Dentro do processo de melhoria contínua, uma informação importante que as indústrias de alimentos podem utilizar são os casos de recall de alimentos. Neste post, analisamos as ocorrências de 2023 e alguns aprendizados que podemos trazer para nossas organizações.
No site da ANVISA são divulgadas as informações sobre os casos de recall de alimentos realizados. No ano de 2023, foram 67 ocorrências. Dentre elas, 3 foram revogadas posteriormente. Desta forma, as informações aqui abordarão somente as 64 ocorrências ativas.
A primeira informação evidente é o aumento expressivo em relação ao ano anterior, uma vez que em 2022 houve somente 15 ocorrências. É um crescimento de mais de 4 vezes.
Outro fator relevante é que, das 64 ocorrências de recall de alimentos, 14 delas (22%) foram voluntárias.
Isso é um ótimo indicador, podendo revelar uma possível alteração de conceito nas empresas. Neste cenário, a necessidade de recall e a garantia da segurança dos consumidores passa a ser tratada com maior seriedade por parte das organizações.
Compilando os casos de 2023, a imagem abaixo mostra um gráfico com a indicação das categorias de alimentos envolvidos em recall.
O primeiro ponto a ser observado que é que a categoria de suplementos alimentares representou 38% dos casos e a de sal para consumo humano foi de 23%. As demais categorias juntas acumularam 39%. É um bom alerta para as indústrias desses segmentos e para as que são clientes delas.
Além disso, uma categoria de produto chama a atenção: material de contato. Este caso refere-se a uma garrafa feita de cobre. Alega-se, no processo de recolhimento pela ANVISA, que o material não atende aos requisitos de migração da RDC n°20/2007 e RDC n°498/2021. Esse tema reforça os assuntos atualmente debatidos de desenho sanitário de equipamentos e materiais de contato, refletindo sua relevância.
Na imagem abaixo, observamos os principais motivos de recolhimento:
A partir dessa imagem, algumas questões nos chamam a atenção, tais como:
- Quantidade expressiva de recolhimentos por falhas na composição nutricional dos produtos, englobando questões como não atendimento ao teor de iodo em sal para consumo humano e de alegações nutricionais
- 12 ocorrências de composição inadequada de produto e 10 de produtos com ausência de registro da planta produtora ou do produto em si
- Ocorrências de recalls por falhas de BPF na indústria
- Um caso de recolhimento por fraude em lácteos, por alegação falsa na rotulagem sobre a informação da indústria produtora
Por fim, no quadro abaixo é possível observar a estratificação das ocorrências por motivo do recolhimento atrelado a cada categoria.
Motivos das ocorrências |
Quantidade |
|
BPF |
Não atendimento às BPF |
3 |
Composição |
Ingredientes não autorizados |
9 |
Material vencido |
3 |
|
Embalagem |
Migração de substância (material de contato) |
1 |
Físico |
Microscopia e Macroscopia |
3 |
Vidro |
1 |
|
Fraude |
Alegação falsa |
1 |
Metrologia |
Peso abaixo da quantidade |
1 |
Microbiologia |
Bolor |
1 |
Enterobacteriaceae |
1 |
|
Escherichia coli |
1 |
|
Listeria monocytogenes |
1 |
|
Não informado |
2 |
|
Salmonella spp. |
1 |
|
Nutricional |
Gordura trans |
1 |
Não atendimento da alegação |
1 |
|
Teor de iodo insuficiente |
15 |
|
Teor de vitamina acima do permitido |
1 |
|
Químico |
Histamina |
1 |
Ocratoxina A |
1 |
|
Registro |
Ausência de registro |
10 |
Rotulagem |
Alergênicos |
3 |
Falsa alegação |
2 |
Com bases nessas informações, sugiro um TOP 5 de controles importantes a serem desenvolvidos pelas empresas:
- Ter conhecimento sobre registro de empresas produtoras, seus produtos e requisitos de importação;
- Implementação de programas de BPF nos processos produtivos;
- Controle de contaminação cruzada biológica, química e física, bem como medidas de controle;
- Controle de composição nutricional e de formulação;
- Controle de rotulagem, bem como das alegações nutricionais e de alergênicos.
E você, o que pode aprender com esses casos e como tem preparado os sistemas de gestão na empresa onde trabalha?
Imagem: Moose jaw
Valéria Almeida
Parabéns pelo post!
Iodo é essencial para o bom funcionamento da tireóide e do corpo humano. Existem alguns recursos além de depender do Iodo do sal. Como medicamentos, folhas de algas e inclusive consultar um endocrinologista para realizar os exames dos hormônios da tireóide e cortisol. Se necessário o endocrinologista pode receitar uma formula manipulada com os hormônios T4 e T3 para o perfeito funcionamento da tireóide. Lembrando que devemos diminuir o consumo do sal.