As armadilhas luminosas são velhas conhecidas no setor de segurança de alimentos e fazem parte do manejo integrado de insetos voadores. São muito utilizadas, mas por vezes pouco entendidas.
Como funcionam e quais as condições ideais para sua instalação?
Basicamente as armadilhas possuem um fator de atração (lâmpadas ultravioleta), além de captura pelas placas de cola por trás das lâmpadas, que prendem as pragas atraídas pela luz.
Existem as armadilhas de eletrocussão, que não são indicadas para o setor de alimentos, uma vez que podem oferecer riscos (fragmentos do inseto) para as áreas próximas de onde estão instaladas.
Outro fator extremamente importante das armadilhas luminosas no setor de alimentos é a proteção contra quebras, risco já previsto e evitado pelos fabricantes!
O que é importante considerar nos casos de infestação de insetos voadores, além da instalação das armadilhas, são os fatores que influenciam na infestação: quais as espécies alvo, quais os acessos, como é realizado o manejo de resíduos, como são as condições de higiene, qual a proximidade dos setores de lixo, como são as instalações, entre outros fatores que só uma boa inspeção realizada pela controladora de pragas irá elucidar.
A controladora então vai decidir junto com o seu cliente quais as formas de tratamento ideais para a situação, sendo o cliente corresponsável pelo sucesso do tratamento.
Agora, voltando às armadilhas: será que as armadilhas luminosas são eficientes para o CONTROLE dos insetos voadores?
Seriam as armadilhas a salvação para as moscas que, mesmo após todas as barreiras, voam pelas áreas internas de uma indústria de alimentos?! Voam, estas mesmas moscas, direto para as lâmpadas, de imediato?!
Mesmo que a instalação das armadilhas seja feita da forma adequada, respeitando-se as distâncias do piso (calculado com base no comportamento da espécie alvo) e dos acessos (para não atrair os insetos próximos às entradas), mesmo com as trocas das lâmpadas feitas de acordo com as instruções do fabricante e com todas as condições corretas de uso, as armadilhas luminosas funcionam muito mais como MONITORAMENTO do que como controle da infestação.
Os insetos podem demorar algum tempo para serem atraídos pela luz, podendo levar algumas horas até que se direcionem às armadilhas. Enquanto isso vagueiam pelo ambiente, deixando sua contaminação por onde pousam. E se esta cena acontece no dia da auditoria… Lá vem a não conformidade.. Posso apostar que muitos já se viram em cenas como esta…
Concluímos então que vale o mesmo raciocínio usado para qualquer perigo na área de alimentos: a prevenção. Considerar as armadilhas como a salvação depois que o estrago já está instalado pode ser um equívoco e não será a solução efetiva.
O que já se sabe também é que, no caso de moscas, o tratamento focado nas formas adultas é um tratamento incompleto, uma vez que o ideal é evitar seu acesso e sua proliferação.
Já as placas de cola, representando um papel de monitoramento, fornecem informações importantes sobre a característica da infestação. Seguem alguns exemplos:
- infestações altas demandam trocas mais frequentes das placas, uma vez que seu preenchimento é mais rápido,
- as espécies capturadas nas placas podem direcionar informações: espécies noturnas sugerem procedimentos de recebimento no período da noite ou abertura de acessos nesse horário, espécies de proliferação em áreas externas direcionam o tratamento nessas áreas, etc..
- acompanhamento da eficácia do tratamento: as placas demonstram a evolução do tratamento (considerando também todos os outros itens do manejo integrado disponibilizados).
E você, o que acha da utilização das armadilhas luminosas? Já se deparou com situações de auditoria em que a bendita mosca passou pelo setor? Conte para a gente nos comentários!
Referência:
Truman’s Scientific Guide to Pest Management Operations, 7Th ed., Purdue University, 2010.
Ricardo J. Franco
Bom dia Camila, distribuímos no Brasil uma armadilha inovadora que funciona por sucção, ou seja, sem refil de cola. O problema do refil de cola, além do custo para o resto da vida, é que a medida que fica cheia, as moscas deixam de ser capturadas. Até o final do ano publicaremos aqui no FoodSafetyBrazil também. Parabéns pela matéria. A armadilha leva alguns dias ou semanas para ter um efeito mais perceptível no ambiente. Não é igual a um spray de veneno: passou e todas as moscas estão mortas em 1 minuto. Por isso, importante instalar no inicio do verão para impedir a multiplicação rápida e quebrar o ciclo. Atenciosamente, Ricardo
Camila
Boa tarde Ricardo, que ótima notícia, inovações são sempre bem vindas, não e mesmo? Fico aguardando o post, parabéns e obrigada pelo feedback!
Everton Santos da Silva
Olá Camila, parabéns pelo texto! Vejo as armadilhas luminosas como um plano C, pois considero o acesso o plano A e até mesmo as armadilhas biológicas externas um plano B. Também vejo que ela serve como um monitoramento visto que se a cola apresenta grande quantidade de captura evidencia uma falha no bloqueio de acesso. O monitoramento também pode nos auxiliar a entender estações em que a incidência é maior, setores onde se encontram o problema. Porém tem um item que atrapalha na conclusão dos dados: O horário de captura. Este quase sempre será a noite, onde as luzes se apagam, restando somente a armadilha como atração e onde a produção geralmente se encerra, eliminando o odor do produto alimentício que compete pela atração.
João Henrique Dalben
Boa tarde! As armadilhas nunca serão a solução definitiva para o problema com moscas, pois as mesmas não agem na origem do problema. Ao mesmo tempo imagine o ambiente sem uma armadilha luminosa, por mais que ela não capture o inseto de forma instantânea em algum momento este inseto será capturado, caso não haja a armadilha ele continuará no ambiente fazendo seus estragos. Nenhum método é eficiente sozinho, por isso não vejo armadilha como plano C, vejo ela como parte de um plano completo onde varias estratégias são utilizadas.
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