Você, profissional de alimentos, está cuidando de sua formação contínua?
Muitas vezes ouvimos e repetimos a frase de Hipócrates (considerado o pai da medicina moderna): “Deixe a comida ser o seu alimento e o alimento ser o seu remédio”. Embora esse conceito seja válido desde os tempos da antiga civilização grega e seja aceito tanto por médicos quanto por nutricionistas, é válido pensar que em tempos anteriores a essa civilização, tanto as civilizações sumérias, quanto as babilônicas e as antigas civilizações andinas da América tiveram técnicas muito bem desenvolvidas em culturas alimentares. Além da irrigação, cultivo e criação de animais para consumo humano, elas também desenvolveram um conceito genérico de segurança de alimentos.
O fato de até agora ter sido encontrado pouco material escrito dessa época não significa que em um futuro próximo ou distante não possam ser encontradas evidências científicas que comprovem a existência dessas “normas” ou costumes associados à segurança de alimentos. Obviamente, séculos se passaram desde aquela época e o treinamento em segurança de alimentos evoluiu até os dias atuais. Durante várias décadas, especialistas de vários ramos da ciência continuaram a fornecer dados cada vez mais documentados sobre este importante tema de interesse para toda a humanidade. A formação contínua dos profissionais e de todo o pessoal envolvido nas tarefas inerentes ao cultivo, extração, transformação, embalagem, transporte e preparação de alimentos em nível industrial, para serviços de alimentação ou mesmo doméstico tem assumido uma relevância considerável para os cuidados de saúde dos consumidores.
Nos últimos cem anos, os avanços nas tecnologias de produção, armazenamento e preservação de alimentos superaram os avanços que poderiam ter ocorrido nos últimos três mil anos de história, mas as mudanças continuam em um ritmo cada vez mais rápido.
O advento do sistema HACCP e as normas que foram surgindo e melhorando continuamente nos obrigaram a tomar os critérios da Formação Contínua como algo estabelecido sem o qual não podemos compreender a segurança de alimentos. O conceito de cultura de segurança dos alimentos é incentivado, levando em consideração o advento da atual globalização que abrange o comércio de alimentos de todas as partes do mundo. Para isso, é preciso desenvolver políticas globais com fundamentação científica, acadêmica e com conceito crítico.
Há alguns séculos, o filósofo Descartes, derrubando muros, questionava todas as coisas e conceitos adquiridos, para diferenciar os verdadeiros dos falsos. Já no século XX, o filósofo francês Jaques Derridá também levanta a ideia de Desconstrução (que não é o mesmo que destruição) para questionar o conhecimento científico e humano em geral e descartar o que não é verdadeiro.
A disrupção da inteligência artificial neste momento é alimentada pelos dados fornecidos pela internet para a formulação de alimentos, inclusive projetando alimentos a partir de cultura de células por meio de um sistema de impressão 3D. O grande problema desse sistema é que o que é publicado na internet nem sempre é verdadeiro e está inter-relacionado com dados falsos. É por isso que é tão importante desenvolver um sistema crítico que nos permita receber, interpretar e distribuir dados certos e verificados aos nossos colegas e colaboradores. Para isso, é necessária a formação contínua dos profissionais de segurança de alimentos.