A European Food Safety Authority (Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos)- EFSA recebeu várias críticas à afirmação de que a exposição aos níveis atuais de bisfenol A (BPA) é muito baixa e “não representa um risco para a saúde dos consumidores de todas as faixas etárias (incluindo fetos, recém nascidos, crianças e adolescentes)”, embora muitas dúvidas ainda precisem ser esclarecidas, afirma em seu relatório após uma reavaliação completa sobre esta substância possível causadora de transtornos do sistema endócrino.
Apesar da constatação a EFSA baixou o limite de segurança para exposição humana, e declarou que isto é porque o método utilizado para avaliar o risco de BPA tornou-se mais refinado. O novo limite de segurança para exposição humana é de 12 ½ vezes menor do que o nível o limite anterior: a dose diária tolerável deve ser de 4 microgramas (µg) por quilograma de peso corporal, contra 50 µg atualmente, recomenda. EFSA afirma que a exposição da dieta ou de uma combinação de fontes (dieta, pó, cosméticos e papel térmico) é ” consideravelmente sob ” este nível novo.
A reavaliação concluiu que, com base em estudos com animais, a ingestão de BPA em mais de 100 vezes a dose diária tolerável pode causar efeitos adversos nos rins e no fígado, podendo afetar também as glândulas mamárias dos roedores.
A agência salienta, contudo, a “incerteza sobre os efeitos potenciais do BPA nas glândulas mamárias, assim como nos sistemas reprodutor, metabólico, neurocomportamental e imunológico”, assim como seus possíveis efeitos indesejáveis com altas doses “nos rins e no fígado”.
Esses efeitos, assim como a possível incidência no desenvolvimento do câncer, em particular o de mama, “são considerados pouco prováveis, mas não podem ser excluídos”.
Os especialistas da EFSA reconhecem igualmente que não têm dados suficientes da exposição cutânea, o que, segundo um deles, Trine Husoy, “aumenta a incerteza que cerca as estimativas relacionadas aos recibos de caixas eletrônicos e aos cosméticos”. Mas a agência garante que considerou todas essas dúvidas ao reavaliar a dose diária tolerável.
A EFSA, irá reconsiderar está TDI (tolerable daily intake -dose diária tolerável) temporária e espera a publicação dos resultados de um estudo da investigação pelo programa Nacional de Toxicologia realizado nos Estados Unidos dentro de dois a três anos.
Até que as dúvidas estejam esclarecidas a agência pede paciência as autoridades que se opõem essa opinião ao BPA.
Dentre as autoridades mais restritivas está a Agência Francesa de Alimentação e Ambiente (ANSES) que que proibiram seu uso em todas as embalagens alimentícias e papéis de recibo térmico desde o início do ano. Disse que houve certas diferenças entre eles e a EFSA principalmente de como as incertezas foram contabilizadas e na interpretação dos estudos disponíveis.
No seu relatório de 2013, ANSES, estabeleceu uma TDI de 25 ng/kg/d, que é 160 vezes menor que o da EFSA. Outro ponto é que, ANSES expressa a preocupação de que o BPA possa levar a uma ” mudança na estrutura da glândula mamária no nascituro que poderia promover o desenvolvimento do tumor subsequente “.
O grupo Europeu de plástico policarbonato/Bisfenol A classifica a restrição francesa de “inapropriado” diz que “Esta conclusão da EFSA sobre BPA deve ser usado como base consistente e harmonizado para a regulamentação europeia de segurança alimentar, e devem ser respeitadas por todos os membros comissão europeia.”
Em 2012, a US Food and Drug Administration-FDA, alterou a sua regulamentação para que este composto químico não fosse mais utilizado na fabricação das mamadeiras, copos para bebês e embalagens de leite artificial. No entanto, a agência reafirmou que o BPA é seguro em aplicações de contato com alimentos e que a margem de segurança ultrapassa o fator de incerteza de 1000 e disse que não encontrou motivos comprovados cientificamente para uma proibição mais ampla.
Na UE (União Europeia) O bisfenol A, (ou BPA) está proibido desde 2011 nas mamadeiras distribuídas e é utilizado nas embalagens de plástico para alimentos, garrafas de água e recibos de caixas eletrônicos.
Vários países também têm proibições parciais de embalagens, como a Dinamarca, Suécia, Bélgica, Áustria.
O Brasil, optou por proibir a importação e fabricação de mamadeiras que contenham Bisfenol A, considerando a maior exposição e susceptibilidade dos indivíduos usuários deste produto. Esta proibição está vigente desde janeiro de 2012 e foi feita por meio da Resolução RDC n. 41/2011. Assim, mamadeiras em policarbonato não podem ser comercializadas no Brasil. Para as demais aplicações, o BPA ainda é permitido, mas a legislação estabelece limite máximo de migração específica desta substância para o alimento que foi definido com base nos resultados de estudos toxicológico
Já o Centro de Prevenções ao câncer de Mama de Londres (Breast Cancer UK) rejeita esta conclusão de forma contundente. Numerosos estudos científicos mostram que o BPA tem a capacidade de transformar as células normais da mama em células malignas.
Breast Cancer UK apelou aos consumidores: “Nós pedimos a todos que continuam a ter cautela ao escolher seus produtos e evitar exposições desnecessárias a substâncias químicas nocivas em suas vidas diárias, especialmente durante a gravidez “, disse o presidente- executivo de Câncer da mama Reino Unido, Lynn Ladbrook. ” Existem hoje muitos estudos que sugerem que o BPA pode ter efeitos em níveis muito baixos e esta foi uma oportunidade para a EFSA exigir medidas de segurança mais rígidas que proíbem o uso de BPA em embalagens de alimentos e bebidas. Em vez disso, o anúncio da EFSA embala o público com um sentido equivocado de segurança.
Diante de um cenário inconsistente e contraditórias, será que existe alguns jogos econômicos, científicos e políticos envolvidos no debate a respeito de sua segurança para um mercado amplo e extensivo em produtos que usam o BPA?
Fontes:
ANVISA- Bisfenol A -< http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/home/alimentos> Acesso em 24 de janeiro de 2015.
FOOD QUALIDTY NEWS- BPA SAFE VERDICT PROMPTS WIDE RESPOSE<http://www.foodqualitynews.com/Industrynews/Reaction-to-EFSA-s-verdict-that-BPA-is-safe> Acesso em 24 de janeiro de 2015.
Abiplast- Composto químico encontrado em produtos plásticos não apresenta riscos para a saúde < www.abiplast.org.br/noticias/composto-quimico-encontrado-em-produtos-plasticos-nao-apresenta-riscos-para-a-saude/20150123143545_N_536> Acesso em 24 de janeiro de 2015.