Estamos ingerindo plastificantes cancerígenos?

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Segundo a tese de doutorado de Hilda Duval Barros apresentada em 2010 para a banca examinadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, o poli-(cloreto de vinila) (PVC) necessita DA adição de plastificantes, que são aditivos que conferem flexibilidade e maleabilidade para a sua transformação em filme flexível. Os mais utilizados são o adipato de di-(2-etil-hexila) (DEHA) e o ftalato de di-(2-etil-hexila) (DEHP). Para verificar a possível exposição do consumidor aos plastificantes DEHA e DEHP, adicionados a filmes de PVC utilizados no acondicionamento de alimentos gordurosos, utilizou-se o inquérito alimentar como ferramenta no estudo seccional, numa amostra populacional de conveniência, para determinar OS cinco primeiros alimentos de maior freqüência de consumo, com no mínimo 3% (m/m) de gordura e com possibilidades de acondicionamento por filme de PVC. O resultado indicou OS seguintes alimentos: peito de frango (96%); carne bovina magra (95%); pizza de mozarela (91%); coxa de frango (82%) e queijo mozarela (76%). A migração para OS alimentos foi calculada pela diferença entre o teor inicial de DEHA e DEHP no filme de PVC e o teor no filme de PVC após o contato com OS alimentos. Quando foi avaliada a pior situação, na amostra de queijo mozarela, OS resultados de migração indicaram um nível excessivamente elevado quando comparados com o limite de migração específica (LME) de cada plastificante. Os valores encontrados foram, aproximadamente, 37 vezes mais do permitido para o DEHA (18 mg/kg) e 1.779 vezes mais para o DEHP (1,5 mg/kg). O cálculo de extrapolação DA migração para 1 kg de alimento foi realizado com amostras alimentares menores, entre 26 a 270 g. Foi realizado um estudo cronológico com uma amostra de queijo-prato, para avaliar como a migração desses plastificantes ocorria durante 10 dias ininterruptos. Nesse estudo foi encontrada uma estabilidade de migração do DEHA para a amostra alimentar, quando comparada desde a primeira avaliação até a final. Esse estudo demonstrou a exposição do consumidor ao ingerir alimento que tenha sido previamente embalado com filme de PVC e utilizado sem um processo de cocção, onde se encontrou para o DEHA 28,83 mg/100g e 70,06 mg/100g para o DEHP. A presente pesquisa mostra a importância de quantificar a migração desses plastificantes nos alimentos, para uma atualização das leis quanto ao uso dos plastificantes utilizados nos filmes de PVC, quando OS mesmos tenham a possibilidade de embalar OS alimentos, possibilitando viabilizar a segurança dos alimentos, assegurar a saúde humana e, ainda, se OS mesmos deveriam ou não continuar a serem utilizados no mercado para embalar alimentos.

O efeito toxicológico mais relevante do DEHP se deve a propriedade hepatocarcinogênica dessa substância em ratos e camundongos associado à indução de proliferação peroxissomal hepática (DIRVEN et al., 1993).
Luis Fernando Mattos é consultor da Max Consulting e auditor de terceira parte das normas  FSSC 22000 e ISO 9001.
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