Na semana passada começamos a falar sobre este tema (laudos de dioxinas e PCBs). Leia aqui antes de prosseguir.
Neste post vamos focar a interpretação de laudos voltados ao mercado feed (produtos para alimentação de animais de criação), incluindo legislações europeias.
Segue novamente um exemplo de laudos de dioxinas e PCBs:
IN nº 1 (MAPA), de 23/01/2018 – Limites máximos de dioxinas e bifenilas policloradas sob a forma de dioxinas em produtos destinados à alimentação animal
Esta instrução (ver na íntegra aqui) traz o seguinte padrão:
Contaminantes |
Produtos destinados à alimentação animal |
Limite máximo em ng PCDD/F-TEQ-OMS/kg de alimento1 para um teor de umidade de 12 % |
Dioxinas [soma das dibenzo-para-dioxinas policloradas (PCDD) e dos dibenzofuranos policlorados (PCDF), expressa em equivalente tóxico OMS com base nos fatores de equivalência tóxica da OMS (TEF-OMS) |
Ingredientes de origem vegetal, incluindo os óleos vegetais e seus subprodutos |
0,75 ng TEQ PCDD/F OMS/kg |
Ingredientes para alimentação animal de origem mineral |
0,75 ng TEQ PCDD/F OMS/kg |
Para avaliar o laudo acima, avaliamos o OMS (2005)-PCDD/F TEQ upper-bound.
O resultado do laudo foi 0,1465 ng/kg, inferior a 0,75 ng/kg. Neste caso, o produto está dentro do padrão (seja para ingredientes de origem vegetal ou mineral).
Directive 2002/32/EC of the European Parliament and of the Council of 7 May 2002 on undesirable substances in animal feed – Council statement
A legislação do European Commission (ver aqui na íntegra) é um pouco mais complexa que a do MAPA. Há diferentes padrões conforme o tipo de feed. Seguem abaixo padrões para feeds de origem vegetal e óleos:
Observação: o mesmo padrão é seguido também no GMP+ FSA em seu documento TS 1.5.
Substância indesejável |
Produtos destinados à alimentação animal |
Limite máximo em mg/kg (ppm) relativo a produtos para alimentação animal com teor de umidade de 12 % |
Dioxinas (soma de dibezo-para-dioxinas policloradas (PCDD’s) e dibenzofuranos policlorados (PCDF’s) expressa em equivalente tóxico OMS com base nos fatores de equivalência tóxica da OMS (TEF-OMS) |
Feed materials de origem vegetal, exceto óleos vegetais e seus subprodutos |
0,75 ng WHO-PCDD/ F-TEQ/kg |
Óleos vegetais e seus subprodutos |
0,75 ng WHO-PCDD/ F-TEQ/kg |
|
Soma de dioxinas e PCB’s semelhantes a dioxinas (soma de dibezo-para-dioxinas policloradas (PCDD’s), dibenzofuranos policlorados (PCDF’s) e bifenilas policloradas (PCB’s) expressa em equivalente tóxico OMS com base nos fatores de equivalência tóxica da OMS (TEF-OMS) |
Feed materials de origem vegetal, exceto óleos vegetais e seus subprodutos |
1,25 ng WHO-PCDD/ F-TEQ/kg |
Óleos vegetais e seus subprodutos |
1,5 ng WHO-PCDD/ F-TEQ/kg |
Começando com o padrão de dioxinas, segue o mesmo do exemplo anterior. O resultado está dentro do padrão (abaixo de 0,75 ng/kg).
Sobre o parâmetro soma de dioxinas e PCBs semelhantes a dioxinas, avaliamos o OMS (2005)-PCDD/F+PCB TEQ upper-bound.
O resultado do laudo foi 0,1465 ng/kg, inferior a 1,25 ng/kg (considerando feed material de origem vegetal). Neste caso, o produto está dentro do padrão.
Quer ler mais sobre interpretação de laudos? Dê uma olhada nos seguintes posts:
– Laudos de análises microbiológicas: você sabe interpretar os resultados? [link]
– Dúvida de leitor: unidade de medida em laudos de análises microbiológicas [link]
– Tudo o que você sempre quis saber sobre laudos de migração de embalagens de alimentos [link]
Cidadania
Muito esclarecedor o artigo. Isso envolve a defesa do consumidor.
Dr Montone
Leonardo Marcoviq
Obrigado pelo feedback, Montone