Na revista Higiene Alimentar de nov/dez 2017 (pág. 48 a 54), tive o prazer de publicar um artigo avaliando os pontos positivos e negativos de dois métodos de controle para contaminações físicas provenientes de metais. Segue um resumo:
Uma empresa X utilizava barras magnéticas para fazer o controle físico. Na dúvida se seu método de controle era o mais adequado, armazenou as partículas retidas durante o período de Set/2015 a Set/ 2016. Submeti essas mesmas partículas a uma série de testes. Eles tiveram como objetivo levantar as vulnerabilidades do atraente magnético e verificar se um aparelho de detector de metais teria um melhor desempenho, visto que ele identifica partículas de alumínio e não ferroso. Considerando inúmeros fatores, com o teste pode ser concluído que, no processo produtivo específico dessa empresa, o atraente magnético tem mais pontos positivos e menos negativos que um detector de metais.
Apesar da quantidade de fatores considerados no artigo, muitos outros não foram levantados como:
Tamanho do túnel do detector de metais. Os detectores utilizados no teste não identificaram partículas grandes de 4 mm. Se o tamanho do túnel for diminuído, 700 mm x 300 mm, sua sensibilidade/capacidade de detecção melhora, podendo assim reter partículas menores. Na empresa do artigo isso não é aplicável devido ao fato de que mais sensibilidade implicará em detectar embalagens metálicas, ferro da farinha de trigo e outros identificáveis indesejáveis, mas dependendo do seu processo essa é uma solução plausível.
Formato do atraente magnético. Nos testes do artigo foi testada uma barra magnética cilíndrica. Foi observado que dependendo do fluxo de produto algumas unidades não entram em contato com a barra.
Para solucionar esse problema é possível utilizar placas magnéticas ao invés de barras, mas essas placas devem ter um comprimento longo o suficiente para que os produtos passem por ela sem se sobrepor, de modo que todos entrem em contato com a superfície magnetizada, até mesmo se a vibração fazer as unidades andar pulando. Também deve ser dada atenção ao final da placa, ela deve ser arredondada, pois se a unidade contaminada chegar ao final da placa ela deve “deslizar” para baixo dela e não cair no produto.
Força de atração. Depois de capturada a partícula, outras unidades podem empurrá-la. Para que isso não ocorra é ideal utilizar atraentes magnéticos de forte atração e também inspeções e retiradas de partículas em curtos períodos de tempo. A força de atração também influenciará se a unidade contaminada será retida independentemente da posição da partícula.
Raio X. Outra opção não testada no artigo é o Raio X. Ele trabalha usando como atributo de seleção a densidade. Este aparelho facilmente identificaria partículas metálicas, até mesmo alumínio. No entanto deveria ser testado qual o tamanho da menor partícula possível de detectar.
Padronização de frequência. Nos testes do artigo o detector de metais não está acostumado com a frequência emitida pelas embalagens metálicas e pela farinha de trigo enriquecida com ferro. Pode ser testado o equipamento por um determinado período, até que o detector aprenda a separar a frequência dos causadores de falsos rejeitos das partículas reais.
A decisão do melhor método de controle para partículas metálicas é algo complicado, visto que os métodos de controle tem um custo muito diferente entre eles.
O FSB já abordou temas relativos com importantes informações aqui e aqui.
Como autor, sou suspeito, mas recomendo a leitura do artigo, seu processo produtivo pode ser igual ou muito parecido.
Roberto Weiss Maranhão
Se utlizarmos um atraente magnético de elevado poder, tipo 10.000 gs, podemos comprometer uma farinha de trigo enriquecida com ferro causando a retenção desse ferro ?
Everton Santos
Olá Roberto. Creio que sim, visto que o ferro presente na farinha de trigo enriquecida interfere em detectores. Nesse caso mais indicado é analisar o teor de ferro do produto antes e depois da barra magnética para comparar os resultados.
Rodrigo P. L. de Almeida
Olá Everton, gostaria de saber qual a eficiência de um detector de metais bem calibrado. Pode-se dizer que é 100%? Se utilizar um corpo de prova de 7mm, por exemplo, qual a eficiência da detecção para partículas menores que 7 mm?
Everton Santos
Olá Rodrigo! No estudo o modelo utilizado não foi capaz de identificar partículas de 4mm, não atendendo a RDC 14/2014. Inclusive particulas de 16mm não foram identificadas devido ao seu formato. Sobre o corpo de provas, sugiro utilizar de 7mm se seu objetivo é validar a detecção de partículas de 7mm ou mais, se não, sugiro utilizar um corpo de provas menor para validar uma detecção de partículas menores. Entre em contato com seu fornecedor, juntos vocês vão encontrar a melhor solução, exemplo: o modelo ideal, diminuir a abertura do túnel aumentando sua sensibilidade se seu produto não causar falsos rejeitos ou outra.