Normalmente imaginamos que o início da limpeza CIP é o enxágue inicial ou pré-enxágue, mas há uma etapa antes dessa. É a recuperação ou remoção de sólidos, que pode ter duas conotações:
- A recuperação de sólidos do produto, até o ponto em que a interface produto/água não afete a qualidade do produto. Em alguns casos, a mistura de água com resíduos sólidos não pode ser recuperada e é encaminhada para sistemas de filtração ou destinada para ração animal.
- Alguns resíduos de incrustações podem ser retirados dos equipamentos. Essa etapa é importante para que os resíduos sejam aproveitados como subprodutos ou encaminhados para ração animal.
Essas práticas podem ajudar na economia de água e redução de efluentes a serem tratados, gerando maior lucratividade da indústria.
Em algumas situações, esse início tem sido negligenciado e com isso há sobrecarga de sólidos na fase de pré-enxágue. Segundo uma ótica equivocada de economizar água e tempo, a etapa de pré-enxágue também nem sempre retira todos os resíduos, gerando a redução da eficácia da limpeza alcalina. Os problemas são:
- Limpeza ineficaz
- Redeposição de sujidades nas superfícies limpas
- Contaminação microbiana carreada
- Formação de biofilmes
Contudo, a ineficácia é causada pelo excesso de resíduos sólidos que satura as soluções de limpeza e impede que a solução aja sobre a superfície propriamente dita. Isto pode ser agravado quando o grau de resíduos é tão alto que causa a saturação da solução, gerando espuma e até gelatinização.
Fig.1 -Exemplo de solução saturada e gelatinizada
Os processos de limpeza CIP com apenas limpeza alcalina deveriam ser realizados da seguinte forma:
Fig.2 – Etapas de limpeza até enxague da limpeza alcalina
- Recuperação e remoção de sólidos,
- Enxágue inicial, realizado até a remoção completa de resíduos visíveis utilizando a água recuperada do final do enxágue após a limpeza alcalina,
- Limpeza alcalina realizada com solução limpa ou com qualidade adequada, com parâmetros corretos de concentração, tempo, temperatura e vazão,
- Enxágue, realizado com água potável e dividido em 3 etapas
- Recuperação de soda – interface água e solução de limpeza
- Descarte de interface água e solução de limpeza para eliminação de sujidades e sólidos
- Recuperação de água com baixa concentração de solução de limpeza.
O EHEDG, por exemplo, sugere a troca das soluções ou monitoramento da qualidade da solução.
- Troca da solução alcalina nas seguintes condições:
- A cada 3 meses
- 30 ciclos
- Sujidades visíveis
- Quando o tanque for drenado
- Antes e após manutenção
b. Monitoramento da qualidade pode ser feito através de:
- Teor de carbonatos
- Alcalinidade
- Turbidez / teor de sólidos
- DQO
Em suma, quanto mais limpa estiver a solução alcalina, melhor será a eficácia da limpeza e menor será o risco de contaminações microbiológicas e físicas, e isso depende do início da limpeza.
Leia também:
Por que o termo “validar” é de grande importância na indústria de alimentos?
Você faz o armazenamento da água potável de acordo com princípios sanitários?
Bruno Estevam
Olá, Carla. Como vai?
Primeiramente, excelente artigo, parabéns pelo texto.
Me surgiu uma dúvida relacionado aos pontos de monitoramento que você destacou. Que tipo de informações podemos tirar da análise de DQO realizada na solução de limpeza e em que momento esse parâmetro pode indicar que eu devo realizar ou não a troca da solução?