Pesticidas no peixe?

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O Brasil está entre os 30 maiores produtores mundiais de pescado, ocupando a 19ª posição no último ranking divulgado, referente a produção do ano de 2010. O consumo de pescado tem sido estimulado com base em suas propriedades nutricionais e funcionais, porém esta prática pode expor os consumidores a compostos tóxicos, sendo considerada uma das principais rotas de contaminação de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), por exemplo. As bacias hidrográficas do Brasil sofrem hoje os impactos do uso excessivo destas substâncias tóxicas, muitas vezes empregadas no campo, que por consequência de sua elevada volatilidade, são transportadas por longas distâncias, permitindo sua presença em lugares onde nunca foram aplicadas de forma intensiva.

Dentre as bacias hidrográficas com alto teor de contaminação, pode-se destacar a Baía de Guanabara que está localizada no estado do Rio de Janeiro e é a segunda maior baía do Brasil. Esta baía recebe uma quantidade considerável de contaminantes introduzidos a partir de efluentes de esgoto doméstico e industriais não tratados, escoamento urbano e agrícola, precipitação atmosférica, e as entradas combinadas dos rios, o que a torna um dos ambientes costeiros mais poluídos do litoral brasileiro. Hoje, apenas 12% da Baía de Guanabara é própria para a pesca, e apesar da degradação, ela ainda representa uma boa parte na produtividade do pescado consumido no Rio de Janeiro.

O objetivo do trabalho desenvolvido por Verona Ferreira, nutricionista e mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, sob a orientação da Dra Fernanda Finco e realizado no Laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca (UFRJ), foi investigar a presença de Pesticidas Organoclorados (OCPs) em amostras de corvina (Micropogonias furnieri) e sardinha (Sardinella brasiliensis) provenientes da baía de Guanabara. As amostras de sardinha (n=12) e corvina (n=13) foram coletadas no período de janeiro a dezembro de 2015 diretamente com pescadores da Baía de Guanabara em quatro diferentes pontos, sendo eles: Gradim, localizado no município de São Gonçalo, Barreto, localizado no município de Niterói e Suruí, localizado no município de Magé.

Como resultado, em todas as amostras de corvina (n=13) e sardinha (n=12) foram encontradas a presença de pelo menos um pesticida, variando de 0,06 a 2,49 ng/g peso úmido ?OCPs em relação aos 3 pontos de coleta.

Apesar de nenhuma amostra exceder o limite de referência, é válido ressaltar que todas estas substâncias apresentam como característica o potencial de bioacumular e biomagnificar nos organismos vivos, além disso, todas tiveram seu uso banido pois a exposição a estes compostos está associada a uma série de efeitos adversos para a saúde, tais como endometriose, infertilidade, imunotoxicidade, neurotoxicidade, abortos espontâneos, distúrbios da tireóide, alguns tipos de câncer e doenças neurodegenerativas.

Este post foi elaborado com base na pesquisa conduzida por Verona Ferreira, Fernanda Finco, Leonardo Estrella e João Paulo Machado Torres, sob o título “PESTICIDAS ORGANOCLORADOS EM CORVINA (Micropogonias furnieri) E SARDINHA (Sardinella brasiliensis) PROVENIENTE DA BAÍA DE GUANABARA, RIO DE JANEIRO” e pode ser acessado na íntegra aqui.

Créditos de imagem: G1.

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