O interesse no uso do ozônio como agente sanitizante tem crescido nos últimos anos, em resposta à procura das indústrias de alimentos por processamentos mais seguros. O objetivo é oferecer alimentos livres de contaminantes químicos, biológicos e físicos, que não causem danos à saúde do consumidor.
A preocupação com a segurança de alimentos surge da necessidade das empresas se manterem no mercado e da demanda de consumidores mais exigentes, que buscam alimentos orgânicos e minimamente processados. O ozônio, um poderoso oxidante natural, surge como uma solução promissora para atender a essa demanda.
Apesar de sua eficácia conhecida, o ozônio ainda é pouco utilizado pelas empresas, principalmente devido ao desconhecimento de como implementá-lo em processos industriais. Embora existam avanços científicos em escala laboratorial, ainda há escassez de estudos em escala industrial, pois muitas empresas não divulgam seus resultados e métodos.
O ozônio pode ser aplicado na forma gasosa, água ozonizada ou névoa ozonizada, em processos de lavagem, limpeza, higienização e desinfecção de alimentos, água, efluentes e instalações. Pode ser utilizado para melhorar a segurança de alimentos in natura, minimamente processados e industrializados.
Benefícios do uso do ozônio
- Preserva o meio ambiente: contribui para a segurança e conservação de alimentos e matérias-primas orgânicas, além do tratamento de água e efluentes.
- Tem curto tempo de vida: transforma-se rapidamente em oxigênio após cumprir suas funções.
- Reduz o risco de contaminação: elimina micro-organismos em superfícies, produtos agrícolas, alimentos e ambientes.
- Baixo consumo de recursos naturais: utiliza apenas oxigênio e energia elétrica nos tratamentos.
- Melhora a segurança de alimentos e o índice ESG das empresas: contribui para a sustentabilidade ambiental e aumenta a segurança de produtos agrícolas e da pecuária.
- Não altera o valor nutricional e características sensoriais dos alimentos: mantém a cor, aroma e sabor originais.
- Elimina diversos contaminantes: remove biofilmes e destrói esporos, bactérias, vírus, mofo, fungos, ácaros, insetos, microtoxinas, entre outros.
- Oxida matéria orgânica e resíduos de agrotóxicos: substitui produtos que agridem o meio ambiente.
- Tecnologia emergente com baixo custo: possui grande potencial para transformar o ambiente de negócios nos próximos anos.
Aplicações do ozônio
- Impedir o crescimento de micro-organismos em alimentos e ambientes.
- Aumentar o tempo de prateleira de alimentos.
- Oxidar substâncias causadoras de mau cheiro em alimentos.
- Ampliar o bom odor de frutas aromáticas.
- Degradar resíduos de agrotóxicos.
- Desacelerar o amadurecimento de frutas, legumes e verduras.
- Reduzir maus odores em armazéns e lojas refrigeradas.
- Substituir produtos químicos no tratamento pós-colheita.
- Melhorar a floculação e coagulação de materiais orgânicos em efluentes.
O ozônio pode substituir produtos químicos em diversas aplicações:
– Redução ou eliminação de carga microbiana.
– Pasteurização não térmica de alimentos e bebidas.
– Degradação de agrotóxicos.
– Detoxificação ou eliminação de microtoxinas.
– Ampliação do tempo de vida útil dos alimentos.
– Controle de pragas: substitui inseticidas químicos e gases nocivos ao meio ambiente.
– Limpeza e sanitização em plantas industriais: tratamento de água, redução de carga microbiana em equipamentos e ambientes, limpeza de áreas de difícil acesso e sanitização de superfícies.
O ozônio e o futuro da segurança de alimentos
O domínio do uso de ozônio pelas empresas tem grande potencial para o futuro da segurança de alimentos e para a proteção do meio ambiente. Em escala industrial, as dosagens e processos devem ser adaptados à realidade das empresas. A eficácia do ozônio na reutilização da água de processamento é crucial para as próximas gerações.
Apesar de seus benefícios, o ozônio ainda não é amplamente utilizado pelas indústrias. No entanto, seus potenciais ganhos como alternativa para o tratamento de água potável, efluentes e reúso de águas residuárias são notáveis. O ozônio é mais eficaz que o cloro como desinfetante e possui alta capacidade de oxidação, neutralizando elementos prejudiciais à saúde, gases e resíduos de pesticidas.
A combinação do ozônio com outras técnicas de conservação de alimentos, como micro-ondas, radiofrequência e plasma frio, pode aumentar a eficácia do tratamento, garantindo maior segurança aos alimentos.
O ozônio é uma solução promissora para a segurança de alimentos, com benefícios para a saúde humana e para o meio ambiente. Sua aplicação em processos industriais pode contribuir para a produção de alimentos mais seguros e saudáveis, além de auxiliar na sustentabilidade ambiental. As empresas que investem no uso do ozônio demonstram compromisso com a qualidade de seus produtos e com a preservação do planeta.
Vivaldo Mason Filho é fundador e diretor da myOZONE e vice-presidente da Abraozônio.
É administrador de empresas e especialista em Análise de Sistemas pela PUCCAMP, especialista e mestre em Engenharia. Atuou por 11 anos como professor universitário nos cursos de graduação e pós-graduação de Administração, Comércio Exterior e Engenharia de Produção.
Silvinês Firmino
E quanto a regularização do procedimento pela ANVISA?
Jacqueline Navarro
Olá Silvinês, como vai?
A regularização está na Nota técnica Nº108/2020/SEI/COSAN/GHCOS/DIRE3/ANVISA, no item 6 (situação no Brasil) – a ANVISA estabelece que “O uso de ozônio para tratamento antimicrobiano (redução da carga microbiológica) na indústria alimentícia, não necessita receber “autorização de uso” conforme regulação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que já autoriza para alimentos orgânicos através da Instrução Normativa 18 de 2011 do Ministério da Agricultura Anexo IV (Produtos de limpeza e desinfecção para uso em contato em alimentos orgânicos).