabricação, validação de limpeza, entre outros, são exemplos de medidas de controle que deverão ser consideradas como parte deste programa. Temos aqui um pouco mais do assunto.
Se quiser saber mais sobre este tema, temos uma seleção de posts para você, só clicar aqui.
Bibliografia:
https://haccpmentor.com/allergens/food-allergen-recalls/
http://www.foodstandards.gov.au/industry/foodrecalls/recallstats/Pages/default.aspx
http://farrp.unl.edu/reg-sit-usa
Marcelo Garcia
Gosto desse tipo de post! Traz dados para nos anteciparmos aos problemas.
Contudo para mim é previsível o aumento de recalls no Brasil por causa dos alergênicos por causa das observações de erros básicos de rotulagem e dúvidas por parte dos gestores de segurança dos alimentos das empresas.
Se onde o requisito legal está estabelecido há 20 anos esta é uma fragilidade, aqui ainda os alérgicos estão bastante expostos ao risco.
Juliane
Letícia Barrozo Parada
Ótimo post e me impressionou a clareza dos dados no site da agencia da australia e nova zelandia. Seria muita bom que nossa ANVISA levantasse e divulgasse esse tipo de dados.