Vamos diretamente para as respostas a esta brilhante questão sobre perdas e desperdícios levantada pela ONU, com contribuições de protocolos de certificações reconhecidas pela GFSI:
- Normas e regulações: Diversos países mantêm normas rigorosas para a segurança de alimentos, que podem ser comprometidas com altas taxas de perdas e desperdícios. O esforço para minimizar essas perdas pode contribuir para a manutenção de padrões adequados de segurança. E, nesta linha, o esquema FSSC 22.000 v.6 tem um requisito adicional auditável (2.5.16), que conecta uma visão mais sustentável com a responsabilidade social contra fome global.
- Qualidade do alimento: Quando alimentos são perdidos ou desperdiçados, muitas vezes eles passam por condições inadequadas de armazenamento e manuseio. Isso pode levar ao crescimento de microrganismos, comprometendo a qualidade e a segurança dos alimentos restantes.
- Riscos de contaminação: Alimentos não consumidos que ficam por muito tempo expostos podem atrair pragas e insetos, que são vetores de doenças. A presença dessas pragas pode contaminar não apenas os alimentos descartados, mas também outros produtos próximos.
E há mais razões:
Na produção e colheita
- Falta de higiene: Instrumentos e equipamentos não higienizados podem transferir microrganismos para os alimentos.
- Uso de água contaminada: Água contaminada utilizada para irrigação ou lavagem pode introduzir patógenos nos alimentos.
No transporte e armazenamento
- Temperaturas inadequadas: Quando alimentos não são mantidos em temperaturas apropriadas, microrganismos podem se multiplicar rapidamente.
- Contaminação cruzada: Durante o transporte, alimentos crus podem entrar em contato com alimentos prontos para consumo, levando à contaminação cruzada.
Na distribuição e varejo
- Exposição ao ambiente: Alimentos expostos podem entrar em contato com pragas como roedores e insetos, que são vetores de doenças.
- Manejo impróprio: Funcionários que não seguem práticas de higiene adequadas podem contaminar alimentos ao manuseá-los.
Na casa do consumidor
- Armazenamento inadequado: Não armazenar alimentos nas condições corretas pode levar ao crescimento de patógenos.
- Descarte impróprio: Alimentos que não são consumidos e são deixados em ambientes inadequados podem apodrecer e contaminar outros alimentos e outras áreas.
- Produtos alimentícios apodrecendo:Alimentos que entram em estado de decomposição podem liberar gases e líquidos que não só são perigosos para a saúde, mas também podem contaminar superfícies e outros alimentos próximos.
Manter a cadeia de alimentos limpa e eficiente é essencial para reduzir esses riscos e garantir um suprimento de alimentos mais seguro.
Recursos ineficientes: Perdas e desperdícios de alimentos significam que recursos importantes, como água, energia e trabalho, foram usados ineficientemente. Isso pode provocar dificuldades em outras áreas da produção de alimentos, afetando a segurança geral.
Produção e logística: Na tentativa de compensar as perdas, pode haver um aumento na produção que não leva em consideração as boas práticas de manuseio. O transporte e armazenamento adicionais também podem criar mais oportunidades para a contaminação.
Reduzir perdas e desperdícios não só contribui para uma cadeia alimentar mais eficiente, mas também aumenta a segurança geral dos alimentos que consumimos, por isto vale a pena investir em novas tecnologias e equipamentos para redução de perdas e educar para evitar desperdícios de alimentos, começando por campanhas governamentais, inclusive.
Deixo aqui algumas reflexões válidas sobre o tema:
– Não estamos sendo rigorosos demais com certos processos e parâmetros de produtos?
– Segurança sensorial é tão inegociável quanto a segurança dos alimentos quanto aos perigos e contaminantes?
– Como o design de produtos e das embalagens pode prevenir perdas e desperdícios?
– Órgãos reguladores favorecem o processo de aproveitamento de perdas geradas, como doações para consumos humanos e de animais?
– Produtos fora de validade (vencidos) são inseguros até que ponto para o consumo?
– Salvo poucas startups, como estão as plataformas digitais, via aplicativos, que conectam consumidores aos alimentos excedentes, com vendas mais baratas, mas nutricionalmente corretas?
– Temos criado indicadores como estes a seguir para medir PDA?
– Temos tecnologias como software de gestão de estoques e aplicativos para coleta de dados de descarte?
– Estamos fazendo avaliações comparativas entre fornecedores e operações similares (benchmarking)?
Conte-nos como a sua empresa está fazendo para atender este ODS e requisito normativo do esquema FSSC 22.000. Boas ideias são sempre agregadoras neste contexto.
Imagem em destaque: 17 ODS da ONU para 2030 com foco em 5 ODS