Matéria da Folha de São Paulo publicada ontem, 04/10, tratando do risco de contaminação por uso de agrotóxicos chama a atenção por conta do alto índice de resultados de análises indicando a presença de substâncias impróprias para o consumo humano.
Das 106 amostras coletadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Estado de São Paulo (apenas), cerca de 31% apresentaram problemas.
Considero esse número muito pequeno quando levamos em conta o volume e a variedade de alimentos produzidos e consumidos no Brasil.
Os campeões da contaminação:
– Pimentão: 90%
– Morango: 70%
– Alface: 60%
– Tomate: 22%
– Mamão: 11%
– Fubá de Milho: 10%
Não tiveram problemas: Abacaxi, feijão e laranja.
O controle de agrotóxicos deve ser feito pela ANVISA, pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), mas ao que parece, a coisa não está funcionando muito bem.
O MAPA coletou apenas 2 amostras de bananas no CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) durante todo o ano passado.
Como escrevi em um post anterior sobre esse assunto, o MAPA monitora anualmente alguns alimentos através do PNCRC (Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes), realizado em empresas beneficiadoras de produtos agrícolas.
Cabe à ANVISA a fiscalização nos pontos de venda dos alimentos aos consumidores.
O CEAGESP reconhece que desde 2009 não realiza monitoramento nos produtos que comercializa.
O IBAMA, que deveria controlar o uso no campo, também com foco na contaminação do solo e cursos de água, deixa muito a desejar. Aliás, me questiono muito sobre o papel deste órgão. Parece que foi criado apenas com a intenção de multar e gerar receitas para o Ministério do Meio Ambiente…
O pior nesta história é que este assunto se arrasta há 7 anos na ANVISA.
Desde 2008 a agência abriu 14 processos de reavaliação toxicológica para produtos que oferecem (ou podem oferecer) riscos à saúde humana como o câncer ou desregulação endócrina. Os processos (lentos como sempre) permanecem abertos sem definição.
Nos últimos 15 anos, a importação de agrotóxicos aumentou cerca de 1.000%, segundo Victor Pelaez, professor da Universidade Federal do Paraná e autor do artigo “A (des)coordenação de políticas para a indústria de agrotóxicos no Brasil”. O estudo mostra que, de 1.500 produtos aguardando regulamentação pela ANVISA, cerca de 20% estão prestes a serem banidos pela União Europeia.
Assim, somos hoje, o maior importador de veneno do mundo.
A coisa tá feia!!!
Para piorar, especialistas no assunto, criticam e muito a atuação (ou a falta dela) do nosso (des)governo. Pelas atuais leis vigentes, há isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e redução de 60% na cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Também há a isenção de PIS/PASEP e COFINS.
Sabem qual é o incentivo dado para a produção de produtos orgânicos? NENHUM!!!
Quando o assunto é coisa ruim ninguém nos supera!
No Estado de São Paulo, o mais rico e, teoricamente, o mais estruturado do país, desde 2002 nenhuma multa é aplicada. Das duas uma: Ou não há fiscalização suficiente ou vivemos em um mundo maravilhoso por aqui, livre de contaminações e outros males…
Provavelmente algum prêmio será dado a nossos governantes nos próximos meses…
Voltando ao assunto regulação, causa mais preocupação esta inanição dos órgãos controladores brasileiros, exatamente no momento em que a União Europeia, através da sua Autoridade Sanitária está discutindo a redução de limites para agrotóxicos para diversas culturas.
Nós, do amendoim, já fomos informados por alguns clientes que em breve teremos novidades a este respeito.
Enquanto isso, só nos resta seguir com alguns cuidados básicos antes de consumir produtos agrícolas:
– Usar água abundante (se é que a teremos por muito tempo!) na lavagem;
– Usar Hipoclorito de Sódio, com foco em microrganismos mais resistentes;
– Comprar produtos orgânicos (se a grana permitir…)
Quem quiser saber um pouco mais é só acessar o www.folha.com.br
Livia Grimeli
Essa situação e bastante preocupante, devido aos danos que os agrotoxicos podem causar a saude humana.
E assustador saber que agrotoxicos com venda proibida nos EUA por exemplo, sao livremente aplicados em alimentos no Brasil. Não existe proibição e nem controle.
Trabalho na “Norwegian Food Safety Authority” e admiro o seriedade da agência em fiscalizar amplamente esses produtos, identificar o tipo (se e legalizado para comercio no territorio norueguês), assim como os limites permitidos. Vejo que o Brasil ainda precisa aprender muito sobre alimento seguro.
Valéria Ribeiro de Almeida
Prezado Bariani boa tarde,
Colocação perfeita! Precisamos realmente mostrar a realidade do que está acontecendo em nosso país e ter uma postura mais incisiva, mais cobradora. Veja o caso da vitória em relação aos alérgenos, só depois de muita luta é que veio a recompensa… Parabéns.