Brasil é o terceiro maior produtor de carne de frango e o primeiro exportador. Podemos perceber assim quão relevante foi a palestra da Dsc. Zootecnista Sulivan Alves, Coordenadora Técnica da UBABEF (União Brasileira de Avicultura), que aconteceu no segundo dia da Conferência Internacional em Segurança dos Alimentos, Controle de Qualidade e Gerenciamento de Risco em Produtos Agrícolas – evento este organizado pela Eurofins nos dias 19 e 20 de Julho.
O clima brasileiro, a disponibilidade de grãos e o sistema integrado de produção fazem com que o ambiente no Brasil seja tão favorável para avicultura. Estas vantagens conferem ao país a versatilidade de conseguir atender a diferentes mercados, como, por exemplo, o Japão, onde a carne de pescoço é especialmente requisitada, ou aos povos muçulmanos, para os quais é necessário um procedimento de abate específico.
A avicultura possui uma cadeira integrada bastante complexa, que contempla desde assistência técnica aos produtores, gestão de cadeia produtiva, garantia da qualidade e biossegurança. Esta evolução sofrida até os dias de hoje possibilitou ao frango fazer parte do cotidiano do brasileiro devido ao preço e as características da carne – que é mais saudável que a carne vermelha. Atualmente, a média de consumo no Brasil está em torno de 47 kg de carne de frango/ habitante/ ano.
O principal paradigma existente nos dias de hoje é: Como a ave é produzida em tão pouco tempo? São hormônios que fazem com que o frango cresça? A Sra Sulivan apontou que o motivo pelo qual o frango fica pronto para abate em aproximadamente 42 dias não é a utilização de hormônios, mas sim uma combinação de forte trabalho genético e alimentação balanceada.
Estudos atuais mostram que crianças de 0 a 5 anos consomem menos carne de frango, justamente porque os pais acreditam que o crescimento forçado do animal se dá basicamente devido à utilização de hormônios.
Segundo apontamentos da Dsc Sulivan, juntamente com os trabalhos de seleção genética e evolução da nutrição para os animais, há ainda a utilização de drogas veterinárias, que são os antimicrobianas. Estas substâncias têm uso preventivo e terapêutico e são melhoradores de desempenho, uma vez que atuam na flora intestinal – favorecendo crescimento de bactérias benéficas. Ela relata ainda que estas substâncias também têm uso racional e controlado, de modo que podem somente ser utilizadas antes do animal ser levado para o abate.
Existe hoje um movimento em prol do banimento dos melhoradores de desempenho, pois questiona-se a possibilidade de a resistência passar para os humanos. Até o presente momento não há comprovação desta hipótese, mas muitos países banem por precaução. Com isto há muita queda do desempenho na produção de aves, e, como resposta atualmente há muitos estudos para utilização de alternativas como probioticos/ prebióticos.
Foi apontado ainda que a cadeia produção de aves no Brasil possui controles para garantia da saúde e do bem estar dos animais, bem como controle de resíduos e contaminantes, além de garantia de padrões e rígido monitoramento de patógenos.
A cada demanda que o Brasil recebe de um país diferente para qual exporta é realizada uma avaliação e discussão sobre o tema. Todavia, normalmente o país precisa atender às solicitações para continuar exportando. A Sra Sulivan traz como exemplos o case recente de Fluoroquinolonas do Canadá, ou o requerimento de análises de liberação por container pela Arábia Saudita, ou ainda monitoramento de dioxinas por container na Africa do Sul.
Cada uma destas demandas, uma vez requisitada e validada, é incorporada no PNCRC (Plano de Controle de resíduos e contaminantes em produtos de origem Animal), e esta adição encarece a exportação da carne de frango brasileira.
Fonte da imagem: material do palestrante